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Súmula Psicopatológica - Sensopercepção

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JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 
 
1 Psiquiatr ia 
 
 
A sensopercepção constitui a primeira etapa da cognição, ou seja, do conhecimento do 
mundo externo. Este se refere aos objetos reais, isto é, àqueles que estão fora de 
nossa consciência. 
 
SENSAÇÃO x PERCEPÇÃO 
 
➔ SENSAÇÃO: fenômeno passivo, físico, periférico e 
objetivo; resulta das alterações produzidas por estímulos 
externos sobre os órgãos sensoriais; permite distinguir as 
qualidades elementares dos objetos: cor, forma, peso, 
temperatura, consistência, textura, timbre, sabor etc. 
➔ PERCEPÇÃO: fenômeno ativo, psíquico, central e 
subjetivo; resulta da integração das impressões sensoriais 
parciais e da associação destas às representações; 
relaciona-se à identificação, reconhecimento e 
discriminação dos objetos; dá significação às sensações. 
 
Exemplos: 
• Sensações: formas e cores em uma fotografia. 
• Percepções: um quadro-negro, carteiras, crianças 
uniformizadas (sentadas) e uma senhora de pé. 
• Apreensão (ou apercepção): uma aula. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS 
QUALIDADES SENSORIAIS 
 
➔ EXTEROCEPTIVAS: visuais, auditivas, gustativas, 
olfativas, cutâneas (táteis, térmicas, dolorosas). 
➔ INTEROCEPTIVAS (ou cenestésicas): bem-estar, mal-
estar, fome, sede, sensibilidade visceral. 
➔ PROPRIOCEPTIVAS: cinestésicas (movimentos 
corporais), posição segmentar do corpo, equilíbrio, 
barestesia (sensibilidade à pressão), palestesia 
(sensibilidade para vibrações). 
. 
IMAGEM 
Pe r c ep t i v a X Re p r e s e n ta t i v a 
 
 
Características da IMAGEM PERCEPTIVA: 
• Corporeidade: os objetos são tridimensionais. 
• Extrojeção: os objetos estão localizados no espaço 
objetivo externo, isto é, fora da consciência. 
• Nitidez: os contornos dos objetos são precisos. 
• Frescor sensorial: a percepção é vívida. Por 
exemplo: as cores são brilhantes. 
• Estabilidade: a imagem é constante, não 
desaparece nem se modifica de repente. 
• Ausência de influência pela vontade: a imagem é 
aceita passivamente pelo indivíduo, que não pode 
evocá-la nem a modificar arbitrariamente. 
 
IMAGEM REPRESENTATIVA (ou mnêmica): 
• Ausência de corporeidade: a imagem é 
bidimensional. 
• Introjeção: o objeto está localizado no espaço 
subjetivo interno, isto é, na mente. 
• Imprecisão. 
• Falta de frescor sensorial. 
• Instabilidade. 
• Possibilidade de influência pela vontade. 
 
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS 
 
AGNOSIA 
 
Distúrbio do reconhecimento de estímulos visuais, 
auditivos ou táteis, na ausência de déficits sensoriais. 
As sensações continuam a ocorrer normalmente, porém 
não são associadas às representações e, assim, não se 
tornam significativas. Em outras palavras, há um 
comprometimento específico do ato perceptivo. Na 
agnosia visual, o doente é capaz de descrever a cor e a 
forma de um objeto, mas não o identifica. Ele não 
consegue dizer, por exemplo, que se trata de um guarda-
chuva, nem dizer para que ele serve. 
 
HIPERESTES IA 
 
 
Aumento global da intensidade perceptiva. 
As impressões sensoriais tornam-se mais intensas, mais 
vívidas ou mais nítidas. Na modalidade visual, as cores 
ficam mais brilhantes. Ruídos de pequena intensidade 
tornam-se extremamente incômodos. 
 
Súmula Psicopatológica 
Sensopercepção 
 
 
JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 
 
2 Psiquiatr ia 
HIPOESTES IA 
 
Diminuição global da intensidade perceptiva. 
O mundo parece mais escuro e sem brilho, a comida é 
insossa, os sons são abafados etc. 
 
ANESTESIA 
 
Abolição da sensibilidade. 
 
ALUC INAÇÃO NEGATIVA 
 
Aparente ausência de registro sensorial de determinado 
objeto presente no campo sensorial do paciente. 
Ex.: não ver uma pessoa que está diante de seus olhos. 
 
MACROPSIA 
 
Objetos parecem ao paciente aumentados de tamanho. 
 
MICROPSIA 
 
Objetos parecem menores do que realmente são. 
O distúrbio da autoimagem corporal que ocorre na 
anorexia nervosa – no qual o paciente, mesmo estando 
extremamente emagrecido, se vê como gordo – poderia 
ser classificado como uma macropsia. 
 
DISMEGALOPS IA 
 
Objetos parecem deformados, algumas partes estão 
aumentadas ou diminuídas. 
 
