Epidemiologia ➔ É um transtorno de longa duração no qual o indivíduo experimenta períodos de crises e remissões que resultam em deterioração do funcionamento do doente e da família, causa diversos danos e perdas nas habilidades de todo grupo: diminuição da habilidade para cuidar de si mesmo, para trabalhar, para se relacionar individual e socialmente e para manter pensamentos completos ➔ É uma das doenças mentais graves mais frequentes e tem sido identificada como uma prioridade em termos de políticas de saúde devido ao défice de funcionamento inerente e à mortalidade precoce ➔ Identificada em todas as partes do mundo, em todas as classes sociais e etnias, as taxas de incidência diferem entre 7,7 e 43,0 por 100.000 habitantes, sendo esta maior em meios urbanos e em classes sociais mais desfavorecidas ➔ A incidência ainda parece ser significativamente maior em indivíduos do sexo masculino, com uma razão de 1,4 em relação ao sexo feminino ➔ As primeiras manifestações da doença surgem, habitualmente, na parte final da adolescência ou no início da vida adulta. ◆ Em doentes do sexo masculino ocorrem geralmente entre os 15 e os 25 anos e, no caso do sexo feminino, observa-se uma distribuição etária bimodal, com um primeiro pico entre os 25 e 30 anos e um segundo pico mais tarde na idade adulta (entre 3% a 10% das mulheres têm o início da doença após os 40 anos de idade) ➔ A taxa de mortalidade por acidente e doença natural é mais elevada nesta população. ◆ Estudos recentes mostram que estes doentes morrem, em média, 15 a 20 anos mais cedo do que a população geral, com maior prevalência de doença cardiovascular e neoplásica e diabetes mellitus ◆ Os efeitos adversos da medicação antipsicótica, a escassez de atividade física, a dieta e os hábitos tabágicos importantes são fatores que contribuem para o aparecimento de comorbilidades ➔ Tanto os doentes e suas famílias, como a sociedade sofrem um impacto econômico importante. ◆ As hospitalizações representam o custo direto mais substancial da esquizofrenia Fatores de risco ➔ história familiar de esquizofrenia ➔ problemas pré-natais, como infecções maternas e desnutrição ➔ complicações neonatais, como hipóxia ➔ eventos estressores na infância, como abuso físico e sexual Comorbidades ➔ Dentre as mais frequentes, está o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), que tem até 12 vezes mais chance de estar presente do que em indivíduos saudáveis ➔ Transtornos do humor também são comuns: até 25% dos pacientes têm depressão associada. ➔ O suicídio ainda é uma das principais causas de morte entre os esquizofrênicos, sendo responsável por até 30% dos óbitos. ➔ Os transtornos relacionados com o uso de substâncias também estão estreitamente ligados à esquizofrenia, com até 50% de comorbidade Etiologia ➔ É um transtorno causado por diversos fatores biopsicossociais que interagem, criando situações, as quais podem ser favoráveis ou não ao aparecimento do transtorno ➔ Os fatores biológicos seriam aqueles ligados à genética e/ou aqueles que são devidos a uma lesão ou anormalidade de estruturas cerebrais e deficiência em neurotransmissores ➔ Os fatores psicossociais são aqueles ligados ao indivíduo, do ponto de vista psicológico e de sua interação com o seu ambiente social, tais como: ansiedade muito intensa, estado de estresse elevado, fobia social e situações sociais e emocionais intensas Etiologia ➔ Vários fatores ambientais têm sido associados à doença, nomeadamente complicações obstétricas e perinatais, infecções e má nutrição materna, nascimentos nos meses de inverno, urbanidade, migração e consumo de substâncias ◆ O consumo de canabinóides, pode constituir um fator precipitante em indivíduos predispostos ou surgir como um fator secundário ao início dos sintomas, para além de conferir pior prognóstico Etiopatogenia ➔ Teoria de neurotransmissores ◆ Dopaminérgica ● Propôs-se que os antipsicóticos agiriam por intermédio do antagonismo de receptores dopaminérgicos, o que causaria