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ESQUIZOFRENIA Anotações vídeo-aula (sanarflix) e livro texto (fundamentos em psiquiatria). A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico, e não só isso, mas um transtorno do neurodesenvolvimento cerebral em que a psicose é encontrada. Inicia-se geralmente em jovens e se caracteriza pela presença de sintomas psicóticos ou positivos (delírios e alucinações), desorganização (do pensamento e conduta), sintomas negativos (empobrecimento afetivo-volitivo), perdas cognitivas e sintomas depressivos. Psicose → 01 ou mais dos seguintes: ● Delírios (crenças fixas - mais comuns: persecutórios, de referência e delírios bizarros). Delírios → alteração do conteúdo do pensamento; ● Alucinações → paciente não tem o estímulo e tem a percepção (já a ilusão existe o estímulo e ele é alterado); ● Pensamento desorganizado; ● Comportamento anormal ou motor grosseiramente desorganizado; ● Sintomas negativos (afetividade diminuída). Esquizofrenia → 2 ou mais dos sintomas descritos acima. Mas PRINCIPALMENTE esses 3 (pelo menos 1 desses 3): Delírios (persecutórios), alucinações e pensamento desorganizado. Critérios dx da esquizofrenia (DSM-V): A - Sintomas descritos; B - Disfunção social; C - Sintomas presentes por 6 meses - ou sintomas proeminentes por 1 mês - sintomas prodrômicos dentro dos 6 meses; D - Descartados transtornos de humor e esquizoafetivo; E - Descartar uso de substâncias; F - Autismo* + critérios de esquizofrenia (delírios ou alucinações - pensamento desorganizado e comportamento anormal não podem ser considerados da esquizofrenia pq o pcte já tem um transtorno de linguagem e comportamento) - 01 mês. Critérios dx da esquizofrenia (CID-10): História clínica da esquizofrenia ● Adolescente - adulto jovem; ● Mais comum em homens (após 40 anos é mais comum em mulheres); 2 picos de incidência: 15-25 nos homens e 25-35 nas mulheres, e segundo pico após os 50 pela perda da proteção estrogênica; ● Início insidioso; ● Sintomas depressivos no início e dps associação com psicose; ● Tipo de alucinação mais comum → auditiva. A esquizofrenia pode se apresentar em crianças, e quando isso ocorre, é mais comum alucinação visual; ● Ausência de autopatognose (reconhecimento do seu estado patológico). Fases da esquizofrenia: - Fase pré-mórbida: baixa sociabilidade, com predileção por atividades solitárias ou ansiedade social e alterações cognitivas. - Fase prodrômica: período variável de tempo, geralmente meses, antecedendo a eclosão da psicose franca. Estado de apreensão e perplexidade sem um foco aparente, considerado um período de transição entre a significação normal das coisas para uma significação delirante. Nota-se uma mudança no comportamento da pessoa, que passa a ficar mais isolada e a demonstrar atitudes peculiares e excêntricas, podendo ocorrer sintomas psicóticos breves e transitórios. - Progressão: o período prodrômico culmina com o primeiro episódio de psicose e, neste momento, inicia-se a chamada fase progressiva do transtorno, podendo ocorrer deterioração. - Estabilização: o transtorno evolui para fase estável, sujeita a recaídas. Lembrando que na esquizofrenia os sintomas negativos são detectados geralmente desde o princípio, ao passo que os sintomas positivos ou psicóticos ocorrem durante os episódios de exacerbação (“surtos”). Esquizofrenia e seus subtipos: 1. Paranoide: predomínio de delírios e alucinações; 2. Hebefrênica: predomínio de sintomas de desorganização do pensamento e comportamento; 3. Catatônica: estado em que há ocorrência de sintomas catatônicos proeminentes, frequentemente depois de meses ou anos de evolução do transtorno; 4. Simples (classificação aceita apenas pela CID-10 e não pelo DSM-V): rara e controversa. Seria a ocorrência espontânea apenas de uma síndrome negativa, sem sintomas positivos; 5. Residual: estado de empobrecimento cognitivo, afetivo e volitivo correspondente à fase de estabilização da esquizofrenia, geralmente resultante de anos de evolução do transtorno. 6. Indiferenciada: casos em que não há predominância clara dentre os subtipos anteriores. A esquizofrenia é neurotóxica, por isso não se pode deixar o paciente em fase aguda para sempre, deve-se buscar a remissão. Um pcte com esquizofrenia pode ter alteração cortical e aparecer na RM, por exemplo, se um pcte de 40 anos com esquizofrenia fizer uma ressonância, vai parecer a de um pcte de 80 pela redução cortical intensa. Óbito → maioria das vezes por suicídio!!! Genética e fatores ambientais: Padrão de herança: complexo poligênico. Há uma clara influência de fatores genéticos na esquizofrenia, para a população geral o risco de esquizofrenia é de 1%, já para gêmeos monozigóticos sendo um deles afetado, o risco aumenta para 60-84%. Fatores ambientais incidindo sobre indivíduos geneticamente predispostos à esquizofrenia, desde a vida intra-uterina até a adolescência, podem interferir no desenvolvimento cerebral normal. ↳ Estressores pré-natais: vários tipos de infecção, desnutrição e experiências traumáticas; ↳ Período perinatal/neonatal: complicações obstétricas (sangramento, diabetes, baixo peso ao nascer, hipóxia etc); ↳ Desenvolvimento na infância: ocorrência de déficits no desenvolvimento cognitivo, da linguagem e neuromotor; ↳ Adolescência: maconha → risco 2x maior para o desenvolvimento de esquizofrenia, tabagismo, uso de outras drogas; Comorbidades