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Samara Pires- MED25 Base� d� Microbiologi� Vírus: classificação, estrutura e replicação (Murray 8 ed. cap. 36) 1. Vírus ● Reprodução acontece pela montagem dos componentes individuais, e não por fissão binária; ● Os vírus não são vivos, são parasitas intracelulares obrigatórios e não podem produzir proteínas fora da célula hospedeira nem replicar o genoma; ● Podem ser de RNA ou de DNA, mas não de ambos. - O DNA pode ser de fita dupla ou simples, linear ou circular; - O RNA pode ser de sentido positivo (ex.: RNAm) ou de sentido negativo, de dupla fita (+/-) ou de duplo sentido (regiões + e - de RNA ligadas de extremidade a extremidade), pode ser segmentado em pedaços (ex.: vírus da Influenza A, da família dos ortomixovírus). 2. Classificação dos vírus ● Picornavírus → pequeno RNA; ● Togavírus → envelope de membrana que envolve o vírus; ● Retrovírus → síntese de DNA dirigida pelo vírus a partir de um molde de RNA; 3. Estrutura do vírion ● Os vírus clinicamente importantes variam de 18 a 300 nm; ● Vírion → genoma de ácido nucleico empacotado numa cobertura proteica (capsídeo) ou numa membrana (envelope); - As proteínas do capsídeo podem se associar ao genoma para formar um nucleocapsídeo, que pode ser o mesmo do vírion ou envolto por um envelope. - Capsídeo: fornece proteção a severas condições ambientais → secagem, ácido, detergentes (ex.: ácido e bile do trato gastrintestinal); → Subunidades individuais se associam em protômeros e capsômeros até montar um procapsídeo ou capsídeo reconhecível; → Vírus pequenos, como os picornavírus e os parvovírus, apresentam capsídeos icosaédricos, formados por 12 capsômeros em simetria de pentâmero. - Envelope: membrana composta por lipídios, proteínas e glicoproteínas prontamente rompida por ressecamento, condições ácidas, detergentes e solventes, como éter. Vírus envelopados devem permanecer úmidos e geralmente são transmitidos em fluidos, perdigotos, sangue e tecidos; → Constituição semelhante à das membranas celulares, no entanto raramente são encontradas proteínas no envelope viral; Samara Pires- MED25 → A maioria dos vírus envelopados é redonda ou pleomórfica (exceção: poxvírus e rabdovírus, que têm formato de uma bala de fogo); → Todos os vírus de RNA são envelopados. A RNA polimerase viral RNA-dependente associa-se ao genoma de RNA dos vírus para formar nucleocapsídeos helicoidais, garantindo a liberação dentro da célula. → O envelope contém espículas que consistem em duas ou três subunidades de glicoproteína ancoradas ao capsídeo icosaédrico do vírion. Isso permite a adesão e o molde do envelope. - A proteína de fixação viral (VAP) está na superfície do capsídeo ou do envelope e medeia a interação do vírus com a célula-alvo → a remoção ou rompimento dessa estrutura inativa o vírus; → As VAPs que se ligam aos eritrócitos são denominadas hemaglutininas (HA). A HA do Influenza A liga-se aos receptores de ácido siálico na célula alvo; → As VAPs (glicoproteínas) exercem papel importante como antígenos que desencadeiam imunidade protetora. 4. Replicação viral Etapas da replicação viral: ● Reconhecimento da célula-alvo; ● Fixação; - Essas duas etapas envolvem a ligação das VAPs ou de estruturas na superfície do capsídeo do vírion aos receptores na célula (podem ser proteínas ou carboidratos em glicoproteínas ou glicolipídeos). A sensibilidade da célula-alvo define o tropismo tecidual (ex.: vírus linfotrópico); - Picornavírus apresentam um cânion em sua superfície, que serve como um buraco de fechadura para a inserção de uma molécula da superfície celular. ● Penetração; - Pode ser por endocitose, por penetração direta (deslizamento favorecido por estruturas hidrofóbicas), por fusão célula-célula, formando células gigantes multinucleadas (sincícios), como os herpes-vírus e os retrovírus fazem. ● Desencapsidação; - O genoma dos vírus de DNA, exceto o dos poxvírus, deve ser transferido para o núcleo, enquanto a maioria dos vírus de RNA permanece no citoplasma para transcrever RNAm (exceto ortomixovírus e retrovírus); - Os vírus de RNA devem codificar as enzimas necessárias para a transcrição e replicação, uma vez que a célula não tem meios de replicar RNA; - Os vírus envelopados são desencapsidados pela fusão com as membranas das células. Samara Pires- MED25 ● Síntese macromolecular: - Síntese do RNAm inicial e proteínas não estruturais (genes para enzimas e proteínas de ligação ao ácido nucleico); - Replicação do genoma; - Síntese do RNAm final e de proteínas estruturais; - Modificação pós-traducional das proteínas: fosforilação, glicosilação, acilação ou sulfatação. Obs.: em geral, o RNAm para proteínas não estruturais é transcrito primeiro (produtos precoces, como enzimas e proteínas de ligação ao DNA). Já os genes virais tardios codificam proteínas estruturais e outras. TIPOS DE MATERIAL GENÉTICO E REPLICAÇÃO DO GENOMA - O DNA de dupla fita usa o maquinário do hospedeiro no núcleo (exceto os poxvírus) para criar um RNAm, que é traduzido em proteínas pelos ribossomos da célula hospedeira. O DNA de fita simples é convertido em dupla fita e replica-se como tal; - O RNA(+) lembra um RNAm que se liga aos ribossomos para criar uma