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AULA 4 GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS Prof. David Ascher 02 CONVERSA INICIAL A determinação do orçamento de custos é a parte do gerenciamento de custos em projetos em que sumarizamos e revisamos todas as informações analisadas e apresentadas no processo de estimativa, transformando esse conjunto de informações em um documento único, o orçamento mestre do projeto. Como o PMBOK (2013, p. 208) menciona, o orçamento mestre é “o processo de agregação dos custos estimados de atividades individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha base dos custos”. Assim, teremos um documento final que possibilitará a próxima fase do processo de gerenciamento de custos de projetos, o controle de custos, visto com mais detalhes na Aula 5. CONTEXTUALIZANDO Após fazermos todas as estimativas de custo, como colocá-las todas em um único documento? E mais, como vamos dispor isso ao longo do ciclo de vida de um projeto? O orçamento de custos, dentro do processo de gerenciamento de custos em projetos, é uma revisão e uma afirmação das estimativas e a transformação destas em um plano na linha do tempo, definindo limites mínimos e máximos de custos – quando verificamos se o projeto de fato gera retorno para a empresa. TEMA 1 – PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO DE CUSTOS Aqui, falaremos novamente de estimativas, mas isso não pode ser confundido com o processo de estimativa de custos da aula anterior. Durante o processo de orçamento de custos, as estimativas são revistas e muitas vezes atualizadas ou melhoradas para construção de uma linha base dos custos, a qual unifica todos os custos de cada atividade. Na determinação do orçamento também são estimados os diversos riscos dos projetos para que as reservas, tanto de contingência quanto gerenciais, sejam mensuradas e incluídas no orçamento final, o que traz segurança para o processo de alocação de recursos em projetos, evitando a solicitação do chamado “orçamento adicional de projeto” ou “extra budget”. Na Figura 1, vemos o diagrama de fluxo de dados do processo de determinação de orçamento do PMI (2013); nele observamos que, apesar de recebermos todas as informações detalhadas do processo de estimativas de 03 custos, outras informações, como os riscos e atualizações, são agregadas para completar o orçamento do projeto. Figura 1 – Diagrama do fluxo de dados do processo de orçamento Fonte: PMI, 2013. Com isso, temos a visão de que o processo de orçamento de custos em projetos é uma retroalimentação das estimativas, dando ainda mais segurança às informações que foram cuidadosamente avaliadas na etapa de estimativa. 1.1 Diferenças entre estimar custos e o orçamento de custos É comum que haja uma confusão entre o que é estimar um custo e o que é elaborar um orçamento. O próprio PMI (2013, p. 193) aponta: “Em alguns projetos, especialmente aqueles com menor escopo, a estimativa e o orçamento de custos estão tão firmemente interligados que podem ser vistos como um único processo”. Entretanto, o processo de determinação de orçamento utiliza algumas ferramentas diferentes da estimativa, além de exigir um nível de precisão maior. 04 As estimativas são elaboradas com base em um projeto ainda na fase de desenho; à medida que o projeto toma forma final, o processo de estimativa passa a ser de determinação de orçamento. O Quadro 1 oferece uma visão dessas diferenças entre as fases de estimativa e orçamento Quadro 1 – Diferenças entre estimativas e orçamento Estimativa Orçamento Objetivo Elaborar estudos de viabilidade econômica de projetos Controle de custos e cronogramas de desembolsos Auxiliar o investidor na tomada de decisão Programação financeira Analisar alternativas de investimentos Participação em licitações Examinar oportunidades de novos negócios Programar a captação de recursos financeiros Preparar programas de expansão da empresa Estágio do projeto Fase preliminar Fase mais avançada Antes da definição do projeto básico de engenharia Projeto básico já definido Dados gerais sobre o projeto Fluxogramas de projeto Plantas gerais Especificações de equipamentos, materiais e projeto civil Método Consultas a arquivos de custo e literatura especializada Consultas a fornecedores de equipamentos, materiais e serviços Emprego de índices e correlações Consultas eventuais a arquivos e uso de índices Fonte: Spranger. 