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5- Coluna cervical

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ANATOMIA 
APLICADA À 
FISIOTERAPIA
Giulianna da Rocha Borges 
Coluna cervical
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as estruturas da coluna cervical, das vértebras, das articu-
lações e suas funções.
  Classificar as estruturas da região cervical.
  Descrever as funções da região cervical com os músculos, as vértebras 
e as articulações cervicais.
Introdução
Neste capítulo, você vai compreender como descrever a morfologia e a 
função de estruturas relacionadas à coluna cervical, especificamente os 
sete ossos que formam essa região da coluna, ou seja, as vértebras cervi-
cais, a musculatura relacionada a esses ossos, bem como as articulações 
que permitem a mobilidade cervical.
Ao descrever anatomicamente a região cervical, você será capaz de 
nominar cada estrutura que faz parte dessa região e, ao compreender 
suas funções, será possível correlacionar às estruturas adjacentes. A apli-
cabilidade desse aprendizado na sua prática clínica envolve compreender 
diversos aspectos, como o porquê de se manipular ou não um paciente 
que sofreu trauma nessa região ou como uma mobilização cervical pode 
ou não auxiliar um paciente e muitos outros. Vamos iniciar nossos estudos.
Anatomia básica da coluna vertebral
A coluna vertebral faz parte do esqueleto axial (Figura 1) e é composta, no 
adulto, por 33 ossos irregulares, as vértebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 
5 lombares, 5 sacrais que se fundem e formam o osso sacro e 4 coccígeas 
que também se fundem para formar o cóccix. Você pode encontrar nos livros 
cada vértebra sendo nomeada com a letra maiúscula de sua região e o número 
romano que representa sua ordenação em relação às outras vértebras (por 
exemplo, C I, C II, C III, C IV, C V, C VI e C VII para as vértebras cervicais). 
Suas funções variam desde a sustentação do peso corporal na altura da pelve, 
postura, locomoção até proteção rígida para a medula espinal e nervos espinais 
(MOORE; DAILEY; AGUR, 2014; TORTORA; NIELSEN, 2017). Além disso, 
Moore, Dailey e Agur (2014) cita que a coluna vertebral “garante um eixo 
parcialmente rígido e fl exível para o corpo e uma base alargada sobre a qual 
a cabeça está posicionada e gira”, esta última, função diretamente relacionada 
à coluna cervical. Da região cervical até a lombar, temos as partes móveis 
da coluna com a presença de discos intervertebrais, como a própria nomen-
clatura descreve, entre as vértebras, formando articulações cartilagíneas e 
entre os processos articulares, as articulações sinoviais. O sacro e o cóccix 
são considerados como partes fi xas da coluna vertebral (MOORE; DAILEY; 
AGUR, 2014).
Figura 1. Vista posterior do esqueleto axial.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Coluna cervical2
De acordo com a região (cervical, torácica ou lombar), as vértebras va-
riam em volume, formato do forame vertebral e presença ou não de algumas 
características. Além disso, podem ser classificadas como típicas ou atípicas. 
As vértebras típicas têm características comuns entre si (Figura 2), isso quer 
dizer que, salvo diferenças no volume, todas apresentam 1 corpo vertebral, 1 
arco vertebral e 7 processos (MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
Figura 2. Vista superior de uma vértebra típica e estruturas comuns.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
É importante compreender as características de cada parte de uma vértebra, 
pois, dessa maneira, você compreenderá as funções específicas que fazem 
dessas estruturas componentes tão fundamentais do esqueleto axial.
