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APRENDIZAGEM E CONTROLE MOTOR

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APRENDIZAGEM E 
CONTROLE MOTOR
Beatriz Paulo Biedrzycki
Fatores da aprendizagem: 
demonstração e instrução
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Determinar fatores e instrumentos que facilitam e reforçam a 
aprendizagem.
  Identificar a influência de diferentes formas de apresentação da in-
formação — demonstração e instrução verbal — na aprendizagem 
de uma habilidade motora.
  Comparar o nível de aprendizado de um movimento realizado por 
meio da demonstração do gesto motor e por meio da instrução verbal.
Introdução
A aprendizagem está presente no nosso cotidiano, desde o nascimento 
até a morte, passando pelo simples ato de caminhar até pela habilidade 
complexa que envolve quicar uma bola. Todos esses movimentos vo-
luntários podem ser aprendidos em qualquer momento da vida. Existem 
diversas maneiras de se aprender uma habilidade motora nova ou, ainda, 
de modificar um padrão de movimento, mas algumas apresentam maior 
eficácia do que outras.
Neste capítulo, você vai aprender os fatores e instrumentos que re-
forçam a aprendizagem, vai reconhecer os modelos de apresentação 
da informação — demonstração e instrução verbal — no processo de 
aprendizagem de uma habilidade motora e, ainda, vai comparar o nível 
de aprendizado de um movimento realizado a partir da demonstração 
do gesto motor e da instrução verbal. 
Fatores e instrumentos que facilitam e reforçam 
a aprendizagem
A aprendizagem é um fenômeno constante que acontece durante toda 
vida. Aprender signifi ca adquirir conhecimentos e habilidades, bem como 
a capacidade de disponibilizá-los na memória para detectar e enfrentar 
problemas e oportunidades futuras (BROWN; ROEDIGER III; MCDA-
NIEL, 2018). Para que a aprendizagem aconteça, é necessário que o con-
teúdo envolvido seja fi xado em nossa memória, de modo que, por meio de 
associações, consigamos voltar a lembrar da informação aprendida, não 
somente no momento ou dia em que a recebemos, mas, sim, por toda a vida. 
Uma maneira de auxiliar esse processo é a partir da prática periódica, a 
partir da qual buscamos a informação várias vezes e por diferentes rotas, 
reforçando, assim, as conexões.
Cada vez que aprendemos uma coisa nova, o cérebro é modificado, 
gerando conexões. Sempre que o processo de aprendizagem tiver relevân-
cia, sentido, a fixação do conteúdo será potencializada. Brown, Roediger 
III e McDaniel (2018) sugerem que atividades nas quais seja necessário 
realizar uma reflexão auxiliam as atividades cognitivas e ainda produzem 
uma aprendizagem mais forte, fazendo com que aconteça a recuperação, 
na memória, do conhecimento prévio, que é conectado com as novas 
experiências; assim, pode-se visualizar o que é possível fazer de modo 
diferente da próxima vez. O aprendizado à custa de esforço modifica o 
cérebro, formando novas conexões, permitindo a construção de modelos 
mentais e o aumento da competência.
Existem três modelos para que a aprendizagem aconteça, os de prática 
intensiva, prática espaçada e prática intercalada. Veja, no Quadro 1, 
a definição de cada um desses modelos a partir de Brown, Roediger III e 
McDaniel (2018).
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução2
Fonte: Adaptado de Brown, Roediger III e McDaniel (2008).
Prática 
intensiva
Existe muita quantidade de prática em um curto espaço 
de tempo, ou seja, há repetição do movimento, sempre 
no mesmo contexto, na mesma posição. Está relacionada 
com a memorização. Há uma memorização rápida da 
informação, mas pode não ser possível utilizar a informação 
em outros contextos. Acontece de maneira rápida.
Exemplo: um atleta de basquete que treina 100 lances 
livres por dia, na quadra onde treina, acerta todos, mas não 
acerta lances livres quando há jogos em outas quadras.
Prática 
espaçada
Existe o mesmo volume de prática que a intensiva, mas há um 
intervalo (horas, dias, semanas) entre os períodos de prática. 
Há tempo para que aconteça a retenção da informação, ou 
seja, ela dá o tempo que o cérebro precisa para assimilar 
as informações que lhe foram apresentadas para realizar o 
processo de aprendizagem. Por ser necessário mais tempo entre 
uma prática e outra, é mais longa, mas apresenta resultados 
mais duradouros quando comparada à prática intensiva.
