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CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II Afecções do sistema locomotor Ostearticular ARTICULAÇÕES A articulação é a união de dois ossos. Existem as articulações verdadeiras, conhecidas como sinovial e diartrodal. Tem a extremidade de dois ossos, as extremidades com radiopacidade um pouco maior é chamada de osso subcondral. Do osso subcondral é onde se origina a formação dos condrócitos, eles começam a se multiplicar e vão se migrando para a cartilagem. A cartilagem é do tipo hialina, que tem função de amortecer. É formada por condrócitos, água que vai dar maciez ao tecido, 70% da cartilagem é água, justamente para que faça esse amortecimento, também possui colágeno e o que dá resistência são os proteoglicanos e os glicosaminoglicanos. Na cartilagem também tem ácido hialurônico em pequena quantidade. Então os condrócitos se formam no osso subcondral, se multiplicam e migram para cartilagem, essa cartilagem ao redor desse condrócito é muito rica em agua, um pouco colágeno, proteoglicanos, glicosaminoglicanos, dentro dos glicosaminoglicanos tem condroitina que é muito importante e isso tudo faz uma substancia amorfa ao redor dos condrócitos. Mas a cartilagem não tem vasos, então a nutrição da cartilagem vem do líquido sinovial. O líquido sinovial é extremamente viscoso que auxilia na lubrificação, nutrição e na proteção. Nele possui células de defesa, pois é um filtrado do plasma sanguíneo. Porém só o filtrado do plasma não daria viscosidade, então tem ácido hialurônico ou hialuronato que são responsáveis pela viscosidade do liquido. Se houvesse uma inflamação aumentaria a vascularização, logo aumenta a quantidade de plasma no local e consequentemente aumento do liquido sinovial, mas não terá a mesma qualidade porque não houve tempo para conjugar com o ac. Hialurônico. O liquido tem aspecto: Transparente, alta viscosidade e amarelo bem claro. Mas de onde vem o líquido e como ele chega na articulação? Temos a cápsula articular, por dentro da cápsula tem a membrana sinovial, essa membrana tem um monte de vilosidades e nessas vilosidades tem o sinoviocitos. Toda a defesa da articulação é feita pelos sinoviocitos. Então quem manda as células para fazer fagocitose, retirar impurezas ou fazer regeneração? Sinoviocitos. Quem faz regulação de proteína com ácido hialurônico para dar viscosidade ao líquido? Os sinoviocitos. Se tem uma infecção quem manda as células de defesa? Os sinoviocitos. A cápsula sinovial é mais fibrosa que serve para dar estabilidade junto com os ligamentos. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II Todo animal atleta tem alta predisposição a uma doença degenerativa na articulação? Sim!!!! No caso dos animais atletas eles fazem esforço, esse esforço desencadeia um processo inflamatório, mandando células inflamatórias. Essas células vão ocasionar degeneração da cartilagem. Uma vez que a cartilagem se regenera, como ela se regenera? O tecido ósseo se prolifera quando tem uma injuria. Já a cartilagem muda, quando ela cicatriza acaba virando uma fibrocartilagem que tem menos elasticidade, menor absorção de impacto e menos maciez, então essa cartilagem não mantem a articulação saudável, quando o animal volta a trabalhar surge novas lesões. Então quem é nosso vilão? As Células inflamatórias. Sendo assim quais opções de terapêutica? 1. AINES 2. AIES Mas não pode fazer toda vez que o animal for trabalhar. Então o que pode fazer diariamente ou quando o animal trabalha pra modular a inflamação? 1. Gelo (crioterapia) 2. Fisioterapia Então esses métodos servem pra modular a inflamação no dia a dia do animal pra evitar o uso de AINES e AIES. Os AIES são muito utilizados nas lesões articulares principalmente por sua ação local. Então, o principal uso de corticoides é intra-articular. Nesse caso pode utilizar: Prednisolona Betametasona Metilpredinisolona Dexametasona CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II São potentes em diminuir os efeitos deletérios da inflamação. Eles diminuem muito a dor! Tem potente ação analgésica. Fazer ou não? Depende. Se o animal for correr no fim de semana e eu faço a medicação hoje ele estará bem para correr? Sim. Porém vamos lesionar ainda mais a articulação, pois o animal vai sobrecarregar a articulação. A curto prazo o uso de corticoide é excelente, porém a longo