1.2 Origem dos dados e detalhamento dos custos Quando partimos das estimativas para a determinação do orçamento, não podemos nos esquecer de que, neste momento, devemos testar todos os custos já mensurados. Como os custos foram calculados (em sua maioria) durante a fase de planejamento, é comum que alguns deles não sejam mais os mesmos. Como diz Verzuh (2000, p. 213), “dependendo do tamanho e da natureza de qualquer projeto, algumas categorias podem ser eliminadas ou talvez precisem ser desmembradas para ficar mais específicas”. Então, além de revisitar os custos e aumentar seu nível de precisão, tem- se que, muito provavelmente, um custo deverá ser detalhado em dois ou mais custos diferentes para que não haja dúvidas quanto à forma como foi calculado. Um exemplo simples é o preço para a construção de uma sala comercial. Normalmente, aplica-se um valor médio por metro quadrado durante a fase de 05 estimativas, pois ainda não se tem certeza do tamanho final e do layout da sala comercial. Porém, durante a determinação do orçamento, provavelmente isso estará definido. Assim, a estimativa original, por metro quadrado, dá lugar a um orçamento completo de construção, com todos os materiais e mão de obra separados. TEMA 2 – NÍVEL DE PRECISÃO (ACCURACY) Segundo Barbosa et al. (2012 p. 90), “as organizações envolvidas com engenharia de custos – AACE International1 [...], International Cost Engineering Council (ICEC)2, Association of Cost Engineers3 (ACostE) e o Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos4 (IBEC) – estabelecem diversos tipos de estimativas com vários propósitos, cujos graus de precisão variam conforme a fase e o ciclo de vida do projeto”. Durante a vdeoaula, falaremos um pouco sobre essas associações e sua importância para os profissionais que trabalham com gestão de custos em projetos. O ICEC demonstra qual grau de dispersão de valores é esperado em cada nível de aprofundamento do processo de estimativa e determinação de orçamento. No início, temos uma dispersão grande de valores entre aquilo que incluímos no projeto e o que de fato é a realidade. À medida que vamos aprofundando as estimativas e migrando para a determinação de orçamento, devemos optar por métodos mais precisos. 1 <http://web.aacei.org>; <http://brasil-aacei.org>. 2 <http://www.icoste.org>. 3 <http://www.acoste.org.uk/template_home.php?page_id=324&track=Home>. 4 <http://ibec.org.br>. 06 Figura 2 – Grau de precisão de estimativas de custo Fonte: International Cost Engineering Council (ICEC) citado por Barbosa et al., 2012, p. 91. 2.1 Classificação de estimativas de custos A classificação das estimativas também deve seguir o momento do projeto e, no processo de determinação de orçamento, elas precisam ter um nível mínimo de aceitabilidade. É importante ter em mente que uma maior precisão somente será alcançada quando estivermos nos estágios finais de definição. Eloy (2010) mostra como a classificação das estimativas está dividida em dois processos principais: 1. Classificação Primária, na qual o nível de precisão das estimativas está baseado no quanto a definição do projeto está finalizada, e 2. Classificação Secundária, dividida em quatro itens: • Uso final: obtido por meio de modelos estocásticos ou determinísticos. • Intervalo de precisão esperado:fatores como número de entradas, maturidade da informação e base de dados da estimativa são usados para chegar ao nível de precisão estimado. • Metodologia: qual o nível de custos, tempo e recursos requeridos para o nível de precisão esperado, normalmente expresso em percentual (%). • Esforço: determinado pelas informações iniciais e que aumenta com a complexidade do projeto. Sua contrapartida é que ele diminui à medida em que projetos parecidos são feitos; esses novos projetos têm o benefício do esforço já realizado para fazer a estimativa. 