Componentes anatômicos de vértebras típicas:
  Corpo vertebral: parte mais volumosa, cilíndrica e anterior das vérte-
bras. No sentido craniocaudal, seu tamanho vai aumentando para ser 
capaz de suportar o aumento crescente do peso do corpo. Ao seccionar 
o corpo vertebral, você poderá identificar uma porção central formada 
por osso esponjoso (trabecular), rico em medula óssea vermelha, muito 
bem vascularizado, revestido externamente por osso compacto. As faces 
superior e inferior de cada vértebra formam articulações cartilagíneas 
(sínfises) com as vértebras adjacentes, por meio dos discos interverte-
brais (MOORE; DAILEY; AGUR, 2014; TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Arco vertebral: essa porção da vértebra tem a função de formar forame 
vertebral e dar suporte aos processos vertebrais. Nesse sentido, o arco 
é formado basicamente por duas estruturas, os pedículos vertebrais e a 
3Coluna cervical
lâmina vertebral. Cada pedículo é um processo que parte lateralmente 
da região posterior do corpo vertebral e projeta-se para formar a lâmina 
vertebral que fecha o arco posteriormente na linha mediana. O grande 
orifício formado pelos limites das paredes internas do arco vertebral 
e face posterior do corpo vertebral é o forame vertebral. O conjunto 
de todos os forames vertebrais, porções posteriores dos discos inter-
vertebrais e canal sacral forma o canal vertebral que aloja a medula 
espinal e raízes dos nervos espinais. É importante identificar as incisuras 
vertebrais superiores e inferiores, as quais podem ser visualizadas 
numa vista lateral, como escavações em forma de letra C, nas margens 
superiores e inferiores dos pedículos vertebrais. A união da incisura 
vertebral inferior de uma vértebra com a incisura vertebral superior 
da vértebra imediatamente inferior forma o forame intervertebral, que 
permite a passagem dos nervos espinais (MOORE; DAILEY; AGUR, 
2014; TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Processos vertebrais: as vértebras típicas apresentam 7 processos ver-
tebrais que também têm diferenças de forma e volume entre si. Os 
processos espinhosos são projeções únicas e posteriores que partem da 
região mediana da lâmina vertebral. Alguns tem inclinação levemente 
inferior e outros são extremante inclinados para baixo, fazendo com que 
esse processo se sobreponha ao processo espinhoso e lâmina da vérte-
bra inferior. Dois processos transversos localizados na região limite 
entre pedículo e lâmina vertebrais projetam-se posterolateralmente no 
plano transverso. Para finalizar, você deve identificar quatro processos 
articulares, dois superiores e dois inferiores. Esses processos também 
estão localizados na região limite entre pedículo e lâmina vertebrais, 
porém nas porções superiores e inferiores de cada lado. As faces dos 
processos articulares são revestidas por cartilagem hialina, para formar 
articulações sinoviais com as vértebras adjacentes. Nesse contexto, os 
processos articulares superiores de uma vértebra articulam-se com os 
processos articulares inferiores da vértebra superior a ela (MOORE; 
DAILEY; AGUR, 2014; TORTORA; NIELSEN, 2017). 
Veja a Figura 3.
Coluna cervical4
Figura 3. Vista inferior de uma vértebra típica e componentes anatômicos de uma vértebra 
típica.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Anatomia da região cervical da coluna vertebral
As vértebras da região cervical formam o esqueleto do pescoço, ou seja, estão 
localizadas entre o crânio e a primeira vértebra torácica. Basicamente, sustenta 
o peso da cabeça e da região cervical e, dessa maneira, por sustentar pouco 
peso, o volume dessas vértebras é reduzido e, consequentemente, apresentam 
um corpo menor que as demais vértebras das outras regiões. Apesar da menor 
espessura, quando comparado às outras regiões, os discos intervertebrais 
das vértebras cervicais são espessos em relação ao tamanho dos seus corpos 
vertebrais. Essa característica somada à direção que suas faces articulares 
apresentam e, ao pequeno volume do corpo vertebral, permitem um ampla 
amplitude e grande diversidade de movimento à região cervical (MOORE; 
DAILEY; AGUR, 2014).
