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94 4.8. Comunicação É a troca de informações entre as pessoas. Sig- nifica tornar comum uma mensagem ou informa- ção. Os humanistas mostraram que as comunicações dentro das organizações são terrivelmente falhas e alertaram os administradores a: - Assegurar a participação das pessoas na solução dos problemas. - Incentivar franqueza e confiança entre os indivídu- os e grupos da empresa. A comunicação é uma atividade administrativa que tem dois propósitos principais: 1 – Proporcionar informação e compreensão neces- sárias para que as pessoas possam se conduzir em suas tarefas. 2 – Proporcionar atitudes que promovam motiva- ção, cooperação e satisfação nos cargos. 4.8.1. A importância da Comunicação -A pessoa trabalha melhor quando conhece os pa- drões de seu trabalho. - A organização opera mais eficientemente quando a pessoa e seu chefe têm um entendimento comum 95 de suas responsabilidades e padrões de desempenho que a empresa espera obter deles. -Cada pessoa pode ser auxiliada a dar a máxima con- tribuição à organização e a utilizar ao máximo as suas habilidades e capacidades. 4.9. Organização informal Roethlisberger e Dickson, que relataram a ex- periência de Hawthorne, mostram que o comporta- mento das pessoas no trabalho não pode ser com- preendido sem se considerar a organização informal da fábrica. Os grupos sociais estão condicionados a dois tipos de organização: a organização formal (ou racional) que é conduzida pelas práticas estabe- lecidas pela empresa, pelas especificações e padrões para atingir objetivos e que podem ser modificados pela empresa e a organização informal (ou natural), que é a consequência do conjunto de interações e relacionamentos espontâneos entre as pessoas. A or- ganização informal concretiza-se nos usos e costu- mes, tradições, ideias e normas sociais. Ela se traduz por meio de atitudes e disposições baseadas na opi- nião, no sentimento em na necessidade de “associar- -se” e não se modifica rapidamente. 96 4.9.1. Características da Organização Informal 4.9.1.1. - Relação de coesão ou de antagonismo: as pessoas em associação com as outras em diferen- tes níveis de setores da empresa, criam relações pes- soais de simpatia e antipatia (antagonismo). 4.9.1.2. - Status: os indivíduos interagem em grupos informais, nos quais cada um adquire uma posição so- cial independentemente de sua posição na organização. 4.9.1.3. - Colaboração espontânea: a organização infor- mal é o reflexo da colaboração espontânea das pessoas. 4.9.1.4. - A possibilidade de oposição à organiza- ção formal: a organização informal pode desenvol- ver oposição à organização formal e em desarmonia com os objetivos da empresa, quando há inabilidade da direção em propiciar um clima adequado de boas relações humanas com as pessoas. 4.9.1.5. - Padrões de relações e atitudes: os gru- pos informais desenvolvem espontaneamente, pa- drões de relações e atitudes aceitos e assimilados pe- las pessoas, pois traduzem os interesses e aspirações do grupo. 4.9.1.6. - Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais: as pessoas participam de vários grupos informais em face das relações funcionais que mantêm com outras, em outros níveis e setores da empresa. Os grupos informais tendem a se alterar 97 com as modificações na organização formal. 4.9.1.7. - A organização informal transcende a organização formal: Organização informal é cons- tituída por interações e relações espontâneas, cuja du- ração e natureza transcendem as interações e relações formais. Enquanto, a organização formal está restrita ao local físico e ao horário de trabalho da empresa, a organização informal escapa a essas limitações. 4.9.1.8. - Padrões de desempenho nos grupos in- formais: os padrões de desempenho de trabalho es- tabelecidos pelo grupo informal nem sempre corres- pondem aos padrões estabelecidos pela administra- ção. Podem ser maiores ou menores, como podem estar em harmonia ou em oposição, dependendo do grau de motivação do grupo quanto aos objetivos da empresa. A empresa avalia o desempenho do pessoal por padrões que ela define, enquanto cada indivíduo é avaliado pelo seu grupo em função dos padrões grupais. 