07 Para Barbosa et al. (2012), a AACE define cinco classes de estimativa de custos, e em cada uma é esperado um nível de desvio mínimo e máximo. Ainda segundo os autores, estimativas de Classe 3 já podem ser utilizadas para autorização do orçamento, pois empregam mais métodos determinísticos do que puramente estocásticos, como apontados na Classe 4. Estimativas de Classe 3 são advindos, em grande parte, de cálculos de custo unitário por unidade utilizada ou produzida, portanto, são mais precisos. Quadro 2 – Matriz genérica de classificação de estimativas de custos Fonte: AACE International, 18R-97 de 15/01/2011. 2.2 Revisitando estimativas Em alguns momentos, após a estimativa dos custos, já no processo de determinação do orçamento, alguns métodos de estimativas já adotados precisam ser revistos e ampliados. Entretanto, não são todos os custos que podem ser 08 detalhados para que todos alcancem a Classe 3, mas, de uma forma ou de outra, todo o orçamento de custos, em média, deve estar em Classes 3, 2 ou mesmo 1. Para esses casos, é interessante buscar novas formas de estimativas, considerando seu nível de incerteza (risco) para definição dos valores chamados “mais prováveis” (more likely value) para o orçamento final. 2.2.1 Valor esperado Por meio de faixas de desvio, são estimadas quais as probabilidades de ocorrência em cada uma das faixas. Esta faixa de desvio não necessariamente precisa ser a mesma da matriz genérica da AACE International (2011), mas deve levar em consideração as informações de cada um dos custos analisados. Exemplo Considerando uma faixa de variação de 20% (iniciando em +40%), qual seria o valor esperado para um custo de R$ 500,00? Quadro 3 – Valor esperado para determinação de orçamento Faixas de Desvio do Custo A Valor Médio Probabilidade Ponderação De + 30% a + 50% 40% 20% 0,28 De +10% a + 30% 20% 30% 0,36 De - 10% a + 10% 0% 40% 0,40 De - 30% a + 10% -20% 10% 0,08 Valor médio do Desvio 1,12 Fonte: Adaptado de AACE International (2011). Para cálculo do valor médio do desvio (1+ Valor Médio) * Probabilidade para cada faixa = (1 + 0,40) x 0,20 + (1 + 0,20) x 0,30 + (1 + 0,00) x 0,40 + (1 - 0,20) x 0,10 = 1,12. Em um custo de R$ 500,00 temos um valor esperado de R$ 560,00 (R$ 500,00 * 1,12). 2.2.2 Utilizando o método dos três valores Este método causa um pouco de confusão em relação aos três níveis de precisão que abordamos na aula sobre estimativa. No entanto, o método aqui é bem mais simples, pois busca um valor médio a partir de um valor pessimista, um otimista e do valor calculado, o qual deve ter um peso maior. O AACE International recomenda que leituras pessimistas devem ter mais peso que otimistas, assim, seu peso relativo deve ser maior. 09 Exemplo Considerando um valor calculado de R$ 500,00 para o custo B com peso 5, um valor pessimista de R$ 560,00 com peso 2 e um otimista de R$ 490,00, ambos com peso 1, qual seria o valor esperado para um custo de R$ 500,00? Quadro 4 – Valor mais provável para determinação de orçamento – método três valores Faixas de Desvio do Custo A Peso Valor Ponderação Pessimista 2 560,00 1.120,00 Calculado 5 500,00 2.500,00 Realista 1 490,00 490,00 Valor mais provável (média ponderada) 513,75 Para cálculo do valor mais provável, média ponderada de peso e valor: [(560,00 * 2) + (500,00 * 5) + (490,00 * 1)]/8 = R$ 513,75. TEMA 3 – DETERMINANDO UM ORÇAMENTO Com as informações de custos previamente analisadas e validadas, podemos utilizar as ferramentas e técnicas descritas no PMI (2013) para a consolidação final das informações. Dentre as diversas técnicas utilizadas, as mais comuns (e também apresentadas no PMI) são as seguintes: 3.1 Agregação de custos Seguindo o EAP, as estimativas são incorporadas em pacotes de trabalhos. Estes pacotes são incluídos em contas de controles e os demais componentes do EAP são agregados até termos o custo do projeto com um todo. A Figura 3 mostra o processo de agregação de custos na visão de Mulcahy (2005). 010 Figura 3 – Agregação de custos ao processo de determinação de orçamento. Fonte: Mulcahy, 2005, p. 205. Nota: Mais à frente detalharemos cada uma das etapas com compõem o processo de consolidação do orçamento de custos. 