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Clínica de Pequenos Animais 2 Camilla Teotonio Pereira DERMATOPATIAS PARASITÁRIAS DEMODICIOSE Sinonímia de demodicidose, sarna demodécica, sarna folicular, sarna pustular e “sarna negra”. Doença parasitária não contagiosa de cães e, menor frequentemente gatos, caracterizada por um grande número de ácaros nos folículos pilosos, anexos e na superfície da pele, o que em geral acarreta foliculite, furunculose e alopecia. Pode ser localizada ou generalizada. Acomete parte da flora normal da pele, tipicamente presente em pequeno número. O cão adquiri através da mãe durante a amamentação nas primeiras 16 a 36 horas de vida. Cão pode portar mais de uma espécie de ácaro com potencial patológico mínimo. AGENTE ETIOLÓGICO Demodex canis ácaro mais comum identificado (90%), apresenta-se tipicamente em pequeno número, reside nos folículos pilosos, sedo raro localizar-se nas glândulas sebáceas da pele. Demodex injai espécie de corpo grande, tende a residir nas glândulas sebáceas, em geral associado a dermatite seborreica ao longo da linha média dorsal. Identificado mais frequentemente nas raças West Highland White Terrier e Fox Terrier pele de arame. Demodex cornei espécie de corpo curto, reside nas camadas superficiais da epiderme (córnea), apresentando clínica similar à do problema causado pelo D.canis. Demodex cyonis Gatos ETIOLOGIA Cães mecanismo imunopatológico exato desconhecido (imunodepressão) para proliferação do ácaro. Fatores predisponentes Gatos em geral associada a doenças metabólicas (FIV, lúpus eritematoso sistêmico e DM) e tratamento imunossupressor tanto sistêmico quanto tópico, ou seja, não existe fatores genéticos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Acomete em torno de 80% cães com menos de 1 ano de idade (4 a 5 meses). Animal adulto/idoso sempre procurar causa de base. Doença pouco pruriginosa, exceto quando existe piodermite secundária (pústulas). Doença causa muita dor. Comum a piora do quadro por uso de corticoide. A: folículo piloso normal B: imunossupressão + proliferação + processo infamatório discreto da pele Manifestações clínicas de eritema, rarefação pilosa e alopecia nas regiões iniciais do quadro como face e membros torácicos (provavelmente maior população do ácaro). C: aumento da proliferação + processo inflamatório mais intenso + infecção bacteriana secundária (pústulas) Manifestações clínicas aumento da área alopecica, eritema, presença de edema e pústulas. D: aumento intenso de proliferação + rompimento do folículo piloso + processo inflamatório e bacteriano profundo na derme Conteúdo de restos de pelo, ácaros, bactérias vão para derme. Manifestações clínicas lesões sanguinolentas, fístulas e nódulo. Alopecia, crosta, eritema, hiperpigmentação, piodermites descamação e cilindros foliculares (material queratossebáceo aderido à haste do pelo). CÃES Localizada lesões em geral discretas, consistem em eritema e descamação leve. Várias manchas podem ser notadas, o local mais comum é a face, especialmente em torno dos olhos e nas áreas peri-oral e também no tronco e nos membros torácicos. Generalizada pode ser disseminada desde início, com múltiplas machas circunscritas de eritema, alopecia e descamação. Com a progressão a pele pode ficar bastante inflamada, exsudativa e granulomatosa. O D.injai geralmente causa uma tira seborreica ao longo da linha média dorsal. GATOS Em geral caracteriza-se por alopecia multifocal parcial ou completa das pálpebras, região periocular, cabeça, membros anteriores, parte dorsal ou ventral do tronco e pescoço; pode ser generalizada. As infecções por D.gatoi geralmente são indistinguíveis da dermatite alérgica e de dermatoses psicogênicas. Podem acometer vários gatos da mesma casa. Quadro brando. Quadro moderado / quadro intenso com acometimento de derme. “Sarna negra” em alguns casos podem apresentar hiperqueratose como mecanismo de proteção da pele. Também edema região de pescoço. Quadro intenso com presença de pústulas, vesículas (manchas arroxeadas). Região também característica de patas e interdigitais. Quadro intenso. Chow chow, 6 anos, D.injai – comum prurido, região dorsal alopecica e acomete cães de meia idade. DIAGNÓSTICO Dados de identificação de animais jovens com menos de 1 ano sem predisposição de raças. Anamnese história clínica com começo de 3 a 4 meses de idade com quadro lesional em região de cabeça e membros torácicos com piora do quadro com uso de corticoide e sem prurido importante. Exame dermatológico alopecia, discreto eritema em região de face e membros torácicos em quadro inicial. Depois intensifica e tem infecção bacteriana secundária e pústulas, presença de vesícula hemorrágica, fístulas e outros. Exame parasitológico de raspado cutâneo (EPRC) confirmação com visualização da sarna demodécica com positividade em 100% dos casos. EPRC raspado