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Direito Administrativo Segurança Pública

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Curso de adaptação para Praças de Saúde Temporários
DIREITO ADMINISTRATIVO E DA SEGURANÇA PÚBLICA: 
 - UNIDADE DIDÁTICA I - Conceito, natureza jurídica e objetivos do Direito Administrativo
 - UNIDADE DIDÁTICA II - Conceito de Administração Pública, serviços públicos, órgãos e 
 agentes públicos
 -UNIDADE DIDÁTICA III - Ato e Processo administravos
- INSTRUTOR: 1º Ten QTPM DERLI CARLOS TABORDA
Objetivos:
Ao finalizar esta disciplina, espera-se que o Aluno-soldado
Militar Estadual de Saúde, Temporário da Brigada Militar
tenha alcançado os seguintes objetivos:
Conhecer e dominar as questões referentes ao Direito
Administrativo, objetivando primordialmente aplicá-los em 
serviço do bem comum, enquanto servidor do Estado, para 
defesa dos direitos dos cidadãos; e Conhecer os diversos 
institutos do Direito Administrativo, tomando por base suas 
origens, conceitos, aplicabilidade de seus institutos, 
situações simuladas etc....................................................... 
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1. Conceito
É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os
órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar
concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.
- “É o conjunto harmônico de princípios jurídicos” = significa
a sistematização de normas doutrinárias e constitucionais de direito
público, balizando e limitando o poder estatal (e não de política ou
de ação social);
 - “que regem os órgãos, os agentes” = indica que ordena a
estrutura e o pessoal do serviço público. 
 
 1.2. Conceito
 - “e as atividades públicas” = isto é, a seriação de atos de
Administração Pública, praticados nessa qualidade, e não quando
atua, excepcionalmente, em condições de igualdade com o
particular, sujeito às normas de direito privado.
- “tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado” = esta última parte dá a caracterização e a
delimitação do objeto do direito administrativo.
- Concreta, direta e imediatamente afasta a ingerência desse
ramo do direito na atividade estatal abstrata que é a legislativa, na
atividade indireta que é a judicial e na atividade mediata que é a
ação social do Estado, sendo que outras ciências se incumbirão disto. 
 1.3 Conceito
 - Cada Estado (País), ao se organizar, declara os fins por ele
visados e institui os Poderes e órgãos necessários à sua 
consecução.
- O Direito Administrativo apenas passa a disciplinar as 
atividades e os órgãos estatais ou a eles assemelhados, para 
o eficiente funcionamento da Administração pública.
- O Direito Administrativo interessa-se pelo Estado, mas no
seu aspecto dinâmico, funcional, relegando para o Direito
Constitucional a parte estrutural, estática ( forma de governo,
cargos, presidente, etc.). 
. 
 1.4 Conceito
 - O Direito Administrativo é utilizado nos poderes Executivo,
Legislativo e no Judiciário, de forma ampla e organizacional.
- Di Pietro (2015) define Direito Administrativo como o ramo do
Direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens e meios que
se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública. 
 
 - “Ramo do direito público” - realça-se que o Direito
Administrativo é composto por um corpo de regras e princípios que
disciplinam as relações entre a administração e os particulares,
caracterizadas por uma posição de verticalidade e regidas pelo
princípio da justiça distributiva, no que difere do direito privado,
que regula as relações entre iguais, em posição de horizontalidade,
regida pelo princípio da justiça comutativa.
 
- “Órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas” - a
referência é à administração em seu sentido subjetivo, são pessoas
administrativas, porque se exclui do conceito as pessoas jurídicas
políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), que
constituem objeto de estudo do Direito Constitucional. 
 
 
 - “Atividade não contenciosa” - delimita a função administrativa do Estado, 
já que a atividade contenciosa se insere no âmbito da função judicial.
- “Bens e meio de ação de que se utiliza”, é necessária para abranger
toda uma gama de institutos que constituem objeto de disciplina
pelo Direito Administrativo, como os atos e contratos, as parcerias
com entes privados (como concessionários, permissionários,
organizações não governamentais), os processos administrativos, os
bens públicos, dentre outros. 
 
