Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NOÇÕES DE GEOMETRIA ANALÍTICA Aula 4 – A HIPÉRBOLE 1. HIPÉRBOLE 1.1 Definição de hipérbole Dados um plano 𝛼, dois pontos fixos 𝐹1 e 𝐹2 pertencentes a 𝛼. Define-se como hipérbole o lugar geométrico dos pontos P de 𝛼 tal que o módulo da diferença entre as distâncias 𝑃𝐹1 e 𝑃𝐹2 é uma constante (2a). Em linguagem algébrica esta definição é |𝑑(𝑃𝐹1) − 𝑑(𝑃𝐹2| = 2𝑎 A hipérbole pode ser obtida pela intersecção de um cone duplo de revolução com um plano. No plano podemos observar que a hipérbole é uma curva com dois ramos. 1.2. Elementos da hipérbole • O ponto “O” é o centro da hipérbole e é o ponto médio de 𝐹1𝐹2, de 𝐴1𝐴2 e de 𝐵1𝐵2. • 𝐴1 e 𝐴2 – são os vértices da hipérbole e a sua distância (eixo real) é 𝑑(𝐴1,𝐴2) = 2𝑎. Por- tanto, 𝑑(𝑂,𝐴1) = 𝑑(𝑂,𝐴2) = 𝑎 • 𝐹1 e 𝐹2 – são os focos da hipérbole e a sua distância (eixo focal) é 𝑑(𝐹1,𝐹2) = 2𝑐. Portanto, 𝑑(𝑂,𝐹1) = 𝑑(𝑂,𝐹2) = 𝑐 • 𝐵1 e 𝐵2 – são as extremidades do segmento denominado eixo imaginário da hipérbole. O comprimento deste segmento é 𝑑(𝐵1,𝐵2) = 2𝑏. Portanto, 𝑑(𝑂,𝐵1) = 𝑑(𝑂,𝐵2) = 𝑏 • 𝐴1, 𝐴2,𝐹1 e 𝐹2 são colineares. • 𝐴1 e 𝐴2 estão entre a 𝐹1 e 𝐹2. A linguagem algérica da definição é |𝑑(𝑃, 𝐹1) − 𝑑(𝑃, 𝐹2)| = 2𝑎 e como os eixos são perpendiculares, o ângulo 𝐴2�̂�𝐵2 é reto. Assim, temos a seguinte relação entre 𝑎, 𝑏 e 𝑐: 𝑐2 = 𝑎2 + 𝑏2 1.3 Excentricidade da hipérbole Em linguagem comum pode-se dizer que a excentricidade é o quanto “achatada” é a hipérbole. Em termos matemáticos é o quociente entre o semieixo focal e o semieixo real. Para que exista a hipérbole a distância focal (2𝑐) deve ser maior que eixo real (2𝑎). Portanto 𝑐 > 𝑎 e 𝑒 = 𝑐 𝑎 , 𝑒 > 1 1.4 Excentricidade da hipérbole Em linguagem comum pode-se dizer que a excentricidade é o quanto “achatada” é a hipérbole. Em termos matemáticos é o quociente entre o semieixo focal e o semieixo real. Quanto maior for a excentricidade, proporcionalmente será maior a abertura da hipérbole. Observe as distâncias dos focos e dos eixos reais e suas aberturas. 𝑒 = 2,5 1 = 2,5 𝑒 = 1,3 1 = 1,3 2. EQUAÇÃO CANÔNICA Coincidindo o centro da hipérbole com a origem (0,0), tendo os focos pertencentes ao eixo das abscissas e aplicando a definição de hipérbole, deduziremos a equação canônica. Para isso de- vemos considerar: • Ponto da hipérbole 𝑃(𝑥, 𝑦); • Primeiro foco: 𝐹1 = (−𝑐, 0); • Segundo foco: 𝐹2 = (𝑐, 0); • Definição de hipérbole: |𝑑(𝑃, 𝐹1) − 𝑑(𝑃, 𝐹2)| = 2𝑎. Utilizando o teorema de Pitágoras para distâncias teremos: |√(𝑥 − (−𝑐))2 + (𝑦 − 0)2 − √(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2| = 2𝑎 √(𝑥 − (−𝑐))2 + (𝑦 − 0)2 − √(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2 = ±2𝑎 Considerando positiva esta diferença (+2𝑎), tirando o módulo e passando a raiz com sinal ne- gativo para o lado direito da igualdade temos: √(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦)2 = 2𝑎 + √(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 Observação: O cálculo terá o mesmo resultado a diferença negativa (−2𝑎). Quadramos ambos os lados das igualdades para eliminar a primeira raiz. (𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦)2 = 4𝑎2 + 4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 + (𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦2 Isolando o radical, desenvolvendo os produtos notáveis e eliminando termos iguais em ambos os lados da igualdade 4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 = 4𝑐𝑥 − 4𝑎2 Dividindo toda a equação por 4 e quadrando novamente, 𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 = 𝑐𝑥 − 𝑎2 Quadrando novamente ambos os lados e desenvolvendo o binômio dentro da raiz 𝑎2[𝑥2 − 2𝑐𝑥 + 𝑐2 + 𝑦2] = 𝑐2𝑥2 − 2𝑎2𝑐𝑥+𝑎4 𝑎2𝑥2 − 2𝑎2𝑐𝑥 + 𝑎2𝑐2 + 𝑎2𝑦2 = 𝑐2𝑥2 − 2𝑎2𝑐𝑥 + 𝑎4 𝑎2𝑥2 − 𝑐2𝑥2 + 𝑎2𝑦2 = 𝑎4 − 𝑎2𝑐2 (𝑎2 − 𝑐2)𝑥2 + 𝑎2𝑦2 = (𝑎2 − 𝑐2)𝑎2 Mas 𝑏2 = (𝑐2 − 𝑎2). Então −𝑏2 = (𝑎2 − 𝑐2) −𝑏2𝑥2 + 𝑎2𝑦2 = −𝑏2𝑎2 E dividindo toda a equação por (−𝑏2𝑎2) 𝑥2 𝑎2 − 𝑦2 𝑏2 = 1 que é a equação canônica da hipérbole com os focos no eixo das abscissas e centro na origem (0,0). De forma análoga deduz-se a equação canônica com focos pertencentes ao eixo das ordenadas (figura ao lado) e centro na origem. 𝑦2 𝑎2 − 𝑥2 𝑏2 = 1 Observe que só houve mudança de nu- meradores, mas que fará toda a dife- rença. Observações: A equação canônica da hipérbole com eixos coincidentes com os eixos coordenados, permite identificar as medidas dos eixos real e imaginário e se seu eixo focal está no eixo das abscissas ou das ordenadas. • O eixo real e o eixo focal são coincidentes com a variável de coeficiente positivo, ou seja: o se 𝑎2 estiver no denominador de 𝑥2 (neste caso 𝑥2 é a variável de coeficiente posi- tivo) tanto o eixo focal quanto o eixo real estarão no eixo das abscissas (eixo x). o se 𝑎2 estiver no denominador de 𝑦2 (neste caso 𝑦2 é a variável de coeficiente posi- tivo) tanto o eixo focal quanto o eixo real estarão no eixo das ordenadas (eixo y). • Os coeficientes das variáveis da hipérbole com centro na origem têm sinais opostos. Exemplo 1: Dada a equação da hipérbole 𝑥2 25 − 𝑦2 16 = 1, identifique seus eixos focal, real e imaginário e de- pois determine se o eixo focal está no eixo das abscissas ou das ordenadas. Resolução: Como o coeficiente positivo relaciona-se à variável 𝑥 o eixo focal está no eixo das abscissa. 𝑎2 = 25 ∴ 𝑎 = 5 𝑏2 = 16 ∴ 𝑏 = 4 Para calcular o eixo focal, aplicamos o teorema de Pitágoras: 𝑐2 = 𝑎2 + 𝑏2 𝑐2 = 25 + 16 𝑐 = √41 ≈ 6,4 Portanto, o eixo real é 2𝑎 = 10, o eixo imaginário 2𝑏 = 8 e eixo focal é aproximadamente 2𝑐 ≈ 12,8 unidades. Exemplo 2: Dada a equação da hipérbole 16𝑥2 − 9𝑦2 = 144 determine a equação canônica, a excentrici- dade, as coordenadas dos focos e dos vértices. Resolução: Para deixar da forma canônica, dividimos toda a equação por 144. Desta forma o lado direito da igualdade será 1. 