prazo ou aplicações repetitivas do corticoide traz malefícios o uso contínuo de AIES atua de maneira negativa nos condrócitos. Então é uma boa opção usar os corticoides, mas não deve usar sozinho. O QUE MAIS PODE SER ASSOCIADO À TERAPÊUTICA? Se melhorar a qualidade do líquido sinovial? Melhorar a qualidade e viscosidade do líquido? Sim, é possível através do uso de substâncias viscoelasticas. A principal delas é o ácido hialurônico. Pode ser comprado e colocado dentro da articulação. Esse ácido tem diferentes pesos moleculares: quanto maior o peso molecular maior a viscosidade, Porém quanto menor o peso menor a viscosidade o custo é mais barato. Alto peso molecular uso exclusivo intra-articular. Baixo peso pode ser feito intra- articular ou intravenoso. Mas qual o sentido fazer IV? Depende. Se for mais de uma articulação tem que fazer IV pois ele vai atuar no organismo como um todo. Se for uma única articulação faz intra-articular. Outra opção é o uso de sulfato de condroitina. Onde ela irá atuar? Na cartilagem. Tem ação condroprotetora. Tudo depende da fase onde pega a lesão. O grande problema é que quando tem start para o processo degenerativo não é possível voltar atrás. Então se tem um cavalo de alto valor zootécnico que vai ser usado para esportes tem que fazer terapia preventiva com gelo, fisioterapia e suplementos com condroitina. Pode ser feito uso de ácido hialurônico de baixo peso molecular e mensalmente fazer uso IV. Não pode fazer infiltração intra-articular se não tiver lesão. Tem sulfato de condroitina que pode ser feito IM semanalmente. Se tem uma articulação de pouca movimentação e esse processo de degeneração está avançado, acelera o processo e faz artrodese. Mas isso pensando em cavalo mais velho. Cavalo jovem com uma degeneração elevada tem poucas chances de levar ele por um longo período. COMO SERÁ QUE ISSO COMEÇA? A primeira lesão (início do processo) vem como uma sinovite ou capsulite. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II SINOVITE OU CAPSULITE É um processo inflamatório só da membrana sinovial ou da cápsula articular, não tem envolvimento da cartilagem ou osso subcondral. Se há inflamação produz mais líquido. Então o sinal clínico é efusão articular (Aumento de volume pelo aumento da produção de líquido sinovial). Isso pode ser por: Sobrecarga de exercício Trauma repetitivo Entorse: perde a relação da articulação, mas volta. Na luxação a perda da relação articular é permanente. Quem dá estabilidade é a cápsula e o ligamento, se essas estruturas se rompem causa entorse. Idiopática As articulações mais acometidas são as dos membros anteriores (por peso maior sobre elas, maior impacto) e as de maior movimentação como boleto, carpo e o tarso podem ser acometida eventualmente. SINAIS CLÍNICOS Aumento de volume/efusão articular: importante saber que o aumento é por efusão, pois poderia ser um aumento de volume por edema. Qual a diferença? Edema: o líquido está no espaço intersticial e tem sinal de Godet +. Efusão: o líquido está dentro da cápsula, não tem sinal de Godet. Aumento de temperaturas bem discreto Dor a palpação leve e teste de flexão articular positivo Claudicação variável DIAGNÓSTICO Raio-X: não mostra nada porque até o momento não tem alteração óssea. US: mostra aumento do líquido. Nos casos crônicos já mostra espessamento da cápsula articular (> 20 dias) Análise de liquido: queda na viscosidade Aumento de volume na articulação metacarpo falangeana. CLÍNICADE GRANDES ANIMAIS II Na articulação metacarpo falangeana a região que favorece a efusão é chamada de recesso volar. Na região dorsal também tem um amento discreto de volume, mas a onde a capsula permite maior efusão é no recesso volar. O que está em azul é a área abrangida pela capsula articular a onde está o liquido sinovial. Dorsalmente tem os tendões extensores que comprimem a capsula e faz com que ela não distenda tanto pra frente e na parte de traz é onde não tem nada comprimindo e é onde permite onde a capsula distenda facilmente. Em verde está a bainha tendinea (recobre o profundo e superficial) e existe a possibilidade de distensão da bainha tendinea. Então precisa diferenciar a efusão de uma sinovite/capsulite de uma distensão da bainha tendinea. Como diferenciar? O limitador é o Ligamento suspensor do boleto (LSB), CRANIAL ao LSB é distensão da CAPSULA, CAUDAL ao LBS a distensão é