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Breve histórico do direito do trabalho brasileiro

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jusbrasil.com.br
13 de Dezembro de 2016
Breve histórico do direito do trabalho brasileiro
Alguns autores dividiram a história jurídica do trabalho brasileiro em
três fases: Fase pré­histórica (da independência até a abolição da
escravatura em 1888) e Fase histórica (da abolição da escravatura até a
Revolução de 1930). No entanto, podemos verificar uma fase
contemporânea, a terceira fase que começa com a Revolução de 1930 e
prossegue até os nossos dias.
Com raízes no processo de evolução do sistema capitalista os quais
passaram os Estados Unidos e Europa no século XIX, de maneira
melhor representada pela revolução industrial, os direitos trabalhistas
tiveram um crescimento considerável por conta de uma série de
condições socioeconômicas, políticas e culturais que necessitavam de
um limitador na exploração da mão de obra humana, instrumento este
que fosse capaz de conferir aos trabalhadores um mínimo de civilidade
e jornadas de trabalho suportáveis com dignidade.
Tendo por base que o Direito do Trabalho é derivado de relações
trabalhistas que apresentam subordinação, no Brasil o reconhecimento
deste ramo jurídico só pode ser estudado de maneira consistente após a
abolição da escravatura, que se deu em 1888, visto que a escravidão
envolve uma relação produtiva incompatível com o direito do trabalho.
Assim, embora destituído de caráter jus laboral, a Lei Áurea foi o
marco mais significativo como início da evolução histórica do Direito
do Trabalho no Brasil.
Neste contexto histórico reconhece­se o notável desenvolvimento da
força de trabalho no setor agrícola, especialmente as fazendas
aplicadas ao setor cafeeiro, contudo, as relações de trabalho não
apresentavam normatização sólida, fator que apresentava avanços e
retrocessos das condições de negociação do trabalho.
A partir de 1900, diversos diplomas legais relacionados aos
trabalhadores, tanto rurais como urbanos, foram editados, no entanto,
ainda não havia uma solidificação de institutos trabalhistas que
atuassem de maneira coordenada. Esta fase foi denominada pelos
estudiosos como período de manifestações incipientes ou esparsas,
visto que, embora fosse considerável o número de leis e decretos
promulgados, não existia um sistema de direito do trabalho
devidamente instituído. No intuito de regulamentar a organização do
trabalho no Brasil, destaca­se nesse período a criação do Departamento
Nacional do Trabalho, por meio do Decreto nº 3.550, de 16 de outubro
de 1918.
Em 1922, por meio da Lei Estadual nº 1.869, foi criado em São Paulo o
Tribunal Rural, órgão composto por um Juiz de Direito e dois árbitros
que eleitos pelas partes que geravam a demanda. Contudo, essa
incipiente experiência não prosperou por conta da falta de parcialidade
na atuação dos árbitros e de igual modo pela dificuldade de indicação
de um representante pelo trabalhador, cabe, porém, o registro desse
rudimentar desenvolvimento da Justiça do Trabalho.
Não se pode negar que o fim da Primeira Guerra Mundial influenciou o
Brasil; após o Tratado de Versalhes foi criada a Organização
Internacional do Trabalho ­ OIT, o qual estabelecia regras protetivas
aos trabalhadores e deviam ser observadas pelos países signatários. Em
1923 foi criado o Conselho Nacional do Trabalho com o objetivo de
fiscalizar e assegurar o cumprimento das regras impostas pela OIT.
O terceiro importante período que deve ser salientado na retórica da
evolução do Direito do Trabalho é a fase de institucionalização deste
ramo do direito. Tendo como marco inicial o ano de 1930, momento
histórico em que se verifica uma sedimentação de um modelo
trabalhista que perdurou até a Constituição Federal de 1988.
A primeira Constituição a tratar do Direito Trabalhista foi a de 1934, a
qual garantia, entre outras, a liberdade sindical, isonomia salarial,
salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, proteção do
trabalho das mulheres e menores, repouso semanal e férias anuais
remuneradas.
Assinala SILVA NETO (2006, p. 55) que a Constituição de 1934 é um
marco na evolução histórica de nosso direito constitucional, garantindo
e inscrevendo os direitos sociais, incorporando o sentido social do
direito e ampliando os horizontes do direito social à família, à educação
e à saúde.