4.9.2. Origens da Organização Informal 4.9.2.1. - Interesses comuns: ao passarem juntas a maior parte do tempo nos locais de trabalho, as pes- soas passam a identificar interesses comuns quanto a assuntos como política, esportes, atividades etc. 4.9.2.2. - A interação provocada pela própria or- 98 ganização formal: o cargo que a pessoa ocupa na empresa exige contatos e relações formais com ou- tras pessoas e dão margem a uma vida grupal intensa que se realiza fora dela. 4.9.2.3. - A flutuação do pessoal na empresa: a rotatividade e as transferências de pessoas causam mudanças na estrutura informal, pois as interações alteram-se e com elas os vínculos humanos. 4.9.2.4. - Os períodos de lazer: os períodos de lazer ou tempos livres são os intervalos de tempo, nos quais a pessoa não trabalha, mas permanece ao redor de seu local de trabalho em contato com outras pessoas. 4.9.2.5. - Dinâmica de Grupo: é a soma de interes- ses dos componentes do grupo e que pode ser ativa- da por meio de estímulos e motivações no intuito de maior harmonia e melhor relacionamento humano. As relações interpessoais entre os membros de um grupo recebem o nome de relações intrínsecas: são relações que o grupo ou membros dele mantêm com outras pessoas. O grupo não é apenas um conjunto de pessoas, mas envolve a interação dinâmica entre as pessoas que se percebem psicologicamente como membros de um grupo. Os membros de um grupo se comunicam entre si de maneira direta e face a face, razão pela qual cada membro influencia e é influencia- do pelos outros membros do grupo. Além disso, cada grupo apresenta as seguintes características: 99 1. Uma finalidade, ou seja, um objetivo comum. 2. Uma estrutura dinâmica de comunicação. 3. Uma coesão interna. As relações humanas representam uma atitu- de, um estado de espírito que deve prevalecer no estabelecimento e/ou na manutenção dos contatos entre as pessoas. Deve-se reconhecer que as pessoas são possuidoras de personalidade própria que me- recem ser respeitadas. Isso implica na compreensão sadia que toda pessoa traz consigo, em todas as si- tuações, necessidades materiais, sociais ou psicológi- cas. Que procura satisfazer e que motivam e dirigem seu comportamento, neste ou naquele sentido. Então, praticar relações humanas significa mais do que estabelecer e/ou manter contatos com ou- tras pessoas. Significa estar condicionado nessas relações por uma atitude ou estado de espírito que permita compreender as pessoas, respeitando sua personalidade, que sem dúvida é diferente da nossa. Esse conceito aplica-se a qualquer situação: no lar, escola, trabalho etc. 4.10. A evolução conceptual: teoria clássica e teoria das relações humanas 100 Características Teoria Clássica Teoria das Rela- ções Humanas 1. Abordagem Engenharia hu- mana:- adapta- ção do homem à máquina e vice- -versa Ciência social aplicada: - adaptação do homem à organização e vice-versa 2. Modelo de homem Econômico- -racional: - vantagens financeiras Racional-emo- cional: - motivado por sentimentos 3. Comporta- mento do indi- víduo Animal isolado: - reage como indivíduo - atomismo tayloriano Animal social: - carente de apoio e partici- pação - reage como membro de grupo 4. Comporta- mento funcio- nal do indiví- duo Padronizável: - a melhor ma- neira Não-padroni- zável: - diferenças individuais 101 5. Incentivo Financeira (ma- terial): - maior salário Psicológica: - apoio, elogio e consideração 6. Fadiga Fisiológica: - estudo de T&M Psicológica: - monotonia, rotinização 7. Unidade de análise Cargo: - tarefa, T&M Grupo: - relações huma- nas 8. Conceito de organização Estrutura formal: - conjunto de órgãos e cargos Sistema social: - conjunto de papéis 9. Representa- ção gráfica Organograma: -relações entre órgãos Sociograma: - relações entre pessoas 4.11. - Apreciação Crítica da Teoria das Rela- ções Humanas: Ao final da década de 1950, ela entrou em declínio, passando a ser intensamente criticada, a tal ponto que suas concepções passaram a ser revistas. Dentre as críticas à Teoria das Relações Humanas, podemos alinhar as seguintes: 4.11.1. - Oposição cerrada à Teoria Clássica: a Teoria das Relações Humanas foi oposta à Adminis- tração Científica: os fatores considerados decisivos e cruciais por uma escola mal eram focalizados pela 102 outra, e as variáveis que uma considerava centrais eram ignoradas pela outra. 