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UFBA – ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PROCESSAMENTO PETROQUÍMICO CENPEQ OPERAÇÕES UNITÁRIAS ADSORÇÃO Elaboração: Sérgio Bello Neves Junho/2006 Módulo 5 – Destilação e Absorção ii Operações Unitárias Adsorção “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela.” A. Einstein Operações Unitárias – Adsorção 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3 2. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR EQUILÍBRIO DE FASES...................................5 2.1. DIAGRAMAS DE FASES ...............................................................................................6 2.2. EQUILÍBRIO DE FASES.................................................................................................9 2.3. PROCESSOS BASEADOS EM EQUILÍBRIO DE FASES ..........................................10 2.4. SELEÇÃO DE PROCESSOS.........................................................................................11 3. O FENÔMENO DE ADSORÇÃO...................................................................................17 3.1. TIPOS DE ADSORÇÃO...................................................................................................18 3.2. MECANISMOS DE ADSORÇÃO SELETIVA. ..............................................................19 4. PROPRIEDADES E TIPOS DE ADSORVENTES.........................................................21 4.1. HISTÓRICO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO.........................................................21 4.2. PROPRIEDADES-CHAVE DE UM ADSORVENTE....................................................23 4.3. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE ADSORVENTES ...........................................................26 Alumina Ativada........................................................................................................ 26 Sílica .......................................................................................................................... 27 Zeólitas....................................................................................................................... 27 Carvão Ativado .......................................................................................................... 29 Outros Adsorventes Orgânicos .................................................................................. 30 4.4. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DOS POROS ................................................................31 5. CARACTERIZAÇÃO DE ADSORVENTES..................................................................33 5.1. DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE POROS DE UM ADSORVENTE.....................34 5.2 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE REAL DO SÓLIDO POR PICNOMETRIA.......35 5.3. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO DAS PARTÍCULAS DE ADSORVENTE E DE OUTRAS PROPRIEDADES DE INTERESSE. ......................................................................36 5.4. DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CRISTALINIDADE POR ADSORÇÃO FÍSICA DE N2 38 5.5. DETERMINAÇÃO DA ÁREA ESPECÍFICA PELO MÉTODO BET ...........................39 6. EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO ..........................................................................................40 6.1. TERMODINÂMICA DO EQUILÍBRIO EM ADSORÇÃO ............................................41 6.2. ISOTERMA DE HENRY..................................................................................................42 6.3. ISOTERMA DE FREUNDLICH ......................................................................................42 6.4. ISOTERMA DE LANGMUIR..........................................................................................42 6.5. ISOTERMA DE FOWLER ...............................................................................................43 6.6. EQUILÍBRIO MULTICOMPONENTE ...........................................................................44 Operações Unitárias – Adsorção 2 7. CINÉTICA DE ADSORÇÃO ..............................................................................................46 8. DINÂMICA DE COLUNAS DE ADSORÇÃO ..................................................................50 9. LEVANTAMENTO EXPERIMENTAL DE DADOS DE ADSORÇÃO ...........................54 9.1. BANHO FINITO.........................................................................................................54 9.1.1. EQUIPAMENTO PARA EXPERIMENTOS DE EQUILÍBRIO. .................................54 9.1.2. EQUIPAMENTO PARA EXPERIMENTOS DE CINÉTICA DA PARTÍCULA. .......55 9.2. LEITO FIXO.................................................................................................................57 10. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR ADSORÇÃO.......................................................60 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................83 LISTA DE EXERCÍCIOS ........................................................................................................85 Operações Unitárias – Adsorção 3 1. INTRODUÇÃO A operação unitária de adsorção é, possivelmente, a técnica para separações não baseada em equilíbrio líquido-vapor mais amplamente usada nas indústrias do petróleo, gás natural, petroquímica e química, para a separação dos componentes que formam misturas miscíveis de líquidos ou gases. A adsorção é uma operação unitária de transferência de massa, da mesma maneira que a destilação, a absorção ou a extração. Conforme o dicionário Aurélio, a adsorção é a “fixação de moléculas de uma substância (o adsorbato) na superfície de outra substância (o adsorvente). Esta definição bastante imprecisa já sugere que a citada fixação de certas moléculas a uma superfície vem a constituir um processo de separação de outras moléculas que não foram fixadas com a mesma intensidade. O primeiro uso de um processo de adsorção está perdido na antiguidade. Talvez foi associado com a observação que a água tinha gosto diferente, presumivelmente melhor, quando tratada com madeira carbonizada. A habilidade de certos materiais em remover cor de soluções era conhecida no século XV, e pó de ossos era comercialmente usado para descoloração de soluções de açúcar no final do século XVIII. Em meados do século XIX carvão de madeira era usado em respiradores de hospitais para purificação do ar. Os primeiros processos de adsorção de gás em larga escala foram comercializados quase simultaneamente em princípios dos anos 1920, a remoção de álcool e benzeno de uma corrente de gás pela Bayer, na Alemanha, e a recuperação de etano e hidrocarbonetos mais pesados de gás natural pela Union Carbide Corporation nos Estados Unidos. Deste começo humilde e diverso cresceu uma tecnologia de separação que hoje, abrange uma vasta gama de processos. Uma lista representativa de separações feitas por adsorção é mostrada na Tabela 1.1. Processos de adsorção consistem na concentração seletiva (adsorção) de um ou mais componentes (adsorbatos) de um gás ou um líquido à superfície de um sólido microporoso (adsorvente). As forças de atração que causam a adsorção são geralmente mais fracas que aquelas das ligações químicas, e aumentando a temperatura do adsorvente ou reduzindo a pressão parcial do adsorbato (ou concentração em um líquido), o adsorbato pode ser dessorvido. A dessorção ou etapa de regeneração é bastante importante no processo global. Primeiro, a dessorção permite recuperação de adsorbatos nessas separações onde eles são valiosos; e segundo, permite novo uso do adsorvente durante ciclos adicionais. Em alguns poucos casos, a dessorção não é prática, e o adsorbatodeve ser Operações Unitárias – Adsorção 4 removido por destruição térmica ou outra reação química, ou o adsorvente é simplesmente descartado. Nas seções seguintes nós discutiremos vários aspectos importantes de tecnologia de adsorção, incluindo tipos de adsorventes, critérios para quando usar adsorção, uma descrição de vários processos de adsorção, critérios para escolher um processo e considerações de processo e projeto. Além da informação apresentada aqui, serão apresentadas ao leitor outras fontes de informações gerais e específicas sobre vários aspectos da tecnologia de adsorção. Tabela 1.1. Separações Comerciais por Adsorção Separação (a) Adsorvente Separação de gases (altas concentrações) (b) Normal parafinas / isoparafinas, aromaticos Zeólita N2/O2 Zeólita O2/N2 