Prática 
intercalada
Intercala a aprendizagem de duas ou mais habilidades 
alternadas. Acontece o processo de aprendizagem da habilidade 
A por um período curto; logo após, inicia-se o processo de 
aprendizagem da habilidade B. Esse modelo pode parecer lento 
e confuso, mas apresenta um bom resultado a longo prazo.
Quadro 1. Modelos de prática de aprendizagem
Vamos utilizar o exemplo dos saquinhos de feijão de Kerr e Booth (1978) 
para exemplificar esses modelos. Imagine a seguinte situação: um grupo de 
crianças de 8 anos de idade praticou o arremesso de saquinhos de feijão em cesta 
durante a aula de educação física. O professor dividiu a turma em dois grupos. O 
grupo A arremessou os saquinhos de feijão a uma distância de 90 cm. O grupo 
B variou a distância dos seus arremessos, indo de 6 cm até 120 cm. Após 12 
semanas de treinamento, o professor realizou uma avaliação da aprendizagem 
dos seus alunos. Todos os estudantes deveriam realizar arremessos de saquinhos 
de feijão a uma distância de 90 cm, mas os estudantes que obtiveram melhor 
resultado na avaliação foram os alunos do grupo B, ou seja, os que treinaram 
arremessos de 60 e 120 cm, mas nunca arremessos de 90 cm.
3Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução
Segundo as definições do Quadro 1, podemos perceber que a prática 
intensiva é mais rápida, os estudantes percebem que aprenderam melhor, mas 
ela pode ser facilmente esquecida. Você já deve ter passado por uma situação 
como esta: você tinha uma prova muito difícil e, por conta disso, passou horas 
e horas lendo e relendo os conteúdos; você fez a prova, conseguiu uma boa 
nota, mas, depois de tê-la realizado, foi como se esse conteúdo simplesmente 
sumisse do seu cérebro. Isso acontece porque, pela quantidade de prática, 
você memorizou o conteúdo, mas não o fixou na sua memória e, por isso, não 
conseguiu buscar o conteúdo quando precisou dele novamente — ou seja, não 
houve aprendizagem.
O modelo da prática espaçada pode ser encontrado em escolas nas quais se 
tem um período por dia de uma disciplina, o que dá tempo para que o estudante 
organize as informações recebidas, criando as conexões para que, na próxima 
aula, consiga resgatar a informação, facilitando o processo de aprendizagem.
Já no modelo da prática intercalada, é possível criar conexões diferentes 
a partir de diferentes estímulos, uma vez que essa metodologia permite que 
a capacidade de transferir uma aprendizagem por meio de uma situação e 
aplicá-la em uma situação diferente seja reforçada, acontecendo de uma ma-
neira que nem mesmo os estudantes percebem-se competentes da habilidade. 
Isso, por vezes, faz com que professores a achem demorada e não a utilizem.
Os modelos de prática espaçada e prática intercalada têm uma vantagem 
sobre o modelo de prática intensiva que é a variação de como a informação 
chega até o estudante, já que lhe facilitam o reconhecimento da informação, 
a sua interpretação em diferentes contextos e a resolução de problemas, se 
necessário, de diversas formas, com as opções que estão presentes em deter-
minada situação. Para que nossa aprendizagem tenha valor prático, devemos 
ser especialistas em discernir “Que tipo de problema é este?”, a fim de que 
possamos escolher e aplicar a solução adequada (BROWN; ROEDIGER III; 
MCDANIEL, 2018).
O tempo de prática não é o único fator, e a qualidade da prática também 
deve ser considerada. Mesmo que aconteça um grande volume de prática, 
ela não será efetiva se não houver qualidade. Assim, é importante estruturar 
ou organizar uma determinada quantidade de prática para maximizar a sua 
eficácia (SCHIMIDT; LEE, 2016).
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução4
O sono também éimportante para o processo de aprendizagem. Batista et al. (2018) 
perceberam que jovens que dormiam menos de 8 horas diárias e tinham uma percepção 
ruim da qualidade do seu sono relataram dificuldades de assimilação do conteúdo 
abordado em aula. Durante o sono, ocorre uma alta atividade cerebral, aumentando a 
estimulação de neurônios e auxiliando no processo de armazenamento de informações 
de longo prazo.