 1.2. Natureza jurídica e objeto do Direito Administrativo
Segundo Hely, a natureza da atividade administrativa pública é a
de um múnus público (dever público) para quem a exerce. É encargo
de guarda, conservação e aprimoramento dos bens, interesses e
serviços da coletividade que se desenvolve segundo a lei e a
moralidade administrativa. Ao ser investido em cargo ou função
pública, todo agente assume para com a coletividade o compromisso
de bem servir aos interesses administrados pelo Estado.
O fim da atividade administrativa é sempre o interesse público
ou o bem da coletividade. Toda atividade administrativa deve ser
orientada neste sentido. É o fim e não a vontade do administrador
que domina todas as formas de administração.
O Direito Administrativo, segundo Gasparini, tem como objeto à
administração pública que dá a ideia de orientação, direção, chefia
ao lado da noção de subordinação, obediência e servidão. A palavra
administração dá a ideia de relação hierárquica. 
 
 1.3. Princípios constitucionais da administração pública (art.
 37, caput, CF/88):
- José Cretella Júnior afirma que os “princípios de uma ciência são
as proposições fundamentais típicas que condicionam todas as
estruturações subsequentes. Princípios, neste sentido, são os
alicerces da ciência”................................................................................. 
 a. Legalidade
A vontade da administração pública é a que decorre da lei (fazer
somente o que a lei permite). A administração pública não pode, por
simples ato administrativo, conceder direitos qualquer espécie, criar
obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto,
depende de lei.
Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil,
Art.5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
II- Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
XXXV- A lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Pelo princípio da legalidade, tem-se que ao particular é possível
fazer tudo que não estiver proibido, enquanto que ao administrador,
somente o que está permitido em lei (em sentido amplo). 
 
b. Moralidade administrativa
É o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior
da administração. É moral administrativa que é imposta de dentro e
vigora no próprio ambiente institucional e condiciona a utilização de
qualquer poder jurídico, mesmo o discricionário.
O agente público deve não só distinguir o bem do mal, o justo do
injusto, mas o honesto do desonesto.
É pressuposto de validade de todo ato da administração.
A probidade consiste no dever de o “funcionário servir à
Administração com honestidade, procedendo no exercício de suas
funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes
em proveito pessoal ou de outrem a quem favorecer”.
Os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão
dos direitos políticos, na perda da função pública, na
indisponibilidade dos bens e no ressarcimento ao Erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (Art.
37, § 4º CF).
b. Moralidade administrativa
 A Lei nº 8.429/92 dispõe sobreas sanções aplicáveis aos agentes
públicos, nos casos de improbidade administrativa, que se classifica
em três espécies:
- as que importam em Enriquecimento Ilícito (Art. 9º);
- os que causam prejuízo ao Erário Público (Art. 10); e
- os que atentam contra os princípios da Administração Pública (Art. 11) 
b. Moralidade administrativa
 A Lei nº 8.429/92 dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes
públicos, nos casos de improbidade administrativa, que se classifica
em três espécies:
- as que importam em Enriquecimento Ilícito (Art. 9º);
- os que causam prejuízo ao Erário Público (Art. 10); e
- os que atentam contra os princípios da Administração Pública (Art. 11) 
 Independentemente de outras sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, a lei sujeita o
responsável pelo ato de improbidade às cominações previstas no art. 
12, I para a primeira espécie, II para a segunda e III para a terceira. 
 
b. Moralidade administrativa
Conforme o caso, as cominações podem ser: perda dos bens 
ou valores acrescidos ilicitamente, ressarcimento integral do 
dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, 
multa civil, proibição de contratar com o Poder Público ou 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, cabendo 
ao Judiciário aplicá-las, levando em conta a extensão do dano e 
o proveito patrimonial obtido pelo agente (art. 12, parágrafo 
único).
O artigo 9º, inciso VII merece destaque, em virtude do seu
notável alcance, pois inverte o ônus da prova, sempre difícil para 
o autor da ação em casos como o descrito na norma. 
 