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS 
 
I LUSÃO 
 
Percepção falseada, deformada, de um objeto real e 
presente. No lugar deste, um outro objeto é percebido. 
A imagem ilusória possui corporeidade, projeta-se no 
espaço exterior, é aceita (pelo menos num primeiro 
momento) como realidade e não é influenciada pela 
vontade. As ilusões são assim classificadas: 
 
➔ Ilusão por desatenção: elementos representativos são 
introduzidos para completar ou corrigir estímulos 
externos escassos ou incorretos, respectivamente. 
• Ex.: sem nos darmos conta, completamos uma 
frase ouvida apenas de forma fragmentária, ou 
corrigimos as falhas de impressão na leitura de 
um livro. 
• Quando se presta mais atenção, num segundo 
momento, a ilusão desaparece. 
➔ Ilusão catatímica: a deformação do objeto tem origem 
em um afeto intenso, relacionado a desejo ou a temor. 
• Ex.: indivíduo apaixonado falsamente reconhece a 
pessoa amada em estranhos com os quais cruza 
rapidamente pela rua / à noite, passando por um 
lugar sabidamente perigoso, confundir-se uma 
árvore com a figura de um assaltante. 
• Também desaparece com a atenção. 
➔ Ilusão onírica: está relacionada a um quadro de 
rebaixamento do nível de consciência. 
• Ex.: paciente obnubilado, internado em uma UTI, 
ao olhar para um médico que se aproxima, vê no 
pescoço deste uma cobra, quando na verdade 
trata-se de um estetoscópio. 
 
PARE IDOL IA 
 
Imagem (fantástica e extrojetada) criada 
intencionalmente a partir de percepções reais de 
elementos sensoriais incompletos ou imprecisos. 
Ex.: ver figuras humanas, cenas, animais, objetos etc., em 
nuvens, em manchas ou relevos de paredes, no fogo, na 
Lua etc.; ou “ouvir” sons musicais com base em ruídos 
monótonos. 
 
ALUC INAÇÃO 
 
“Percepção sem objeto”, ou percepção na ausência dos 
estímulos externos correspondentes. 
Alucinações não se originam de transformações de 
percepções reais, o que as distinguem das ilusões, e não 
desaparece com a atenção. Existem três espécies de 
vivências alucinatórias: 
 
➔ Alucinações verdadeiras: apresentam todas as 
características de uma imagem perceptiva real, incluindo 
a corporeidade e a localização no espaço objetivo externo. 
Possuem uma irresistível força de convencimento, ou seja, 
são aceitas pelo juízo de realidade, por mais que pareçam 
para o próprio paciente estranhas ou especiais. 
• Alucinações Visuais 
o Elementares (Simples): elementos de uma 
única forma de sensação → fotopsias: 
clarões, chamas, pontos brilhantes. 
o Complexas (Elaboradas): figuras, objetos, 
pessoas, cenas estáticas ou em 
movimento. 
o Típicas dos quadros de delirium e na 
intoxicação por alucinógenos (LSD, 
mescalina etc.), sendo incomuns na 
esquizofrenia e nas psicoses afetivas. 
• Alucinações Auditivas 
o Elementares (acoasmas): zumbidos, 
estalidos, silvos, sinos, campainhas. 
 
 
JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 
 
3 Psiquiatr ia 
o Complexas (fonemas): alucinações 
auditivo-verbais (palavras, frases); 
alucinações musicais. 
o Imperativas (vozes de comando). 
o Comuns na esquizofrenia e na alucinose 
alcoólica. 
• Alucinações Olfativas e Gustativas: geralmente, o 
paciente experimenta um odor ou gosto bastante 
desagradável (fezes, lixo, animais mortos, etc). 
• Alucinações Cutâneas: sensações táteis (de 
toque), sensações térmicas, dolorosas e hídricas 
(de umidade). 
• Alucinações Cenestésicas (ou viscerais): 
sensações localizadas nos órgãos internos; 
pacientes queixam-se de que: seus corpos estão 
sendo atingidos por misteriosas irradiações ou 
descargas elétricas; seus órgãos genitais estão 
sendo tocados; cérebro está encolhendo, fígado 
está destruído, há um bicho dentro do abdome. 
o Comuns na esquizofrenia e, comfrequência, estão associadas a delírios de 
influência e à SÍNDROME DE COTARD. 
• Alucinações Cinestésicas: falsas percepções de 
movimento, ativos ou passivos, de todo o corpo 
ou só de um segmento → apesar de estar na 
verdade imóvel, o paciente tem a sensação de que 
está afundando no leito, girando, voando, 
dobrando as pernas, elevando um braço etc. 
• Alucinação Liliputiana: visão de personagens ou 
animais minúsculos. 
• Alucinação Guliveriana: representa uma 
alucinação visual gigantesca. 
• Alucinação Extracampina: o objeto percebido 
encontra-se fora do campo perceptivo → ex.: ver 
uma pessoa que está atrás de sua cabeça ou do 
outro lado da parede; ouvir o que falam a 1 km. 
• Alucinação Funcional: desencadeada por 
estímulos sensoriais reais, que são da mesma 
modalidade → ex.: ao ouvir o som de um jorro de 
água, ter alucinações auditivo-verbais, as quais 
desaparecem assim que a torneira é fechada. 
o Não é ilusão pois as vozes e o som da água 
são ouvidos simultânea e distintamente. 
• Sonorização do pensamento: paciente ouve o 
próprio pensamento, reconhecido como tal, no 
espaço objetivo externo. 
o Esse fenômeno pode se dar antes, no 
momento ou depois do ato de pensar (eco 
do pensamento). 
• Autoscopia (ou heautoscopia): visão da imagem 
do próprio corpo projetada no espaço externo; 
em geral, acompanhada de sofrimento ou medo. 
• Alucinações Hipnagógicas (no adormecer) e 
Hipnopômpicas (no despertar): em geral são 
visuais, mas podem ser auditivas ou táteis; 
relacionadas à transição sono–vigília. 
• Alucinação Reflexa: um estímulo sensorial real em 
uma modalidade desencadeia uma alucinação em 
outra → ao ouvir o miado de um gato, vê a cara 
do gato. 
 
