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Políticas públicas de saúde @dentistastudious O QUE É POLÍTICAS PÚBLICAS? • “É o conjunto das diretrizes e referenciais ético- legais adotados pelo Estado para fazer frente a um problema que a sociedade lhe apresenta – política pública é a resposta que o Estado oferece diante de uma necessidade vivida ou manifestada pela sociedade’’ – Acurcio, 1888 AS POLÍTICAS DE SAÚDE DEVE: ➤ Ser acessível a todo cidadão ➤ Ser capaz de responder às transformações do quadro demográfico e do perfil epidemiológico ➤ Deve ter como objetivo a preservação da saúde e não apenas a cura da doença ➤ Deve operar de modo articulado ➤ Deve contar com um processo decisório participativo. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: ➔ 1500 – Até primeiro reinado: • Atenção à saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros); • Índios e Escravos – conhecimentos culturalmente tradicionais, amuletos, ervas, pajé. Disseminação de doenças infecciosas importadas, óbitos desenfreados; 1543 – Santa Casa em São Paulo, católica, unidade de apoio à saúde filantrópica; • Após vinda da família real portuguesa (1850), normas sanitárias mínimas: controle dos portos e delegação de regras sanitárias às juntas municipais; • Elite basicamente assistida pelos médicos do exército e/ou privados. • Inexistência de assistência médica pelo território, aumento nº de boticários (farmacêuticos). • Em 1808, Dom João VI cria o Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador. Em novembro do mesmo ano, cria Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real Hospital Militar. 1888 – Abolição da escravidão, negros abandonados se juntam aos demais pobres, sem moradia, alimentação, empregos e sem acesso à saúde ➔ 1889- 1930 – A primeira República: 1897 – Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), ligada ao Ministério da Justiça, na tentativa de organizar a saúde nacional. 1903 - Oswaldo Cruz, MÉDICO –SANITARISTA, pesquisador do Instituto Pasteur, assume a DGSP; MODELO CAMPANHISTA, inicialmente, objetivo de erradicar surto de febre amarela no Rio de Janeiro. 1.500 guardas sanitários, arbitrários, militarista, usando força e autoridade, não priorizava educação sanitária da população. 1904 – Lei 1.261, de 30/10/1904, instituiu a vacinação anti-varíola, de forma obrigatória no Brasil, por Oswaldo Cruz. População insatisfeita com as ações do modelo campanhista vigente, se revolta pela obrigatoriedade da vacinação surgindo um grande movimento popular, REVOLTA DA VACINA • Apesar dos abusos e arbitrariedade, o modelo campanhista obteve importantes vitórias, como: a erradicação da febre amarela no RJ; • Agro-exportação, monocultura cafeeira, saúde como política de saneamento para evitar doenças que poderiam prejudicar exportação • Com o controle das epidemias urbanas, o modelo campanhista deslocou-se para a área rural, combate [Digite aqui] @dentistastudious das denominadas endemias rurais, pois a agricultura era atividade hegemônica da economia na época. • Meados do séc. XX - Acúmulo de capital cafeeiro, início da Revolução Industrial brasileira, expansão das atividades comerciais, o aumento acelerado da população urbana; • Imigrantes italianos – lutas trabalhistas convergem com lutas sociais para melhorias na saúde 1920 - Carlos Chagas, sucede Oswaldo Cruz, reestruturações, surge Departamento Nacional de Saúde: − Introduz propagandas e educação sanitária nas técnicas do modelo campanhista; − Foram criados os serviços e programas de saúde pública em nível nacional (central), controle de tuberculose, lepra, doenças venéreas; − Priorização de assistência hospitalar, saúde infantil e a higiene industrial; − Expansão de atividades de saneamento para outros estados; − Criação de Escola de Enfermagem Anna Nery 1923 - Lei Eloy Chaves, que para alguns autores pode ser definida como marco do início da Previdência Social no Brasil. No período compreendido entre 1923 e 1930 surgem as Caixas de Aposentadoria e Pensões – (CAPS). • Empresas privadas e públicas, iniciou com ferroviárias; os trabalhadores precisavam reivindicar sua criação nas empresas; excluiu os trabalhadores rurais (bancada ruralista); garantia pensão por acidente, afastamento por doença e aposentadoria futura; mantida pelos empregados (3%), empregadores (1%), consumidores dos serviços das mesmas; ➔ 1930 a 1945 – A era Vargas 1930 – Criação do Ministério da Educação e Saúde • No plano da política de saúde, pode-se identificar um processo de centralização dos serviços que objetivava dar um caráter nacional a esta política. • Nesta época, uniformizou-se a estrutura dos departamentos estaduais de saúde do país e houve um relativo avanço da atenção à saúde para o interior, com a multiplicação dos serviços de saúde" (CEFOR, s.d.) 1932 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) ➔ Organizados por categorias profissionais; acentua- se o componente de assistência médica, por meio de serviços próprios, e principalmente, compra de serviços do setor privado. • Do ponto de vista da concepção, a Previdência é claramente definida enquanto seguro, privilegiando os benefícios e reduzindo a prestação de serviços de saúde. (...) 