De quantas maneiras podemos apresentar 
uma informação?
A aquisição de habilidades motoras envolve a coordenação e o controle dos 
membros ou do próprio corpo em relação às restrições impostas pelo tempo-
-espaço no alcance da meta. Para que esse processo aconteça, é necessário 
apresentar informações que serão reconhecidas pelo cérebro, e isso pode ser 
feito de diferentes maneiras. Mas como saber qual maneira escolher? Para res-
ponder esse questionamento, é necessário entender que cada indivíduo é único 
e tem sua própria maneira de aprender, suas difi culdades e potencialidades.
A instrução tem o objetivo de mostrar ao aluno a tarefa a ser realizada, ou 
seja, a sequência de movimentos que deve ser seguida para atingir o objetivo 
proposto. O aluno, ao receber essa instrução, realizará uma série de codifi-
cações simbólicas, de modo a elaborar um plano motor de ação interna que 
servirá como referencial para a posterior execução do movimento. Ou seja, 
o aluno está transformando um conhecimento declarativo em conhecimento 
processual: “o que deve ser feito” é transformado em “como deve ser feito” 
(LAZARIN, 2003). 
Existem diversas maneiras de se apresentar uma informação. Quando 
falamos em habilidades motoras, as mais comuns são a instrução verbal e a 
demonstração ou, ainda, a instrução mista, cada qual com suas características. 
Na hora de escolher qual metodologia escolher, é importante que o professor 
analise a melhor forma de transmitir a informação, levando em consideração 
fatores como: a fase da aprendizagem em que o aluno está inserido; o domínio 
da linguagem verbal e o nível de desenvolvimento motor do aluno; o tipo de 
habilidade motora a ser ensinado; a faixa etária em que o aluno se encontra e 
o modelo que será utilizado para transmitir a informação.
A seguir, veremos com mais detalhe essas três maneiras de apresentar a 
informação em relação às habilidade motoras. 
5Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução
Demostração
A teoria proposta por Brandura, em 1997, sugere a utilização da demonstração 
como instrumento de aprendizagem de habilidades motoras. A base dessa 
teoria é a observação e, nela, o estudante — ou o observador — reproduz a 
ação a partir da observação, adquirindo um novo comportamento motor ou, 
ainda, modifi cando padrões já existentes a partir da ação de observação. A van-
tagem desse modelo é que ele é limitado por palavras (SCHIMIDT; LEE, 2016). 
A transmissão da informação por meio da demonstração auxilia na construção 
do plano motor interno, uma vez que ela ativa a imagem mental do movimento 
que está sendo observado. Esse tipo de transmissão de informação é extrema-
mente importante para crianças menores, em período de alfabetização, visto a 
difi culdade de abstração para transformar a instrução falada em movimento, 
bem como a difícil verbalização dos aspectos temporais e espaciais da ação, 
característicos dos alunos nessa faixa.
Na aprendizagem por observação, as informações transmitidas são trans-
formadas em representações simbólicas, que são como formas que criam a 
tarefa a ser executada dentro do nosso cérebro, os códigos simbólicos. Esse 
processo é orientado por quatro componentes: atenção, retenção, reprodução 
e motivação (LAZARIM, 2003). 
  Atenção: é o primeiro momento. É a atenção que determina qual in-
formação será armazenada a partir de todo o gesto motor observado.
  Retenção: é o momento posterior à atenção. É quando a informação 
selecionada é transformada e reestruturada em imagens simbólicas, 
que serão armazenadas na memória.
  Reprodução: é quando passamos as imagens simbólicas para o sistema 
motor e, então, efetivamente, o movimento observado acontece.
  Motivação: é o ultimo componente e envolve fatores que incentivam, 
motivam o indivíduo a realizar a prática. Esses incentivos podem ser 
internos ou externos, acontendo a partir de palavras de incentivo.
Quando uma habilidade nova é ensinada por meio da demonstração, chama-se 
o resultado de ação modelada, que é de suma importância para a aquisição de 
novas habilidades motoras e para a lapidação de habilidades motoras já existentes.
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução6
Para utilizar a teoria cognitiva da aprendizagem social, é importante estar 
atento para a quantidade de vezes que você irá mostrar o movimento. É ade-
quado que as repetições variem entre 2 a 4 demonstrações, mas é importante 
lembrar que isso depende da complexidade da tarefa, ou seja, tarefas mais 
complexas irão demandar mais repetições do que tarefas mais simples.