4.11.2. - Inadequada visualização dos problemas de Relações Industriais: os autores humanistas são criticados pela interpretação inadequada e distorcida dos problemas de relações industriais, do conflito e dos interesses conflitantes dos empregados e da or- ganização, como da localização das suas causas e im- plicações. Enquanto, os autores clássicos não viam o conflito industrial, pois acreditavam na compatibili- dade entre os interesses da empresa e dos operários (o que é bom para a organização é bom para os em- pregados, pois traz melhores salários), os humanis- tas enfatizam o conflito industrial entre os interesses da organização e dos empregados como indesejável. Procuram promover a harmonia industrial e omitem as funções sociais do conflito. A função do adminis- trador é a de solucionar conflitos evitando que eles apareçam e interfiram na harmonia industrial. Essa inadequada visualização dos problemas das relações industriais tem suas causas no fato de a Teoria das Relações Humanas ter sido um produto da ética e do espírito democrático americano. Por meio dessa teoria, o administrador americano passou a encon- trar um instrumento clínico para solucionar proble- mas de conflito e de insatisfação no trabalho. Daí, o caráter pragmático e orientado para a ação: visava a implantar medidas capazes de promover relações 103 humanas harmoniosas. 4.11.3. - Concepção romântica e ingênua dos ope- rários: os humanistas imaginavam um operário feliz, produtivo e integrado no ambiente de trabalho. Essa imagem nem sempre foi confirmada por pesquisas que descobriram trabalhadores felizes e improdutivos, bem como infelizes e produtivos, descaracterizando a correlação entre satisfação e produtividade. Contudo, o supervisor liberal nem sempre tem os grupos mais produtivos e a consulta participativa pode criar mais problemas do que aqueles que resolvem. 4.11.4. - Limitação do Campo Experimental: os autores humanistas limitaram-se ao mesmo ambiente restrito de pesquisa da Administração Científica: a fábrica. Deixaram de lado outros tipos de organizações como bancos, hospitais, universida- des etc., o que reduz a aplicabilidade das suas teorias e conclusões. 4.11.5. - Parcialidade das conclusões: enquanto, a Teoria Clássica restringiu-se à organização formal, abrangendo um pequeno número de variáveis para explicar seus pontos de vista, a Teoria das Relações Humanas também se mostra parcial, restringindo-se à organização informal e sofrendo da mesma escas- sez de variáveis, enfatizando os aspectos informais da organização e reelegendo os aspectos formais a um plano inferior. 4.11.6. - Ênfase nos grupos informais: a Teoria 104 das Relações Humanas concentra-se nos grupos pri- mários como seu principal campo de atuação. Super- valoriza a coesão grupal como condição de elevação da produtividade. A Teoria das Relações Humanas trouxe uma visão humanística da Administração: - Participação dos escalões inferiores nas decisões da organização. - Busca de relacionamento entre indivíduos e grupos nas organizações. -Melhoria da competência dos administradores no relacionamento interpessoal para diminuir o abismo entre a administração e os operários. - Introdução das ciências do comportamento nas práticas administrativas. - Definição de uma filosofia humanística e democrá- tica nas organizações. - Importância do conhecimento da natureza humana. A ideia de uma administração participativa para aumentar a inclusão dos operários nas metas da em- presa é uma das decorrências dessa teoria. Contudo, as pesquisas têm revelado que a coesão de grupo não está correlacionada com o aumento da produtividade, podendo até ser disfuncional. 4.11.7. - Enfoque manipulativo da Teoria das