3.2 Análise de reservas Para o PMI (2013), a inclusão e a definição dos níveis de reservas (contingenciais e gerenciais) são parte integrante de um processo de gerenciamento de custos de projeto. Apesar de esta parte ser profundamente estudada na gestão de riscos de um projeto, seus impactos devem ser medidos e inseridos no processo de determinação de orçamento. Faremos uma pequena introdução mais à frente sobre este assunto. 3.3 Relações históricas e validação de informações O uso da experiência de outras áreas e pessoas é essencial. Também é comum o envolvimento de clientes, consultores, associações profissionais, outras unidades que trabalham no projeto e outros stakeholders que podem ter informações relevantes para melhoria tanto do nível de precisão quanto do detalhamento dos custos do projeto e seus riscos. Já as informações históricas usam dados passados e devem resultar em parâmetros facilmente quantificáveis e em dados precisos (custos unitários e 011 demais parâmetros e variáveis) sobre projetos e custos passados como forma de montar modelos matemáticos adequados a cada tipo de orçamento de custos (PMI, 2013). 3.3 Reconciliação dos limites financeiros Ao final do processo de determinação do orçamento, os valores e prazos devem ser novamente revistos. O intuito é verificar o quanto o projeto está divergente das estimativas iniciais de tempo, recursos e custos e se ele ainda traz o benefício esperado. Em muitos casos, uma divergência muito grande entre os limites de recursos e os novos gastos oriundos da determinação de orçamento acarretam a necessidade de revisões restritivas, com o intuito de reduzir tempo, gastos ou mesmo o escopo do projeto, adequando-o a algo mais próximo da previsão inicial de recursos destinados ao mesmo. Contudo, isso é feito com um pouco mais de técnica, observando os limites entre os recursos disponíveis e o que se pode entregar com a estrutura atual. TEMA 4 – COMPONENTES DE UM PROCESSO DE ORÇAMENTO Ao conciliarmos todas as alterações necessárias do processo de orçamento, o próximo passo será o de transformá-lo em uma linha de base de custos. Esta linha de base não representa somente a união de todos os custos na linha do tempo, mas também a adoção de algumas reservas de contingências que serão agregadas às contas de controle PMI (2013). Na Figura 4 temos os componentes de um orçamento de projeto; nele, há a agregação das contingências nas diferentes etapas do processo de determinação do orçamento de custos até a sua transformação em orçamento final do projeto. 012 Figura 4 – Componentes do orçamento do projeto Fonte: PMI, 2013. 4.1 Estimativas de custos de atividades Para estimar o custo de uma atividade, deve-se considerar todos os recursos diretos ou indiretos levantados durante o processo de estimativa de custos, feito a partir das estimativas e dos procedimentos de determinação de orçamentos até aqui estudados. 4.2 Reservas e contingências das atividades A reserva de contingência das atividadesé um valor estimado dentro das linhas de custos de uma determinada atividade que formam o pacote de trabalho5 para mitigar possíveis variações em cada uma das atividades nas quais foi identificado um risco de variação. “Riscos são eventos incertos que, se ocorrerem, podem gerar um impacto negativo ou positivo sobre o projeto. Somente após a análise dos riscos é que podemos finalizar o orçamento” (Mulcahy, 2005, p. 16). No jargão da gestão de projeto, são os riscos já conhecidos pela organização e chamados de riscos “conhecidos desconhecidos” ou known unknowns, ou seja, aqueles que sabemos que existem, mas não sabemos se vão acontecer. 5 Pacote de trabalho é o nível mais baixo do EAP, contendo atividades agrupadas conforme a necessidade do projeto. 