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GESTAO ESCOLAR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
ESCOLA, CULTURA E SOCIEDADE VI
Chayane Silva
Valdoir Simões
Introdução
No presente texto buscamos apresentar nossas compreensões evidenciando os estudos realizados até o momento, os quais envolvem temáticas relacionadas a Gestão Escolar e suas interfaces com a direção das escolas, didática, questões curriculares, trabalho docente e autonomia dos estudantes. A base de nossos estudos foram textos retirados dos livros Crítica da Estrutura da Escola e Gestão Democrática da Escola Pública, ambos do autor Vitor Henrique Paro. 
Desenvolvimento
A gestão democrática é um princípio da Constituição Federal de 1988 em seu art. 206, assim como a LDB (LEI n 9394 de 1996) em seu Inciso VII do Art. 3 que estabelece a participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico e da comunidade escolar em Conselhos Escolares.
Paro traz a direção de instituição escolar como uma atividade pela qual são mobilizados os meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização envolvendo basicamente, os aspectos gerenciais e técnicos administrativos. Na prática, os termos organização e administração, podem ser usadosem conjunto, desde que o conteúdo de cada um se já bem especificado.As instituições escolares são unidades sociais constituídas de pessoas que trabalham juntas, que existem para alcançar determinados objetivos. O grandes reformadores da educação sempre fizeram uso deste discurso em suas propostas, que dá muita importância à organização e à estrutura da instituição escolar.
Todavia, a persistência do modelo hierarquizado e em desacordo com uma concepção democrática de prática pedagógica destoa do desenvolvimento histórico em outras áreas e parece denunciar precisamente a persistência também de um tipo de prática educativa que não logra realizar os objetivos de formação de personalidades humano-históricas à altura do desenvolvimento histórico-cultural da sociedade. (PARO, 2016, p. 37)
A função da administração é utilizar racionalmente os recursos para a realização de fins já definidos. Os recursos são, tanto os elementos materiais e conceituais, como também os esforços empregados pelos homens e que precisam ser coordenados mirando um propósito comum. Alguns pesquisadores igualam a administração empresarial à administração escolar, como exemplo José Querino Ribeiro, que diz “Assim e por isso é que temos insistido em estudar uma administração que seja aplicável à escola como a qualquer outro tipo de empresa, sem a imprescindibilidade do rótulo de Administração Escolar.” (RIBEIRO, 1968, p.28). Em nossos estudos chegamos à mesma conclusão, em concordância com o texto de Paro, a escola como instituição que forma sujeitos, seres humanos dotados de vontades e saberes, não deve de forma alguma ter o mesmo tipo de administração que uma loja, ou banco, que tem fins lucrativos e lidam com objetos. Não há como comparar um tipo à outro, assim como as empresas se diferenciam entre sim, cada uma com sua particularidade, a instituição escolar se diferencia pela sua própria. 
[...] como uma loja de calçados, um banco ou uma fábrica de papel, por exemplo. Não percebem que, embora os produtos (bens ou serviços) dessas empresas sejam diferentes uns dos outros, o objetivo final (o lucro é comum a todas elas, por isso podem se guiar pelos mesmos princípios administrativos, apenas adaptando seus métodos e técnicas à especificidade de seu produto. O mesmo não ocorre na escola, cujo produto, o cidadão autônomo e sujeito de desenvolvimento de sua personalidade, não é apenas diferente do produto de qualquer outra empresa, mas o resultado da busca, pela escola, de objetivos antagônicos aos da empresa tipicamente capitalista [...]. (PARO, 2016.p. 41)
Nas escolas, junto do Diretor, há o setor pedagógico, coordenadores que estão ali para auxiliar o Diretor nas questões burocráticas no que diz respeito à equipe docente. O Diretor é visto como a autoridade maior dentro da escola, sendo este responsável pela tomada de decisões, informar questões passadas pela Secretária da Educação e etc. Há três tipos de escola de diretores, indicação, seleção e eleição. A indicação tem como marca o clientelismo, pois o Diretor está ali por ter sido politicamente indicado, tendo assim de dar satisfação àquele que o pôs no cargo, deixando de ser assim uma forma democrática de gerir a escola. Se quisermos falar em Gestão democrática, a forma mais democrática de se escolher o diretor é por eleição, pois este estará ali pela vontade da comunidade, pais, alunos, professores, e deverá satisfação sobre seu trabalho à eles. 
