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Dos crimes contra a pessoa

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Direito Penal III
Professor: Gilberto Jorge
Rio Branco-AC, 2021/1
Pessoa: É o ser humano racional e inteligente, o que o diferencia das demais espécies animais. Por conseguinte, é quem nasce de ser racional e inteligente. Pouco importa sua vitalidade ou sua conformação física.
Tal título é subdivido em seis capítulos, a saber:
Crimes contra a vida;
Lesão Corporal;
Crimes contra a periclitação da vida e da saúde;
Rixa; 
Crimes contra honra;
Crimes contra a liberdade individual.
Título I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Capítulo I – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
A vida humana constitui o centro da gravidade dos valores constitucionais (ou bens jurídicos) protegidos. A vida é, pois, o centro de irradiação de todo e qualquer direito. André Estefam (Direito Penal, Parte Especial, v.2)
Os crimes contra a vida são:
Homicídio;
Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio ou a automutilação (Lei nº 13.698, de 26 de dezembro de 2019);
Infanticídio;
Aborto.
A proteção conferida pelo legislador é em relação a vida extrauterina e intrauterina.
Início da vida humana intrauterina: Processo de nidação.
Início da vida humana extrauterina: Início do parto (primeiras contrações expulsivas).
O fim da vida: Ocorrência da morte encefálica (Lei nº 9.434/97, Lei de Remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo para fins médicos)
A principal característica que tais crimes têm comum é que todos (com exceção do homicídio culposo) são julgados pelo Tribunal do Júri. (art. 5º XXXVIII, “d”, da CF)
HOMICÍDIO 
(ARTIGO 121 DO CP)
A incriminação da conduta data das mais antigas civilizações.
Conceitos: 
É a eliminação da vida humana por outra pessoa. (Fernando de Almeida Pedroso);
É a destruição de um homem por outro. (Damásio de Jesus)
Modalidades: 
Homicídio Simples (artigo 121, caput, do CP);
Homicídio privilegiado (§ 1º, do artigo 121 do CP)
Homicídio qualificado (§ 2º, do artigo 121, do CP)
Homicídio culposo (§ 3º, do artigo 121, do CP)
Homicídio culposo majorado (§ 4º, do artigo 121. do CP)
Homicídio doloso majorado ( § 4º, segunda parte, §§ 6º e 7º, do CP)
Pode ocorrer o deslocamento do crime de homicídio do contido no Código Penal para leis especiais, quando o sujeito passivo for o Presidente da República, Senado, Câmara Federal e STF (artigo 29 da Lei nº 7.170/83 – Lei de Segurança Nacional). 
Também ocorre o deslocamento no caso de crime de genocídio (Lei nº 2.289/56)
Elementos do tipo:
Tipo objetivo. Como descrito no art.121, caput, do CP, a conduta típica incriminada é matar alguém. É eliminação da vida de uma pessoa humana.
Meios direitos: atingir a vítima com disparos ou golpe de arma banca. 
Meios indiretos: açular um cão ou um louco contra pessoa que se quer matar, coagir alguém ao suicídio.
Homicídio praticado mediante ação: disparos de arma de fogo, golpes com pedaço de madeira, ferro etc; 
Homicídio praticado mediante omissão: mãe que não alimenta o filho de tenra idade, médico que não ministra o antídoto ao envenenado. Nestes casos deve haver o dever jurídico de impedir o resultado morte.
Elemento subjetivo: É o dolo. A vontade livre e consciente de eliminar a vida humana alheia. É também conhecido por animus necandi ou occidendi. Não se exige qualquer finalidade específica. O motivo poderá constituir qualificadora (motivo fútil ou torpe) ou causa de diminuição de pena (relevante valor social ou moral). 
Da Consumação: O homicídio consuma-se no momento em que a vítima morre. A prova da materialidade é feita através do exame de corpo de delito (exame necroscópico), que constata a realidade da morte e a sua causa.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (Art. 121 § 1º do CP).
A motivação do crime de homicídio pode em muito alterar a sua tipificação e a consequente pena a ser aplicada por quem o praticou, em razão de que em certas ocasiões as circunstâncias que levam o indivíduo à prática do crime conduzem a uma menor reprovação social.