Peneira molecular de carvão CO, CH4, CO2, N2, Ar, NH3 / H2 Zeólita, carvão ativado Acetone / correntes gasosas (vents) Carvão ativado Etileno / correntes gasosas (vents) Carvão ativado H2O / etanol Zeólita Purificação de gases (c) H2O / Gás de craqueamento contendo olefinas, gás natural, ar, gás de síntese, etc. Sílica, alumina, zeólita CO2 / Etileno, gás natural, etc. Zeólita Organicos / correntes gasosas (vents), Carvão ativado, outros Compostos de enxofre / gás natural, hidrogênio, gás liquefeito de petróleo (GLP), etc. Zeólita Solventes / ar Carvão ativado Odores / ar Carvão ativado NOX / N2 Zeólita SO2 / correntes gasosas (vents) Zeólita Hg / gases efluentes de célula eletrolítica de processo de produção de cloro-soda Zeólita Separação de líquidos (altas concentrações) (b) Normal parafinas / isoparafinas, aromaticos Zeólita p-Xylene / o-xileno, m-xileno, etilbenzeno Zeólita Olefinas / parafinas (faixa de detergente) Zeólita Dietil-benzene / mistura de isômeros Zeólita Frutose / glucose Zeólita Purificação de líquidos (c) H2O / orgânicos, orgânicos oxigenados, organicos clorados, etc. Sílica, alumina, zeólita Orgânicos, orgânicos oxigenados, orgânicos clorados, etc. / H2O Carvão ativado Odor, sabor / água potável Carvão ativado Compostos de enxofre / orgânicos Zeólita, outros Compostos de fermentação / efluente de fermentação Carvão ativado (a) Adsorbatos listados primeiro. (b) Concentrações de adsorbato de cerca de 10% em massa ou maiores na alimentação. (c) Concentrações de adsorbato geralmente menores de aproximadamente 3 % em massa na alimentação. Operações Unitárias – Adsorção 5 2. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR EQUILÍBRIO DE FASES A indústria de processos químicos e de petróleo lida freqüentemente com correntes de processo que possuem componentes que necessitam ser separados de outros, seja na preparação de uma corrente para posterior reação química, seja na separação dos produtos de uma reação, ou ainda na purificação de efluentes líquidos ou gasosos para descarte. A Figura 2.1 é ilustrativa destas necessidades de separação no processo envolvendo a transformação da matéria-prima em produtos finais. A técnica empregada como processo de separação depende das características da mistura que se pretende separar, e é ditada por fatores econômicos de modo a conduzir ao menor custo da separação. Algumas destas técnicas promovem a formação de duas fases da mistura, tirando proveito do fato de que as composições das fases de uma mistura são em geral diferentes uma da outra. Logo a criação de duas fases dá lugar a um processo de separação. Este capítulo estudará brevemente os processos de separação por equilíbrio de fases, mostrando que muitas operações unitárias usam a diferença de composição entre as fases (sólida, líquida ou vapor) para promover a separação desejada. Figura 2.1. Processos de separação na indústria química Separação Separação Separação Reação Produtos Separação Reciclo de Contaminantes Água Efluente Impurezas Matérias Primas Ar Efluente Ar Limpo Água Limpa Reciclo de Contaminantes Subprodutos Separação Separação Separação Reação Produtos Separação Reciclo de Contaminantes Água Efluente Impurezas Matérias Primas Ar Efluente Ar Limpo Água Limpa Reciclo de Contaminantes Subprodutos Operações Unitárias – Adsorção 6 2.1. DIAGRAMAS DE FASES A matéria se apresenta ordinariamente nas fases sólida, líquida ou vapor. A apresentação de um sistema em uma ou mais fases depende de sua composição e das condições de pressão e temperatura a que o mesmo é submetido. Desta forma, a água pura apresenta-se líquida à pressão de 1 atm abs, em temperaturas na faixa de 0 a 100oC, enquanto que a temperaturas acima de 100oC apresenta-se como gás (ou vapor) e a temperaturas abaixo de 0oC apresenta-se como sólido (gelo). Para composições diferentes, como por exemplo na presença de ar (uma mistura de oxigênio e nitrogênio, principalmente), a água pode estar presente na fase gás, como sabemos pelos estudos de psicrometria. A Figura 2.2 ilustra estas fases da água na natureza, enquanto que a Figura 2.3 apresenta um diagrama de fases para a água pura. Figura 2.2. Água nos estados sólido, líquido e gasoso A transformação de um produto puro de uma fase sólida para líquida recebe o nome de fusão, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a pressão é constante, a fusão de um composto puro se dá a temperatura constante, chamada de temperatura de fusão. O processo de solidificação é a passagem do estado líquido para o sólido. A solidificação libera energia e se dá à mesma temperatura de fusão. Observe que a temperatura de fusão ou de solidificação em geral não é constante para uma mistura. Analogamente, a transformação de um produto puro de uma fase líquida para gás recebe o nome de evaporação, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a pressão é constante, a evaporação de um composto puro se dá a temperatura constante, chamada de temperatura de ebulição (ou de evaporação). O processo de liquefação é a passagem do estado gás Operações Unitárias – Adsorção 7 para o líquido. A liquefação libera energia e se dá à mesma temperatura de ebulição. Observe que a temperatura de evaporação ou de liquefação em geral não é constante para uma mistura. Figura 2.3. Diagrama de fases para a água pura Estes processos de mudanças de fases estão apresentados na Figura 2.4. Observe que também é possível a mudança diretamente da fase sólida para a fase gás, e vice-versa, processo que recebe o nome de sublimação. O processo de sublimação só pode ocorrer sob determinadas condições de pressão, abaixo do ponto triplo. Desta forma, a sublimação da água só ocorre a pressões abaixo de 4,58 mmHg abs, que á uma condição de alto vácuo (ver Figura 2.3). Algumas substâncias sublimam à pressão ambiente, como é o caso do dióxido de carbono (CO2) no conhecido exemplo do gelo seco. A Figura 2.5 apresenta o diagrama de fases para o dióxido de carbono, onde se observa que o equilíbrio entre as fases líquida e vapor para este composto só é possível para pressões acima de 5 atm abs (ponto triplo). O iodo sólido e a naftalina são outros exemplos de compostos que sublimam à pressão ambiente. Operações Unitárias – Adsorção 8 Figura 2.4. Mudanças de fase em composto puro Figura 2.5. Diagrama de fases para o dióxido de carbono Operações Unitárias – Adsorção 9 2.2. EQUILÍBRIO DE FASES Quando duas fases são postas em contato elas tendem a trocar seus constituintes até que a composição de cada fase atinja um valor constante. Quando isto acontece, diz-se que o sistema está em equilíbrio termodinâmico. As fases em contato podem ser líquidas, sólidas ou gasosas. Quando só há um componente nas fases, obviamente a composição de cada fase será igual. No entanto, quando há mais de um componente nas fases, em geral as composições de cada fase serão diferentes. Esta é a base dos processos de separação por equilíbrio de fases. Conforme citado anteriormente,estes processos promovem a formação de duas fases da mistura, tirando proveito do fato de que as composições das fases de uma mistura são em geral diferentes uma da outra. Logo a criação de duas fases dá lugar a um processo de separação. Um dos parâmetros usados na descrição quantitativa da facilidade de separação entre dois componentes em um processo baseado no equilíbrio de fases é a seletividade. A seletividade (β) é definida como a relação entre as composições de um dos componentes em cada fase dividida pela a relação entre as composições do outro componente em cada fase, de acordo com a Equação 2.1. Nesta equação a seletividade (β1,2) entre os componentes 1 e 2 de um processo é dada pela relação das composições do componente 1 na fase I (x1,I) e na fase II (x1,II) dividida pela relação das composições do componente 2 na fase I (x2,I) e na fase II (x2,II). Desta forma, admitindo que uma certa composição de fase II é de 50% de cada componente, a seletividade será tanto maior quanto maior for a composição do componente 1 na fase I. Se a fase I apresenta igualmente uma composição de 50% de cada componente, nenhuma separação é observada e a seletividade é igual a 1 neste caso. Em geral a seletividade é definida de modo a possuir valores maiores que a unidade. II I II I x x x x ,2 ,2 ,1 ,1 2,1 =β Eq. 2.1 Em resumo, quanto maior for a seletividade maior será a facilidade de separação entre os componentes por determinado processo. Quanto mais próxima de 1 for a seletividade maior será a dificuldade de separação entre os componentes por determinado processo. Observe que o conceito de seletividade pode ser aplicado a misturas multicomponentes, porém sempre se refere à separação entre dois componentes nesta mistura. Para o caso particular do equilíbrio entre as fases líquida e vapor, é usual a representação da composição da fase líquida com a letra x e da fase vapor com a letra y, como mostrado na Figura Operações Unitárias – Adsorção 10 2.6. Neste caso, a seletividade recebe o nome específico de volatilidade relativa (α1,2) e está apresentada na Equação 2.2. 