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Hemorragia digestiva alta ⇒ Sangramento intraluminal resultante de uma lesão proximal ao ligamento de Treitz, podendo envolver o esôfago, estômago ou duodeno. ⇒ Incidência de 48 a 172 casos a cada 100.000 habitantes ao ano. 2x mais frequentemente em homens do que em mulheres. ⇒ Entre as principais etiologias temos : ⇒ Úlcera péptica (31-67% de todas as causas de hemorragia digestiva alta) : As úlceras gástricas sangrantes são mais frequentes que as úlceras duodenais. Os principais fatores associados com sangramento de úlcera péptica incluem: Infecção pelo Helicobacter pylori. Uso de anti-inflamatórios não esteroidais. Estresse fisiológico, sepse e choque. Hipersecreção ácida. ⇒ Gastrite/duodenite ( 7-31%) ⇒ Varizes esofagicas/gastroesofágicas (4-20%) : As varizes esofágicas associadas a hipertensão portal e cirrose representam cerca de 10 a 15% de todos os casos de HDA. ⅓ dos pacientes com cirrose hepática terão HDA, 70% dos pacientes com hipertensão portal têm as varizes esofágicas como etiologia da HDA. ⇒ Esofagite erosiva (3-12%): Lesões no esôfago devido ao refluxo gástrico crônico, o que leva ao aparecimento de alguns sintomas como dor ao se alimentar e ingerir líquidos. ⇒ Mallory-Weiss (4-8%): Laceração na mucosa do esôfago distal à junção gastroesofágica que ocorre após repetidos esforços para vomitar. Ocorre principalmente em etilistas e gestantes; geralmente o sangramento cessa de forma espontânea. ⇒ Tumores ( 2-8%): As neoplasias do trato gastrointestinal podem ser de natureza benigna ou maligna, de sítio primário ou metastático. O sangramento habitualmente não é grave, mas as taxas de complicações são maiores do que das úlceras pépticas. #########Em cerca de 10 a 15% dos casos não é identificada a etiologia da HDA Manifestação Clínica ⇒ O quadro clássico é caracterizado por dor abdominal + hematêmese com ou sem presença de melena (90% dos casos são originados acima do ângulo de treitz). ⇒ Pode ter hematoquezia (sangue vivo nas fezes, ocorre quando sangue não entra em contato com suco gástrico). # A queda da pressão arterial sistólica em mais de 10 mmHg ou o aumento do pulso em mais de 10 bpm quando o paciente passa da posição de decúbito para ortostase ⇒ perda de pelo menos 1.000 mL de sangue. ⇒ É importante ser feita uma boa anamnese e exame físico, buscando possível causa do sangramento, uma vez que o TTO pode apresentar diferenças entre uma causa e outra. Questionar sobre: ⇒ Episódios prévios de HDA (60% dos sangramentos recorrentes são da mesma lesão) ⇒ Histórico de gastrite, infecção por H.pylori, Tabagismo e doença pulcerosa péptica. Sintomas de epigastralgia ou doe em quadrante superior direito. ⇒ Alcoolismo, infecção por vírus de hepatite, diagnóstico de varizes esofágicas. Distensão abdominal (ascite), presença de circulação colateral, eritema palmar, ginecomastia, aranha vascular, icterícia. ⇒ história de ingestão demasiada de álcool, nausea e vomitos exacerbados ou tosse antes do episódio de hematêmese. ⇒ Uso de AINES. ⇒ Histórico de malignidade ( perda de peso, caquexia, disfagia). ⇒ Investigar comorbidades ⇒ Coagulopatias, trombocitopenia, disfunção hepática, insuficiência cardíaca, IRC. ⇒ Uso de medicamentos ⇒ AINES, anti agregantes plaquetários e anticoagulantes. ⇒ No exame físico procure pistas da causa do sangramento e avalie a estabilidade hemodinâmica do paciente. # O toque retal é indicado em todos os pacientes. #Presença de manchas pigmentadas na mucosa bucal sugere síndrome de Peutz-Jeghers e sangramento de pólipos intestinais benignos. #Telangiectasias em lábios e língua sugerem o diagnóstico de síndrome de Osler-Weber-Rendu. Exames ## Antes de qualquer exame é necessário estabilizar o doente. ⇒ O exame de escolha para o diagnóstico etiológico é a endoscopia digestiva alta ⇒ deve ser realizada, idealmente, em menos de 24 horas em pacientes já estabilizados. Em pacientes com instabilidade hemodinâmica exame em até 12 horas. ⇒ Em suspeita de paciente com HD baixa, indicada colonoscopia ( após endoscopia). ⇒ Exames de rotinas ⇒ Hemograma (avaliar