O parágrafo primeiro do artigo 121 do Código Penal dispõe que:
Art. 121. “omissis”
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Tal disposição legal trata do que a doutrina convencionou chamar de HOMICIDÍO PRIVILEGIADO, pois a lei não o menciona, já que a alusão contida no artigo é apenas referente à diminuição/ de pena, diferente do homicídio qualificado.
Hipóteses legais:
1. Motivo de relevante valor social: diz respeito aos interesses de toda uma coletividade. Ex: Indignação contra um traidor da pátria.
2. Motivo de relevante valor moral: relaciona-se aos interesses, particulares do agente, entre eles misericórdia, compaixão, piedade. Ex: Eutanásia.
3. Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: facilmente dessume-se tratar-se de três requisitos, os quais faremos estudos individualizados.
a) Violenta emoção: Emoção, segundo Nelson Hungria, “é um estado de animo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação do sentimento”. 
b) Provocação injusta do ofendido: É aquela sem motivo razoável, injustificável, antijurídica. Trata-se de conceito relativo, cujo significado pode variar de pessoa a pessoa, segundo critérios culturais de cada um.
c) Logo em seguida: Não há um período fixo ou um critério rígido. Assim, deve ser analisado caso a caso. O que se exige, na realidade, é que não haja uma longa interrupção entre a agressão e a reação. Fica afastado o privilégio se a reação ocorreu dias ou horas após a provocação injusta. 
Comunicabilidade do § 1º: O entendimento doutrinário prevalecente é no sentido que o § 1º faz menção as circunstâncias, isto é, dados eventuais da pena e não na qualidade do crime. Tais circunstâncias minorantes por se tratarem de circunstâncias subjetivas são incomunicáveis entre os concorrentes. (art. 30 do CP)
Natureza jurídica do privilégio: Direito subjetivo do condenado, portanto a redução da pena é obrigatória, segundo o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência. RT 448/356.
HOMICÍDIO QUALIFICADO (Art. 121 § 2º do CP).
Ocupa posição totalmente oposta das modalidades anteriormente estudadas, muito embora o tipo delitivo seja idêntico. Constituem circunstâncias qualificadoras do crime de homicídio aquelas especificamente determinadas, influem quando da aplicação da pena.
O art. 121, § 2º, descreve certas qualificadoras agravantes, umas ligadas aos motivos determinantes do crime (incisos I, II, V, VI e VII – circunstâncias subjetivas), e outras com o modo ou meio que acompanham o ato ou fato em sua execução (incisos III e IV – circunstâncias objetivas). 
É crime hediondo, artigo 1º, I, da Lei nº 8.072/90.
Da qualificação pelos motivos determinantes (incisos I e II)
I. Mediante paga promessa de recompensa, ou outro motivo torpe (subjetiva)
Na paga o recebimento é prévio; Na promessa o pagamento é convencionado parta momento posterior a execução do crime.
A vantagem convencionada necessita ser de natureza econômica (entendimento majoritário).
A qualificadora não é aplicada imediatamente ao mandante por se tratar de circunstância manifestamente subjetiva, não se comunica ao partícipe ou eventual coautor (doutrina, art. 30 CP). 
Contudo, se a situação concreta revelar que o motivo que levou o mandante encomendar o homicídio também é torpe, incidirá a qualificadora em razão da torpeza genérica. Há entendimentos se tratar de elementar e que se comunica. (jurisprudência).
Nesse sentido é o entendimento do STJ. (Resp 1209852; HC 291 604/PI).
Torpe é o vil, repugnante, abjeto, moralmente reprovável.
Ex: Matar um parente para ficar com sua herança.
Fundamenta-se a maior quantidade de pena pela violação do sentimento comum de ética e de justiça. Importa ressaltar que a vingança não caracteriza automaticamente a torpeza, depende do motivo que levou o indivíduo a vingar-se de alguém, o qual o reclama o caso concreto.
II. Fútil (subjetiva)
É o insignificante, de pouca importância,completamente desproporcional a natureza do crime praticado.
A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil, pois todo crime tem sua motivação (STJ).
Ex: Cliente que mata o dono do bar por ter lhe servido uma cerveja quente.