Um dos objetivos da demonstração é apresentar aos alunos como realizar uma deter-
minada tarefa. Assim, ao observarem a demonstração, os alunos elaboram um plano 
motor para a realização da tarefa. 
Instrução verbal
A instrução verbal acontece quando o professor não utiliza gestos ou demons-
tração, mas apenas explica, com a voz (fala), como a tarefa deve ser executada. 
Essa instrução consiste nas informações gerais sobre os aspectos fundamentais 
de uma habilidade a ser realizada e tem o objetivo de auxiliar na orientação 
da atenção às informações mais relevantes. Declarações diretas simples, que 
colocam as pessoas no caminho certo, podem ser efi cazes na redução da confusão 
inicial do processo de aprendizagem (SHIMDT; LEE, 2016). Outra característica 
dessa prática é que é possível explicar detalhes que podem passar despercebidos 
na demonstração, mas é preciso tomar cuidado com o vocabulário, que deve ser 
acessível para a população para a qual a instrução está sendo apresentada. Por 
exemplo, explicar o nome de todos os músculos envolvidos na habilidade do chute 
e seus aspectos biomecânicos durante a instrução para um grupo de crianças 
de 6 anos de idade não será efetivo, uma vez que elas não compreenderiam 
essas informações. Assim, é importante que a linguagem seja clara, objetiva, 
adequada para as características do público para o qual ela será apresentada.
Essa prática não é indicada para indivíduos que estejam no processo inicial de 
aquisição da habilidade motora, uma vez que esses alunos ainda não têm reper-
tório motor e de vocabulário para entender a instrução. Seu uso é recomendado 
para utilizar correções e lapidações do gesto motor do indivíduo no momento 
do feedback, pois é possível desmembrar o movimento, fazendo (falando) as 
correções a partir de um aspecto por vez e realizando uma descrição minuciosa 
do que é necessário alterar para que o aluno obtenha um melhor desempenho.
7Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução
Associar a demonstração com a instrução verbal é interessante, pois, aos poucos, o 
estudante vai associando a demonstração com a descrição verbal do movimento, 
passando, então, a dominar a terminologia utilizada pelo professor, facilitando a 
compreensão de aspectos que antes era difíceis de serem verbalizados por parte dos 
estudantes — principalmente os mais jovens.
Instrução mista
Esse modelo utiliza os dois tipos de instruções já vistos, verbal e demonstra-
ção, que formam a instrução mista, amplamente observada, pois agrega as 
características de ambos os modelos, somando suas possibilidades e anulando 
seus pontos fracos. Esse modelo é indicado tanto para crianças menores quanto 
para a lapidação do movimento, uma vez que parece ser o mais completo.
O modelo de instrução mista utiliza uma demostração vinda de uma ins-
trução verbal ou, ao contrário, uma instrução verbal seguida de uma demons-
tração. A partir desse modelo, é possível receber a informação do gesto motor, 
criar uma representação simbólica desse movimento ereceber instruções 
detalhadas que auxiliam o estudante a “corrigir” sua criação simbólica. É 
preciso relativizar o “corrigir”, pois não necessariamente a criação simbólica 
do estudante estará equivocada ou, necessariamente, a correção verbal fará 
com que o estudante realize o gesto motor com maestria, mas, sim, porque o 
estudante terá mais informações sobre como a tarefa deve ser executada, o que 
facilitará a sua compreensão da tarefa; ou seja, a instrução verbal atua como 
mediadora para melhorar a representação cognitiva do modelo observado.
Feedback é o retorno à execução da tarefa motora. Ele se dá de maneira interna, que é 
quando o sujeito avalia o seu próprio gesto motor, ou externa, quando outra pessoa 
lhe mostra (verbal ou demonstrativamente) quais correções podem acontecer no 
seu gesto motor.
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução8
É muito importante salientar que é importante a apresentação da informação 
adequada para cada ocasião, mas, principalmente, é importante dar tempo para 
o estudante praticar. Somente por meio da prática acontecerá a aprendizagem.
Qual é a melhor maneira de ensinar?