o grau de anemia, podendo ser usado de guia para hemotransfusão, avaliar coagulopatia e trombocitopenia), eletrólitos, uréia e creatinina, transaminases, GGT, FA, bilirrubina e albumina ( avaliar hepatopatia crônica), TAP, PCR, lactato e gasometria arterial. # ja colete sangue para possível necessidade de testes cruzados em caso de hemotransfusão. ⇒ Caso a fonte de sangramento não seja detectada, uma possibilidade é a realização de cintilografia com mapeamento de hemácias marcadas por tecnécio. Também é possível solicitar angiografia mesentérica padrão ou por angio TC. ### ⇒ Na presença de fatores clínicos que predizem uma hemorragia grave (taquicardia, hipotensão, aspirado nasogástrico com sangue vermelho e uma concentração de hemoglobina inferior a 8 g/dL) ⇒ necessidade de avaliação urgente com endoscopia digestiva. ### O escore de Glasgow Blatchford (calculado com base em parâmetros clínicos) deve ser usado para predizer a necessidade de endoscopia. ### Com apenas um único item positivo ⇒ indicado a realização de endoscopia digestiva alta na apresentação ao pronto socorro. ###O escore de Blatchford de forma simplificada pode ser considerado 0 se: ⇒ Hb ≥13 g/dL em homens e 12 g/dL em mulheres. ⇒ PA sistólica ≥ 110 mmHg. ⇒ FC < 100 bpm. ⇒ Ureia < 40 mg/dL. ⇒ Sem melena ou síncope na chegada no PS. ⇒ Sem história de cirrose ou IC. ### ⇒ O escore de Rockall é um instrumento que prediz o risco em pacientes com HDA ⇒ Caso a soma do escore pré e pós de Rockall for superior a 8 ⇒ a mortalidade > 40%. ⇒ Escores de 0 a 2 têm mortalidade < 0,2%. #### Outras variáveis de risco de mortalidade e ressangramento incluem: ⇒ Estado geral ruim. ⇒ Comorbidades. ⇒ Hb inicial < 10 g/dL. ⇒ Sepse ou Choque. ⇒ Injúria renal aguda. ⇒ INR > 1,5 ou outras coagulopatias. ⇒ Plaquetopenia < 100.000 céls./mm3. ⇒ Aumento de transaminases. Tratamento ⇒ Pacientes com HDA devem ser avaliados o mais rápido possível. # já entra em contado com endoscopista. ⇒ A estabilização da pressão sanguínea e restauração do volume intravascular, deve ser feita antes da avaliação diagnóstica. ⇒ Garantir 2 acessos venosos calibrosos periféricos⇒ rápida infusão de cristalóide (soro fisiológico ou Ringer lactato) ⇒ O objetivo é manter uma pressão arterial sistólica por volta de 100 mmHg + FC < 100bpm. # Na maioria dos pacientes 1-2 l de soro corrige o volume perdido. Contudo em pacientes sem resposta à reposição volêmica, considerar transfundir concentrado de hemácias, com o objetivo de manter níveis de hemoglobina > 7 g/dL a 8 g/dL (pacientes com doença cardiovascular, um alvo maior que Hb > 8 g/dL). ⇒ Se perda volêmica estimada > 30 % considerar hemotransfusão ( cada concentrado de hemácias aumenta de 0,5 - 1,0 de hemoglobina e 3% do hematócrito)⇒ A cada 4 concentrado de hemácias administrar 1 unidade de plasma. ⇒ Oxigênio suplementar + dieta zero ⇒ Pacientes com coagulopatia (tempo de protrombina prolongado com INR > 1,5) ou plaquetas inferiores a 50.000/mm3 ⇒ devem receber plasma fresco congelado e plaquetas. ⇒ Em pacientes com insuficiência cardíaca e renal que toleram mal a sobrecarga de fluido ⇒ é preferível o uso de complexo protrombínico para reverter coagulopatias associadas à deficiência de fatores II, VII, IX e X em relação ao uso de plasma fresco congelado. ⇒ Se fibrinogênio baixo, considerar crioprecipitado. ⇒ EM caso de uso dos novos anticoagulantes como os inibidores do fator Xa e da trombina (dabigatran, apixaban e rivaroxabana), não existem antídotos para eles ⇒ Mas podemos lançar mão de infusão de complexo protrombínico. # ⇒ Uso de inibidores de bomba de prótons EV mesmo sem saber a causa do sangramento pode auxiliar a parar o sangramento ( aumenta o ph intestinal e dificulta "destruição de possível coágulo") ### Cuidado com passagem de sonda nasogástrica (número 16 ou 18) no paciente com HDA. ========> Terapia específica para sangramento por doençaulcerosa péptica. ⇒ Mesmos cuidados anteriores + ⇒ A base do tratamento medicamentoso é a administração intravenosa de inibidores da bomba de prótons (IBP) ⇒ esomeprazol ou omeprazol 80 mg IV bolus seguido por 40 