b. Moralidade administrativa
Quando desproporcional, o enriquecimento ilícito é presumido, 
cabendo ao agente público a prova de que ele foi lícito, apontando a
origem dos recursos necessários à aquisição.
Agente público é todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou 
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em entidades da
administração direta, indireta ou fundacional ou de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou 
custeio o erário haja concorrido com mais de 50 por cento do 
patrimônio ou da receita anual. (art. 2º, c/c o art. 1º da lei nº 8.429/92). 
 
c. Impessoalidade
Todo ato administrativo deve ser praticado com finalidade
pública, evitando o desvio de finalidade. A Administração Pública
não pode atuar para beneficiar ou prejudicar pessoas 
determinadas. O interesse público deve nortear seu comportamento.
Os atos praticados são imputáveis não ao funcionário, mas ao
órgão que manifesta a vontade estatal. Conforme o artigo 37, § 1º,
da CF: proibição de constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizam a vontade estatal.
Atos praticados por funcionário irregularmente investido:
validade, em razão de que são do órgão e não do agente. 
 
 
d. Publicidade
Ampla divulgação dos atos praticados pela Administração, salvo
nas hipóteses de sigilo previsto em lei. É a divulgação oficial do ato
para conhecimento público e início de seus efeitos externos.
- Art 5º, XIV, CF – segredo profissional.
- Art 5º, XXXIII, CF – informações dos órgãos públicos. 
 
 - Art 5º, LX, CF – restrição da publicidade quanto à defesa de 
intimidade e do interesse social (ex.: segurança pública).
- Art 5º, LXXII, CF – “habeas data”. 
 
 
e. Eficiência
É o atingimento de resultados para o serviço público, a perfeição
do trabalho e sua adequação técnica aos fins visados pela
administração (linhas administrativas, econômicas e técnicas).
Atinge os aspectos quantitativos e qualitativos do serviço.
A Emenda Constitucional nº19, de 4 de junho de 1998, inseriu o
princípio da eficiência entre os princípios constitucionais da
Administração Pública, previstos no artigo 37, caput. Também a Lei
nº 9.784/99 fez referência a ele no artigo 2º, caput.
Todo agente público deve realizar suas atribuições com presteza,
perfeição e rendimento funcional. 
 
 
1.4. Princípios constitucionais gerais
a. Universalidade do interesse público ou supremacia do
interesse público: 
Está presente tanto na elaboração legislativa
quanto nas ações executivas. O administrador não pode praticar ou
deixar de praticar ato para atender ao interesse individual, se esse
prejudicar o interesse da coletividade. O interesse coletivo, em
relação ao interesse individual, tem posição de prevalência.
b. Igualdade: a administração deve dispensar a todos igual
tratamento (Art. 5º, I, CF) 
 