Ressalte-se que, por absoluta incompatibilidade, um motivo não pode ser simultaneamente fútil e torpe. Uma motivação excluí a outra. É fútil ou torpe, obrigatoriamente.
Torpe demonstra a depravação moral do agente. Fútil é que pode ser considerado de mais insignificante, de mais escasso e ínfimo valor, revestido de pequenez.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (objetiva)
Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano.
Fogo ou explosivo revela o modo especialmente perverso escolhido pelo agente, podendo colocar em risco um número indeterminado de pessoas.
Asfixia é o impedimento, por qualquer meio da passagem do ar pelas vias respiratórias ou pulmões da pessoa, podendo acarretar a morte.
 
Tortura o agente utiliza a tortura para provocar a morte da vítima, causando lhe intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental.
Difere do crime de tortura com resultado agravador morte (art. 1º, § 3º, da Lei nº 9.455/97).
Meio insidioso é o que consiste no uso de uma fraude para cometer o crime sem que a vítima perceba.
Ex: retirar os freios de um veículo para causar um acidente fatal contra a vítima.
Meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa.
Perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano.
Ex: disparar tiros certeiros contra a vítima quando se encontrava em rua movimentada. 
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. (objetiva)
Traição é a circunstância em que o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava para o fim de matá-lo em momento em que se encontrava desprevenido e sem vigilância.
Pode ser física (atirar pelas costas) ou moral (atrair a vítima para um precipício).
É exigível que a vítima depositasse uma especial confiança no autor do homicídio.
Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da vítima, para mata-la quando ali passar.
Dissimulação é a atuação disfarçada que oculta a real atuação do agente. 
Pode ser material (uso de uma farda) ou moral (demonstração de falsa amizade para levar a vítima a um lugar ermo e mata-la.
Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima é uma formula genérica indicativa de meio análogo à traição, à emboscada e à dissimulação.
Ex: matar a vítima embriagada ou quando dormia.
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. (subjetiva)
Tal circunstância é relacionada a motivação do agente. A doutrina convencionou chamá-la de conexão, em face da ligação entre dois ou mais crimes.
Conexão teleológica o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime. Conexão consequencial por sua vez, é a qualificadora em que o homicídio é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. 
O feminicídio foi incluído com o advento da Lei nº 13.104/2015. 
A doutrina o conceitua como o homicídio doloso cometido contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.
Quanta a natureza da circunstância qualificadora a doutrina entende ser subjetiva, no entanto a jurisprudência do STJ diz ser de natureza objetiva.
(...) PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. SUSTENTAÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. HOMICÍDIO QUALIFICADO. QUALIFICADORA DO FEMINICÍDIO. BIS IN IDEM COM O MOTIVO TORPE. AUSENTE. QUALIFICADORAS COM NATUREZAS DIVERSAS. SUBJETIVA E OBJETIVA. POSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
(...) 2. Nos termos do art. 121, § 2º-A, II, do CP, é devida a incidência da qualificadora do feminicídio nos casos em que o delito é praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar, possuindo, portanto, natureza de ordem objetiva, o que dispensa a análise do animus do agente. Assim, não há se falar em ocorrência de bis in idem no reconhecimento das qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio, porquanto, a primeira tem natureza subjetiva e a segunda objetiva. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no HC 440.945/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 11/06/2018)
§ 2º. - A. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação a condição de mulher.
Portanto, somente nessas duas hipóteses é que o homicídio doloso pode configurar o feminicídio. 
O sujeito ativo em regra é o homem, no entanto nada impede que que seja também uma mulher, desde que o delito seja cometido por razões de condição de sexo feminino. Já o sujeito passivo somente pode ser a mulher.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:     
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;      
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;     
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Previu ainda o legislador que as causas de aumento supra exclusivamente aplicáveis ao feminicídio, devem ser submetidas à votação dos jurados.
A maioria da doutrina entende pela constitucionalidade da qualificadora do feminicídio, em razão de entender pela não ofensa ao princípio da igualdade, disposto no artigo 5º, da CF. Com efeito, a isonomia consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida das suas desigualdades.
VII. contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição (subjetiva). 
Foi incluído no Código Penal com o advento da Lei nº 13.143/2015., com a finalidade de tornar mais severa a pena de homicídio, consumado ou tentado, praticado contra integrantes dos órgãos de segurança pública ou pessoas a estes ligadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco.