013 Exemplo Neve no Paraná pode fechar estradas e causar atrasos na entrega de materiais. Neste caso, isso pode acontecer e já aconteceu anteriormente, mas o quão frequente este evento é a ponto de ser considerado parte do projeto? A contingência das atividades deve ser clara e ter um limite estabelecido com base em um retrabalho ou custo adicional oriundo de alguma falha ou atraso nas atividades mapeadas. “Ao estimarmos probabilidade e impacto para cada risco, geramos o que é a medida da exposição do risco, chamada de valor esperado ou valor monetário esperado (VME ou EMV – expected monetary value)” (Salles et al., 2007, p. 73). Assim: Valor Monetário Esperado = Probabilidade * Impacto Outro fator importante (e muitas vezes esquecido) refere-se ao mapeamento de riscos, que deve contemplar também as oportunidades de redução dos custos, as quais precisam ser incluídas como valores positivos dentro do conjunto de riscos mensurados. No Quadro 5 vemos um exemplo de uma reserva de contingência de uma atividade: Quadro 5 – Componentes do orçamento de uma atividade de um projeto Risco – Atividade de Montagem A.1 Probabilidade Impacto VME Falha no equipamento de solda 5% - R$ 8.500,00 - R$ 425,00 Atraso de mão de obra 80% - R$ 10.000,00 - R$ 8.000,00 Desconto em peças (oportunidade) 40% R$ 4.500,00 +R$ 1.800,00 Grau de exposição - R$ 6.625,00 4.3 Contas de controle Contas de controle são pontos de controle do gerenciamento nos quais escopo, custo e cronograma são integrados e comparados ao valor agregado para uma medição de desempenho (PMI, 2013). Essas contas são localizadas em pontos de gerenciamento selecionados na EAP e se transformam na linha de base dos custos de um determinado projeto. As somas desses valores também constituem nosso Orçamento no término, ou ONT (BAC – Budget at Completion). 4.4 Reserva gerencial Diferente da reserva de contingência, na qual apontamos os riscos conhecidos dos pacotes de trabalho e das atividades, a reserva gerencial é um 014 valor alocado para os riscos desconhecidos de um projeto. As reservas gerenciais não fazem parte da linha de base do custo do projeto, mas podem ser incluídas no orçamento total (PMI, 2013). Essa reserva depende do grau de tolerância que a organização tem quanto ao risco desconhecido, e é uma função simples dos custos já alocados. Nesse caso, não é um dinheiro “a mais” para o projeto, e sim uma reserva para algo que realmente não estava no escopo e que precisou ser realizado para garantir a continuidade do projeto sem a necessidade de uma nova solicitação de adequação de custos ou revisão de alocação de custos dentro da organização. É importante mencionar que, quando os riscos são bem mapeados e estamos em um ambiente estável para o projeto, a reserva gerencial pode ser menor. Mas se o projeto e o ambiente são totalmente desconhecidos, é necessário subir o nível da reserva gerencial para garantir a entrega. No Quadro 6 temos um exemplo de contingência gerencial calculada com base nos custos de um projeto (sem as demais contingências) Quadro 6 – Componentes do orçamento do projeto Risco – Atividade de Montagem A.1 Probabilidade Valor Custos do projeto - R$ 78.000,00 Reservas de contingência (Quadro 1) Calculado - R$ 6.625,00 Reserva gerencial (sobre os 78.000,00) 5% - R$ 7.800,00 Orçamento final do projeto - R$ 92.425,00 4.5 Orçamento final do projeto O orçamento do projeto é a consolidação dos custos considerando a linha base de custos, os quais se consolidam para formar a chamada “Curva S” de custos e despesas. As despesas, somadas às reservas de contingências, compõem nosso orçamento no término, ou ONT. O PMI (2013) também menciona que, quando mudanças implicarem alterações durante o andamento do projeto e ultrapassarem o ONT, as reservas gerenciais podem ser utilizadas. Porém, esses valores normalmente não fazem parte do orçamento destinado ao projeto e precisam acessar um dinheiro que pode estar alocado em outra área ou projeto. Na Figura 5 observamos como funciona o processo de liberação de recursos para um projeto a partir do seu ONT. 015 Figura 5 – Linha base de custos, gastos e requisitos de recursos financeiros Fonte: PMI, 2013. Para Barbosa et al. (2012, p. 100), “A necessidade de orçamento pode ser definida em função da linha de base de custos [...] e do fluxo de caixa esperado para o projeto, dependendo da política de endividamento da