No que diz respeito à docência, a didática usada, avaliações feitas, contidas no capítulo 3 do livro Criticas da Estrutura da Escola, podemos afirmar que o professor só terá um trabalho bem sucedido se o educando quiser aprender, porque a aprendizagem depende somente dele, não adianta o professor estar disposto a ensinar, transmitir seu conhecimento, se o alunos não se dispor à aprender. 
Há uma discussão em torno da didática usada pelos professores, que às vezes não é entendida pelos alunos, aulas maçantes, sem atrativo algum. Também fala-se sobre as salas lotadas, com mais alunos do que o recomendado, deixando assim, o aprendizado muito precário, principalmente quando se fala dos anos iniciais. 
Paralelo às avaliações tradicionais, outro procedimento de avaliação educacional são as avaliações externas que têm objetivos e procedimentos diferenciados das avaliações realizadas pelos professores nas salas de aula. O texto aborda essas avaliações que tem o objetivo de avaliar a qualidade com base nos resultados. Contudo, a avaliação em larga escala vem sendo intensificada, tendo a capacidade de introduzir o foco na instituição e nos professores. Segundo SOUSA, 2013a, estas provas alteram a organização do trabalho escolar com o passar dos anos.
Em alguns estados e municípios há iniciativas de criarem suas próprias avaliações internas, com referências pré estabelecidas pelo Saeb, e intuito de preparação para as Avaliações em larga escala. “Conforme Sousa, 2009 políticas educacionais formuladas e implementadas sob os auspícios da classificação e seleção incorporam, consequentemente, a exclusão, como inerente aos seus resultados, o que é incompatível com direito de todos à educação.” O desafio de hoje é buscarmos caminhos de avaliação da educação básica que se mostrem promissoras nessa direção.A avaliação é de extrema importância para a melhoria da qualidade de ensino público e é sem dúvida um caminho propicio a concretização do direito a educação, mas não deve ser competência apenas do aluno, escola e família.
É enfatizado que os cursos de formação disponibilizados pelo governo de certa forma ajudavam as professoras inexperientes que estavam iniciando sua carreira, e por ter pouco contato durante sua formação com sala de aula. Já as professoras mais experientes alegam ser sempre os mesmos cursos e que apenas mudam o nome. Com relação a avaliações internas, no texto é comentado sobre duas formas de avaliar. A primeira seria a auto-avaliação e a segunda a avaliação recíproca. 
 	Auto-avaliação – teria como objetivo qualitativo, e seria negociado entre os professores, fugindo das competições e os rankings visando melhorar o desempenho dos professores e dos alunos. 
Avaliação recíproca – parte da ideia em que o professor (a) em dupla irá assistir á uma aula do outro e visse versa, seguindo os objetivos da outra avaliação, onde professor (a) irá avaliar a aula do colega enfatizando os pontos, positivos e negativos, e o mesmo acontecerá com ela.
Através das avaliações internas os ou as docentes poderiam chegar mais rápido onde não está dando certo se é em sala de aula? Será fator externo? O ambiente? Porem esse modo de auto avaliar ou ter um colega observando em sala de aula poder por acabar desacomodando os professores, por suas diferentes maneiras de ministrarem suas aulas. 
Quando não falamos a que viemos, alguém ira falar por nós e assim abrindo espaçospara que outras pessoas de outras áreas interfiram. Como afirma (PARO, 2016.168) o erro principal que comumente se comete quando se cogita em propiciar condições adequadas ao funcionamento da escola fundamental é o de desconsiderar o caráter específico do trabalho docente. Querendo assim igualar a profissão docente á qualquer outra profissão, e querer obter resultados como uma empresa capitalista. Com esse pensamento a escola acaba por se tornar um ambiente de testes onde especialistas de outras áreas vão em busca de aplicar suas experiências. Chegando ao fracasso.