As vértebras cervicais apresentam características específicas e que vão 
facilitar a identificação destas. Todas as 7 vértebras cervicais apresentam em 
seus processos transversos o forame transversário que permite a passagem das 
artérias vertebrais e das veias que as acompanham nesse trajeto. Asartérias 
vertebrais entram no crânio pelo forame magno do osso occipital e se fundem 
5Coluna cervical
na altura da ponte do tronco encefálico para formar a artéria basilar, parte 
importante do círculo arterial do cérebro (Polígono de Willis). (MOORE; 
DAILEY; AGUR, 2014).
Veja as Figuras 4 e 5.
Figura 4. Vista lateral da região vertebral cervical e radiografia da região cervical.
Fonte: Adaptada de Tank e Gest (2009).
Figura 5. Vista posterior da região vertebral cervical e radiografia da região cervical.
Fonte: Adaptada de Tank e Gest (2009).
Coluna cervical6
É muito comum que as artérias vertebrais não passem por meio dos forames trans-
versários de C VII e, portanto, esses forames são menores nessa vértebra e, muitas 
vezes, podem até mesmo estar ausentes. Além disso, o processo espinhoso de C VII é 
bastante longo e, devido a esse fato, C VII é conhecida como vértebra proeminente.
De ambos os lados do pescoço temos um grupo de músculos esqueléticos, 
os músculos escalenos e músculo levantador da escápula, que se inserem em 
uma região do processo transverso das vértebras cervicais, os tubérculos 
anterior e posterior de cada processo. Entre os tubérculos anterior e posterior 
de cada lado temos o sulco que dá passagem aos nervos espinais dessa região 
(MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
Você já palpou o pulso carótico na região cervical? Bem fácil, não é mesmo? Mas 
você sabia que é possível estancar um sangramento da artéria carótida comum na 
altura de C VI? Pois é, no tubérculo anterior do processo transverso de C VI, podemos 
comprimir essa artéria no sulco entre o tubérculo e o corpo vertebral. Muitos autores 
denominam o tubérculo anterior de C VI de tubérculo carótico em razão desse fato.
A medula espinal da região cervical é mais dilatada, apresentando a in-
tumescência cervical que contêm os neurônios que inervam os membros 
superiores. Dessa forma, os forames das vértebras que compõem essa região 
devem ser maiores para alocar a medula em seu interior. Além disso, o forame 
vertebral é triangular. As vértebras C III a C VII são consideradas típicas e 
apresentam pequeno corpo vertebral. De C III a C V é possível apresentar um 
processo espinhoso bífido (bifurcado), exceto em mulheres e afrodescendentes.
Veja as Figuras 6 e 7.
7Coluna cervical
Figura 6. Vista superior de uma vértebra típica cervical.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Figura 7. Vista lateral da região vertebral cervical; observe a artéria vertebral direita passando 
pelos forames transversários, exceto em C VII.
Fonte: Adaptada de Tank e Gest (2009).
Na região cervical, C I e C II são consideradas vértebras atípicas e são 
denominadas atlas e áxis, respectivamente. Em homenagem ao personagem 
Atlas da mitologia grega, que carregava o mundo nas costas, a primeira vértebra 
Coluna cervical8
cervical (C I, recebeu o nome de atlas por ser a única vértebra que se articula 
com o crânio e, portanto, sustenta todo o peso da cabeça. As características que 
fazem do atlas uma vértebra atípica é a ausência de corpo vertebral e em seu 
lugar temos o arco vertebral anterior que se liga ao arco vertebral posterior. O 
tubérculo anterior está localizado na face anterior do arco vertebral anterior em 
posição mediana e o tubérculo posterior, que substitui o processo espinhoso, no 
arco vertebral posterior. No lugar de processos articulares, o atlas tem massas 
laterais que contêm as faces articulares superiores (ovais), que se articulam 
com os côndilos do occipital e as faces articulares inferiores (circulares), 
que se articulam com o áxis (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; 
MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
O atlas articula-se inferiormente com o áxis, a segunda vértebra cervical, 
por meio das faces articulares superiores do áxis e do dente do áxis, uma 
projeção superior do seu corpo vertebral. As faces articulares superiores 
estão localizadas de cada lado do dente do áxis, são planas e revestidas por 
cartilagem hialina, formando uma articulação sinovial que permite que o atlas 
gire sobre elas. O dente do áxis articula-se com a face articular localizada 
na face posterior do arco vertebral anterior do atlas. Sua posição é mantida 
pela presença do ligamento transverso do atlas, impedindo o deslocamento 
posterior dessa estrutura óssea que poderia lesionar, principalmente, a medula 
espinal (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; MOORE; DAILEY; 
AGUR, 2014).