organização”. Assim, os valores são liberados em etapas (ou tranches), como pode ser visto na linha pontilhada da Figura 5; a partir do momento em que o valor liberado se aproxima do ONT uma nova tranche é feita. TEMA 5 – CONCLUINDO UM ORÇAMENTO DE PROJETO Com todas as informações devidamente analisadas e sumarizadas, a determinação do orçamento deve ser feita. Mas quais informações devem constar e como devem ser apresentadas? Na nossa videoaula, vamos explicar um pouco mais sobre quais as saídas finais de um orçamento de projeto. Para isso, utilizaremos um exemplo simples, mas muito didático, apresentado por Barbosa et al. (2012, p. 102-107). 5.1 Orçamento analítico Segundo Barbosa et al. (2012), o orçamento analítico detalha cada parte de uma determinada atividade, contemplando todos os custos, bem como seus quantificadores de cálculo. É uma forma de ter uma visão completa de todos os componentes de uma atividade ou pacote de trabalho que permita a validação de valores e unidades. O Quadro 7 mostra como esse orçamento pode ser descrito por meio de um exemplo dado no livro de Barbosa et al. (2012). 016 Quadro 7 – Orçamento analítico de um projeto de TI Início Recurso Atividade Prazo Mão de obra (R$) HW/SW (R$) Insumos (R$) Terceiros (RS) Total (R$) A João Levantar os requisitos 3 1.200 500 600 2.300 B João Analisar os requisitos 5 2.000 2.000 1.000 5.000 C Aldo Desenhar a solução 3 1.230 200 800 2.230 D Maria Escolher e comprar o SW 4 2.000 24.000 1.000 1.800 28.800 E José Customizar o SW 8 8.000 96.000 15.000 10.000 129.000 F Angela Validar o desenho 2 1.200 200 200 1.600 G João Treinar os usuários 4 1.600 2.000 300 3.900 H José Receber e preparar o HW 2 2.000 80.000 3.000 2.000 87.000 I João Homologar a solução 5 2.000 1.000 1.000 4.000 J Fuad Migrar os dados 3 4.800 10.000 15.000 29.800 K André Dar suporte à produção 3 5.070 800 500 6.370 Totais Total do prazo CPM 23 31.100 2000.000 35.700 33.200 300.000 Fonte: Barbosa et al., 2012. 5.2 Orçamento sintético O orçamento sintético é uma forma gerencial e rápida de apresentar os resultados de um projeto ou mesmo de um pacote de trabalho ou atividade. A diferença básica está somente na exposição das informações, que segue os mesmos padrões do analítico, porém, de forma simplificada e sumarizada. Vamos ver no Quadro 8 a forma sintética dos mesmos dados apresentados no orçamento analítico de Barbosa et al. (2012). Quadro 8 – Orçamento sintético de um projeto de TI Conta contábil (ou elemento do plano de contas) Total (R$) Mão de obra 31.100HW 80.000 SW 120.000 Insumos 35.700 Terceiros 33.200 Total 300.000 Fonte: Barbosa et al., 2012. 5.3 Orçamento por entregas Barbosa et al. (2012) também aponta outra visão de saída de um orçamento total do projeto, considerando tanto entregas principais quanto intermediárias. Esse modelo facilita também a preparação para atualização do EAP do projeto, como veremos a seguir. O Quadro 9 mostra os níveis de entrega do orçamento total do projeto de TI dos relatórios anteriores. 017 Quadro 9 – Orçamento por entregas Nível de composição Orçamento (RS) Nivel de composição Requisitos funcionais 10.000 Pacote de trabalho Diagnóstico 10.000 Pacote de trabalho Preparação 20.000 Entrega principal Desenho de processos 35.000 Pacote de trabalho Desenho da infraestrutura TI 40.000 Pacote de trabalho Desenho da solução 75.000 Entrega principal Prototipação 110.000 Entrega principal Treinamentos 70.000 Pacote de trabalho Testes 110.000 Pacote de trabalho Homologação 180.000 Entrega principal Migração legado 60.000 Entrega principal Produção assistida 15.000 Entrega principal Custo total 460.000 Projeto Fonte: Barbosa et al., 2012. É importante destacar que este é somente um de vários modelos que podem ser aplicados para outras visões de orçamento gerencial. Pode-se utilizar a visão por atividade, por área, por segmento, temporal ou qualquer outra visão que facilite a tomada de decisão. O importante é que os sistemas utilizados estejam preparados para montar cada uma dessas visões quando solicitadas. 