2 2 1 1 2,1 x y x y =α Eq. 2.2 Observe que este é o caso da separação por destilação, onde continua valendo o mesmo raciocínio: quanto maior for a volatilidade relativa maior será a facilidade de separação entre os componentes por destilação; quanto mais próxima de 1 for a volatilidade relativa maior será a dificuldade de separação entre os componentes por destilação. A volatilidade relativa pode ser interpretada, assim, como uma medida da facilidade que uma dada substância tem para passar à fase vapor. Um estudo mais aprofundado do equilíbrio entre as fases sólida e líquida ou vapor, de interesse nos processos de adsorção, será desenvolvido no capítulo 4, objetivando uma melhor compreensão do processo de adsorção. Figura 2.6. Equilíbrio entre as fases líquida e vapor 2.3. PROCESSOS BASEADOS EM EQUILÍBRIO DE FASES O equilíbrio entre as fases líquida e vapor é a base para operações de separação como a destilação, a absorção e o “stripping”. O vapor de uma mistura em ebulição será mais rico nos componentes mais voláteis que a mistura original, enquanto que o líquido remanescente conterá mais o material menos volátil. Neste caso, a promoção de um contato íntimo entre estas fases é a chave para a eficiência dos equipamentos destes processos. O equilíbrio entre duas fases líquidas é a base para operações de separação como a extração. Nestes processos normalmente se acrescenta um solvente que tem maior afinidade com um ou mais dos componentes para promover a separação. Observe que haverá a necessidade de um processo adicional de separação do solvente dos componentes extraídos, de modo a isolar estes componentes Operações Unitárias – Adsorção 11 e reciclar o solvente ao processo. Esta separação adicional é geralmente conduzida por destilação. A Figura 2.7 ilustra processos de laboratório de separação por extração. Figura 2.7. Processo de separação por extração. O equilíbrio entre as fases sólida e fluida (líquido ou vapor) é a base para operações de separação como a cristalização e a adsorção. Estes processos apresentam como característica a necessidade de manipulação de uma fase sólida, o que pode ser um fator complicador. Eventualmente, na adsorção, emprega-se um componente adicional para funcionar como dessorvente. Nestes casos haverá novamente a necessidade de um processo adicional de separação do dessorvente dos demais componentes, de modo a isolar estes componentes e reciclar o dessorvente ao processo. A Tabela 2.1 faz um resumo das principais características dos processos baseados no equilíbrio de fases. 2.4. SELEÇÃO DE PROCESSOS A seleção do processo mais adequado para uma dada separação será, em última instância, governada por critérios econômicos. O melhor processo será aquele que realize a separação com o menor custo de produção, considerando custo de investimento e custo operacional do mesmo. No entanto, para efeito de se ter uma lista de aspectos importantes a se verificar, alguns fatores devem ser lembrados na seleção de um processo de separação: 1. Viabilidade: a) Capacidade em realizar a separação e obter a pureza desejada; b) Eficiência de separação; c) Condições extremas de pressão e temperatura devem ser evitadas. Operações Unitárias – Adsorção 12 Tabela 2.1. Processos baseados no equilíbrio de fases Nome Carga Agente Produto Princípios Exemplo Evaporação Líquido Calor Líquido e vapor Diferença de volatilidade Concentração de suco de frutas Flash Líquido Redução de pressão Líquido e vapor Diferença de volatilidade Dessalinização da água do mar Destilação Líquido e/ou Vapor Calor Líquido e/ou vapor Diferença de volatilidade Estabilizadora de gasolina Arraste Líquido Gás não condensável ou vapor Líquido e vapor Diferença de volatilidade Remoção de leves Absorção Gás Líquido não volátil Líquido e vapor Solubilidade Recuperação de hidrocarbonetos leves em unidade de craqueamento Extração Líquido Líquido imiscível dois líquidos Diferença de solubilidade Extração de aromáticos Cristalização Líquido Remoção ou adição de calor Líquido e/ou vapor e sólidos Diferença de tendência à cristalização e participação em estrutura cristalina Remoção de parafinas de óleos lubrificantes Adsorção Líquido e/ou Gás Sólido adsorvente Fluido e sólido Diferença de potencial de adsorção adsorção de n- parafinas 2. Valor do produto: produtos de baixo valor comercial serão mais viáveis de serem obtidos em processos com baixo consumo de energia, de baixo custo de produção, com pequeno investimento e em grandes plantas industriais. 3. Degradação do produto: altas temperaturas em sistemas com produtos pesados pode levar a um craqueamento ou polimerização. 4. Consumo de energia a) Processos que usam energia como agente separador: buscar minimizar consumo de energia (destilação); b) Processos que usam um novo composto como agente separador: necessidade de separação adicional (extração, adsorção e absorção); Operações Unitárias – Adsorção 13 c) Processos governados pelo fluxo: recuperação de energia nos produtos quase nunca é possível (membrana); d) Processos que tenham uma fase sólida: dificuldade de manuseio de sólidos (cristalização e adsorção). Pela simplicidade e aplicabilidade universal, a destilação tem assumido um papel predominante na tecnologia de separações e é o padrão contra o qual se comparam outros processos potenciais, apresentando como vantagens: a) Separação fácil para volatilidades relativas maiores que 1,5; b) Baixo consumo de energia; c) Não envolve manuseio de uma fase sólida; d) Não existe adição de nenhum outro composto que possa contaminar o produto; e) Pode ser facilmente usadaem processos de estágios múltiplos com um único vaso. Entretanto a destilação não é um processo eficiente em termos de consumo de energia e, com o aumento dos custos da energia, processos de separação alternativos têm atraído crescente interesse. Ela pode não ser a melhor resposta para casos em que há risco de degradação térmica do produto e quando as volatilidades relativas são menores que 1,15. Nestes casos, processos como os de extração, cristalização ou adsorção podem se mostrar vantajosos em diversas situações, especialmente naquelas em que o uso da destilação convencional conduz a um número muito elevado de estágios. A Figura 2.8 mostra esta situação, apresentando um gráfico da eficiência e do refluxo mínimo necessário contra a volatilidade relativa (α) para a separação, por destilação, de uma mistura hipotética 50%-50% de dois hidrocarbonetos aromáticos (A e B) em duas correntes, uma contendo 99% A + 1% B e a outra contendo 99% B + 1% A. A eficiência térmica é calculada em função da carga térmica do refervedor com refluxo mínimo. O calor de evaporação foi considerado como 8070 cal/mol, correspondendo ao tolueno. Para a separação de mistura de benzeno e tolueno (α ∼ 2,4) a eficiência térmica é em torno de 4,2%. À medida que a volatilidade relativa decresce, a eficiência térmica cai rapidamente devido ao aumento de refluxo necessário. Também é mostrado na Figura 2.8 o número mínimo de estágios teóricos necessários para efetuar a separação específica a refluxo total. Este número aumenta rapidamente com o decréscimo da volatilidade relativa e fica evidente que para sistemas em que α é menor do que 1,2, a destilação é ineficiente. O número de estágios mínimo para uma volatilidade relativa de 1,1 é de cerca de 100 estágios, o que conduziria a cerca de o dobro de estágios em um processo real com refluxo não infinito. Operações Unitárias – Adsorção 14 Apesar de os custos de uma unidade de separação por adsorção serem geralmente maiores do que os custos de unidade de destilação com número equivalente de estágios teóricos, melhores fatores de separação são comumente obtidos no processo de adsorção. Então, quando a volatilidade relativa decresce outros processos, como o de adsorção, eventualmente se transformam na opção mais econômica. O ponto onde a destilação deixa de ser interessante depende, é claro, do sistema particular, assim como do custo de energia. Como uma aproximação pode-se afirmar que, com a presente