associadas à esquizofrenia: ● Tabagismo; ● T. de ansiedade; ● T. de personalidade; ● Síndrome metabólica; ● Cuidados com a saúde (pcte esquizofrênico não cuida muito da saúde). ★ Hipótese dopaminérgica da esquizofrenia: Os sintomas psicóticos estariam associados a um excesso de dopamina; Concentrações de dopamina estão aumentadas no cérebro de pacientes com esquizofrenia; A melhora dos sintomas psicóticos seria devida a um bloqueio da dopamina; A síndrome extrapiramidal traduziria o bloqueio dopaminérgico. A potência clínica dos antipsicóticos está diretamente relacionada à sua capacidade de ocupação de receptores D2 (tipo de receptor dopaminérgico), presentes predominantemente no estriado. Obs: os sistemas dopaminérgicos têm papel central nos sistemas de recompensa e reforço de um comportamento. Ou seja, se um estímulo é prazeroso, há um aumento na frequência de comportamentos direcionados a ele, e o contrário ocorre se um estímulo revelar-se aversivo. A psicose seria um estado de saliência aberrante mediado por desregulação do sistema dopaminérgico: na esquizofrenia, por uma série de predisposições genéticas e ambientais, haveria disparo e liberação de dopamina independente de desencadeantes ou do contexto, gerando um estado anormal de direcionamento endógeno de novidade e saliência a estímulos. Os delírios e alucinações desenvolver-se-iam como explicações cognitivas para este estado de novidade e saliência aberrante, baseados no contexto psicodinâmico e cultural do indivíduo. Neuroimagem estrutural As técnicas incluem a tomografia computadorizada e a ressonância magnética estrutural. O achado neuroestrutural mais replicado na esquizofrenia é o alargamento do sistema ventricular, principalmente ventrículos laterais e terceiro ventrículo. Este alargamento ventricular é frequentemente acompanhado de redução do volume cerebral total e da substância cinzenta cerebral. Quanto mais pronunciadas as reduções focais de substância cinzenta, maior o número de recorrências e hospitalizações e pior a resposta ao tto com antipsicóticos. Tratamento O tratamento moderno da esquizofrenia é essencialmente realizado com o uso de neurolépticos, tb chamados de antipsicóticos, que são divididos em primeira geração (ou típicos) e segunda geração (ou atípicos). ● ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS - Age bloqueando receptores dopaminérgicos D2 (principalmente nos receptores nigroestriatais, tendo muitos efeitos extrapiramidais); - Age bem nos sintomas positivos (psicose, delírios); - Efeitos extrapiramidais: parkinsonismo (rigidez, alteração motora etc) e outros movimentos anormais; - Alta potência: Haloperidol!!! muito utilizado em pctes internadosem fase aguda; - Baixa potência: clorpromazina. ● ANTIPSICOTICOS ATIPICOS - Não atuam nos receptores nigroestriatais, por isso tem menos ef extrapiramidais (vantagem). Bloqueio de receptores 5-HT2 (serotoninérgicos pré sinápticos) e ação antagonista D2 seletiva em regiões mesolímbicas; - Primeira linha de tratamento; - Agem bem nos sintomas negativos; - Riscos: S. metabólica e agranulocitose (predispõe a infecções); - Clozapina, olanzapina, risperidona, quetiapina. Fase aguda (mês de sintomas mais proeminentes): ● Pcte precisa ser INTERNADO, pois apresenta risco para si mesmo e para família. Ex: alucinação auditiva de comando; ● Antipsicótico - deve ser adm a todos os pacientes! ● Preconiza-se a monoterapia - primeira linha de tto: atípicos. Fase de manutenção (pcte saiu da fase aguda e está ou com sintomas prodrômicos ou assintomático intercrises): ● Tratar pcte para profilaxia de novos surtos e recuperação de disfunções que podem ter ficado da fase aguda. Pcte que não é tratado → 50% de chance de desenvolver novo quadro agudo em até 1 ano. Pctes tratados tem em torno de 15% de chance; ● Manter antipsicótico de fase aguda; ● Uso contínuo (pra vida toda). Dx diferenciais: T. Delirante (associado exclusivamente ao delírio); T. psicótico breve (mesmos critérios, mas duração de até 1 mês; T. Esquizofreniforme (mesmos critérios, mas até 6 meses); T. Esquizoafetivo (transtornos de humor muito proeminentes, geralmente se tem o psicótico assoc ao T. de humor); T. de Humor (se tratar o T. de humor, o sintoma positivo acaba, pois só ocorre em vigência da alteração de humor). Obs: a esquizofrenia é uma psicose, mas nem toda psicose é esquizofrenia. Obs2: vários medicamentos podem produzir sintomas psiquiátricos, depressivos ou psicóticos, como os antivirais, antibióticos, antiparkinsonianos (especialmente levodopa), ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes (principalmente topiramato), corticosteróides, digitálicos, psicoestimulantes etc. Perguntas de rastreio: Com acompanhante!!!! Você já teve alguma experiência como se estivesse sonhando acordado? Ultimamente, vc teve alguma experiência estranha ou esquisita que não consegue explicar? Você vê ou ouve coisas que outras pessoas não conseguem ouvir ou ver? Delírios persecutórios ou de referência (acha que tem alguém te perseguindo, falando de vc?) Vc acha que sua imaginação tá pregando peças em vc? Comportamento (alguém te reprime por algum comportamento seu?) Nunca esquecer que o paciente com esquizofrenia não acredita na sua doença, ele acredita que é tudo realidade e isso é parte da doença!! Assim, não adianta confrontá-lo.
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