5.3 Apresentação das linhas de base do projeto Para finalizar, Barbosa et al. (2012) apresenta mais três importantes visões para a finalização de uma determinação de orçamento, sua visão dentro do EAP, seu cronograma de atividades e orçamento em uma visão temporal. Todas essas informações são essenciais dentro do modelo do PMI e representam, quando prontas, a consolidação de todo o trabalho de determinação de orçamento. Combinadas com as informações sintéticas e analíticas, com os dados e documentações de origem, temos aqui toda a documentação de orçamento respeitando todos os preceitos de um bom gerenciamento de custos em projeto. 018 Figura 6 – Orçamento por EAP Fonte: Barbosa et al., 2012. Figura 7 – Cronograma do projeto Fonte: Barbosa et al., 2012. 019 Figura 8 – Orçamento do projeto por mês Orçamento do projeto ERP Atividades Total J F M A M J J A S O N D Levantamento de requisitos 10 2 5 3 Diagnóstico 10 2 5 3 Desenho de processos 35 5 20 10 Desenho da infraestrutura de TI 40 5 10 15 10 Protótipo 110 10 40 40 20 Treinamentos 70 5 5 10 10 30 5 5 Testes 110 5 20 25 30 20 10 Migração legado 60 10 20 10 15 5 Produção assistida 15 10 5 Custo mensal* 460 4 15 36 35 70 80 85 55 35 25 15 5 Custo acumulado* 460 4 19 55 90 160 240 325 380 415 440 455 460 *Valores em milhares de reais Fonte: Barbosa et al., 2012. FINALIZANDO Nesta aula, vimos que a determinação do orçamento é, na verdade, um desmembramento do processo de estimativa de custos. O orçamento avança em profundidade, pois a partir daqui recursos financeiros serão de fato alocados, trabalhando como base para o acompanhamento futuro. Nas entradas, observa-se um cuidado maior com as informações recebidas e seu tratamento. A abertura das informações e também a complexidade dos dados de entrada tornam o processo mais trabalhoso, porém, mais preciso. A precisão também deve ser corretamente medida e identificada, dando uma noção de risco a cada um dos custos levantados. Essa noção de risco também se traduz em algo que deve ser alocado para garantir futuras flutuações entre preço e tempo orçados e realizados. Por fim, uma reserva gerencial é aplicada como forma de cobertura do “risco geral desconhecido” do projeto. Na última etapa, todas as informações coletadas, analisadas, catalogadas e armazenadas devem estar dispostas em um arranjo de informações que facilite a visão gerencial (sintética), a visão operacional (analítica) e visões gerais que estejam alinhadas com o modus operandi da empresa (entrega, atividade etc.), 020 sem se esquecer da visão temporal, que possibilitará alocar os recursos no tempo correto em vez de dispô-lo todo, de uma só vez, no início do projeto. Ao final, temos as práticas necessárias para que, nas próximas etapas do gerenciamento de custos, haja mais facilidade e segurança para fazer outra parte essencial de nosso processo, o controle do orçamento. 021 REFERÊNCIAS ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF COST ENGINEERING INTERNATIONAL. AACE International recommended practices and standards. Recommended practice 18R-97: cost estimate classification system – as applied in engineering, procurement, and construction for the process industries. Morgantown, WC: AACE International, 2011. Disponível em: <http://www.aacei.org/resources/rp>. Acesso: 30 dez. 2017. BAENA, W. C Qual o preço de venda de um projeto. O gerente. Disponível em: <http://ogerente.com.br/rede/projetos/preco-de-um-projeto>. Acesso: 30 dez. 2017. BARBOSA, C. et al. Gerenciamento de custos em projetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. ELOY, E. J. S. Custos de infraestrutura: parâmetros de uma cidade média do interior do Estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MULCAHY, R. PMP Exam Prep. 5. ed. USA: RMC, 2005. PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia PMBOK®. 5. ed. Pensilvanya: PMI, 2013. PMKB. Sistema de classificação da estimativa de custos. Disponível em: <http://pmkb.com.br/artigo/sistema-de-classificacao-de-custos>. Acesso: 30 dez. 2017. SALLES, C. A. C. Jr. et al. Gerenciamento de riscos em projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. SANTOS, J. 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