O fundamento da qualificadora consiste na maior gravidade da conduta criminosa, atentatória da estrutura do Estado Democrático de Direito e causadora de temor acentuado às pessoas em geral. 
Homicídio qualificado-privilegiado (homicídio híbrido)
	É majoritária a corrente doutrinária e jurisprudencial que admite a compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras desde que sejam de natureza objetiva. 
Importa destacar que o § 2º do art. 121 do Código Penal prevê sete espécies de qualificadoras. Dessas, são de natureza subjetiva as relacionadas aos motivos do crime (incisos I, II, VI, V e VII), enquanto as demais (incisos III e IV) ligadas aos meios e modos de execução são qualificadoras objetivas.
Portanto, o privilégio é incompatível com as qualificadoras subjetivas, mas compatível com as qualificadoras objetivas.
No caso do homicídio qualificado-privilegiado prevalece o entendimento que não é considerado crime hediondo, pois a lei de crimes hediondos dele não fez referência.
Pluralidade de qualificadoras
 Fernando Capez diz ser impróprio falar em crime duplamente ou triplamente qualificado.
Na hipótese de estarem presentes duas ou mais qualificadoras (ex: torpeza ou recurso que dificultoua defesa do ofendido), o magistrado deve utilizar uma delas para qualificar o crime, e as demais serão consideradas circunstâncias agravantes se previstas em lei.
Homicídio Culposo (artigo 121, § 3º, do CP)
A culpa é considerada elemento normativo do tipo. 
Configura-se o homicídio culposo quando o sujeito realiza uma conduta voluntária, com violação do dever de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligência e imperícia, e assim produz um resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem querido, mas objetivamente previsível, que podia com atenção ser evitado.
Não é crime de competência do Tribunal do Júri.
Punido com pena de detenção.
Artigo 302 do CTB, e a suposta violação ao princípio da isonomia. 
 Homicídio majorado (artigo 121, § 4°, do CP)
O homicídio pode ter sua pena aumentada em 1/3 quando cometido em razão das seguintes circunstâncias:
Culposo:
a) Resulta de inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou ofício;
b) Se o agente deixa de prestar imediato socorro a vítima;
c) Não procura diminuir as consequências do seu ato;
d) Foge para evitar a prisão em flagrante.
 Doloso:
a) Se o crime é cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de 1/3)
Perdão Judicial (artigo 121, § 5°, do CP)
Tal previsão possibilita a concessão do perdão judicial ao agente quando as consequências do evento o atingirem de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. É indispensável que do delito resultem consequências.
Sua aplicação é restrita ao homicídio de natureza culposa (artigo 121, § 3º, do CP)
É oportuno mencionar que a sentença declaratória de perdão judicial tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade(artigo 107, IX, CP) não subsistindo nenhum efeito, sequer a reincidência. (Súmula 18 do STJ)
Causa de aumento da pena (artigo 121, § 6º, do CP)
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação.
(Art. 122 do CP)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
A redação original contemplava tão somente o crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio.
Inobstante bem intencionado o legislador quando desta inovação a doutrina entende ter sido tal figura típica situada em local inadequado do Código Penal, pois o induzimento, a instigação ou auxílio à automutilação não ofende a vida humana e sim a integridade corporal. Destarte, seria mais apropriada a sua previsão no artigo 129 do Código Penal, como uma variante da lesão corporal.
Na concepção de Cléber Masson “O legislador criou uma anomalia jurídica. O induzimento, instigação ou auxílio à automutilação é delito essencialmente doloso, e foi alocado entre os crimes contra a vida. Entretanto não ingressa na competência do Tribunal do Júri, pois não se constitui em crime doloso contra a vida, na forma exigida pelo art. 5º XXXVIII, d, da Constituição Federal. A competência para processamento e julgamento deste delito é do juízo singular”.
 De outra banda é oportuno salientar uma notória ofensa ao princípio da proporcionalidade ao dispensar tratamento jurídico idêntico a situações diversas.
Suicídio é a destruição deliberada a própria vida.
