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Práticas Médicas II – 5º período Ginecologia e obstetrícia Denise Matos – Turma 108 Aula dia 10/03/2021 Prof. Ana Bringel INFECÇÕES CONGÊNITAS Infecções adquiridas intraútero ou durante o trabalho de parto devido a uma infecção aguda materna ou reativação/reinfecção materna TRIAGEM PRÉ NATAL • Rastreamento de rotina para sífilis, toxoplasmose e HIV desde a primeira consulta pré natal, rubéola apenas se a gestante apresentar sintomas sugestivos da doença • Hepatite B deve ser rastreada na primeira consulta e no terceito trimestre • O rastreamento de CMV não é recomendado – a descoberta da infecção não traria benefícios/prevenção para o feto • Não é incorreto a solicitação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Deve se suspeitar de infecções congênitas: Restrição de crescimento intrauterino Hepatoesplenomegalia Exantema Cardiopatias Lesões ósseas Alterações SNC: micro/hidrocefalia, calcificações intracranianas Alterações oculares: cariorretinte, catarata Alterações hematológicas: anemia, plaquetopenia TOXOPLASMOSE CONGÊNITA • Agente etiológico: Toxoplasma gondii – protozoário intracelular obrigatório • 40% das gestantes infectadas transmitirão a doença para o feto se não forem tratadas • O risco de transmissão aumenta com o avanço da gravidez (permeabilidade da barreira placentária aumenta com a IG) • Grau de comprometimento é maior no início da gravidez • Maioria das crianças (70%) são assintomáticas ao nascimento • Elevadas taxas de prematuridade, retardo do crescimento intrauterino, anormalidade liquóricas e cicatrizes de coriorretinite • 10% manifestação grave nos primeiros dias de vida – doença multissistêmica ou isoladamente afetando o SN e/ou forma ocular • Sequelas neurológicas: hidrocefalia, microcefalia, retardo psicomotor, convulsões, hipertonia muscular, hiperreflexia tendinosa e paralisias • Complicações oftalmológicas: microftalmia, sinequia de globo ocular, estrabismo, nistagmo e catarata • Diagnóstico: Maioria dos casos sem sintomas ou com sintomas bastante inespecíficos Realização da triagem sorológica em lugares onde a prevalência é elevada Identificação de gestantes suscetíveis para seguimento posterior – prevenção de infecção aguda por medidas de prevenção primária Detecção precoce para prevenir a transmissão fetal e tratamento, caso haja contaminação intraútero Práticas Médicas II – 5º período Ginecologia e obstetrícia Denise Matos – Turma 108 Aula dia 10/03/2021 Prof. Ana Bringel Triagem por meio da detecção de anticorpos IgG e IgM na primeira consulta de pré-natal – diagnóstico laboratorial IgG positivo e IgM negativo – gestante imune Medidas preventivas • Tratamento Aparecimento de IgG e IgM: deve-se iniciar imeditamente o uso de espiramicina na dose de 1g (3 milhões UI) 8/8h VO Confirmada a infecção aguda antes da 30º semana – manter espiramicina na dose de 1g 8/8h VO até o final da gravidez Se a infecção se der após a 30º semana: tratamento tríplice materno • Pirimetamina, 25mg, 12/12h VO • Sulfadiazina, 1.500mg, 12/12h VO • Ácido folínico, 10mg/dia Espiramicina não atravessa a barreira placentária, mas tem o efeito de impedir ou retardar a passagem do Toxoplasma gondii para o feto, diminuindo ou evitando o seu acometimento • Diagnóstico de infecção fetal Infecção aguda materna – investigação da possibilidade de infecção fetal mediante a pesquisa de toxoplasmose no líquido amniótico – melhor exame PCR a partir da 18º semana – possibilidade de falsos positivos e falsos negativos Exame ecográfico: disgnostica as complicações da toxoplasmose fetal – hidrocefalia, calcificações cerebrais, ascite fetal e alterações de ecotextura hepática e esplênica – ecografia mensal • Conduta com o recém-nascido Todo recém-nascido cuja mãe teve diagnóstico de certeza ou suspeita de toxoplasmose adquirida na gestação – investigação completa: exame clínico e neurológico, exame oftalmológico completo com fundoscopia, exame de imagem cerebral (ecografia ou TC), exames hematológicos e de função hepática • Roteiro para rastreamento pré-natal da toxoplasmose, quando indicado (regiões de alta endemicidade) Pesquisa da IgM (que evita os falsos positivos) PCR em tempo real Realizar amniocentese 4 semanas após a infecção materna e não antes de 18 semanas de gestação Após 30 semana de gestação, o risco de infecção fetal é alto o suficiente para dispensar procedimentos de diagnóstico fetal e indicar o início imediato do tratamento em esquema tríplice SÍFILIS CONGÊNITA • Agente etiológico: Treponema pallidum – via transplacentária • Processo inflamatório que compromete todos os órgãos do recém-nascido • Agravo de notificação compulsória • Prematuridade e baixo peso ao nascer • Manifestações clínicas: hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas (pênfigo palmoplantar, condiloma plano), periostite, osteíte ou osteocondrite, pseudoparalisia de membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite serossanguinolenta, icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada (principalmente epitroclear) • Outras manifestações: petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nerótica, hidropsia, edema, convulsão e meningite Práticas Médicas II – 5º período Ginecologia e obstetrícia Denise Matos – Turma 108 Aula dia 10/03/2021 Prof. Ana Bringel • Alterações laboratoriais: anemia, trombocitopenia, leucocitose (pode ocorrer reação leucemoide, linfocitose, monocitose) ou leucopenia • Síndrome clínica da sífilis