Existem alguns pontos a serem levados em conta na hora da escolha da metodo-
logia a ser utilizada para melhor proporcionar a aprendizagem motora, como o 
estágio de aprendizagem em que o estudante se encontra ou, ainda, os aspectos 
do movimento, ou seja, se é um movimento aberto ou fechado, discreto ou con-
tínuo, pois os padrões de movimento para uma habilidade motora fechada são 
constantes, ou seja, os mesmos em todos os momentos. Já para uma habilidade 
aberta, esses padrões podem variar de uma tentativa para outra dependendo da 
mudança que ocorre no ambiente. Portanto, é necessário entender os estudantes, 
as situações e a habilidade motora que será aprendida (LAZARIM, 2003).
Quando vamos ensinar uma habilidade motora aberta (como o arremesso do handebol), 
ela está sucetível a fatores como a organização do jogo, o posicionamento da defesa, 
entre outros. Então, na hora de ensinar, o melhor seria utilizar o modelo de instrução 
mista ou verbal, já que o professor pode demonstrar o gesto motor e, ainda, colocá-
-lo em situações de jogo, explicando que o movimento que está sendo mostrado é 
adequado para quando há uma formação de barreira ou que o outro é mais adequado 
quando o jogador está com um marcador próximo.
É de suma importância que seja assegurada ao estudante a compreensão 
da meta a ser alcançada e que lhe sejam transmitidas informações relevantes 
para a compreensão e execução da habilidade a ser aprendida. 
Com o intuito de entender com mais clareza qual é a melhor maneira de 
ensinar, ou seja, a partir de quais maneiras é possível ter um melhor nível de 
aprendizado, foram realizadas muitas pesquisas na área da aprendizagem 
motora. Lazarim (2003) buscou entender se as pessoas apresentavam um 
melhor nível de aprendizagem em uma habilidade motora quando recebiam 
uma instrução verbal, de demonstração ou, ainda, uma instrução mista. Foi 
possível perceber que a demonstração mista apresentou um valor significati-
9Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução
vamente maior de fixação da habilidade, o que representa um nível maior de 
aprendizagem, mostrando que instruções verbais associadas à demonstração 
facilitam a aprendizagem, principalmente em crianças, pois auxiliam na 
orientação da sua atenção em relação aos aspectos relevantes da tarefa. Além 
disso, o estudo mostrou uma ampla diferença nos resultados da demonstração 
e da instrução verbal, visualizando um nível de aprendizagem superior quando 
utilizado o modelo de demonstração em comparação com o de instrução verbal. 
Em outros estudos de Ennes et al. (2012), também se constatou que a combina-
ção de demonstração e instrução verbal apresentou um maior nível de aprendizagem 
em comparação com as metodologias em separado. Os autores ainda apontam 
que os grupos que foram expostos somente à demonstração conseguiram formar 
uma estrutura cognitiva necessária para o processo de aprendizagem, o que não 
aconteceu com grupos expostos apenas ao modelo de instrução verbal.
Cada idade tem suas características, que devem ser observadas e respei-
tadas. No Quadro 2, a seguir, aparecem as indicações de idades para o uso 
de cada modelo de apresentação da informação. Cabe ressaltar que as idades 
presentes são indicações, e não regras, uma vez que cada sujeito é único, de 
modo que devemos conhecer os estudantes para adequar o método às suas 
necessidades, e não o contrário.
Demonstração Instrução verbal Instrução mista
  Método indicado para 
crianças com idade 
entre 0 e 7 anos ou 
que ainda estejam 
em período de 
alfabetização, mas seu 
uso não está restrito 
para as demais idades. 
Também é possível 
incluir estudantes da 
educação infantil até 
o 2º ano do ensino 
fundamental.
  É importante levar 
em consideração a 
complexidade do 
movimento.
  Método indicado 
para estudantes já 
alfabetizados e com 
um repertório motor 
mais vasto; por isso, 
é indicado para 
estudantes a partir 
do 6º ano do ensino 
fundamental, com idade 
a partir de 11 anos até a 
idade adulta.
  Sua indicação principal é 
o feedback.
  Uso mais comum entre 
adultos/atletas que têm 
um período de prática 
das habilidades motoras.
  Método 
indicado para as 
idades de 0 até 
o final da vida.
  É interessante 
utilizá-lo como 
transição, 
ou seja, para 
crianças de 8 
a 10 anos de 
idade já irem se 
acostumando 
com os termos 
utilizados 
para cada 
movimento.
Quadro 2. Relação entre idade e tipo de apresentação da informação
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução10
No Quadro 3, você pode visualizar de forma mais clara as diferenças entre 
os modelos de demonstração, instrução mista e instrução verbal.