Automutilação é qualquer tipo de comportamento voluntário envolvendo agressão direta ao próprio corpo, sem a intenção de suicídio.
A conduta do suicida ou da automutilação, por si só, não é criminosa, em consequência do princípio da alteridade, que estabelece que o Direito Penal somente está autorizado a incriminar comportamentos que transcendam a figura do seu autor.
No mais, impossível punir o suicida que atingiu seu intento, pois com a sua morte estaria extinta a punibilidade nos termos do artigo 107, I, do CP. Na hipótese de não alcançar seu objetivo o legislador por questões humanitárias não o responsabiliza, da mesma forma com aquele que se automutilou, pois não merecem castigo, e sim tratamento, amparo e proteção.
Destarte, no Brasil pune-se a conduta de concorrer para que outrem destrua voluntariamente sua própria vida ou ofenda sua própria integridade corporal ou saúde. O consentimento da vítima é irrelevante, em face da indisponibilidade dos bens jurídicos penalmente tutelados.
Objetividade jurídica: Na participação em suicídio o bem jurídico protegido é a vida humana. Na participação em automutilação protege-se a integridade corporal e a saúde da pessoa humana.
Ações:
a) Moral: induzir e instigar.
Induzir: incutir na mente alheia a ideia de suicídio ou da automutilação;
Instigar: reforçar a pretensão suicida ou de automutilação preexistente.
b) Material: auxiliar.
Auxiliar: é concorrer materialmente para a prática do suicídio ou da automutilação. Tal auxílio deve constituir-se em atividade acessória. 
É crime comum tanto quanto ao sujeito ativo quanto ao passivo. No entanto, quanto ao sujeito passivo é necessário capacidade de resistência e discernimento da vítima.
Elemento subjetivo: é o dolo direto ou eventual. Não se admite a forma culposa.
Da consumação: é crime formal, com a ressalva que o exaurimento implica nas formas qualificadas previstas nos §§ 1º e 2º, do artigo 122 do CP.
No que concerne aos §§ 1º e 2º do artigo 122 o legislador elevou o exaurimento a condição de qualificadoras.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Além das previsões supra o legislador previu causas de aumento da pena nos § 3º a 5º:
3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
Ainda inova o legislador ao prever as disposições contidas nos §§ 6º e 7º, os quais dispõem que:
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
A forma tentada do crime é perfeitamente admitida, entretanto somente na forma prevista no caput, nas formas qualificadas não se admite a tentativa, pois os resultados lesão corporal grave (ou gravíssima) e morte são exigíveis.
No que concerne a sua classificação doutrinária é crime comum, material, comissivo ou omissivo, formal e de forma livre.
Infanticídio
(Art. 123 do CP)
A doutrina o vê como espécie de homicídio privilegiado, em razão do estado fisiopsíquico da autora.
Elementos especiais:
Sujeito ativo especial;
Sujeito passivo especial;
Elemento cronologico;
Elemento psíquico.
Estado puerperal: É o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno, trazendo profundas alterações psíquicas e físicas, transformando a mãe (deixando-a sem plenas condições de saber o que está fazendo).
Durante ou logo após, não possuicritério fixo de tempo (logo após), perdura enquanto perdurar o estado puerperal. O caso concreto dirá, os peritos irão dizer da incidência ou não.
Crime doloso contra a vida vai a Júri.
Crime próprio: a parturiente sob influência do estado puerperal.
Admite concurso de pessoas, artigo 30 do CP, circunstância elementar (estado puerperal) se comunica, na condição de coautor.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
É punido a título de dolo não admite a forma culposa.
ABORTO 
(artigos124 a 128 do CP)
Conceito: É a interrupção da gravidez com a consequente destruição do produto da concepção. (Rogério Sanches)
Proteção conferida a vida intrauterina, competência para processar e julgar do Tribunal do Júri.
De acordo com entendimento prevalecente a gravidez tem início com o processo de nidação, ou seja, com a fixação do embrião no útero da mulher.
A pílula do dia seguinte e o aborto.
Espécies:
a) Natural: má formação do feto, decorrente de uma patologia, rejeição do organismo da gestante. É fato atípico. 
b) Acidental: queda, colisão de veículos, atropelamento. É fato atípico.
c) Criminoso: aquele que interessa ao Direito Penal, pois provocado e atentatório a vida.