16𝑥2 144 − 9𝑦2 144 = 144 144 16𝑥2 16 ⋅ 9 − 9𝑦2 16 ⋅ 9 = 1 𝑥2 9 − 𝑦2 16 = 1 𝑥2 32 − 𝑦2 42 = 1 que é a equação canônica. Comparando com a fórmula canônica veri- fica-se que 𝑎 = 3 𝑏 = 4 Cálculo de 𝑐 por Pitágoras 𝑐2 = 32 + 42 𝑐2 = 9 + 16 = 25 𝑐 = 5 A hipérbole tem eixo focal no eixo das abscissas, pois a variável com coeficiente positivo é 𝑥. Os focos são 𝐹1 = (5,0), 𝐹2 = (−5,0). Os vértices do eixo real são 𝐴1 = (3,0), 𝐴2 = (−3,0). Os focos do eixo imaginário são 𝐵1 = (0,3 e 𝐵2 = (0, −3). A excentricidade é 𝑒 = 5 3 ≈ 1,66. 3. EQUAÇÃO DA HIPÉRBOLE COM EIXOS PARALELOS AOS EIXOS COORDENADOS E CENTRO FORA DA ORIGEM. Para encontrar a equação de uma hipér- bole consideremos o novo centro com coordenadas 𝑂′(𝑥0, 𝑦0) e os novos eixos coordenados 𝑥′ e 𝑦′. A equação canônica é 𝑥′2 𝑎2 − 𝑦′2 𝑏2 = 1 Mas 𝑥′ = 𝑥 − 𝑥0 e 𝑦 ′ = 𝑦 − 𝑦0. Então (𝑥 − 𝑥0) 2 𝑎2 − (𝑦 − 𝑦0) 2 𝑏2 = 1 que é a equação canônica da hipérbole com eixos paralelos aos eixos coordena- dos e eixos real e focal no eixo das abs- cissas. De forma análoga a equação canônica da hipérbole com eixos focal e real paralelos aos eixos coordenados e centro fora da origem é (𝑦 − 𝑦0) 2 𝑎2 − (𝑥 − 𝑥0) 2 𝑏2 = 1 4. ALGORITMO PARA ENCONTRAR A EQUAÇÃO CANÔNICA DA HIPÉRBOLE Desenvolvendo primeira equação canônica anterior (eliminar denominadores, desenvolver os produtos notáveis e reordenando as variáveis) a equação da hipérbole será 𝑏2𝑥2 − 𝑎2𝑦2 − 2𝑏2𝑥0𝑥 + 2𝑎 2𝑦0𝑦 − 𝑏 2𝑥0 2 − 𝑎2𝑦0 2 − 𝑎2𝑏2 = 0 Para facilitar a visualização façamos 𝐴 = 𝑏2, 𝐶 = 𝑎2, 𝐷 = −2𝑏2𝑥0 𝐸 = 2𝑏 2𝑦0 e 𝐹 = −𝑏 2𝑥0 2 − 𝑎2𝑦0 2 − 𝑎2𝑏2 Assim a equação terá o formato em sua forma geral 𝐴𝑥2 + 𝐶𝑦2 + 𝐷𝑥 + 𝐸𝑦 + 𝐹 = 0 Muitas vezes a equação da hipérbole está desta forma e é necessário encontrar a equação ca- nônica. O algoritmo de passagem para a equação canônica é o descrito na coluna esquerda abaixo. Na coluna da direita temos um exemplo. Algoritmo Exemplo 3 Agrupar termos de mesma incógnita (x e y) e o termoindependente transpor para o segundo membro; 9𝑦2 − 25𝑥2 + 100𝑥 − 54𝑦 − 244 = 0 9𝑦2 − 54𝑦 − (25𝑥2 − 100𝑥) = 244 Encontrar dois trinômios quadrados perfeitos do lado esquerdo da igualdade. Para isso analisa-se o termo que deve ser acrescentado para os termos em x e para os ter- mos em y. Mas estes acrésci- mos devem ser feitas no lado direito também para não modificar a equação. Para que 9𝑦2 − 54𝑦 seja um trinômio quadrado perfeito e de- pois num binômio quadrado, o 1º termo do binômio é 3𝑦 pois (3𝑦)2 = 9𝑦2. O segundo termo do binômio é −9 pois, 2 ⋅ 3𝑦 ⋅ (−9) = −54𝑦. Portanto, o terceiro termo do trinômio é 81, pois (−9)2 = 81. Assim, o trinômio é 9𝑦2 − 54𝑦 + 81. Assim, 81 deve ser somado aos dois membros. Para que 