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Vários psicopatólogos preferem não separar a sensação da percepção e denominam o fenômeno de sensopercepção. A percepção seria fenômeno ativo; o sistema nervoso e a mente do sujeito constroem um percepto por meio da síntese dos estímulos sensoriais, estímulos esses confrontados com experiências passadas registradas na memória e com o contexto sociocultural em que vive o sujeito e que atribui significado às experiências Diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica do processo, à transformação de estímulos puramente sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes. Entende-se como a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial. É o produto ativo, criativo e pessoal de experiências que partem de estímulos sensoriais, mas são recriadas na mente de quem percebe algo. A sensação é considerada, portanto, um fenômeno passivo; estímulos físicos (luz, som, pressão) ou químicos atuam sobre sistemas de recepção do organismo Arbitrariamente, então, se atribui à sensação a dimensão neuronal, ainda não plenamente consciente, no processo de sensopercepção. É fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Bibliografia: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008 A diferença entre percepção e apercepção é mais sutil e polêmica. Para filósofo Leibniz, significando a plena entrada de uma percepção na consciência e sua articulação com os demais elementos psíquicos. Aperceber é perceber algo integralmente, com clareza e plenitude, por meio de reconhecimento ou identificação do material percebido com o preexistente. Para Jung , a apercepção como um processo psíquico em virtude do qual um novo conteúdo é articulado de tal modo a conteúdos semelhantes já dados que se pode considerar imediatamente claro e compreendido. A apercepção seria propriamente uma gnosia, ou seja, o pleno reconhecimento de um objeto percebido. É preciso distinguir o fenômeno imagem do fenômeno representação. Ao contrário da imagem perceptiva real, a imagem representativa ou mnêmica (representação) se caracteriza por ser apenas uma revivescência de uma imagem sensorial determinada, sem que esteja presente o objeto original que a produziu. O elemento básico do processo de sensopercepção é a imagem perceptiva real, ou simplesmente imagem. A imagem se caracteriza pelas seguintes qualidades: Nicolle Marcondes 1 Nitidez (a imagem é nítida, seus contornos são precisos) Corporeidade (a imagem é viva, corpórea, tem luz, brilho e cores vivas) Estabilidade (a imagem percebida é estável, não muda de um momento para outro) Extrojeção (a imagem, provinda do espaço exterior, também é percebida neste espaço) Ininfluenciabilidade voluntária (o indivíduo não consegue alterar voluntariamente a imagem percebida) Completitude (a imagem apresenta desenho completo e determinado, com todos os detalhes diante do observador). Imagem eidética (eidetismo) Pouca nitidez (os contornos, geralmente, são borrados) Pouca corporeidade (a representação não tem a vida de uma imagem real) Instabilidade (a representação aparece e desaparece facilmente do campo de consciência) Introjeção (a representação é percebida no espaço interno) Incompletude (a representação demonstra um desenho indeterminado, apresentando-se geralmente incompleta e apenas com alguns detalhes). Representação é a reapresentação de uma imagem na consciência, sem a presença real, externa, do objeto que, em um primeiro momento, gerou uma imagem sensorial. A imagem representativa ou mnêmica (representação) se caracteriza por: A seguir os subtipos de imagem representativa: São as imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. Ao olhar uma nuvem e poder ver nela um gato ou um elefante, a criança está experimentando o que se denomina pareidolia. Da mesma forma, ocorre pareidolia ao se olhar uma folha com manchas imprecisas e, por meio de esforço voluntário, visualizar nessas manchas determinados objetos. Ambas as formas de percepção artificialmente modificadas devem ser classificadas como pareidolias. Imaginação é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou na criação de novas imagens (imagem criada). Fantasia é uma produção imaginativa, produtominimamente organizado da imaginação. Elase origina de desejos, temores e conflitostanto conscientes como inconscientes. Temuma importante função psicológica: ajudar oindivíduo a lidar com as frustrações, com odesconhecido e, de modo geral, com os seusconflitos. É a evocação de uma imagem guardada na memória, ou seja, de uma representação, de forma muito precisa, com características semelhantes à percepção. A imagem eidética é experimentada por alguns indivíduos que, por uma capacidade excepcional, conseguem ver um objeto com muita nitidez e clareza (uma cadeira, a face de uma pessoa, etc.). A evocação de uma imagem eidética é voluntária e não representa necessariamente sintoma de transtorno