da BAINHA (ver vídeo). TRATAMENTO AGUDA Gelo (72h) Anti-inflamatório tópico e/ou sistêmico: depende do grau de claudicação. Se for claudicação mais importante fazer Anti Inflamatório sistêmico. ↳ Se for leve fazer local anti-inflamatório, massagem e o uso de ligas para dar mais sustentação a essa articulação que pode ter sofrido entorse e ter seus ligamentos comprometidos. ↳ DMSO, Diclofenaco, Cetoprofeno CRÔNICA Infiltração (corticoide + acido hialurônico) e 24h de repouso após. Lavagem e drenagem articular CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II Anti-inflamatório já pode ser feito com corticoides associado ao acido hialurônico na hora de aplicar drenar o excesso e aplica o liquido “novo” na capsula. Infiltração com antibiótico: ampola de amicacina para prevenir uma possível contaminação e artrite séptica!!!! Na semana de provas do animal: fazer antissepsia sem tricotomia e pode ter maior possibilidade de contaminação!!! !! Uso de antibiótico é desnecessário se tem certeza da antissepsia que foi feita. !! Repouso pós infiltração de 24h. ARTRITE Após a sinovite ocorre a artrite. A evolução da sinovite é a artrite porque o liquido já esta ruim, a capsula está lesionada então a articulação em si começa a ficar lesionado também, e é nesse momento que a claudicação fica mais evidente (≠ da sinuvite). Alteração do liquido sinovial – aumento a quantidade, celularidade e viscosidade (antes era líquido sem viscosidade e com aumento de volume, agora além disso tem as células inflamatórias) Aumento da temperatura Dor moderada na manipulação/ flexão + Efusão de curvilhão no tarso com aumento de volume, o curvilhão tem mais área pra ter efusão e o raio-x dele continua limpo porque ainda não tem alteração óssea. DIAGNÓSTICO Raio-X: não adianta de nada. Ultrassom: mostra aumenta o do líquido e observa a celularidade no líquido. Também é possível ver a cápsula espessa/edemaciada. E se fizer a análise do líquido, além da ausência de viscosidade dá pra ver presença de leucócitos. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II TRATAMENTO Anti-inflamatório sistêmico – para tratar a dor e claudicação. Gelo Melhorar o líquido – com viscoelasticos e pode utilizar corticoide local. Condroprotetor – condroitina Infiltração articular REPOUSO!! Até melhorarem os exames – pelas células inflamatórias pode ter degeneração na cartilagem, a melhor prevenção é o repouso. Retorno precoce acelera a degeneração da cartilagem. DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA/OSTEOARTRITE Da artrite há a evolução para osteoartrite que já possui comprometimento ósseo. Nessa hora já está formada a cascata. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II No raio x já é possível ver bico de papagaio. Só isso já é suficiente para causar dor e claudicação. Se já da pra ver alteração óssea a cartilagem já foi, segundo ponto a articulação sempre tem contornos arredondados se houve a proliferação óssea significa que está acontecendo a pelo menos uns 4 meses. ARTRITE CRÔNICA Alteração do líquido sinovial Diminui amortecimento e leva a instabilidade articular DAD Migração de células inflamatórias e enzimas inflamatórias, IL, leucócitos e metaloproteinases, TNFa. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II Fibrocartilagem Trabalho continuo, aumento do atrito que leva a alteração do osso subcondral. É um processo degenerativo crônico que vai terminar com a destruição progressiva da cartilagem. CAUSAS Traumáticas Idiopáticos Iatrogênica: ex. Repetição de infiltração com corticoides Animais mais idosos tem maior predisposição ao desenvolvimento desta doença. É possível observa uma erosão na cartilagem. Ela está repleta de linhas e deveria ser lisa, e isso mostra o início da degeneração. As linhas são chamadas de FIBRILAÇÃO DA CARTILAGEM e o próximo passo é a erosão. Não tem tanto impacto tem mais atrito, porém quando estende a ponta do metacarpo beija a falange, provendo o desgaste. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II SINAIS CLÍNICOS Qualquer articulação pode ser acometida tendendo para crônico Claudicação variável e progressiva sendo leve a moderada, severa Teste de flexão articular + Efusão articular Pouca alteração no liquido Sinovial. Bloqueio anestésico positivo DIAGNÓSTICO Raio x: esclerose do osso subcondral, osteofitos/entesofito, diminuição do espaço articular, anquilose Osteofito é proliferação óssea na borda articular. Enteseofito é uma proliferação na inserção do ligamento ou capsula. US: Confirma a erosão da cartilagem e pouca alteração no liquido. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II Bico de papagaio: são osteofitos que são proliferações na borda que deveria ser arredondada. Uma hora esse “bicão” quebra. Plica sinovial= é uma dobra da membrana sinovial. Não é possível reverter a situação, o tratamento visa diminuir dor e impedir a progressão da doença. Lembrar que impedir dor não regride a doença. TRATAMENTO Tentar diminuir dor com AI sistêmico e corticoide intra-articular. Não está tratando, se ele fizer esforço só vai piorar. OPÇÕES DE TRATAMENTO 1. CLINICO: AINES – tratar a dor Corticoides intra-articular – para dor também. Viscoelasticos – evita a progressão da doença Condroprotetores – evita a progressão da doença Ferrageamento: Não trata diretamente o problema, mas auxilia na movimentação. Fisioterapia ou Crioterapia ajuda bastante nesses casos. Stock wave: equipamento que dispara choques. Auxilia na modelação óssea. 2. CIRÚRGICO Artroscopia: tem como vantagem visualizar a lesão diretamente. Muitas vezes desnecessário. Mas pode acontecer de pedir pra fazer curetagem, porem retirar o fragmento só vai estimular a crescer. Artrotomia Artrodese – Somente em articulações de pouca movimentação. Diminuição de espaço articular acentuada. Não tem mais cartilagem na região que faz com que haja compressão da área. A região de baixo da primeira falange está mais Branco, indicando esclerose do osso subcondral. Não há curva na articulação, está reta e com uma ponta. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II DOENÇAS OSTEOPROLIFERATIVAS Podem ter origem: Traumas diretos Feridas Lesão Ligamentar E existe uma proliferação óssea na região da lesão. 1. Ring Bone - acomete a região Interfalangeana proximal (a lesão é conhecida como ring boné por aparentar um anel) 2. Esparavão ósseo – Acomete tarso. Essas duas lesões podem ser decorrentes de um processo de osteoartrite e vão culminar com a perda da articulação. Foto da pata sendo comparada com osso: aumento de volume próximo ao casco, no osso a segunda falange está fundida a terceira falange.A proliferação ocorre em forma de anel na articulação por isso é chamada de ring bone TRATAMENTO Não dá pra reduzir depois que se inicia a proliferação Diminuir evolução: Ferrageamento Infiltração local de neurolitico Substâncias cáusticas pra remodelar o osso Retirar sensibilidades Acelerar evolução até anquilose: Uso de substâncias químicas ou cirurgia Imagem de raio x da articulação do tarso. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II No inicio do processo tinha osteofitos e não dava pra ver direito a linha articular, nesse primeiro momento o prof tentou retardar o processo, quando ele percebeu que retardando o processo ele não estava sendo efetivo ele acelerou o processo com pirografo. Pode usar um pirografo que é uma caneta incandescente que vai levar a um processo inflamatório intenso. PERIOSTITE III METACARPIANO (DOR DE CANELA) Doença de animal jovem que faz exercício em alta velocidade (PSI e Quarto de milha). Necessário adaptação ao exercício e remodelamento ósseo que suporte a carga de trabalho. ADAPTAÇÃO AO EXERCÍCIO Remodelamento ósseo que suporte a carga de exercício Lesões cumulativas MICROFRATURAS POR ESTRESSE Pequenas fraturas que levam a lesão no periósteo e a hematoma e diminuição da capacidade de remodelamento PROCESSO REACIONAL DO PERIÓSTEO DOR DE CANELA Acomete animais jovens, membro anterior e na face dorsal do metacarpiano. SINAIS CLÍNICOS Dor a palpação Aumento de volume dorsal Relutância ao exercício (passo curto) DIAGNÓSTICO Clinico Pode ser feito Raio - x TRATAMENTO AGUDO Repouso de 4 semanas sem treinamento AINES sistêmicos e tópico Corticoide no periósteo CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II CRÔNICO Repouso de 3 a 6 meses Cauterização Química ou térmica: ponta de fogo ou revulsivo e faz repouso absoluto por 6 meses. Fisioterapia 3x/dia e continuam com o trabalho com menor carga: teve bom resultado. Tem uma técnica chamada “osteotiqueses” que faz pequenos furos com a broca no periósteo e ele vai proliferar e aumenta a resistência o problema é que até isso acontecer demora 6 meses.
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