Destaca­se nessa fase histórica a criação do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio (Decreto nº 19.443, de 26 de novembro de 1930)
transformação do antigo Conselho Nacional de Trabalho; o
Departamento Nacional do Trabalho e sua organização (Decreto nº
19.667, de 4 de fevereiro de 1931 e Decreto nº 19.671­A, de 4 de
fevereiro de 1931, respectivamente), e a normatização federal de uma
estrutura sindical oficial única (Decreto nº 19.770, de 19 de março de
1931), criação em 1932 de um sistema de solução judicial de conflitos
trabalhistas destinados aos empregados oficialmente sindicalizados, o
qual era exercido por Comissões Mistas de Conciliação (Decreto nº
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92083/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-34
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116729/decreto-19667-31
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116728/decreto-19671-31
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116727/decreto-19770-31
21.396), bem como Juntas de Conciliação e Julgamento (Decreto nº
22.132), os quais eram vinculadas ao Ministro do Trabalho a quem os
atos eram submetidos.
Grande salto na evolução do Direito do Trabalho ocorreu em 1939 com
sua regulamentação por meio do Decreto­Lei nº 1.237, de 1 de maio de
1939, ocasião em que se obteve efetivamente um modelo justrabalhista
profissional e protetivo. A despeito dessas mudanças, não se pode
olvidar da influência do processo que ocorria no exterior, em
especialmente a proteção ao trabalhador exposta na carta encíclica do
Papa Leão XIII em sua encíclica Rerum Novarum, 15 de maio de 1891,
que tratava da preocupação com a condição dos operários frente a
evolução do trabalho fabril; influência esta que alcançou o Tratado de
Versalhes, de 1919, o qual originou a Organização Internacional do
Trabalho ­ OIT, como órgão da antiga Liga das Nações, hoje da
Organização das Nações Unidas.
A Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto­Lei nº 5.452 de 1 de
maio de 1943, que sistematizou e reuniu as leis trabalhistas em um
único documento, se deu durante o governo de Getúlio Vargas, período
marcado por uma intensa atividade legislativa voltada para a questão
do trabalho, com notório caráter corporativo e intervencionista do
Estado o qual controlava rigidamente toda manifestação operária, fase
em que a greve e o lock­out eram considerados como recursos
antissociais de manifestação trabalhista. No entanto, a Justiça do
Trabalho só foi integrada ao Poder Judiciário com a edição da
Constituição de 1946, a qual conferiu o modelo justrabalhista
definitivo.
Das inovações alcançadas nesse período merece destaque a primeira lei
de indenização por despedida injusta (1935); Organização da Justiça do
Trabalho (1939); Consolidação das Leis do Trabalho (1943);
reconhecimento do direito de greve (1946); repouso semanal
remunerado (1949); Gratificação Natalina (1962); Estatuto do
Trabalhador Rural (Lei 4.214/66); Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (1966) e a Lei de Trabalho Rural (5.889/73).
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/141000/decreto-21396-95
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116704/decreto-22132-32
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92058/constitui%C3%A7%C3%A3o-dos-estados-unidos-do-brasil-46http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
Até meados da década de 1960, o modelo juslaboral era constituído
pela união da Justiça do Trabalho, estrutura sindical, legislação
individual protetiva, Ministério do Trabalho e o antigo sistema
previdenciário, aos quais competiam a resolução de conflitos
socioeconômicos por meio do sistema de unicidade sindical e o poder
normativo da Justiça do Trabalho. A esse modelo, cabia ainda
controlar as organizações e lideranças da classe de trabalhadores de
maneira a retirar­lhes o controle e direção de suas bases, o que era feito
basicamente por meio da legislação sindical formalista e obrigatória e a
atuação intervencionista do Ministério do Trabalho.
Como já mencionado alhures, o modelo justrabalhista instituído nesta
fase persistiu praticamente sem alterações até 1988, quando voltou a
ser questionado por conta dos estudos que resultaram na nova
Constituição.