Veja as Figuras 8 e 9.
9Coluna cervical
Figura 8. Atlas e áxis (vistas superior e inferior).
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Figura 9. Articulações entre atlas e áxis; destaque para o ligamento transverso do atlas.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Coluna cervical10
Embriologicamente, o dente do áxis é o corpo do atlas que, aos poucos, durante o 
desenvolvimento, se separa deste e passa a compor uma estrutura isolada. Essa estru-
tura, com o tempo, vai se calcificando ao áxis, passando a fazer parte de sua estrutura. 
A calcificação em crianças é incompleta, o que pode ser um risco à integridade da 
medula espinal, em casos de impactos e movimentos bruscos que fazem com que o 
dente do áxis se desloque para o interior do forame vertebral. 
Articulações e músculos esqueléticos 
relacionados à coluna cervical
Você já deve ter percebido como é ampla a capacidade de movimentação da 
cabeça. Os movimentos permitidos são de fl exão, extensão, inclinação lateral 
e, salvo a capacidade de rotação da cabeça na articulação atlantoaxial, as 
demais vértebras cervicais rodam limitadamente. Tais movimentos somente 
são possíveis graças à espessura do disco intervertebral em relação aos corpos 
vertebrais, à posição praticamente horizontal das faces articulares e ao pequeno 
volume dos corpos vertebrais. Vamos compreender como as articulações e os 
músculos esqueléticos tornam possíveis os movimentos na região cervical. 
Geralmente, os músculos que movimentam a região cervical são estudados 
como partes dos músculos do dorso. Porém, aqui iremos dividir nosso estudo 
em músculos do pescoço que movimentam a cabeça e músculos do pescoço e 
do dorso que movimentam a coluna cervical. No que se refere à região cervical, 
esses músculos agem nas articulações craniovertebrais, nas articulações entre 
os corpos vertebrais e nas articulações dos arcos vertebrais.
Articulações da região cervical
Articulação craniovertebrais são compostas pelas articulações atlantocci-
pitais e atlantoaxiais. As articulações atlantoccipitais são formadas pelas 
faces superiores das massas laterais do atlas e os côndilos occipitais. As faces 
articulares superiores do atlas tem formato oval ou reniforme, têm uma leve 
concavidade com inclinação voltada para dentro do forame vertebral. Os 
côndilos occipitais têm formato que se encaixa nas faces do atlas, permitindo 
11Coluna cervical
movimento rotacionais, de inclinações anterior, posterior e laterais e certos 
deslizamentos. Vale ressaltar que as superfícies articulares são revestidas por 
cartilagem hialina e com a presença do líquido sinovial e demais estruturas 
como a cápsula articular, temos aí uma articulação do tipo sinovial (diartrose) 
elipsoidea que permite um bom grau de movimentação. Existe também uma 
membrana atlantoccipital anterior e outra membrana atlantoccipital posterior 
unindo o crânio aos arcos vertebrais anterior e posterior do atlas, respecti-
vamente, evitando movimentos excessivos das articulações atlantoccipitais. 
As articulações atlantoaxiais laterais são formadas pelas faces articulares 
inferiores das massas laterais do atlas e das faces articulares superiores do 
áxis. Essas articulações são classifi cadas como sinovial plana e, protanto, 
permitem os movimentos de deslizamento em todos os eixos (MOORE; DAI-
LEY; AGUR, 2014).