tecnologia, a adsorção torna-se competitiva com a destilação para a separação em massa quando a volatilidade relativa for menor do que cerca de 1,2 a 1,5. Para processos de purificação envolvendo gases leves, onde a alternativa é a destilação criogênica, o custo é geralmente mais favorável para a adsorção, logo a adsorção é comumente preferida mesmo quando a volatilidade relativa for alta. Figura 2.8. Refluxo e número de estágios mínimos de destilação versus volatilidade relativa. Além da volatilidade relativa, outros fatores podem ser analisados na escolha do processo mais adequado. Assim, destilação ainda não é necessariamente a melhor resposta se: a) A Composição de carga é desfavorável: O produto de interesse tem alto ponto de ebulição e baixa concentração na carga (menos que 10 a 25%); um produto indesejável de alto ponto de ebulição e muito baixa concentração (apenas 1 a 2%) deve ser removido Operações Unitárias – Adsorção 15 da carga; a faixa de ebulição de uma série de componentes sobrepõem-se à faixa de ebulição de uma outra série de componentes que devem ser purificados. b) Há condições extremas de pressão e/ou temperatura: Condições criogênicas ou temperaturas acima de 250oC; pressões menores que 0,02 kgf/cm2 ou maiores que 50 kgf/cm2; c) Há possibilidade de ocorrerem reações indesejáveis; d) Capacidades menores que algumas toneladas por dia; e) Corrosão é um problema; f) Precipitação é um problema; g) Condições explosivas podem ser encontradas na coluna. Um exemplo típico onde a destilação não é competitiva é a separação do p-xileno de seus isômeros aromáticos. Algumas propriedades físicas deste sistema são mostradas na Tabela 2.2. A partir de uma análise das volatilidades relativas e pontos de ebulição observa-se que, por destilação convencional, apenas o isômero o-xileno pode ser separado do p-xileno com razoável eficiência. De fato, a separação por destilação exigiria colunas com números de pratos variando de 150 a 800, como mostrado na Figura 2.9. Este é um número muito grande, inviável economicamente. Por outro lado a grande diferença de seletividades sinaliza com uma separação muito mais fácil através de um processo de adsorção. Desta forma, o processo de adsorção baseado em um adsorvente zeolítico tem sido largamente empregado em escala comercial, devido aos melhores fatores de separação deste processo quando comparados aos da destilação. Uma outra alternativa viável, que compete com o processo de adsorção, é a separação por cristalização, como pode ser percebido pela grande diferença entre os pontos de solidificação (fusão) dos componentes puros. Tabela 1.2. Propriedades, volatilidades e seletividades de isômeros aromáticos C8. Ponto de fusão(ºC) % Temperatura de Ebulição (oC) Volatilidade Relativa (a) Seletividade em Sr-BaX (b) Etil-benzeno - 95 25 136,2 1,056 0,74 p-Xileno + 13 25 138,4 1,000 1,24 m-Xileno - 48 25 139,1 0,981 0,39 oXileno -25 25 144,4 0,855 0,46 (a) A 138oC, em relação ao p-xileno. (b) Seletividade de adsorção em Zeólita Sr-BaX em relação ao dessorvente para-dietilbenzeno (PDEB). Operações Unitárias – Adsorção 16 Figura 2.9. Separação de isômeros aromáticos C8 por destilação Operações Unitárias – Adsorção 17 3. O FENÔMENO DE ADSORÇÃO A adsorção física é um fenômeno pelo qual as moléculas de um fluido (gás, vapor ou líquido) são atraídas para uma superfície sólida, em função de uma força resultante decorrente da descontinuidade existente nas moléculas desta mesma superfície. A Figura 3.1, adaptada a partir de Cardoso (1987), mostra que uma partícula situada em regiões internas de um sistema condensado (sólido) encontra-se em equilíbrio, pois a resultante das forças que atuam sobre ela é zero; já uma partícula da superfície está em desequilíbrio, pois existe uma resultante de forças (R) atuando sobre a mesma. Esta resultante é a responsável pela interação entre as moléculas de um fluido e a superfície de um sólido, gerando uma força de atração que pode se propagar por múltiplas camadas. Um fenômeno observado cotidianamente e que envolve forças de atração semelhantes a essas é a condensação de vapor d’água na superfície de um espelho. Estas forças são tipicamente forças de van der Waals, de acordo com Ruthven (1984). Interação entre as moléculas de um sistema condensado Interação entre as moléculas de um fluido e a superfície de um sólido n-ésima camada 2a. camada 1a. camada Fisissorção de um gás sobre um sólido R Figura 3.1. Adsorção física: atração entre as moléculas de uma superfície sólida e de um fluido (Cardoso, 1987). A partir deste princípio é possível o desenvolvimento de materiais sólidos específicos para a separação de componentes de uma mistura, combinando o fenômeno da adsorção física com outros, Operações Unitárias – Adsorção 18 como ode peneira molecular e a utilização de sítios iônicos, para obter um sólido altamente seletivo a determinadas espécies moleculares. Neste último caso estão as interações eletrostáticas tipo polarização, dipolos e quadripolos (Ruthven, 1984). O fenômeno de adsorção física é, assim, geral, pois mesmo na ausência de interações específicas existem sempre as forças de Van der Waals para atraírem as moléculas da fase fluida para a interface. A adsorção diminui a energia livre superficial do sistema, pelo que o processo é espontâneo (∆G < 0). Por outro lado, há uma diminuição do número de graus de liberdade, pois as moléculas adsorvidas só podem deslocar-se sobre a superfície, enquanto que as moléculas da fase fluida podem deslocar-se por todo o volume da fase, estando em um estado de maior desordem. Isso significa que há uma diminuição na entropia do sistema ao passar do estado não adsorvido para o adsorvido, isto é ∆S < 0. Como ∆G = ∆H – T∆S, conclui-se que ∆H < 0, ou seja, a adsorção é um processo exotérmico. Portanto de acordo com os princípios de Le Chatelier–van’t Hoff, a quantidade de gás adsorvido diminui quando a temperatura aumenta. 3.1. TIPOS DE ADSORÇÃO. Quando o processo de adsorção envolve força de van der Waals, mas não há alteração química das moléculas adsorvidas, e o calor de adsorção é pequeno (da mesma ordem de grandeza do calor da condensação), temos uma adsorção física. Eventualmente podem estabelecer-se ligações químicas, conduzindo a formação de um composto químico de superfície, ou complexo de adsorção. Neste caso o calor de adsorção é da mesma ordem de grandeza dos calores de reação e temos uma adsorção química. No primeiro caso podem formar-se camadas moleculares sobrepostas, enquanto que na adsorção química se forma uma única camada molecular adsorvida (monocamada). Algumas propriedades da adsorção física e química estão listadas a seguir: Adsorção Física: • É não específica, e semelhante ao fenômeno da condensação. Ocorre sempre que um gás é posto em contato com um sólido. • As forças envolvidas são fracas e o calor liberado é da ordem do calor de condensação (de 0,5 a 5 Kcal/gmol). • equilíbrio entre a superfície sólida e as moléculas do gás é rapidamente alcançado e é reversível. • A energia de ativação do processo não ultrapassa 1 kcal/gmol e as forças envolvidas são fracas. Operações Unitárias – Adsorção 19 • A adsorção física não explica atividades catalíticas de sólidos. Se a adsorção física fosse responsável pela catálise, todos os sólidos seriam catalisadores. • A adsorção física cai com o aumento da temperatura e é muito pequena na temperatura crítica; • Não depende das irregularidades da superfície, embora seja proporcional à quantidade de superfície. Obs.: Superfícies microporosas influem na adsorção física. • Não se limita a uma monocamada sobre a superfície, principalmente à temperatura de condensação; • Seu estudo é importante na determinação da textura de um catalisador (forma microscópica da superfície). Adsorção Química : • É específica , e envolve forças muito maiores. • Ligações entre moléculas e a superfície são da mesma ordem de força das ligações entre os átomos da superfície . • Calor de reação de 5 a 100 Kcal/gmol. • Como o calor de adsorção é muito alto, as moléculas adsorvidas podem reagir com energia de ativação menor. • Há dois tipos de quimissorção: a ativada, onde a taxa de adsorção varia com a temperatura, e a não ativada, que é mais rápida que a ativada. Na Tabela 3.1 comparam-se abreviadamente os dois tipos de adsorção. 