cutâneo profundo sangrante muito difícil encontrar o Demodex advindo da microbiota em animais saudáveis. Exame parasitológico de fita adesiva (EPF) grudar na pele a fita adesiva e depois beliscar a pele para D.canis grudar na fita. Se resultado der negativo realizar o EPRC. Histopatológico na raça Sharpei tem uma pele muito grossa e as vezes impedi do EPRC ou EPF de chegar na derme com resultado negativo, necessário realizar histopatológico. Parasitológico por Decalque de Exsudato técnica de imprint da pele ulcerada. TRATAMENTO - ACARICIDA Diamidina/amitraz (500 ppm) – Triatox® Uso tópico 4mL /1 litro de água 1x por semana no formato de banho. Contém muitos efeitos adversos e muito trabalhoso. Lactonas Macrocíclicas terapia sistêmica. Milbemicina (Interceptor®) não existe mais no Brasil. Alta do paciente após 3 EPRC negativos com intervalo de 15 dias. As raças de Pastor Australiano, Pastor de Shetland, Border Collie e Collie não tem indicação de usar ivermectina e doramectina, pois atravessa a barreira hematoencefálica do SNC e morre com alterações neurológicas. Moxidectina (Cydectin®) uso tópico tem efeito adverso de causar “furos” no animal, por isso passou a ser usada de uso oral. Isoxazolinas eficácia maior contra Demodex, mais seguro e diminuir o tempo de terapia e as vezes uma única dose resolve. TTO de escolha para gato é bravecto. Banhos semanais tratamento coadjuvante entre 1 a 3x/semana para melhorar a condição da pele e diminuir infecção bacteriana. Peróxido de benzoíla 2,5 a 5% efeito queratolítico, flushing folicular (lavagem) e bactericida. O efeito adverso é que resseca muito a pele. Gatos entre 1 a 2%. Proibido uso de benzoato de benzila. Clorexidine 1 a 2% efeito bactericida. Antibioticoterapia sistêmico com infecção bacteriana com duração de 30 dias. ESCABIOSE CANINA Transmissão por contato direto e através de fomites. Zoonose com transmissão em cerca de 30% dos contactantes humanos com lesão pápula em região de abdômen, antebraço, colón, mama. AGENTE ETIOLÓGICO Sarcoptes scabiei var canis, a fêmea encontra-se na camada córnea da epiderme (escava). Predisposição em cães com menos de 1 ano de idade e não existe fator imunológico. Maior atividade em TºC alta, porém encontra-se em regiões de extremidades do corpo. Notoedris cati acomete gatos, cães e humanos. A fêmea encontra-se na camada córnea da epiderme (escava). Transmissão por contato direto e indireto. Mais comum em gatos com acesso à rua em gatos jovens e de gatis. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Doença pruriginosa intensa com piora à noite. Manifestação clínica de forma aguda. Característica lesional é hiperqueratose. Áreas mais acometidas são a borda de pavilhões auriculares, articulação úmero-rádio-ulnar, articulaçãotíbio-társica e abdominal. Alopecia por arrancamento e esfoliação. Escoriação por arranhadura. Reação otopedal ou otopodal meche na borda da orelha os cães coçam a orelha com o membro pélvico. Notoedris cati tem a característica lesional de hiperqueratose em região de cabeça (cefálica). Em casos graves de hiperqueratose como ocasionar entrópio e causar úlcera de córnea. DIAGNÓSTICO Dados de identificação e anamnese animal jovem com menos de 1 ano de idade, prurido intenso em regiões específicas. Exame dermatológico hiperqueratose, alopecia, esfoliação e reação otopedal ou otopodal em regiões especificas. Exame parasitológico confirmação com visualização da do Sarcoptes canis e Notoedris catis com positividade respectivamente em 50% dos casos e 80% dos casos. EPRC raspado cutâneo superficial em extensão Em caso de não encontrar na primeira região de escolha, realizar novamente EPRC nas outras duas regiões. Possível não encontrar o Sarcoptes em nenhuma região, pois se movimenta rápido. Em caso de falso positivo, porém com forte clínica. Realizar diagnóstico terapêutico. Exame parasitológico de Fita adesiva (EPF) grudar na pele a fita adesiva e depois beliscar a pele para grudar na fita. Se resultado der negativo realizar o EPRC. Sarcoptes scabieivar canis EPRC em região cefálica com suspeita de Notoedris catis. TRATAMENTO SISTÊMICO – ESCABIOSE CANINA E FELINA Tratar todos os contactantes e cuidados com ambiente. Lactonas Macrocíclicas Normalmente utilizada entre 1 e 2 doses. Alta do paciente através da melhora clínica lesional. Isoxazolinas Tratamento eleição para cão e gato com administração tópica interescapular muito bom para gato. Desvantagem é custo do produto, pois tem tratar todos os animais contactantes. Advocante um pouco mais barato do que revolution. Corticoideterapia prednisona/prednisolona 0,5mg/Kg/SID por 5 dias. Banhos semanais tratamento coadjuvante entre 1 a 3x/semana para melhorar a condição da pele. Ex: Peróxido de benzoíla 2,5 a 5% ou clorexidine de 1 a 2%. Pouca incidência de infecção bacterina secundária.
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