  Articulações entre os corpos vertebrais: todos os corpos vertebrais 
da coluna cervical são unidos entre si por discos intervertebrais, com 
exceção do atlas e do áxis, justamente porque o atlas não tem corpovertebral. Essas articulações são classificadas como cartilagíneas e 
sínfises, pois os discos intervertebrais são compostos, principalmente na 
sua região periférica (anel fibroso), por fibrocartilagem. Os discos estão 
aderidos firmemente entre os corpos de vértebras adjacentes e oferece 
um grau reduzido, porém, presente de mobilidade. Quando a coluna 
vertebral se movimenta, os discos intervertebrais sofrem compressão 
ou expansão, absorvendo choques, e, graças aos seus componentes 
elásticos, têm a capacidade de retornarem à conformação de repouso 
(MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
  Articulações dos arcos vertebrais: são representadas pelas articulações 
sinoviais formadas pelos processos articulares de vértebras adjacentes. 
São articulações sinoviais planas que permitem movimentos de desli-
zamento. As cápsulas articulares dessas articulações na região cervical 
são extremamente frouxas e finas, permitindo uma alta amplitude de 
movimento (MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
  Outras estruturas relacionadas às articulações: não podemos esquecer de 
mencionar os ligamentos relacionados às articulações cervicais. Na região 
do ligamento transverso do atlas, temos os fascículos longitudinais 
superior e inferior, feixes de tecido conjuntivo que ligam esse ligamento 
ao occipital e ao corpo de C II, respectivamente. Juntamente ao ligamento 
transverso, esses fascículos formam o ligamento cruciforme do atlas. Os 
ligamentos alares partem lateralmente ao dente do áxis até as margens 
Coluna cervical12
laterais do forame magno e evitam a rotação excessiva nas articulações.
 Os ligamentos amarelos são faixas largas e amareladas compostas 
por tecido elástico que unem as lâminas dos arcos vertebrais adjacen-
tes. Esses ligamentos contribuem para evitar a separação da lâmina 
vertebral, pois limitam a flexão abrupta da coluna vertebral, evitando 
trauma dos discos intervertebrais. Além disso, fortes e elásticos, 
ajudam a preservar as curvaturas normais da coluna vertebral e au-
xiliam na extensão (por retração elástica) da coluna após a flexão.
 Entre processos espinhosos adjacentes, temos os ligamentos interes-
pinais e ligamentos supraespinais. Os primeiros unem os processos 
espinhosos adjacentes ao longo de todo seu comprimento, já os segun-
dos, presentes a partir de C VII, unem as extremidades dos processos 
espinhosos. A partir de C VI, os ligamentos supraespinais se fundem 
ao ligamento nucal, forte, largo e fibroelástico. Tem formato de faixa 
e segue até a protuberância occipital externa. Para finalizar, os liga-
mentos intertransversários unem os processos transversos adjacentes 
(MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
Aqui cabe uma reflexão: se você tentar visualizar o movimento isolado 
de uma única articulação, provavelmente vai pensar que foi exagero nosso 
dizer que a amplitude de movimento cervical é alta. Você não está enganado, 
entretanto, em se tratando de coluna vertebral, não analizamos os movimentos 
isolados, mas, sim, a somatória dos movimentos realizados em cada região e 
até mesmo na coluna como um todo. Por exemplo, para inclinar a cabeça para 
frente, todas as articulações descritas devem entrar em ação para permitir o 
movimento. Qualquer uma delas que não estiver atuando corretamente, como 
em uma anquilose, veremos um prejuízo na amplitude do movimento.
Veja a Figura 10.
13Coluna cervical
Figura 10. Atlas e áxis e ligamentos relacionados.
Fonte: Adaptada de stihii/Shutterstock.com.