3.2. MECANISMOS DE ADSORÇÃO SELETIVA. Um adsorvente efetivo deve concentrar seletivamente um ou mais componentes, chamados adsorbatos, a partir de uma concentração inicial, mediante um dos seguintes mecanismos: • Ligação seletiva de um ou mais componentes à superfície do adsorvente por interações eletrostáticas; • Exclusão seletiva de certos componentes com base em incompatibilidades geométricas, conhecido como o mecanismo de peneira molecular; • Diferença de difusão intrapartícula entre os componentes, também referido como seletividade cinética. Operações Unitárias – Adsorção 20 O primeiro destes mecanismos é muito importante para a maioria dos processos de adsorção. O efeito de peneira molecular é fundamental para alguns processos, como a separação de xilenos em adsorvente zeolítico, enquanto que o último mecanismo tem apenas um único processo comercial, que é a separação de ar por peneira molecular de carvão. Tabela 3.1. Adsorção Física e Adsorção Química. Parâmetro Adsorção Física Adsorção Química Adsorvente Todos os sólidos Alguns sólidos Adsorvido Todos os gases (abaixo da temperatura crítica) Todos os gases Temperatura Baixa Alta Calor de adsorção Baixo (= ∆H cond.) Alto ( = ∆H reação) Taxa de adsorção Muito rápida Mais lenta Cobertura Várias camadas Monocamada Reversibilidade Altamente reversível Irreversível Importância Determinação da área superficial e tamanho do poro Área de centros ativos e para a elucidação da cinética da reação Operações Unitárias – Adsorção 21 4. PROPRIEDADES E TIPOS DE ADSORVENTES 4.1. HISTÓRICO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO. Desde o século XVIII, Fontana já havia observado que uma espécie de carvão ativado retinha em seus poros grandes quantidades de vapor d’água, o qual era liberado com o simples emprego de altas temperaturas. Em 1756 Cronstedt descobriu o primeiro zeolito mineral, e deu o nome de “zeo” (ferver)+“lithos” (pedra), ou seja, pedra que ferve. Entretanto, foi só nos últimos 40 anos que a adsorção passou a ser utilizada como operação unitária relevante dentro da indústria química, acompanhando o acentuado desenvolvimento registrado na petroquímica. A partir de então, a adsorção somou-se aos vários processos de separação existentes, especialmente como uma alternativa em situações onde a destilação convencional se revela ineficiente e/ou onerosa. O processo de adsorção desenvolveu-se juntamente com o de catálise devido ao fato deste último requerer uma adsorção inicial para se processar. Por este motivo um breve histórico da catálise também pode ser elucidativo da evolução do processo de adsorção. Há milênios conhece-se que a velocidade das reações pode ser alterada com a presença de certas substâncias. A pedra filosofal, por exemplo, teria a propriedade de transformar metais em ouro. Em 1835, Berzelius, cientista russo, usou pela primeira vez a palavra “Catálise” para definir a “decomposição dos corpos” devido à força catalítica atribuída a materiais capazes de promover transformações químicas entre espécies que normalmente não seriam reativas a uma determinada temperatura. Mas, antes de Berzelius, já eram conhecidos e usados processos catalíticos. Os alquimistas já preparavam éter sulfúrico de álcool mais ácido sulfúrico obtido por combustão de enxofre com nitrato de sódio (catalisador). No início do século XVII, o químico inglês Sir Humphrey Davy, descobriu que um fio de platina quante ficava “ao rubro” quando introduzido numa mistura de ar e hidrogênio e percebeu que a presença de platina provocava uma rápida reação apesar da temperatura inicial da platina e dos gases ser mais baixa que a requerida para ignição na ausência da platina. Observou ainda que a platina não sofria nenhuma alteração irreversível, uma vez que o mesmo fenômeno ocorria ao repetir a experiência com o mesmo fio de platina, concluindo que esta induzia a reação, mas não era consumida. Operações Unitárias – Adsorção 22 Ainda nesse século, Roebuck e outros introduziram o processo para oxidar SO2 a SO3 com ar para obtenção de ácido sulfúrico, usando óxidos de nitrogênio como catalisador: processo de câmaras de chumbo. Após Davy, outro inglês, Michel Faraday (1834) estudou a reação de ar com hidrogênio na presença de Pt e verificou que a superfíciede platina devia estar limpa para que a reação ocoresse efetivamente. Concluiu então, que ocorria um fenônemo de superfície. Nesse mesmo ano surgiu a primeira patente de catalisadores empregando platina na oxidação de enxofre a SO2. Nessa época ainda pouco se sabia sobre estruturas de moléculas, natureza das ligações químicas ou mecanismo das reações químicas, tornando difícil a compreensão científica para certos fenômenos, com a ação de um catalisador numa determinada reação. Atentando para a série de transformações cuja ocorrência dependia da presença de um agente que não era consumido no processo, Berzelius resolveu dar o nome de catálise (palavra grega significando “afrouxamento”) a esse fenômeno porque tinha idéia de que um catalisador aumentava a reatividade pelo “afrouxamento” da ligação entre os átomos das espécies químicas. Na mesma ocasião, Mitscherlich introduziu o termo “ação de contato” para definir fenômenos semelhantes, ao estudar reações de exterificação utilizando ácido sulfúrico como catalisador. Estudos sobre esterificação utilizando catalisadores foram apresentados por Williamson em 1850. Em 1860, Pasteur mostrou a ação dos microorganismos, introduzindo a catálise enzimática. A partir daí, o interesse em catálise cresceu e isso refletiu na tecnologia com o desenvolvimento de vários processos catalíticos industriais e levou a um estudo mais científico do mecanismo da ação catalítica. O primeiro processo heterogêneo industrial apareceu em 1868: Processo Deacon – Hinter para produzir cloro partindo de cloridreto e ar, utilizando um catalisador de cloreto de cobre. Em seguida uma série de processos foram sendo desenvolvidos. Por exemplo, a oxidação de SO2 a SO3 com ar na presença de platina para produção de H2SO4, processo que havia sido desenvolvido utilizando catalisador homogêneo no século XVII, melhorando o desempenho. Mostrando a evolução de catálise, mais tarde a platina também foi substituída por outro catalisador heterogêneo: óxido de vanádio e sulfato de potássio suportados em sílica que era menos suscetível ao envenenamento (1875). Operações Unitárias – Adsorção 23 4.2. PROPRIEDADES-CHAVE DE UM ADSORVENTE Os atributos importantes na escolha de um adsorvente são: capacidade, seletividade, regenerabilidade, cinética, compatibilidade e custo. Raramente um adsorvente atenderá a todos esses aspectos simultaneamente. 4.2.1. CAPACIDADE Capacidade é a quantidade de adsorbato que fica no adsorvente por unidade de massa ou de volume do adsorvente. Este é, usualmente, o mais importante dos atributos, pois incide diretamente sobre o custo do investimento, uma vez que a quantidade de adsorvente e o tamanho do equipamento de adsorção são ditados por esse fator. Para um dado adsorvente, a capacidade depende principalmente da concentração na fase fluida, temperatura e condições iniciais do adsorvente. Na prática, as informações sobre a capacidade de adsorção são freqüentemente apresentadas em temperaturas fixas, por gráficos conhecidos como isotermas. Uma isoterma, como veremos no capítulo 6, é um gráfico que mostra a concentração no adsorvente como uma função da concentração na fase fluida, a determinada temperatura. Existem outras formas gráficas para expressar a capacidade de um adsorvente. Isósteras apresentam a pressão parcial, o ponto de orvalho ou algum outro indicador de concentração contra o inverso da temperatura absoluta para uma concentração adsorvida específica. Isóbaras mostram a concentração adsorvida em função da temperatura para uma dada pressão parcial ou outra medida de concentração. Esses dois tipos de gráficos oferecem a vantagem de linearidade em certos sistemas, permitindo a interpolação e extrapolação com mais facilidade. A capacidade é também expressa por vários índices, assim como a área superficial, a distribuição do tamanho dos poros e o índice de iodo. Este último é usado, exclusivamente, com carvão ativado. A área superficial geralmente se correlaciona bem com a capacidade e para vários adsorventes comerciais está na faixa de 5 a 3.000 m2/g. A distribuição do tamanho dos poros é uma propriedade que indica a fração do espaço dentro da partícula ocupada por microporos (diâmetro de poro: dp < 20 A), mesoporos (20 A ≤ dp < 500 A), e macroporos ( dp ≥ 500 A). As dimensões dos poros se correlacionam intuitivamente com capacidade e cinética, apesar de que as relações são complexas. A Figura 4.1 mostra a distribuição do tamanho dos poros para alguns adsorventes comerciais. O número de iodo é uma medida Operações Unitárias – Adsorção 24 grosseira da capacidade de adsorver pequenas moléculas e se correlaciona bem com a área superficial. Figura 4.1. Distribuição de Tamanhos de Poros para Adsorventes Usuais 4.2.2. SELETIVIDADE A seletividade, como será visto no capítulo 6, é a razão da capacidade do adsorvente para um componente por sua capacidade para outro componente a uma dada concentração da fase fluida. A seletividade na adsorção é similar à volatilidade relativa na destilação: quanto menor seu valor, maior o equipamento necessário. A situação ideal é atingida quando o componente principal de uma alimentação binária não é adsorvido (inerte), o que conduz a uma excelente seletividade. Nos processos tipo TSA e PSA, que serão apresentados no capítulo 10, a seletividade é um fator mais importante que a capacidade. Isto acontece porque os adsorventes de alta capacidade tem tendência a ser de difícil regeneração. 