Demonstração Instrução verbal Instrução mista
  Ideal para crianças 
pequenas.
  Explicação do 
movimento.
  Fácil 
entendimento.
  Não é possível 
explicar detalhes 
do movimento.
  Pode ser utilizado 
em todos os 
estágios de 
aprendizagem.
  Preferência por 
ser utilizado 
para ensinar 
habilidades 
motoras fechadas.
  Ensina habilidades 
simples.
  Ideal para crianças 
maiores.
  Feedback e explicação 
de posicionamento 
inicial do corpo durante 
o gesto motor.
  Difícil entendimento.
  Pode-se explicar 
detalhes minuciosos do 
movimento.
  Não é indicada a sua 
utilização no estágio de 
aprendizagem inicial.
  Pode ser utilizado 
para ensinar tanto 
habilidades motoras 
fechadas quanto 
abertas.
  Ensina habilidades 
complexas.
  Todas as idades.
  Todas as partes.
  Entendimento da fala 
facilitado pelo gesto 
motor.
  Tendo o estímulo 
visual e sonoro, é 
possível explicar 
detalhes minuciosos 
do movimento, 
mostrando-os no 
corpo.
  Pode ser utilizado 
em todos os estágios 
de aprendizagem. 
  Pode ser utilizado 
para ensinar tanto 
habilidades motoras 
fechadas quanto 
abertas.
  Ensina habilidades 
complexas.
Quadro 3. Diferenças entre os modelos de demonstração, instrução verbal e instrução mista
É importante lembrar que não existe um modelo ruim ou inadequado 
desde que entendamos suas limitações de uso. Compreender as diferentes 
maneiras de ensinar uma habilidade motora é fundamental para propiciar uma 
aprendizagem duradoura e de qualidade aos estudantes, favorecendo, assim, 
que o seu desenvolvimento motor seja adequado para a sua idade.
11Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução
BATISTA, G. A. et al. Associação entre a percepção da qualidade do sono e a assimilação 
do conteúdo abordado em sala de aula. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, SP, v. 
36, n. 3, p. 315–321, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-05822018000300315&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 25 mar. 2019.
BROWN, P. C.; ROEDIGER III, H. L.; MCDANIEL, M. A. Fixe o conhecimento- a ciência da 
aprendizagem bem-sucedida. São Paulo: Penso, 2018.
ENNES, F. C. M. et al. Efeitos da interação entre demonstração,instrução verbal e fre-
quência relativa de Conhecimento de Resultados (CR) na aquisição de habilidades 
motoras. Brazilian Journal of Motor Behavior, [s. l.], v. 7, n. 1, p. 17–24, 2012. Disponível em: 
https://www.researchgate.net/publication/239931040_A_DEMONSTRACAO_E_A_INS-
TRUCAO_VERBAL_NA_AQUISICAO_DE_HABILIDADES_ESPORTIVAS. Acesso em: 25 
mar. 2019.
KERR, R.; BOOTH, B. Specific and varied practice of motor skill. Perceptual and Motor 
Skills, 46(2), p. 395–401, 1978.
LAZARIM, F. L. Efeitos da demonstração e instrução verbal na aprendizagem de uma 
habilidade motora no handebol. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura 
em Educação Física). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Cam-
pinas, Campinas, SP, 2003. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
document/?down=000317548. Acesso em: 25 mar. 2019.
SCHIMIDT, A. R.; LEE, T. D. Aprendizagem e performance motora: dos princípios a aplicação. 
5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Leituras recomendadas
SILVEIRA, S. R. et al. Aquisição da habilidade motora rebater na educação física escolar: 
um estudo das dicas de aprendizagem como conteúdo de ensino. Revista Brasileira de 
Educação Física e Esporte, São Paulo, SP, v. 27, n. 1, p. 149–157, 2013. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-55092013000100015&lng=en
&nrm=iso. Acesso em: 25 mar. 2019.
SPESSATO, B. C.; VALENTINI, N. C. Estratégias de ensino nas aulas de dança: demons-
tração, dicas verbais e imagem mental. Revista da Educação Física UEM, Maringá, PR, v. 
24, n. 3, p. 475–487, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1983-30832013000300014&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 25 mar. 2019.
Fatores da aprendizagem: demonstração e instrução12

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