mg a 80 mg IV 12/12 h. ##O uso de inibidores da bomba de prótons não substitui a endoscopia de urgência em pacientes com sangramento ativo. ##Pacientes de baixo risco para ressangramento ou sem vaso visível na EDA podem trocar IBP de venoso para oral imediatamente após o procedimento, nos pacientes de alto risco o IBP pode passar para via oral em 72 horas. ⇒ Realização da endoscopia é feita para diagnóstico e tratamento. Achados da endoscopia dao informações sobre prognóstico. Geralmente é utilizada a classificação de Forrester para categorizar os achados endoscópicos do paciente com HDA. ⇒ Os riscos de hemorragias recorrentes sem tratamento endoscópico são de 81% (I), 39% (II) e 22% (III), respectivamente. ⇒ O tratamento endoscópico é indicado em úlceras com sangramento ativo ou com um vaso visível não hemorrágico ou um coágulo aderido. ⇒ Em 8 a 15% dos pacientes a endoscopia não consegue controlar o sangramento. Pacientes com sangramento maciço que não respondem ao controle primário⇒ indicação de cirurgia (a mortalidade após tratamento cirúrgico de resgate chega a 29%). # Embolização angiográfica é uma alternativa. ⇒ Em pacientes que vão manter terapia antiplaquetária ou uso de anticoagulantes orais após HDA ⇒ fazer profilaxia com inibidores de bomba de prótons. ⇒ Pode-se utilizar eritromicina 3 mg/kg ou 250 mg EV 20 a 120 minutos antes da endoscopia (quando se presume visibilidade prejudicada, como pacientes com gastroparesia). ========> Sangramento em pacientes com cirrose ou hipertensão portal. ⇒ Deve se presumir sangramento por varizes esofágicas. ⇒ Usar os mesmos cuidados iniciais descritos acima. ⇒ Endoscopia, idealmente, em menos de 12 horas. ####⇒ Independentemente da eficácia do tratamento medicamentoso, todos os pacientes com suspeita de sangramento varicoso devem ser submetidos à endoscopia de emergência. ⇒ Administração precoce de terapia farmacológica com análogos da somatostatina pode levar à parada temporária de sangramento ⇒ Facilita a endoscopia e pode reduzir a necessidade de transfusão. # A terlipressina é a medicação de escolha (um análogo sintético da vasopressina, com menores efeitos colaterais) ⇒ dose de 2 a 4 mg IV bolus, seguida por 2 mg por 48 horas, seguida por 1 mg a cada 4 horas até totalizar 5 dias de tratamento. # Octreotíde (análogo da somatostatina)⇒ dose de 50 mcg em bolus, seguido por 50 mcg/h IV em bomba de infusão contínua. ###⇒ Tamponamento com balão (balão de Sengstaken-Blakemore, tubo de Minnesota) ⇒ Usar em casos de sangramento maciço em que a terapia endoscópica não está disponível (pode salvar a vida do paciente). A recorrência do sangramento é bastante comum (até 50%) após a descompressão do balão. ⇒ Verificar o grau de doença hepática do paciente (Child-pugh), avaliar necessidade de uso de corticoide (maddrey > 32). Fazer uso de antibiótico para possível peritonite bacteriana espontânea ( norfloxacina oral 400 mg a cada 12 horas ou ciprofloxacina 500 EV a cada 12 horas por sete dias) . Avaliar presença de síndrome hepatorrenal ou encefalopatia hepática. ⇒ Avaliar necessidade/possibilidade da realização do TIPS (criação de um “shunt” entre a veia hepática e a porção intra-hepática da veia porta, criando canal entre a circulação portal e sistêmica). # ver possibilidade de transplante hepatico. #####⇒ Profilaxia primária de sangramento de varizes esofágicas ⇒ Nadolol em dose de 40 mg ao dia é a medicação betabloqueadora considerada de escolha pela maioria dos autores com o objetivo de queda de 10% no gradiente de pressão portal ou manutenção do gradiente < 12 mmHg. ######⇒ Profilaxia secundária de sangramentos por varizes esofágicas ⇒ uso combinado de ligadura endoscópica e betabloqueadores não seletivos para a prevenção da recorrência de sangramento de varizes esofágicas. =========> Indicações de internação hospitalar, terapia intensiva e seguimento. ⇒ Todos os pacientes com HDA têm indicação de internação hospitalar, exceto se hemorragia com escore de Glasgow Blatchford de 0. ⇒ Pacientes com HDA ativa devem ser internados em UTI.
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