4.2.3. REGENERAÇÃO DO ADSORVENTE A regenerabilidade é essencial para todas as unidades de adsorção cíclicas, de modo que os adsorventes possam operar em ciclos sequenciais com desempenho uniforme. Isto significa que Operações Unitárias – Adsorção 25 cada componente deve ser adsorvido de maneira relativamente fraca, ou seja, o fenômeno deve ser de fisissorção e não de quimissorção. O calor de adsorção dá uma medida da energia necessária para a regeneração, assim, do ponto de vista da regeneração, baixos valores são desejados. A regeneração, como será visto no capítulo 10, pode ser realizada através da mudança de temperatura (thermal swing) ou de pressão (pressure swing), ou quimicamente através do deslocamento, eluição ou extração supercrítica. Algumas vezes são usadas combinações dessas técnicas. A regenerabilidade de um adsorvente determina a fração de capacidade que é recuperada durante a regeneração (algumas vezes chamada de capacidade de trabalho), assim como o tempo e a energia necessários para a mesma. Em muitas unidades, uma pequena perda de capacidade de trabalho ocorre nos primeiros ciclos. Esta perda é freqüentemente seguida por uma queda gradual de capacidade ao longo dos ciclos. Isto ocorre devido a diversos fatores como operação indevida, envenenamentos ou outras causas não relacionadas à regeneração que governam a vida de um adsorvente. 4.2.4. CINÉTICA DA ADSORÇÃO A cinética de transferência de massa relaciona-se com as resistência à transferência de massa dentro da partícula (intrapartícula) e no filme externo à partícula (extrapartícula), como será visto no capítulo 7. 4.2.5. COMPATIBILIDADE E CUSTO A compatibilidade cobre vários modos possíveis de ataque químico e físico que pode reduzir a expectativa de vida do adsorvente. As partículas de adsorvente, incluindo qualquer componente como ligantes ou grupos superficiais, devem ser todos inertes com relação aos componentes da alimentação e das correntes regenerantes. Além disso, condições operacionais como velocidade, temperatura, pressão e vibração do equipamento não devem causar danos (desintegração) às partículas do adsorvente. Estar alerta para problemas de compatibilidade não é tão óbvio. Por exemplo, as correntes de alimentação contendo cetonas têm causado incêndio em leitos de adsorventes de carvão ativado. O preço de adsorventes varia, obviamente,com o tempo e de fornecedor para fornecedor. Mesmo para adsorventes padrões, os preços podem variar entre U$ 0,50 até U$ 50/lb. Alumina ativada e sílica gel geralmente são vendidos por US$ 2 a US$ 4 por libra quando comprados em grande quantidade e 600 lb de carvão ativado geralmente custa em torno de US$ 600. Estes dados são aproximativos. Operações Unitárias – Adsorção 26 4.3. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE ADSORVENTES 4.3.1. MATERIAIS INORGÂNICOS A maioria dos minerais e alguns materiais inorgânicos sintéticos têm sido testados como adsorventes. Alguns mostraram-se excelentes adsorventes. Outros, a despeito de serem adsorventes pobres, têm encontrado uso simplesmente por serem baratos. Alguns sólidos inorgânicos, embora sejam frequentemente considerados adsorventes, podem agir mais como absorventes: O fluido penetra dentro dos poros do material em vez de ficar aderido à superfícíe dos poros. Entre eles estão o cloreto de cálcio, os óxidos de cálcio, magnésio e zinco, sulfato de cálcio, silicato de magnésio, terras diatomáceas e bicarbonato de sódio. Tais substâncias têm uma larga faixa de aplicação, da secagem à recuperação de policloro-bifenil. Alguns são usados anidros, outros são hidratados. Por outro lado, os materiais inorgânicos mais interessantes como adsorventes são a alumina ativada, a silica e as zeólitas, que serão estudadas a seguir. Alumina Ativada É feita a partir da alumina hidratada (bauxita), Al2O3•nH2O, onde n varia de 1 a 3, por calcinação sob condições controladas de modo a reduzir n para algo em torno de 0,5. É um material branco ou escurecido, de aparência similar à do calcáreo. Diversos tipos são produzidos por diversos fabricantes. A diferença entre eles está na estrutura cristalina da alumina. Formas cristalinas estáveis não se prestam como adsorventes porque apresentam área superficial baixa. Por outro lado, formas de transição como a gama e a eta alumina apresentam altas concentrações de sítios ácidos na sua superfície. A área superficial específica varia de 200 a 400 m2/g. As formas de apresentação são esferas de 1 a 8 mm de diâmetro, grãos, “pellets” de 2 a 4 mm de diâmetro e pó. A alumina ativada é um adsorvente hidrofílico. Assim pode ser usada como dessecante na remoção de água de hidrocarbonetos, aplicação em que possui menor capacidade que a silica-gel a baixas temperaturas, mas conduz a menores teores de água na saída, atingindo ponto de orvalho de –90oF. Por outro lado sua capacidade é maior que a das zeólitas. Entre os outros usos da alumina ativada como adsorvente encontramos a remoção de oxigenados e mercaptans de correntes de hidrocarbonetos, de íons flúor da água e remoção de HCl de H2 em unidades de reforma catalítica. Aplicações na fase gás em geral exigem o aquecimento do adsorvente a temperaturas de cerca de 250oC. Operações Unitárias – Adsorção 27 Sílica Adsorventes de sílica (SiO2) são disponíveis em diversas formas, que contêm diversos tipos de sílica gel, vidro borossilicato poroso ou aerogel. O gel é uma estrutura rígida, mas não cristalina, de micropartículas esféricas de sílica coloidal; o vidro é poroso. A área superficial específica varia de 300 a 900 m2/g, dependendo da densidade. Densidades maiores implicam em poros menores e, logo, maior área específica. Sílicas são em geral claras ou levemente coloridas, transparentes ou translúcidas. Algumas vezes, no entanto, são manufaturadas em mistura com alumina, quando torna-se então opaca e branca, com a aparência da alumina. Apresentam-se como esferas de 1 a 3 mm de diâmetro, grânulos, “pellets” de 2 a 4 mm de diâmetro e pó. A sílica é um adsorvente hidrofílico. Usos de sílica como adsorvente inclui a separação de hidrocarbonetos, redução do ponto de orvalho do gás natural e secagem de hidrocarbonetos líquidos, aplicação em que apresenta a mais alta capacidade de adsorção a baixas temperaturas. É usada em casos de alta concentração de água na corrente de entrada, e a especificação do ponto de orvalho na saída não é inferior a –60oF. Aplicações na fase gás em geral exigem o aquecimento do adsorvente a temperaturas de cerca de 200oC. Zeólitas Zeólitas são aluminossilicatos, isto é, compostos estequiométricos de sílica e alumina cuja estrutura será discutida a seguir. Sua aparência é branca, opaca, de aspecto similar ao do calcáreo. As que têm teor significante de alumina são hidrofílicas, enquanto que quando são predominantemente de sílica têm caráter hidrofóbico. Internamente são cristalinas e exibem microporos de dimensões uniformes dentro dos cristais, conforme apresentado na Figura 4.1. Os microporos são tão pequenos e uniformes que normalmente podem distinguir moléculas de tamanhos muito próximos, daí serem também chamadas de peneiras moleculares. Uma representação deste efeito de peneira molecular é mostrada na Figura 4.2. Frequentemente há água de hidratação dentro dos cristais. Para balancear cargas elétricas resultantes devido a inconsistências na estrutura, cátions são associados com a alumina. Assim, a fórmula comum de uma zeólita contendo um único cátion M de valência n é: M2/n•Al2O3•xSiO2•yH2O , onde x é a razão sílica/alumínio (geralmente maior ou igual a 1) e y é a água molar de hidratação. Operações Unitárias – Adsorção 28 