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Toxoplasma gondii A espécie Toxoplasma gondii é heteróxena facultativa; seu ciclo pode ser direto, ou seja, todo no hospedeiro definitivo, ou pode haver hospedeiros intermediários, com formação de cistos polizoicos. Essa espécie apresenta baixa especificidade quanto aos hospedeiros intermediários. Hospedeiros: ➔ Definitivos: felídeos, principalmente o gato ➔ Intermediários: mamíferos e aves. Principais características: Quando esporulados, os oocistos são dispóricos; os esporocistos são tetrazoicos, medem aproximadamente 10 μm e têm formato subesférico. Quando a infecção é aguda, ocorre divisão acelerada pelos taquizoítos, que são encontrados livres ou em pseudocistos (clones), que apresentam estrutura alongada, de parede definida. À medida que a infecção vai se tornando crônica, são formados os cistos, caracterizados por terem parede bem definida e estrutura arredondada ou alongada, entre 10 e 100 μm, e nos quais se encontram os bradizoítos (cuja divisão é lenta). Ciclo biológico: Os hospedeiros intermediários se infectam ao ingerir o alimento ou a água contaminados com oocistos esporulados. No trato digestivo, há liberação de esporozoítos, que chegam ao fígado, cérebro e outros órgãos (fase extraintestinal) pelas vias linfática e sanguínea, passando a ser chamados de trofozoítos. Nesses órgãos, ocorre a fase assexuada da reprodução (endodiogenia). Essa fase é tão rápida que os trofozoítos são chamados de taquizoítos, caracterizando a fase aguda da doença. Em consequência da resposta imune do hospedeiro, os taquizoítos diminuem então sua velocidade de reprodução, passando a se chamar bradizoítos, e formam uma parede cística como proteção contra os anticorpos. O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir tecidos de animais contendo os pseudocistos ou clones (taquizoítos) ou os cistos (bradizoítos). No epitélio intestinal, ocorre a gametogonia, e o oocisto não esporulado vai ao ambiente com as fezes. Em condições adequadas de temperatura, umidade e oxigenação, ocorre a esporulação, o que torna o oocisto infectante. Os felídeos podem se infectar por meio de oocistos, sem a necessidade de hospedeiro intermediário, daí serem também chamados de hospedeiros completos, pela ocorrência das fases enteroepitelial e extraintestinal. Quando a infecção do felídeo ocorre por ingestão de presas infectadas ou carne com cistos ou pseudocistos, o ciclo assume um Doenças Parasitárias caráter heteróxeno facultativo, em que ocorrerá apenas a gametogonia no epitélio intestinal do hospedeiro final. Pode haver transmissão transplacentária, e os hospedeiros intermediários também podem se infectar por meio da ingestão de carne malcozida ou tecidos de presas com cistos do parasito. Importância em Medicina Veterinária e Saúde Pública: A maioria das infecções é assintomática e ocorrem relativamente poucos casos clínicos. No hospedeiro intermediário, na fase aguda da infecção, podem ser observados febre, anorexia, prostração, adenopatias, fortes dores musculares, secreção ocular bilateral, distúrbios pulmonares e abortamento em humanos e ovinos. Em humanos, as infecções congênitas podem determinar a hidrocefalia ou microcefalia fetal e complicações visuais. É importante ressaltar que: Só há risco para as gestantes se a primeira infecção por T. gondii ocorrer durante a gestação. Cães, pássaros e outros animais de estimação não transmitem a infecção, uma vez que são hospedeiros intermediários e, assim, não eliminam oocistos pelas fezes. Para que isso ocorresse, seria necessário ingerir a carne ou as vísceras desses animais. Gatos sadios, alimentados com ração comercial, também não oferecem risco para os humanos e demais hospedeiros intermediários. Somente há risco se eles estiverem infectados e na fase aguda, quando eliminam oocistos com as fezes. Entretanto, como os gatos também desenvolvem imunidade contra T. gondii, não eliminam oocistos por mais que 2 semanas em toda a sua vida. A maior fonte de infecção para humanos são carnes com oocistos maduros e ingeridas cruas ou malcozidas. Esquema representando o ciclo heteroxeno facultativo de Toxoplasma gondii *A etapa de diferenciação (merogonia) ocorre no epitélio intestinal do gato, ao passo que a esporogonia é exógena. A infecção ocorre pela ingestão de vegetais ou carnes que contenham, respectivamente, oocistos infectantes (esporulados) ou cistos. Também é possível a infecção transplacentária. O diagnóstico é determinado pela presença de oocistos nas fezes do hospedeiro definitivo, mas deve-se ter muito cuidado para não confundi-los com os de outras espécies dos gêneros Hammondia e Besnoitia. Na necropsia, as principais lesões visualizadas são inflamação, necrose, pneumonite e encefalomielite fetal. Em cortes histológicos ou em impressões de tecidos corados pelo Giemsa, podem ser visualizados os pseudocistos (ou clones) e os cistos. Testes sorológicos (teste da aglutinação modificado, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta e outros) possibilitam diagnosticar a infecção, bem como saber se está na fase aguda ou crônica. Devem ser feitas a limpeza diária de gatis e a remoção adequada e diária das fezes, pois os oocistos necessitam de pelo menos 24 h para esporular e se tornarem infectantes. Alguns cuidados devem ser rigorosamente cumpridos para evitar a infecção como: lavar as mãos antes das refeições usar luvas para a prática de jardinagem e ao limpar as caixas higiênicas dos gatos não dar carne crua aos felinos combater insetos (moscas, baratas e formigas) que podem veicular oocistos em suas patas manter a ração dos animais em potes bem fechados Referência bibliográfica: MONTEIRO, Silvia Gonzalez. Parasitologia na medicina veterinária. 2 edição. Rio de Janeiro: Roca, 2017. Diagnóstico Controle
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