➔ Pseudoalucinações: ausência de corporeidade e 
localização no espaço subjetivo interno. Quanto aos 
demais aspectos podem se parecer com a imagem 
perceptiva ou representativa. Assim como nas alucinações 
verdadeiras, há plena convicção quanto à realidade do 
fenômeno. Os pacientes percebem com os “olhos (ou 
ouvidos) internos”, com o termo interno referindo-se a 
dentro da mente (e não dentro do corpo ou da cabeça). 
 
➔ Alucinoses: o objeto percebido é localizado no espaço 
objetivo externo. Mas, diferenciam-se das alucinações 
verdadeiras por serem adequada e imediatamente 
criticadas pelo indivíduo, que reconhece o fenômeno 
como algo patológico. 
 
S INESTES IA 
 
Um estímulo sensorial em uma modalidade é percebido 
como uma sensação em outra modalidade → ex.: ver 
sons, ouvir cores etc. Ocorre na intoxicação por 
alucinógenos (LSD, mescalina etc.). 
 
A SENSOPERCEPÇÃO NOS 
PRINCI PAIS TRANSTORNOS 
MENTAIS 
 
Esquizofrenia → apresenta grande riqueza alucinatória, 
especialmente na forma paranoide → alucinações 
cenestésicas, auditivas, visuais (raras), sonorização do 
pensamento; pseudoalucinações parecem ser mais 
frequentes que as alucinações verdadeiras, mas, na 
prática, a distinção pode ser difícil. Quadros apático-
abúlicos cursam com hipoestesia. 
 
Transtornos de humor → podem ocorrer hiperestesia (na 
mania) ou hipoestesia (na depressão) e ilusões 
catatímicas. Nos quadros afetivos com sintomas 
psicóticos, as alucinações auditivas são as mais 
frequentes. 
 
 
JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 
 
4 Psiquiatr ia 
Delirium → predominam as ilusões e alucinações visuais, 
sendo difícil, na prática, diferenciar umas das outras. 
Alucinações auditivas e táteis não são raras. Pode haver 
hipoestesia, micropsia, macropsia e dismegalopsia. No 
delirium tremens, são comuns as zoopsias (visões de 
pequenos animais) e as alucinações liliputianas, além de 
alucinações táteis. 
 
Alucinose alcoólica → predominam as alucinações 
auditivas. 
 
Intoxicação por alucinógenos → ocorrem hiperestesia, 
micropsia, macropsia e sinestesia. As alucinações são 
basicamente visuais, com um conteúdo muitas vezes de 
formas geométricas. Essas vivências alucinatórias 
poderiam ser classificadas como alucinoses, em função 
da preservação da crítica. 
 
Epilepsia → nas crises parciais, como na aura epiléptica, 
podem ocorrer alucinoses. Nas crises parciais complexas, 
em que há estreitamento da consciência, muitas vezes são 
vivenciadas pseudoalucinações. 
 
Demência → demência cortical pode cursar com agnosia. 
 
Transtorno conversivo e transtornos dissociativos → nos 
quadros conversivos, podem ocorrer hiperestesia, 
anestesia e alucinações negativas. Já nos quadros 
dissociativos, podem ser encontradas pseudoalucinações. 
Nestas costumam estar combinadas mais de uma 
modalidade sensorial ao mesmo tempo. Por exemplo, o 
paciente “vê” uma pessoa que na verdade não está 
presente e ainda “ouve” a voz dela. Na histeria de 
conversão, podem ocorrer hiperestesia, anestesia e 
alucinações negativas.

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