congênita precoce surge até o 2º ano de vida – podem ser assintomáticas ou sinais discretos Necessária investigação epidemiológica, clínica e laboratorial • Pode se manifestar tardiamente após o segundo ano de vida (sífilis congênita tardia) Necessária investigação epidemiológica, clínica e laboratorial Principais características: tíbia em lâmina de sabre, articulações de Clutton, fronte olímpica, nariz em sela, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em amora, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado • Óbito fetal (natimorto) por sífilis: Define-se natimorto por sífilis todo feto morto após 22 semanas de gestação ou com peso igual ou maior que 500g, cuja mãe é portadora de sífilis não foi tratada ou foi inadequadamente tratada • Aborto por sífilis: toda perda gestacional ocorrida antes de 22 semanas de gestação ou com peso do feto menor que 500g, cuja mãe é portadora de sífilis e não foi tratada ou foi inadequadamente tratada Sífilis pode causar abortamento precoce, tardio, natimortos, hidropsia fetal e parto prematuro • Diagnóstico clínico Fase primária: presença de cancro duro localizada internamente na vagina e no colo uterino e pode não ser percebida pela mulher Fase secundária: erupções cutâneas eritematosas generalizadas características exantemáticas (roséolas sifilíticas), pápulas palmo-plantares, eitemato-descamativas, alopecia e placas úmidas na região vulvar e perineal (condiloma plano) Fase terciária: alterações ocorrem em órgãos e aparelhos, como no sistema nervoso e cardiovascular, lesão em goma ou tubérculo sifilítico na pele ou demais órgãos • Diagnóstico laboratorial: Pesquisa direta do Treponema pallidum só se aplica na lesão da fase primária e algumas lesões da fase sexundária (placas e condiloma plano) Exame microbiológico pode serr realizado também na placenta, cordão umbilical enas lesões cutâneo-mucosas da criança Testes sorológicos • Testes treponênicos (utilizam o T. pallidum): podem ser utilizados como triagem ou na confirmação de resultados: FTA-Abs, hemoaglutinação passiva (TPHA), ensaio imunoenzimático (ELISA) – são específicos equalitativos, não distinguem se é uma doença ativa ou cicatriz sorológica • Testes não treponêmicos (detectam produção de anticorpos IgG e IgM): utilizados para triagem e monitoramento da infecção: VDRL e RPR – são quantitativos, tendem a se tornar reativos a partir da segunda semana após o aparecimento do cancro duro (sífilis primária) que ocorre de 10 a 90 dias após o contato infectante, títulos mais elevados na fase secundária da doença; pode haver redução natural dos títulos após o primeiro ano de evolução da doença Práticas Médicas II – 5º período Ginecologia e obstetrícia Denise Matos – Turma 108 Aula dia 10/03/2021 Prof. Ana Bringel • Tratamento Penicilina é a droga de escolha – baixo custo, fácil acesso e ótima eficácia Depende da fase de infecção da doença Sífilis prmária: Penicilina benzatina, 2,4mi UI, IM, em dose única (1,2mi UI em cada glúteo) Sífilis recente secundária e latente: Penicilina benzatina, 2,4mi UI, IM, repetida após 1 semana, sendo a dose total de 4,8mi UI Sífilis tardia (latente e terciária): Penicilina benzatina, 2,4mi UI, IM, semanal (por 3 semanas) dose total: 7,2mi UI Reação de Jarisch-Herxheimer: após a dose terapêutica inicial, ocorre exacerbação das lesões cutâneas e presença de febre com outros sintomas gerais (adinamia, artralgias, mialgia), reação involuntária espontânea em 12-48h, cuidado sintomático • Controle da cura: Após o tratamento correto, o teste não treponêmico tende a se negativar em 6 a 12 meses e pode permanecer em títulos baixos por longos períodos de tempo ou por toda a vida – memória ou cicatriz sorológica da sífilis VDRL/RPR devem ser realizados mensalmente em gestantes Nos casos de sífilis primária e secundária, os títulos devem declinar em torno de 4 vezes em 3 meses e 8 vezes em 6 meses Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em 2 oportunidade, após 1 ano, pode ser data alta RUBÉOLA CONGÊNITA • Agente etiológico: Vírus RNA Rubivirus • Duas formas: infecção congênita ou síndrome da rubéola congênita (SRC) • Infecção: Morte fetal, parto prematuro e defeitos congênitos • SRC: variedade de defeitos presentes em neonatos filhos de mães que apresentaram infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação (deficiência auditiva, catarata, defeitos cardíacos, etc) • Manifestações precoces: perda auditiva, cardiopatias congênitas, catarata e microcefalia • Já as tardias: perda auditiva, distúrbios endócrinos e panencefalite INVESTIGAÇÃO EXAMES ESPECÍFICOS • Toxoplasmose: imunofluorescência indireta e o teste imunoenzimático (ELISA) detectando anticorpos da classe IgG, IgM e IgA • Sífilis: identificação do agente etiológico por microscopia de campo escuro Amostra: exsudato seroso de lesões ativa Testes sorológicos • Testes treponênicos (utilizam o T. pallidum): podem ser utilizados como triagem ou na confirmação de resultados: FTA-Abs, hemoaglutinação passiva (TPHA), ensaio imunoenzimático (ELISA) • Testes não treponêmicos (detectam produção de anticorpos IgG e IgM): utilizados para triagem e monitoramento da infecção: VDRL e RPR • Rubéola: pesquisa de anticorpos IgM e IgG; PCR para identificação do RNA viral ou isolamento viral através de secreções de orofaringe • CMV: detecção realizada através da identificação do DNA viral pela PCR. Testes sorológicos de IgM e IgG específicos para CMV
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