poliproteína que é clivada em proteínas individuais; - O RNA(-) é transcrito em RNAm e em um molde de RNA (+) por meio da ação de uma RNA polimerase carregada no vírion. O molde de RNA (+) pode gerar uma progênie de genoma RNA(-) novamente; - O RNA de dupla fita age como um RNA (-), cujas fitas são transcritas em RNAm por uma RNA polimerase do vírion. Novos RNA(+) tornam-se encapsidados e as fitas RNA (-) são feitas no interior do capsídeo; - Os retrovírus são RNA (+) que são convertidos em DNA complementar pela transcriptase reversa do vírion e, então, o DNAc chega ao núcleo do hospedeiro para produzir RNAm e proteínas. Samara Pires- MED25 Obs.: a maioria dos vírus de DNA usa a RNA polimerase II DNA-dependente que está na célula (isto é, produz RNAm a partir de DNA). VÍRUS DE DNA - Ocorre no núcleo, com exceção dos poxvírus, pois o DNA viral assemelha-se ao DNA do hospedeiro quanto à transcrição e à replicação; - As DNA polimerases requerem um primer (iniciador) para replicar o genoma viral - Utiliza as polimerases e outras enzimas do hospedeiro; - A síntese de DNA viral é semiconservativa; - As principais limitações para a replicação de um vírus de DNA incluem a disponibilidade de substratos de DNA polimerase e desoxirribonucleotídeos. Por isso, as células não podem estar em repouso, já que nesse estágio não há quantidades suficientes da enzima e de desoxitimidina. Os vírus de DNA maiores são menos dependentes da célula hospedeira, então podem se replicar mesmo quando a célula não está em crescimento. - Ex.: papilomavírus, hepadnavírus e poliomavírus são de DNA dupla, já parvovírus é de fita simples. VÍRUS DE RNA - O RNA de fita negativa é um molde para o RNAm; - O RNA é instável e transitório; - Os vírus de RNA devem codificar uma RNA polimerase RNA-dependente; - Os vírus de RNA, exceto o genoma RNA (+), devem levar polimerases como parte do nucleocapsídeo; - Todos os vírus de RNA (-) são envelopados; - Os genomas de RNA de fita positiva agem como RNAm, ligam-se aos ribossomos e dirigem a síntese proteica. Nos flavivírus, picornavírus, coronavírus e togavírus, o genoma produz uma poliproteína que é clivada por proteases celulares virais em proteínas ativas; - Os genomas virais de RNA de fita negativa requerem a produção de um RNA de fita positiva pela polimerase viral para agir como molde e gerar mais cópias do genoma. Além da produção de RNA (+), ocorre a produção de RNAm. - Os reovírus possuem um genoma de RNA segmentado e de dupla fita. As fitas negativas dos segmentos são utilizadas como molde para o RNAm e também produzem RNA (+), o qual age como um molde para o RNA (-); - Os retrovírus têm um genoma de RNA de fita positiva e carregam uma enzima transcriptase reversa (DNA polimerase RNA-dependente)para a produção de um DNA complementar (DNAc). Samara Pires- MED25 SÍNTESE DE PROTEÍNA VIRAL - O ribossomo eucariótico liga-se ao RNAm viral e produz apenas uma única proteína contínua após a tradução. Então, alguns vírus produzem uma poliproteína gigante e depois clivam, já outros produzem diferentes RNAm separados para proteínas menores ou proteínas individuais. ● Montagem do vírus; - A montagem do nucleocapsídeo de DNA ocorre no núcleo e requer transporte das proteínas do vírion (exceção: poxvírus); - A montagem dos vírus de RNA e dos poxvírus ocorre no citoplasma; - Os capsídeos podem ser montados como estruturas vazias (procapsídeos) para depois serem preenchidos pelo genoma (ex.: picornavírus) ou podem ser montados em volta do genoma (ex.: retrovírus). ● Brotamento dos vírus envelopados; - A aquisição do envelope acontece quando o nucleocapsídeo se associa a regiões que contêm glicoproteínas virais das membranas celulares do hospedeiro → é o brotamento a partir da membrana plasmática ou de organelas. ● Liberação dos vírus. - Pode ser por lise celular, exocitose ou pelo brotamento da membrana plasmática; - Os vírus de capsídeo descoberto geralmente são liberados depois da lise celular. Obs.: os vírus podem ser liberados para o meio extracelular ou podem ser transmitidos, bem como o nucleocapsídeo ou o genoma, por meio de pontes célula-célula, em fusão célula-célula ou verticalmente para as células- filhas, fazendo com que ele escape da detecção do anticorpo. A fase tardia começa com o início da replicação do genoma e a síntese macromolecular viral e procede por meio da montagem e da liberação viral. ● Período de eclipse: começa com a desencapsidação do genoma, pois o vírion perde sua capacidade infecciosa e sua estrutura identificável. Esse período termina com a montagem. O período latente coincide com o período de eclipse, durante o qual um vírus infeccioso extracelular não é identificado. Resumindo: o período de eclipse é aquele em que vírions completos e infecciosos não são encontrados ainda na célula. ● Burst size: produção de vírus infecciosos por célula. 5. Genética viral ● As mutações ocorrem espontânea e prontamente nos genomas virais, criando novas linhagens de vírus; ● A maioria das mutações ou não tem efeito algum, ou é prejudicial ao vírus; Samara Pires- MED25 ● Recombinação é o intercâmbio genético entre os vírus ou entre os vírus e o hospedeiro.
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