 
c. Razoabilidade: a decisão discricionária da administração
tem que dar os fundamentos de fato e de direito que a sustentam;
tem de levar em conta os fatos constantes de expediente ou públicos
e notórios; deve ser proporcional em relação aos meios que emprega
e o fim colimado (seguindo padrões comuns da sociedade).
d. Proporcionalidade: a Lei nº 9.784/99 veda a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público,
traduzindo aí o núcleo da noção da proporcionalidade (art. 2º,
parágrafo único)...................................................................................... 
1.5. Princípios básicos do Direito Administrativo:
a. Indisponibilidade: os administradores públicos não podem
se afastar dos objetivos definidos na lei, eis que não têm a livre
disponibilidade do interesse público, que se vincula à lei.
b. Continuidade: o serviço público, forma pela qual o Estado
desempenha funções essenciais ou necessárias à coletividade, não 
pode parar. Disso decorre, por exemplo, a limitação do direito de
greve (art. 37, VII, CF)..................................................................
c. Especialidade: é corrente a ideia de descentralização
administrativa. Por intermédio dele especializam-se as funções
administrativas com vistas à melhor prestação de serviços públicos. 
d. Hierarquia:
 Os órgãos têm relação de coordenação e subordinação entre si, 
cada qual com atribuições definidas em lei. Só existe em relação às 
funções administrativas, inexistindo em relação às legislativas e 
judiciais. De tal princípio decorre a revisão de atos dos subordinados, 
delegação e avocação de atribuições, poder-dever de punir, dever de 
obediência do subordinado.................................................................. 
d. Hierarquia:
 Os órgãos têm relação de coordenação e subordinação entre si, 
cada qual com atribuições definidas em lei. Só existe em relação às 
funções administrativas, inexistindo em relação às legislativas e 
judiciais. De tal princípio decorre a revisão de atos dos subordinados, 
delegação e avocação de atribuições, poder-dever de punir, dever de 
obediência do subordinado.................................................................. 
e. Autotutela: 
A Administração exerce o controle sobre os
próprios atos, podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes
e inoportunos, independente de recurso ao Poder Judiciário. Decorre
do princípio da legalidade: a Administração está sujeita à lei,
cabendo-lhe o controle da legalidade. Conforme a Súmula 346 do
STF, “a Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos” e a Súmula 473 do STF estabelece que:
A Administração Pública pode anular os seus próprios atos, quando 
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial.................................................................................. 
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
2.1.Conceito
É a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade em
âmbito federal, estadual e municipal, segundo os preceitos do direito
e da moral, visando ao bem comum.
Se os bens e interesses geridos são individuais, realiza-se
administração particular, se são da coletividade, realiza-se
administração pública.O estudo da Administração Pública deve partir do conceito de Estado. 
2.2. Poderes do Estado
São o Executivo, Legislativo e o Judiciário, independentes e
harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis 
(art.2º,CF)...............................................................................................
- Poder Legislativo: função normativa (elaboração da lei);
- Poder Executivo: função administrativa (a conversão da lei
em ato individual e concreto);
- Poder Judiciário: função judicial (é a aplicação coativa da
lei aos litigantes)..............................................................................
- Não há separação com divisão absoluta de funções, mas
distribuição das três funções estatais precípuas entre órgãos
independentes, mas harmônicos no seu funcionamento, mesmo
porque o poder estatal é uno e indivisível........................... 
 
 
 
2.3. Governo e Administração
- São termos que andam juntos e muitas vezes se confundem,
embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se
apresentam.
 - Governo é a resultante da intenção dos três Poderes de Estado. 
Atua mediante soberania, de autonomia política na
condução dos negócios públicos..............................................
Administração Pública:
 É a resultante da interação de todos os órgãos dos três Poderes
Numa visão global, a administração é, pois, todo o aparelhamento
do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação
das necessidades coletivas.
 
 
 
 
2.3.1. Comparação entre governo e administração
 Governo:
- Atividade política e discricionária;
 - Conduta independente;
- Comanda com responsabilidade constitucional e política, mas
sem responsabilidade profissional pela execução.
Administração:
- atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica;
- conduta hierarquizada;
- executa sem responsabilidade constitucional ou política, mas
com responsabilidade técnica e legal pela execução. 
 
 
 
 
CONCLUSÃO: 
Administração Pública é o instrumental de que dispõe o 
Estado para por em prática as opções políticas do governo. 
Tem opção de decisão jurídica e técnica, mas não política. 
 
 
 
 
2.4. Órgãos, serviços e agentes públicos
2.4.1 Órgãos públicos
São centros de competência instituídos para o desempenho de
funções estatais, por intermédio de seus agentes, cuja atuação é
imputada à pessoa jurídica a que pertencem.
A criação e a extinção de órgãos públicos dependem de lei, de
iniciativa privativa do chefe do Executivo (art. 48, XI e 61, § 1º,
“e”, CF)....................................................................................................

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