Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BRONQUIECTASIAS Conceitos chaves ● Compreender ciclo fisiopatológico. ● Reconhecer uma imagem de bronquiectasia. ● Conduzir a investigação inicial para definição etiológica. ● Conhecer a base do tratamento para quadros estáveis. ● Identificar uma exacerbação. Definição Dilatação irreversível da parede brônquica, com aumento do diâmetro do brônquio e presença de muco no seu interior. Isso acontece por uma destruição dos componentes estruturais da parede brônquica, por inflamação ou infecção crônica. É uma doença crônica e muitas vezes debilitante. Fisiopatologia Ciclo vicioso de Cole: Insulto ambiental: infecção inicial + predisposição genética do paciente → inflamação crônica. Hipertrofia de glândulas, liberação de citocinas, produção de enzimas neutrofílicas, produtos de bactérias → danificação do epitélio pulmonar → clearance mucociliar prejudicado → obstrução por hipersecreção de muco → colonização microbiana: INFECÇÃO → dilatação brônquica/obstrução da via aérea → infecção inicial → inflamação (reiniciando o ciclo de Cole). Essa colonização microbiana pode ser por: haemophilus, influenza, pseudomonas, aeruginosa, staphylococcus, S. aureus. Quadro clínico - Tosse (meses a anos). - Escarro mucopurulento. - Exacerbações de repetição (de infecções). Exame físico → normal, ou estertores e sibilância. Diagnóstico O dx de bronquiectasia é essencialmente radiológico e é feito por tomografia. Exames complementares ● Radiografia de tórax PA e perfil Apresenta limitação para dx de bronquiectasia. Pode ser normal, mas quando vem alterada, pode apresentar: espessamento de brônquios, dilatação ou hipertransparências. Além disso, é comum apresentar faveolamento ao raio-x devido à fibrose dos brônquios. ● Tomografia de tórax Método de escolha para diagnóstico de bronquiectasia. Achados mais evidentes: dilatação de brônquios, quando comparados à artéria pulmonar ao lado (anel de Sinete) - 1ª imagem. Achado de “trilho de trem” = o brônquio não se afila na periferia - 2ª imagem. Sinais indiretos: presença de nódulos centrolobulares em árvore em brotamento, significa impactação de muco - 1ª imagem. Sinal do mosaico (diferenças de atenuação) - 2ª imagem. - Tipos de bronquiectasia (vistas na tomografia) A - cilíndrica: mais comum, de menor gravidade. B - varicosa: semelhança com serpente. C - cística: dilatações grandes próximas às vias aéreas centrais. ● Broncoscopia Pode auxiliar em diagnósticos diferenciais e em descobrir a etiologia. ● Espirometria Ajuda a entender se há distúrbio obstrutivo associado. ● Escarro Exame muito importante e frequente → para definir e acompanhar etiologia. Etiologias - Bronquiectasias congênitas → fibrose cística, defeitos anatômicos da árvore brônquica, imunodeficiências primárias, deficiência de alfa-1-antitripsina, síndrome de Young, Discinesia ciliar primária. - Bronquiectasias adquiridas → pós-infecciosa (principal, comum em infecções de repetição desde a infância), doenças obstrutivas crônicas e localizadas, doenças sistêmicas auto-imunes, hipersensibilidade mediada, pneumonite inflamatória, imunodeficiências secundárias, defeitos anatômicos da árvore brônquica. Essas causas, geralmente, acompanham um padrão de localização: - Bronquiectasia em lobo superior → pensar em fibrose cística e tuberculose. - Central → fibrose cística, aspergilose, traqueobroncomegalia congênita. - Lobo inferior → infecções da infância, aspiração, imunodeficiência. Investigação etiológica Quadro clínico + TC de tórax com alterações compatíveis → pedir alguns exames: - Sangue: IgG, IgM, IgA, IgE total, alfa-1-antitripsina, hemograma, HIV. - Escarro: investigação para micobactérias, fungos e bactérias. - Outros: cloro no suor, espermograma (sexo masculino, sem filhos). Atenção para PISTAS: Infecções recorrentes e diarreia → pode ser imunodeficiência. Hx familiar de bronquiectasia, hx de pancreatite, diarreia crônica, infertilidade, S, aureus no escarro → pensar em fibrose cística. Asma, bronquiectasias centrais, IgE elevada → pensar em aspergilose broncopulmonar alérgica. Dextrocardia (situs inversus), otites, rinossinusites, infertilidade → discinesia ciliar primária = Síndrome de Kartagener. Bronquiectasias localizadas → pensar em corpo estranho, tumor endobrônquico, má formação brônquica. Tabagismo, DPOC, exacerbações frequentes → bronquiectasia associada à DPOC. Tratamento Objetivos: - Reduzir sintomas: aliviar sintomas e melhorar qualidade de vida. - Reduzir exacerbações: preservar a função pulmonar, reduzir frequência, reduzir gravidade. ● Tratamento não farmacológico - Cessar tabagismo; - Estado nutricional adequado (paciente tem catabolismo alto); - Oxigenoterapia (PO2 < 55 mmHg ou SpO2 < 88%). - Vacinação (influenza, pneumococo). - Fisioterapia pulmonar; - Ventilação não invasiva em pacientes mais graves, com esforço respiratório. ● Tratamento farmacológico - Doenças fibrocísticas → tratamento específico da fibrose cística. - Doenças não fibrocísticas: -Salina hipertônica. -Corticoide inalatório + broncodilatadores → se asma ou DPOC associados. Se o paciente não tem essas doenças, só se dá broncodilatador se o paciente tiver alteração espirométrica. -Corticoide só se dá se tem essas doenças pulmonares (asma ou DPOC), não tem papel na bronquiectasia. -Macrolídeos → excelente para exacerbador recorrente (azitromicina por 6m - 1 ano). -Antibióticos inalatórios → naqueles colonizados por Pseudomonas aeruginosa. Exacerbação Piora de 3 ou mais sintomas: - Tosse; - Volume ou viscosidade do escarro; - Purulência do escarro; - Dispneia ou intolerância ao exercício. - Fadiga - Hemoptise. Tratamento da exacerbação: ● Fase inicial: B-lactâmicos, cefalosporina de 3ª geração, macrolídeo ou quinolona respiratória → sempre coletar cultura do escarro. ● Doença avançada Se Pseudomonas aeruginosa ou S. aureus → ciprofloxacino, cefalosporinas anti-pseudomonas, piperacilina, carbapenêmicos. Outras opções de tto: cirurgia (doença localizada, ou hemoptise refratária). Transplante pulmonar ( hipoxemia crônica ou VEF1 muito reduzido < 30%). Resposta: alternativa A.
Compartilhar