um aumento compensatório nos níveis de dopamina ● As anfetaminas são utilizadas como drogas de abuso e podem induzir quadros psicóticos em indivíduos sem patologia psiquiátrica prévia e precipitar crises em pacientes com esquizofrenia ○ Atuam por meio da inibição do transportador de dopamina e do transportador vesicular de monoaminas, levando à liberação de dopamina armazenada nos neurônios pré-sinápticos. ○ Observou-se também que os antipsicóticos eram capazes de inibir a ativação e os movimentos estereotipados induzidos por anfetaminas em roedores. ● Alterações nos níveis de dopamina seriam responsáveis pelos sintomas observados na esquizofrenia. ○ Numa formulação mais recente, uma hipofunção dopaminérgica no córtex pré-frontal seria responsável pelos sintomas negativos e um evento primário na esquizofrenia, levando a uma hiperfunção dopaminérgica secundária no estriado, o que, por sua vez, levaria ao surgimento dos sintomas positivos Etiopatogenia ➔ Teoria de neurotransmissores ◆ Dopaminérgica ● Desse modo, acredita-se que na via mesolímbica, que vai do núcleo tegmentar ventral do mesencéfalo ao núcleo accumbens no sistema límbico, haveria uma hiperativação dopaminérgica que causaria os sintomas positivos do transtorno; já na via mesocortical, que também parte do mesencéfalo, mas chega ao córtex pré-frontal, a dopamina estaria hipoativa, resultando nos sintomas negativos. ◆ Glutamatérgica ● Propõe que os receptores glutamatérgicos do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA) estariam deficientes na esquizofrenia, fazendo com que essa substância estimule excessivamente outros receptores não NMDA. ○ Sugere-se com essa ideia que as alterações em vias dopaminérgicas poderiam ser apenas efeitos secundários do funcionamento anormal do glutamato no cérebro. ● As duas vias interagem entre si, e é provável que a ação do glutamato regule o tônus dopaminérgico em regiões encefálicas específicas. ● A fenciclidina é uma substância inicialmente utilizada como anestésico e que teve o uso clínico abolido após relatos que associavam o medicamento a sintomas psicóticos, ao uso abusivo (angel dust) e à neurotoxicidade. ○ Atua como antagonista não-competitivo de receptor glutamatérgico tipo NMDA ● A ketamina é um anestésico quimicamente relacionado, utilizado em crianças e que apresenta afinidade entre 10 e 50 vezes menor por esse receptor. ○ A infusão intravenosa de ketamina em indivíduos normais induz delírios, desorganização, ilusões visuais e auditivas e um estado amotivacional marcado por embotamento afetivo, isolamento e retardo psicomotor Etiopatogenia ➔ Teoria de neurotransmissores ◆ Glutamatérgica ● Estudos post-mortem identificaram alteração na densidade de receptores glutamatérgicos e em sua composição no córtex pré-frontal, tálamo e lobo temporal, áreas que apresentam ativação diminuída durante testes de performance em esquizofrênicos ● A administração crônica de fenciclidina reduz o turnover de dopamina no córtex frontal e aumenta a liberação de dopamina em regiões subcorticais, particularmente no núcleo accumbens ○ Essa e outras evidências demonstram a interligação dos sistemas glutamatérgico e dopaminérgico, deixando claro que são conceitos complementares na compreensão da patogênese da esquizofrenia. ◆ Serotoninérgica (controversa) ● O uso de LSD causa sintomas como desrealização, despersonalização e alucinações visuais, experiências semelhantes a alguns sintomas da esquizofrenia. Esses efeitos se dão por intermédio do antagonismo de receptores serotoninérgicos. ● Essa observação, feita ainda na década de 1950, levantou a possibilidade de que um déficit de serotonina estivesse envolvido na patogênese da esquizofrenia. ● Os antipsicóticos atípicos apresentavam ação antipsicótica com baixa capacidade de induzir sintomas extrapiramidais e uma afinidade maior por receptores serotoninérgicos do que por receptores dopaminérgicos. ● Acreditava-se que a ação serotoninérgica seria responsável por um melhor efeito