A relação do processo de trabalho por muitos se resume como um trabalhador comum (Paro 2016 p. 169) tem pouca relação com o produto final, onde ele apenas age mecanicamente sem ter uma interação social. Diferente do professor que requer uma atenção maior, necessitando de uma entrega mais voltada para seu produto tornando-se também o sujeito da aprendizagem. Onde o produto do seu trabalho é o educando. Diferente do trabalhador comum que um aumento de salário já seria um bom motivo para o aumento de sua produção, levando uma recompensa por mérito. Com o trabalho docente não bastaria apenas um aumento de salário pra que aumentasse a produção do professor, sempre lembrando que o produto final do professor é o educando. E por esse motivo, a vontade do educando em relação a querer aprender ou não é um fator de grande influência para que seu trabalho de certo. O professor deve se tornar um mediador, oferecendo e orientado troca de conhecimento motivando o educando a aprender, comprometendo-se com a transformação do educando em sujeito crítico. 
É dever do professor tornar o educando em sujeitos autônomos, a partir do momento que o sujeito aprende a aprender não significa que o professor se faz desnecessário. O professor é um grande orientador que ajudará no que fazer com esse conhecimento e o que cabe aprender em determinada situação. Porem a autonomia não se baseia na aquisição de conhecimentos, ela também está presente nas tomadas de decisões na escola. Até onde vai a autonomia? Será que o educando sabe o que fazer com ela? Essa autonomia dos estudantes nas decisões da instituição, claramente está ligada em uma democratização do ensino na escola, colocando o estudante á participar do processo de institucionalização do ensino. 
[...]é preciso dizer francamente que, sem o auxilio dos adultos, as crianças podem, talvez se organizar sozinhas, mas são incapazes de formular e de desenvolver seus interesses sociais, isto é, são incapazes desenvolver amplamente o que está na própria base da auto-organização. Acrescentaríamos que o pedagogo não deve ser estranho à vida das crianças, não se limitando a observá-la. Se fosse assim, de que adiantaria nossa presença na escola? Exclusivamente ao ensino? Mas, de outro lado, o pedagogo não deve se intrometer na vida das crianças, dirigindo-a completamente, esmagando-as com sua autoridade e poder [...] (Pistrak, 1981, p.140)
Dessa forma pode-se dizer que o estudante necessita de autonomia, porém, orientada para que o professor o ajude a deixar seus argumentos fortes o bastante para ser compreendido. Mas o professor sempre deve se cuidar para que seja a autonomia do educando e não a vontade dele na voz do estudante.
Pouco pode-se perceber a autonomia na prática, pois, grande parte das decisões tomadas na escola partem da direção ou do corpo docente. E quando essa autonomia é posta em prática parte de grêmios estudantis, representantes de turma na reunião de conselho de classe. Onde se limita a escutar o que os professores irão comentado sobre as turmas e a questão da indisciplina de determinados alunos. Isso leva a reflexão de que a democracia na escola vai até certo ponto. Pois o sistema de hierarquia define os resultados finais.
Considerações Finais
Em suma do que foi estudado no livro solicitado, acreditamos que o professor em diversos pontos é tido como o vilão do fracasso escolar. É perceptível que a estrutura da escola encontra-se enfraquecida, e com pouca valorização, que não se restringe a escola e acaba por atingir os professores que se sentem desvalorizados e desacreditados.
Referencias
PARO, Vitor. Crítica da Estrutura da Escola. São Paulo: Cortez, 2016.
PARO, Vitor, Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo, Cortez, 
DRABACH, NadiaPedrotti; SOUZA, Ângelo Ricardo de. Leituras sobre a gestão democrática e o “gerencialismo” na/da educação no Brasil. Revista Pedagógica, v. 16, n. 33, p. 221-248, jul./dez. 2014.
SOUZA, Sandra Zákia. Concepções de qualidade da educação básica forjadas por meio de avaliações em larga escala. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v.19, n.2, p. 407-420, jul. 2014.

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