25𝑥2 − 100𝑥 seja um trinômio quadrado perfeito e depois num binômio quadrado, o 1º termo do binômio é 5𝑥 pois (5𝑥)2 = 25𝑥2. O segundo termo do binômio é 2 pois, 2 ⋅ 5𝑥 ⋅ 10 = −100𝑥. Portanto, o terceiro termo do trinômio é 100, pois 102 = 100. Assim, o trinômio é 25𝑥2 − 100𝑥 + 100. Assim, 100 deve ser subtraído aos dois membros (o sinal negativo ao lado do parêntese à esquerda muda o sinal da soma). A equação será até então: 9𝑦2 − 54𝑦 + 81 − (25𝑥2 − 100𝑥 + 100) = 244 + 81 − 100 Deixar na forma de binômios quadrados. (3𝑦 − 9)2 − (5𝑥 − 10)2 = 225 Os termos em 𝑥 e em 𝑦 dos binômios devem ter coefici- entes 1. Assim, deve-se dei- xar em evidência o coefici- ente de x e de y de cada bi- nômio. (3(𝑦 − 3))2 − (5(𝑥 − 2))2 = 225 9(𝑦 − 3)2 − 25(𝑥 − 2)2 = 225 Divide ambos os membros por 225 para que o lado di- reito seja igual a 1. 9(𝑦 − 3)2 225 − 25(𝑥 − 2)2 225 = 225 225 (𝑥 − 3)2 25 − (𝑥 − 2)2 9 = 1 Transforma os denominado- res na forma de quadrado. (𝑦 − 3)2 52 − (𝑥 − 2)2 32 = 1 Então, o centro da hipérbole é (2,3) e os semieixos real e ima- ginário são 𝑎 = 5 e 𝑏 = 3. Os eixo real é paralelo ao eixo 𝑥. 4. ASSÍNTOTAS DA HIPÉRBOLE Definição Dada uma curva 𝑓(𝑥) e uma reta 𝑟. A reta 𝑟 será assíntota não vertical de 𝑓(𝑥) se os domínios da reta 𝑟 e de 𝑓(𝑥) tendem ao infinito (positivo ou negativo), a distância entre 𝑟 e 𝑓(𝑥) tende a zero, porém nunca se interceptam. Dada uma curva 𝑓(𝑥) e uma reta vertical 𝑥 = 𝑟. A reta 𝑟 será assíntota vertical de 𝑓(𝑥) se enquanto o domínio da função 𝑓(𝑥) tende a r pela esquerda ou pela direita, o valor de f(x) tende ao infinito (negativo ou positivo) e a distância entre 𝑟 e 𝑓(𝑥) tende a zero, porém nunca se interceptam. Na figura abaixo as distâncias 2𝑎 e 2𝑏 são as larguras do retângulo 𝑀𝑁𝑃𝑄 pontilhado. As retas r e s que contém as diagonais 𝑀𝑃 e 𝑁𝑄 do retângulo são as assíntotas da hipérbole. Uma das utilidades das hipérboles é a construção da hipérbole. As assíntotas que passam pela origem não têm o termo independente, ou seja, tem a forma 𝑦 = ±𝑚𝑥. Podemos observar pelo gráfico que a inclinação é 𝑚 = ± 𝑏 𝑎 . Assim, as assíntotas da hipérbole com centro na origem é 𝑦 = ± 𝑏 𝑎 𝑥 para hipérboles com focos no eixo 𝑥. 𝑦 = ± 𝑎 𝑏 𝑥 para hipérboles com focos no eixo 𝑦. Exemplo 4: Dada a equação da hipérbole 𝑥2 9 − 𝑦2 16 = 1 calcule as equações das assíntotas. Resolução: Pela equação verifica-se que 𝑎2 = 9 e 𝑏2 = 16. Então 𝑎 = 3 e 𝑏 = 4. Pela equação pode-se observar também que os focos e o eixo real estão no eixo 𝑥, pois o coeficiente positivo relaci- ona-se à variável 𝑥. Portanto temos: Vértices do eixo real: 𝐴1 = (3,0) e 𝐴2 = (−3,0), Vértices do eixo imaginário: 𝐵1 = (0,4) e 𝐵2 = (0, −4) Assíntotas: Utilizaremos as fórmulas 𝑦 = ± 𝑏 𝑎 𝑥, pois os focos estão no eixo 𝑥. Então as retas assintóticas serão 𝑦 = 4 3 𝑥 e 𝑦 = − 4 3 𝑥.
Compartilhar