Sob o império da Novel Carta Magna, o Direito do Trabalho passa por
uma nova fase de transição, denominada democrática, na qual ocorre a
mudança do caráter corporativista para o democrático, com presença
de forte influência capitalista, sendo incorporado ao modelo
justrabalhista a possibilidade do processo negocial autônomo para a
sociedade civil, um avanço alcançado mediante incontáveis
manifestações que exigiam a regulamentação de questões relativas aos
contratos de trabalho; momento histórico em que as demandas
relativas aos conflitos individuais e coletivos decorrentes de tais
contratos puderam ser resolvidas por um órgão administrativo
integrado por representantes dos empregados e empregadores.
Conforme pode ser verificado na história o que determinou o
surgimento da Justiça do Trabalho foi a necessidade do Estado
disciplinar e intervir na atuação dos estabelecimentos patronais, além
de ordenar, organizar, normatizar uma via institucional na qual as
reivindicações, conflitos e direitos pudessem ser encaminhadas para
uma análise externa, visto que até então, os conflitos ocorriam dentro
das empresas, por meio de paralisações do trabalho e que não
raramente assumiam rumos desorganizados e agressivos.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Assim, a Constituição de 1988 ampliou de maneira bastante
significativa os direitos dos empregados, valorizando o trabalho
humano ao inseri­lo em um dos princípios fundamentais, tratando de
maneira isonômica os empregados urbanos e rurais, bem como os
demais empregados e trabalhadores. No entanto, outras modalidade
profissionais, como os autônomos, não foram abrangidos pela nova
constituição, deixando­os por um longo período esquecidos. Tal
condição foi alterada pela Emenda Constitucional nº. 45 que modificou
profundamente a competência da Justiça do Trabalho como um meio
de corrigir falhas e atualizar o sistema jurídico trabalhista, em especial
o artigo 114, inciso I, o qual ampliou a competência antes limitada às
relações de emprego, passando a alcançar todas as relações resultantes
das relações de trabalho de maneira ampla. Essa modificação da
Justiça do Trabalho possibilitou a adaptação do ramo justrabalhista às
necessidades do trabalho contemporâneo, firmando­se em um
verdadeiro resgate do papel histórico do Direito do Trabalho.
Embora considerável os avanços alcançados pela Constituição Cidadã,
não é possível negar que problemas antigos foram preservados, a
preservação de mecanismos antidemocráticos e autoritários, os quais
claramente confrontavam os preceitos democráticos; conflitos esses
que se arrastaram e questionaram, inclusive, a direção e existência do
Direito Individual do Trabalho ocorrido na década de 1990.
Passadas duas décadas da instituição da Constituição de 1988, o
sistema justrabalhista se fortaleceu e se estabeleceu frente ao crescente
número de trabalhadores regidos por seus princípios e normas.
Por fim, vale lembrar que durante o transcurso de suas sete décadas de
existência, a Justiça do Trabalho sofreu importantes transformações,
dentre as quais a expansão da Justiça do Trabalho, consistente na
extraordinária elevação do número de seus órgãos, a extinção da
representação classista em todos os órgãos da Justiça do Trabalho,
operada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9 de dezembro de 1999,
e a ampliação da sua competência, começando pela extensão desta às
ações decorrentes de acidentes do trabalho, que foi pacificada pela
Emenda Constitucional nº 45, a qual também modificou sensivelmente
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96987/emenda-constitucional-45-04
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103874/emenda-constitucional-24-99
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96987/emenda-constitucional-45-04
a competência da Justiça do Trabalho ao alargar a abrangência do
inciso I do art. 114, todas as ações oriundas das relações de trabalho;
sendo assim, notável que nestes setenta anos de existência, mesmo
com as deficiências que ainda apresenta e a constante necessidade de
aperfeiçoamento, a Justiça do Trabalho cresceu, expandiu­se e
disseminou­se por todo o território brasileiro.
BARROS, Alice Monteiro. Curso de direito do trabalho. 2. Ed. São
Paulo: LTr, 2006.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 10.
Ed. São Paulo: LTR, 2013
Leão XIII, Papa. Carta encíclica Rerum Novarum, Vaticano ­ 1891.
Disponível em:.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de Direito Constitucional.
Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2006.
Disponível em: http://jeffersoncosta.jusbrasil.com.br/artigos/194061399/breve‐historico‐do‐
direito‐do‐trabalho‐brasileiro

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