mental. Nicolle Marcondes Pareidolias 2 ALTERAÇÕES DA SENSOPERCEPÇÃO Nas alterações quantitativas, as imagens perceptivas têm intensidade anormal, para mais ou para menos, configurando hiperestesias, hiperpatias, hipoestesias, anestesias e analgesias. Eventualmente, esses termos são empregados em neurologia com um sentido um pouco diverso do utilizado em psicopatologia. A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra- se em constante desenvolvimento. As parestesias diferem das disestesias pelo fato de aquelas ocorrerem de forma espontânea e estas serem desencadeadas por estímulos externos. Algumas disestesias e parestesias corporais, podem acometer pacientes histéricos, hipocondríacos, somatizadores, ansiosos e, ocasionalmente, indivíduos submetidos a estados emocionais intensos. Hiperestesia no sentido psicopatológico, é a condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. Os sons são ouvidos de forma muito amplificada; um ruído parece um estrondo; as imagens visuais e as cores tornam-se mais vivas e intensas. Ocorre nas intoxicações por alucinógenos, como o LSD, em algumas formas de epilepsia, na enxaqueca, no hipertireoidismo, na esquizofrenia aguda e em certos quadros maníacos. Tipos de ilusão É a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. Alucinação é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. Alguns autores chamam de alucinações verdadeiras aquelas que têm todas as características de uma imagem perceptiva real (nitidez, corporeidade, projeção no espaço exterior, constância). Embora as alucinações sejam mais comuns em indivíduos com transtornos mentais graves, podem ocorrer em pessoas que não os apresentem. Parestesias: São sensações táteis desagradáveis (embora não sentidas propriamente como dor), em geral espontâneas, descritas pelos pacientes como “formigamentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação” mais ou menos intensas. A parestesia de Berger, por exemplo, ocorre quando um sujeito cruza as pernas por longo tempo e passa a sentir formigamento, em parte da perna, por compressão transitória do nervo correspondente. As alterações qualitativas da sensopercepção são as mais importantes em psicopatologia. Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudo-alucinação. Nicolle Marcondes Ilusão se caracteriza pela percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão, há sempre um objeto externo real, gerador do processo de sensopercepção, mas tal percepção é deformada, adulterada, por fatores patológicos diversos. Ilusão é a percepção deformada de um objeto real e presente. 3 Hiperpatiano sentido neurológico, quando uma sensação desagradável (geralmente de queimação dolorosa) é produzida por um leve estímulo da pele. A hiperpatia ocorre tipicamente nas síndromes talâmicas. Hipoestesia no sentido psicopatológico, é observada em alguns pacientes depressivos, nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro; as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho; os alimentos não têm mais sabor; e os odores perdem sua intensidade. As hipoestesias táteis, são alterações localizadas em territórios cutâneos de inervação anatomicamente determinada, compondo as chamadas síndromes sensitivas de interesse à neurologia clínica. Disestesias táteis: São sensações anômalas, em geral dolorosas, desencadeadas por estímulos externos; assim, ao estimular a pele do paciente com calor, este refere sensação de frio; e, após um leve roçar sobre a pele, refere dor. As ilusões ocorrem basicamente em três condições: 1. Estados de rebaixamento do nível de consciência. 2. Estados de fadiga grave ou de inatenção marcante. 3. Alguns estados afetivos. As ilusões mais comuns são as visuais, nas quais o paciente geralmente vê pessoas, monstros, animais, entre outras coisas, a partir de estímulos visuais como móveis, roupas, objetos ou figuras penduradas nas paredes. Estranheza do mundo percebido Nas fases iniciais de muitos quadros psicóticos, observa-se a estranheza do mundo, na qual o mundo, como um todo, é percebido alterado, bizarro, difícil de definir pelo doente. É um fenômeno muito próximo da desrealização. A alucinação denominada alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação. O indivíduo permanece consciente de que aquilo é um fenômeno estranho, patológico, não tem nada a ver com a sua pessoa, estabelecendo distanciamento entre si e o sintoma. Diz-se que a alucinose é um fenômeno periférico ao Eu, enquanto a alucinação é central ao Eu. ALUCINAÇÕES MUSICAIS ALUCINAÇÕES VISUAIS ALUCINAÇÕES TÁTEIS Os tipos de alucinação mais importantes na clínica são apresentados a seguir. ALUCINAÇÕES AUDITIVAS Nicolle Marcondes 4 ALUCINAÇÕES OLFATIVAS E GUSTATIVAS ALUC. CENESTÉSICAS E CINESTÉSICAS ALUCINAÇÕES FUNCIONAIS ALUCINAÇÕES COMBINADAS ALUCINAÇÕES EXTRACAMPINAS ALUCINAÇÃO AUTOSCÓPICA ALUC. HIPNAGÓGICAS E HIPNOPÔMPICAS ALUCINOSE
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