Músculos do pescoço que movimentam a cabeça
Para realizar os movimentos anterioremente citados, temos:
  Músculo esternocleidomastoideo: é um músculo longo, localizado nas 
laterais do pescoço. Tem origem no processo mastoide do osso temporal 
e insersão na clavícula e manúbrio do esterno. Pode ter ação isolada, 
fazendo com que ocorra flexão da cabeça com rotação para o lado 
oposto à contração. A contração bilateral faz com que ocorra flexão 
da coluna cervical e da cabeça. É inervado pelo nervo acessório (XIº 
par de NC) (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo trapézio: é um músculo plano localizado no dorso que age nos 
membros superiores, porém, suas fibras descendentes têm origem na 
linha nucal superior, ligamento nucal, protuberância occipital externa 
e processo espinhoso de C VII e, quando contraem-se, atuam como 
sinergistas da extensão da cabeça. As fibras descendentes são inervadas 
pelo nervo acessório (XIº par de NC) (MOORE; DAILEY; AGUR, 2014; 
TORTORA; NIELSEN, 2017).
Coluna cervical14
  Músculo semiespinal da cabeça: tem origem nos processos articulares de 
C IV a C VI e processos transversos de C VII a T VII. Com a inserção 
entre as linhas nucais superior e inferior do osso occipital, faz com que 
a cabeça se estenda ao contrair bilateralmente. A contração isolada 
promove rotação da cabeça para o lado oposto à contração. Os nervos 
espinais cervicais promovem a inervação desse músculo (TORTORA; 
NIELSEN, 2017).
  Músculo esplênio da cabeça: esse músculo tem origem no ligamento 
nucal e processos espinhosos de C VII a T IV. Sua inserção estende-se 
desde o occipital até o processo mastoide do osso temporal. A contração 
bilateral estende a cabeça e a contração individual gira a cabeça para 
o lado oposto à contração. Também é inervado pelos nervos espinais 
cervicais médios (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo longuíssimo da cabeça: origina-se dos processos articulares 
de C IV a C VII e processos transversos de T I a T IV. A inserção se 
faz no processo mastoide do temporal. A contração bilateral também 
estende a cabeça e sua contração isolada realiza flexão lateral e rotação 
da cabeça para o mesmo lado da contração. Inervação pelos nervos 
espinais cervicais (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo espinal da cabeça: sua origem, quando presente, é no músculo 
semiespinal da cabeça. A inserção acontece do occipital. É um siner-
gista da extensão da cabeça. Inervação pelos nervos espinais cervicais 
(TORTORA; NIELSEN, 2017).
Músculos do pescoço e do dorso que movimentam a 
coluna cervical
  Músculo esplênio do pescoço: tem origem nos processos espinhosos 
de T III a T VI e inserção nos processos transversos de C I e C II ou 
de C I a C IV. A contração bilateral promove extensão da cabeça e 
individualmente promove flexão lateral e/ou rotação da cabeça para o 
mesmo lado da contração. A inervação é realizada pelos nervos espinais 
cervicais inferiores (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo iliocostal do pescoço: é o componente da região cervical dos 
músculos eretores da espinha. Essa porção tem origem nas costelas de I 
a VI e inserção nos processos transversos de C IV a C VI. A contração 
bilateral na região cervical estende e mantém a postura ereta da coluna 
cervical, já a contração isolada promove flexão lateral da coluna cervical 
15Coluna cervical
para o mesmo lado da contração do músculo. Inervação realizada pelos 
nervos espinais cervicais e torácicos (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo longuíssimo do pescoço: possui origem nos processos trans-
versos de T IV a T V e inserção nos processos transversos de C II a C 
VI. A contração bilateral promove, em conjunto com os dois músculos 
longuíssimos do tórax, extensão da coluna vertebral de suas respectivas 
regiões; atuando individualmente, flexionam lateralmente a coluna 
vertebral de suas respectivas regiões. Sua inervação é feita pelos nervos 
espinais torácicos superiores e cervicais (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo espinal do pescoço: sua origem é no ligamento nucal e processo 
espinhoso de C VII. Com a inserção no processo espinhoso do áxis, 
é capaz de promover as mesmas ações do músculo espinal da cabeça. 
A inervação fica a cargo dos nervos espinais torácicos e cervicais 
superiores (TORTORA; NIELSEN, 2017). 