1941 - Reforma Barros Barreto, a qual orienta as novas medidas de atuações e ações governamentais no âmbito da saúde no território nacional. ➔ Órgãos para orientar a assistência sanitária e hospitalar, combate às principais endemias no país (malária, febre amarela e peste), buscou fortalecer o Instituto de Infectologia Oswaldo Cruz; descentralizou país em 8 regiões sanitárias; criou programas de abastecimento de água e construção de esgotos; atenção aos problemas das doenças degenerativas e mentais, criação do Instituto Nacional do Câncer (INCA). ➔ 1945 a 1964 - Redemocratização • No campo da saúde pública vários órgãos são criados. • Destaca-se a atuação do Serviço Especial de Saúde Pública - SESP. 1953 - Criou-se o Ministério da Saúde; [Digite aqui] @dentistastudious • Surgiram os primeiros serviços médicos particulares contratados pelas empresas, insatisfeitas com o atendimento do Instituto dos Industriários – IAPI; • Tem-se aí a origem dos futuros convênios das empresas com grupos médicos conhecidos como 'medicina de grupo', que iriam caracterizar a previdência social posteriormente. • O período caracteriza-se também pelo investimento na assistência médica hospitalar em detrimento da atenção primária (centros de saúde) pois aquele era compatível com o crescente desenvolvimento da indústria de equipamentos médicos e da indústria farmacêutica." (CEFOR, s.d.) ➔ 1964 a 1980 – Governo Militar 1965 - Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) • Resultou da unificação dos IAPs - regime autoritário vence as resistências das categorias profissionais que tinham institutos mais ricos; • Consolida o componente assistencial, com marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado. Modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado, que terá uma forte presença no futuro SUS. • Com a criação do INPS, o Estado amplia a cobertura da previdência aos trabalhadores domésticos e aos trabalhadores rurais, além de absorver as pressões por uma efetiva cobertura daqueles trabalhadores já beneficiados pela Lei Orgânica da Previdência Social. 1977 - Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) • Passa a ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços médico-hospitalares e especializados do setor privado;• Sua lógica se reproduz até hoje, mesmos após a criação do SUS MODELO ASSISTENCIAL PRIVATISTA De acordo com Mendes (2001), este modelo se assenta no seguinte tripé: ➔ Estado como financiador do sistema, através da Previdência Social; ➔ Setor privado nacional como maior prestador de serviços de assistência médica; ➔ Setor privado internacional como o mais significativo produtor de insumos, em especial equipamentos médicos e medicamentos • A ênfase é dada à atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo. Exemplo do descaso com as ações coletivas e de prevenção é a diminuição do orçamento do Ministério da Saúde, que chega a representar menos de 1,0% dos recursos da União • Assistimos também ao desenvolvimento de um ensino em saúde desvinculado da realidade sanitária da população, voltado para a especialização e a sofisticação tecnológica e dependente das indústrias farmacêuticas e de equipamentos médico-hospitalares (Luz, 1991). ➔ Década de 80 a 90: • A crise brasileira agravou-se após a falência do modelo econômico do regime militar, manifestada sobretudo pelo descontrole inflacionário, já a partir do final dos anos 70. Ao mesmo tempo, a sociedade voltava a mobilizar-se, exigindo liberdade, democracia e eleição direta do presidente da República. • O MOVIMENTO SANITÁRIO criticava o modelo hospitalocêntrico e propunha a ênfase em cuidados primários e a prioridade do setor público. Mas, é somente na década de 80 que as propostas defendidas pelos sanitaristas passam a prevalecer no discurso oficial 1982 - Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS) [Digite aqui] @dentistastudious • Ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a “porta de entrada” do sistema; compra de serviço privado complementar; visava a integração das instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e hierarquizada, etc. • Podemos reconhecer nas AIS os principais pontos programáticos que estarão presentes quando da criação do SUS. 1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde • Com intensa participação social, deu-se logo após o fim da ditadura militar, e consagrou uma concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado; princípios estes que seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988. • Seu documento final sistematiza o processo de construção de um modelo reformador para a saúde, que é definida como 'resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. 1987 - Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS) • Tinham como principais diretrizes: universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de distritos sanitários. • Trata-se de um momento marcante, pois, pela primeira vez, o Governo Federal começou a repassar recursos para os estados e municípios ampliarem suas redes de serviços. • As secretarias estaduais de saúde foram muito importantes neste movimento de descentralização e aproximação com os municípios. • Podemos localizar no SUDS os antecedentes mais imediatos da criação do SUS. 1988 – Constituição Federal Brasileira • Estabelece a SAÚDE como “Direito de todos e dever do Estado”, aprova criação do SUS, pautado pelos princípios de: universalidade, eqüidade, integralidade e organizado de maneira descentralizada, hierarquizada e com participação da população. • Estabelece, ainda, que o custeio do Sistema deverá ser essencialmente de recursos governamentais da União, estados e municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de serviços
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