Formas: autoaborto (art. 124, 1ª parte do CP); consentimento para o aborto (art. 124, 2ª parte do CP); provocação de aborto com o consentimento da gestante (art. 126 do CP); provocação do aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 do CP)
d) legal: previsões contidas no artigo 128 do CP.	
Art. 124 do CP. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
1ª parte. Provocar aborto em si mesma: Trata-se do autoaborto, em que a gestante efetua contra si própria (ex: ingestão de medicamentos abortivos, quedas propositais). 
2ª parte. Consentir para que outro lhe provoque o aborto: Cuida-se do consentimento para o aborto. A grávida não prática em sim mesma, o aborto, mas autoriza um terceiro qualquer, que não precisa ser médico, a fazê-lo.
É crime próprio, pois somente a gestante pode prestar o consentimento.
A gestante deve ter capacidade e discernimento para consentir, o que se evidencia por sua integridade mental e por sua idade (maior de 14 anos). Além disso o consentimento tem que ser válido, ou seja, não obtido mediante violência ou grave ameaça, ou fraude.
É a modalidade mais comum do crime de aborto, pois em regra a gestante procura um médico, uma parteira, ou uma amiga para nela realizar o ato. O terceiro que realiza a manobra abortiva responde pelo crime do artigo 126 do CP.
Art. 125 do CP. Provocação do aborto sem o consentimento da gestante. 
Trata-se da modalidade mais gravosa da conduta ilícita, e pode se caracterizar em duas hipóteses: 
a) Quando não houve no plano fático autorização da gestante:
Ex: agride com a finalidade de causar aborto; ministra um abortivo em sua bebida.
b) Quando houve autorização, no entanto carece de valor jurídico:
Ex: fraude, grave ameaça, violência, menor de 14 anos, alienada ou débil mental, não tenha capacidade para compreender o significado do seu gesto.
É crime de dupla subjetividade passiva.
No caso de gêmeos ou trigêmeos (2 ou 3 crimes em concurso formal impróprio, salvo o desconhecimento).
Art. 126. do CP. Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Pune o presente dispositivo a modalidade de aborto praticado por terceiro com o consentimento da gestante.
Consiste numa clara exceção a teoria monista ou unitária do artigo 29, caput, do Código Penal.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Decidiu claramente o legislador tratar a mulher de forma mais branda em decorrência dos abalos físicos e mentais que ela enfrenta com o aborto, em que pese criminoso.
Parágrafo único: aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Art. 127 do CP. Aborto majorado pelo resultado.
As majorantes aqui previstas somente são aplicáveis aos artigos 125 e 126 do CP.
Aumento de 1/3 no caso da ocorrência do resultado lesão corporal grave;
Aumento de duplicidade no caso de ocorrência do resultado morte.
Ambas hipóteses dizem respeito a crimes qualificados pelo resultado, de natureza preterdolosa.
Pune-se o primeiro crime (aborto) na modalidade dolosa, e o resultado agravador, que pode ser a morte ou lesão corporal de natureza grave a título de culpa.
DOLO + CULPA = PRETERDOLO 
Art. 128 do CP. Aborto legal.
Não se pune o aborto praticado por médico:
I. Se não há outro meio para salvar a vida da gestante;
II. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
São causas especiais de exclusão da ilicitude.
Aborto necessário ou terapêutico depende de dois requisitos:
1. Vida da gestante corra perigo em razão da gravidez; 
2. Não exista outro meio de salvar a sua vida.
Aborto sentimental, humanitário, ético ou piedoso. Depende de três requisitos:
1. Ser praticado por médico;
2. Consentimento válido da gestante ou de seu responsável legal, se for incapaz; e
3. Gravidez resultante de estupro.
Não se exige autorização judicial para sua realização, bastando ao médico a existência de provas seguras para sua existência.
A anencefalia e a jurisprudência do STF. 
A ADPF 54/DF, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores de Saúde, declarou a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção de gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificado nos artigos 124, 126 e 128, I e II, do CP. Reconhecendo o direito da gestante submeter-se à antecipação terapêutica do parto na hipótese de anencefalia previamente diagnosticada, sem autorização judicial.

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