  Músculo semiespinal do pescoço: tem origem nos processos transversos 
de T I a T V e inserção nos processos espinhosos de C I a C V. Ao 
contrair-se bilateralmente e em conjunto com os músculos semiespinais 
do tórax, promove extensão da coluna vertebral de suas respectivas 
regiões.A contração isolada promove rotação da cabeça para o lado 
oposto à sua contração. Os nervos espinais torácicos e cervicais realizam 
sua inervação (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo multífido: esse músculo é observado em várias regiões da 
coluna vertebral, desde o sacro, ílio, processos transversos das vértebras 
lombares e torácicas e de C IV a C VII. Insere-se no processo espinhoso 
da vértebra imediatamente superior à sua origem. Atuando em conjunto, 
realiza extensão da coluna vertebral, já individualmente realiza leve 
flexão lateral e leve rotação da coluna vertebral para o lado oposto à 
contração do músculo. A inervação é específica de cada região pelos 
nervos espinais correspondentes, portanto, na região cervical, teremos 
os nervos espinais cervicais (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculos rotadores: têm origem de todos os processos transversos das 
vértebras e inserem-se no processo espinhoso da vértebra imediatamente 
superior à sua origem. Como a própria nomenclatura sugere, a contração 
isolada desses músculos promovem rotação da região da coluna vertebral 
para o lado oposto à contração. A ação bilateral promove extensão 
leve da coluna vertebral. Inervação semelhante ao músculo multífido 
(TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculos interespinais: têm origem nas faces superiores dos proces-
sos espinhosos e inserção na face inferior do processo espinhoso da 
Coluna cervical16
vértebra imediatamente superior à de origem. Atuando em conjunto, 
realizam extensão leve da coluna vertebral, e atuando individualmente, 
estabilizam a coluna vertebral durante o movimento. A inervação é 
feita pelos nervos espinais lombares, torácicos e cervicais (TORTORA; 
NIELSEN, 2017).
  Músculos intertransversários: suas origens ocorrem nos processos 
transversos de todas as vértebras e as inserções também nos processos 
transversos, porém, da vértebra imediatamente superior à sua origem. A 
ação conjunta promove extensão da coluna vertebral; já a ação individual 
realiza leve flexão lateral da coluna vertebral, estabilizando-a durante 
os movimentos. A inervação é semelhante aos músculos interespinais 
(TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo escaleno anterior: tem origem nos processos transversos de 
C III a C VI e inserção na primeira costela. Sendo assim, consegue em 
conjunto com os dois músculos escalenos médios e os dois anteriores 
elevar as costelas duramente a inspiração profunda. Inervação pelos 
nervos espinais cervicais (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo escaleno médio: sua origem acontece nos processos transversos 
de C II a C VII e a inserção também na primeira costela. O músculo 
escaleno médio tem como função relacionada à região cervical flexionar 
e girar levemente as vértebras cervicais. Inervação pelos nervos espinais 
cervicais (TORTORA; NIELSEN, 2017).
  Músculo escaleno posterior: origina-se dos processos transversos de C 
IV a C VI e insere-se na segunda costela. Em conjunto, os dois músculos 
escalenos posteriores elevam as segundas costelas e, ao contraírem-se 
isoladamente, promovem flexão lateral e rotação das vértebras cervi-
cais. Também é inervado pelos nervos espinais cervicais (TORTORA; 
NIELSEN, 2017).
Veja as Figuras 11 e 12.
17Coluna cervical
Figura 11. Músculos relacionados aos movimentos da cabeça e da coluna cervical.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Figura 12. Músculos relacionados aos movimentos da cabeça e da coluna cervical. Lembre-
-se de que os músculos aqui denominados de próprios do dorso também se aplicam à 
região cervical.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Coluna cervical18
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2009. (Série Martini).
MOORE, K.; DAILEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009.
TORTORA, G. J.; NIELSEN, M. T. Princípios de anatomia humana. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013.
19Coluna cervical

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