Figura 4.2. Efeito de Peneira Molecular Distinguindo Composto Linear de não-Linear Até 1984 já haviam sido catalogadas 38 estruturas de zeólitas, mas apenas poucas são comercialmente significantes, especialmente aquelas designadas A, X, Y, ZSM-5, mordenita e silicalita. A Figura 4.3 mostra como uma estrutura básica de sílica e alumina origina alguns tipos de zeólitas. A estrutura chamada faujasita é a que origina as zeólitas NaX e NaY (sódio como cátion substituído), sendo que a diferença entre NaX e NaY é a relação Si/Al: aproximadamente 1,1 para a NaX e aproximadamente 2,4 para a NaY. Figura 4.3. Estruturas Esquemáticas de Zeólitas Operações Unitárias – Adsorção 29 Comercialmente todos os adsorventes zeolíticos são compostos de cristais de zeólita muito finos mantidos unidos por um ligante amorfo como a alumina, na forma de um “pellet” esférico ou cilíndrico. O uso direto dos cristais é virtualmente inviável pois formariam uma massa compacta no leito, difícil de ser atravessada por uma corrente fluida, logo com perda de carga do leito muito alta. Além disso as partículas muito finas dos cristais são difíceis de serem retidas em um leito. O próprio ligante, por sua vez, pode apresentar características adsorventes também. Estas zeólitas podem ter diversos cátions de substituição (cálcio, sódio). Aplicações comerciais de adsorvente zeolíticos incluem a separação de oxigênio do ar, de normais-parafinas da nafta e de p-xileno de outros isômeros de xilenos. Também usada para secagem de correntes de hidrocarbonetos, quando apresenta capacidade de adsorção menor que a sílica gel e a alumina ativada, mas conduz a uma remoção quase que total da água, atingindo valores menores que 0,1 ppm (ponto de orvalho menor que –150oF). 4.3.2. MATERIAIS ORGÂNICOS Carvão Ativado Carvões ativados apresentam-se de diversas formas. A matéria-prima básica pode ser o coque de petróleo, madeira, carvão, casca de coco, copolímeros vinílicos e mesmo pneus reciclados. A ativação consiste na remoção de hidrocarbonetos por pirólise, o que produz uma distribuição de poros interna e aumenta a capacidade de adsorção da superfície carbônica. A área superficial é especialmente importante porque ela determina a capacidade de adsorção, estando geralmente entre 300 e 1.500 m2/g, embora alguns feitos a partir de coque de petróleo excedam 3.000 m2/g. Outro fator importante é o teor de cinzas, cujos valores típicos estão entre 2 e 25%, com valor médio em torno de 7%. Em situações em que as cinzas são indesejáveis, pode-se fazer a remoção da cinza alcalinapor lavagem ácida. Apresentam-se como esferas de 1 a 3 mm de diâmetro, grânulos, “pellets” de 2 a 4 mm de diâmetro e pó. Algumas aplicações típicas são o tratamento de água para remoção de produtos orgânicos perigosos, ou que conferem sabor e cheiro à água; remoção de compostos orgânicos voláteis de gases, descoloração de alimentos e purificação de produtos farmacêuticos. Operações Unitárias – Adsorção 30 Um tipo relativamente novo de adsorvente é a peneira molecular de carvão, que tem ação análoga à peneira molecular zeolítica. Enquanto os poros na peneira molecular zeolítica têm aberturas de formas arredondadas, na peneira molecular de carvão estes tendem à forma de fendas, como nas camadas de grafite. Esta forma melhora a seletividade em certas situações de processo, levando em conta as diferenças de difusividades entre os componentes. Até o momento, o único processo comercial que usa este adsorvente é a separação de nitrogênio do ar, que permite purezas da ordem de 99,9%, como será visto no Capítulo 10. Outros Adsorventes Orgânicos O uso de adsorventes poliméricos, como o copolímero de estireno e divinil-benzeno, de forma esférica e alto volume de poros, tem sido aplicado em situações como a separação e purificação de antibióticos e vitaminas, descolorização, descafeinização, purificação de sangue e separação de compostos orgânicos halogenados ou compostos fenólicos da água. Seu preço, no entanto, até dez vezes o de adsorventes mais comuns, limitam este uso a situações que requerem alta performance, ou aquelas em que adsorventes comuns não são adequados. Outros compostos orgânicos usados como adsorventes são a celulose, lã, gels de amido- poliacrilamida, derivados polissacarídeos do milho e diversas formas de biomassa. Alguns deles têm aplicações muito específicas, mas nenhum pode ser considerado um adsorvente de uso geral. Uma outra classe de adsorventes que têm sido usados recentemente são os adsorventes irreversíveis, onde a regeneração é feita fora das instalações ou mesmo não é feita. No primeiro caso estão os adsorventes baseados em metais, para a remoção de compostos de enxofre, no segundo estão os chamados bio-adsorventes, onde uma lama ativada é colocada em um substrato poroso, tendo aplicação na remoção de traços de orgânicos do ar ou nitrogênio. A Tabela 4.1 mostra uma estimativa das vendas no mundo dos quatro principais adsorventes. A Tabela 3.2 trás um resumo dos principais tipos de adsorventes, suas vantagens e desvantagens. Tabela 4.1. Vendas Anuais no Mundo dos Principais Adsorventes. Carvão Ativado US$ 380 milhões Peneira Molecular Zeolítica US$ 100 milhões Sílica Gel US$ 27 milhões Alumina Ativada US$ 26 milhões Operações Unitárias – Adsorção 31 Tabela 4.2. Principais Tipos de Adsorventes ADSORVENTE CARACTERÍSTICAS USOS COMERCIAIS VANTAGENS DESVANTAGENS Carvão ativado Superfície hidrofóbica, adsorve orgânicos em água e ar. Remoção de poluentes orgânicos em efluentes gasosos e aquosos. Adsorvente hidrofóbico mais barato, carro- chefe do controle de poluição. Dificuldade de regeneração em casos de correntes sujas; algumas vezes pode incendiar-se durante a regeneração. Peneira molecular de carvão Separa com base na diferença de difusividade intra- partícula. Produção de N2 a partir do ar. Único adsorvente que favorece a adsorção de O2 sobre o N2. Nenhuma outra utilização exceto a produção de N2 a partir do ar. Silica gel Adsorvente hidrofílico de alta capacidade. Primariamente, secagem de correntes gasosas. Algumas vezes usada para a remoção de hidrocarbonetos de gases. Alta capacidade, maior que a da peneira molecular zeolítica. Não é tão efetiva na remoção de traços de água de correntes gasosas. Alumina ativada Adsorvente hidrofílico de alta capacidade. Secagem de correntes gasosas. Alta capacidade, maior que a da peneira molecular zeolítica. Não é tão efetiva na remoção de traços de água de correntes gasosas. Peneira molecular zeolítica Superfície hidrofílica, polar, com canais regulares. Desidratação, separação de ar, separações baseadas em diferenças geométricas e muitas outras. Pode fazer separações baseadas em polaridade e geometria. Capacidade de adsorção menor que a de outros adsorventes. Silicalita Superfície hidrofóbica, características de adsorção similares ao do carvão ativado. Remoção de orgânicos de correntes gasosas. Pode ser regenerado mais facilmente que o carvão ativado. Mais caro que o carvão ativado. Adsorventes poliméricos Usualmente copolímeros de estireno e de vinilbenzeno. Remoção de orgânicos de correntes gasosas. Não tão sujeito a entupimento quanto o carvão ativado. Muito mais caro que o carvão ativado. Adsorventes irreversíveis Superfície que reage seletivamente com alguns componentes das correntes gasosas. Remoção de baixas concentrações de H2S, SO2, etc. de gases. Excelente para a remoção de traços de contaminantes. Só é economicamente viável para a remoção de pequenas quantidades (menor que 100 kg/dia). Bioadsorventes Lama ativada em um suporte poroso. Remoção de orgânicos de correntes gasosas. Não é necessária a regeneração. Quantidade removida menor que a de outros adsorventes. 4.4. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DOS POROS O tamanho e a distribuição dos poros é muito importante na escolha de um adsorvente para uma dada separação. Isto pode ser entendido levando-se em conta o efeito de peneira molecular, que influi diretamente na seletividade do adsorvente, além de outros fatores como a cinética e a capacidade de adsorção. A Tabela 4.3 mostra o tamanho molecular de diversos compostos comuns Operações Unitárias – Adsorção 32 na indústria petroquímica. A Tabela 4.4 apresenta os tamanhos de poros de alguns adsorventes comerciais mais usados. Tabela 4.3. Tamanho Molecular de Diversos Compostos Molécula Diâmetro crítico em A Molécula Diâmetro crítico em A Hélio 2,0 Oxigênio 2,8 Argônio 3,8 Metano 4,0 Acetileno 2,4 Etileno 4,2 Hidrogênio 2,4 Etano 4,4 Água 2,8 Propano 4,9 Monóxido de Carbono 2,8 Sulfeto de Hidrogênio 3,6 Dióxido de Carbono 4,0 n-Parafinas 4,9 Dióxido de Enxofre 4,1 Propileno 5,0 Nitrogênio 3,0 Benzeno 5,8 Tabela 4.4. Tamanho de Poros de Diversos Adsorvente Adsorvente Diâmetro Nominal do Poro em A Zeólita 3A 3,0 Zeólita 4A 3,9 Zeólita 5A 4,3 Zeólita 10X 7,8 Zeólita 13X 8,0 Zeólita Y 8,0 Mordenita 7,0 ZSM-5 6,0 Silicalita 6,0 Peneira Molecular de Carvão 3,0 Sílica Gel > 10 Alumina Ativada > 8 Carvão Ativado > 6 Operações Unitárias – Adsorção 33 5. CARACTERIZAÇÃO DE ADSORVENTES Neste capítulo será feita uma descrição da estrutura física dos adsorventes e serão apresentados os métodos utilizados para a sua caracterização. Adsorventes são substâncias sólidas com alta porosidade, geralmente apresentados na forma de “pellets” cilíndricos, esféricos ou de formatos irregulares. No caso de adsorventes zeolíticos, a seletividade pode ser obtida combinando-se o fenômeno da adsorção física com outros, como o de peneira molecular e a utilização de sítios iônicos, conforme mencionado anteriormente. O efeito de peneira molecular é obtido quando se faz passar as moléculas constituintes de uma mistura por uma estrutura sólida porosa cujas dimensões dos poros são da ordem de grandeza do diâmetro das moléculas. Assim, moléculas menores que os poros atravessam os mesmos podendo migrar através do sólido, ao passo que moléculas maiores ficam retidas e não passam através do mesmo. Moléculas com diâmetros próximos ou apenas ligeiramente acima das dimensões dos poros podem migrar com maior ou menor facilidade, considerando-se que tais dimensões, tanto dos sólidos como das moléculas, não são estáticas mas variam em função da pulsação das estruturas cristalinase moleculares. Este efeito foi inclusive registrado por Arbuckle et alli (1987) no que ele denomina de “paradoxo do hidrocarboneto maior”. Tradicionalmente têm sido utilizados como adsorventes a sílica gel, a alumina ativada, o carvão ativado e, mais recentemente, as zeólitas (Ruthven, 1984). Estas últimas, aluminossilicatos cristalinos porosos, prestam-se por excelência como peneiras moleculares uma vez que sua estrutura microporosa é determinada pela rede cristalina, sendo precisamente definida para cada zeólita específica, apresentando-se os poros com igual tamanho. Além disso, o uso de cátions substituídos como Na+, Ca2+ ou Mg2+ pode servir para ajustar as dimensões dos poros ao valor adequado para uma dada separação (Choudhary, 1989). O uso de cátions substituídos na estrutura do adsorvente também confere uma polaridade específica aos sítios ativos do mesmo, o que pode vir a contribuir para uma maior seletividade, uma vez que as moléculas a serem adsorvidas, via de regra, apresentam momentos de dipolo diferenciados. O mesmo efeito pode ser observado com relação à maior ou menor quantidade de água na estrutura, o que conduziria à presença de sítios ácidos de polaridade definida. Com isso, a depender do mecanismo, o estabelecimento do teor de água ótimo no adsorvente pode ter grande importância na definição de sua seletividade, devendo ser feito um tratamento térmico adequado para se atingir o melhor desempenho. Operações Unitárias – Adsorção 34 A Figura 5.1 mostra uma representação esquemática da estrutura de uma zeólita X ou Y. Para se ter uma idéia mais realista da estrutura, um átomo de silício ou de alumínio deve ser colocado em cada vértice da figura e um de oxigênio próximo ao centro de cada linha. Figura 5.1. Estrutura da zeólita X ouY (Ruthven, 1984). Observe-se que esta é a representação de uma estrutura básica de um cristal, devendo a mesma se reproduzir até atingir as dimensões de cristais de zeólitas comerciais, tipicamente 1-10 µm . Nestas condições, a zeólita tem o aspecto de um pó finíssimo, com pouca aplicação em unidades comerciais devido aos aspectos de elevada perda de partículas e alta queda de pressão do fluido circulante através da mesma. Para preparar um adsorvente de uso prático estes cristais devem ser incorporados a um "pellet" de dimensões adequadas, com boa porosidade e resistência mecânica. Isto é normalmente obtido pelo uso de uma mistura contendo alumina amorfa como ligante dos cristais de zeólita, formando um "pellet" de estrutura macroporosa, dentro do qual encontra-se a zeólita de estrutura microporosa, conforme a Figura 5.2. 5.1. DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE POROS DE UM ADSORVENTE. Uma classificação conveniente dos poros de um adsorvente de acordo com seus diâmetros médios, adotada pela I.U.P.A.C. em 1972, foi sumarizada por Gregg e Sing (1982) e apresentada por Hou (1989): microporos: < 20 Å ; mesoporos: 20-500 Å e macroporos: > 500 Å O volume de macroporos de um adsorvente geralmente é determinado por porosimetria de mercúrio após tratamento térmico adequado. O porosímetro de mercúrio é um equipamento projetado para aplicar uma pressão controlada de mercúrio no adsorvente e registrar o volume de penetração na estrutura porosa. Esta técnica é mais usada para a medição de poros maiores, com diâmetro na faixa de 1.000-10.000 Å, típico dos macroporos. A técnica se presta, no entanto, também à determinação de poros menores, até 50-100 Å, na faixa de mesoporos. Operações Unitárias – Adsorção 35 Ligante sólido Macroporos Cristal de zeólita com microporos Figura 5.2. Diagrama esquemático da partícula de adsorvente mostrando os macroporos e microporos. A determinação do volume de mcroporos em geral é feita pela técnica de adsorção com condensação de gases, onde o nitrogênio é freqüentemente empregado. As medidas de diâmetro e de volume de microporos, por adsorção de gases, é feita na faixa de pressão relativa correspondente ao ciclo de histerese, que aparece nas curvas de adsorção-dessorção para sólidos porosos, e que correspondem respectivamente à condensação e evaporação nos poros. 5.2 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE REAL DO SÓLIDO POR PICNOMETRIA. A técnica da picnometria pode ser usada para a determinação da densidade real da fase sólida do adsorvente, isto é, da fase que não permite a penetração de líquido em seu interior. A picnometria é especialmente importante no caso da caracterização de um adsorvente a ser empregado para a adsorção em fase líqüida, onde os componentes adsorvidos não penetram em todo o volume de microporos determinado pela técnica de condensação de gases. Tal técnica consiste em promover um contato do sólido com um líquido de densidade conhecida, preferencialmente um produto puro para o qual serão conduzidos os estudos de adsorção, durante um tempo suficientemente longo para que o líquido penetre nos poros do adsorvente (macro e mesoporos da estrutura do "pellet" e também em parte dos microporos da estrutura). Este tempo é Operações Unitárias – Adsorção 36 tipicamente de dois a três dias. Os seguintes passos devem ser seguidos para a determinação da densidade real do sólido: a) Calcular a massa de líquido (ml1) contida em um picnômetro de volume conhecido (Vp), a partir de sua densidade (ρl), pela Eq. 5.1. ml1=ρl⋅Vp (5.1) b) Colocar no picnômetro uma massa conhecida (ms) de sólido adsorvente, previamente tratado termicamente, e adicionar o líquido até cobrir todo o sólido. Ao final de três dias completar com liquido até o menisco e determinar a massa total de líquido do picnômetro (ml2). c) A diferença de massas de líquido (ml1-ml2) corresponde ao líquido que seria deslocado (Vld) pela massa de sólido (ms), cujo volume pode ser calculado pela Eq. 5.2. Este volume é numericamente igual ao volume de sólido não penetrado pelo líquido (Vs). Vld=Vs=(ml1-ml2)/ ρl (5.2) d) Calcular então a densidade real do sólido do adsorvente (ρs) conforme Eq. 5.3. ρs=ms/Vs (5.3) Como exemplo pode-se citar um adsorvente zeolítico, para o qual Cavalcante Jr. (1988) determinou uma densidade média de 2,945 g/cm3 utilizando como líquidos n-decano, n-octano e p- xileno à temperatura ambiente (26oC). Esta densidade pode ser usada juntamente com o volume de macroporos determinado por porosimetria de mercúrio, para o cálculo do volume de microporos efetivo do adsorvente. Para o mesmo adsorvente Marra Jr. (1991) encontrou o valor de 2,964 g/cm3 para as mesmas condições acima, e o valor de 3,600 g/cm3 para a água. Este último resultado comprova que os líquidos penetram de forma diferenciada na estrutura da zeólita, em função de seus tamanhos. No caso específico, a água ocupa espaços não atingíveis pelos hidrocarbonetos acima, devido ao pequeno tamanho de sua molécula. Por este motivo a técnica de adsorção com condensação de gases não é adequada, neste caso, para a determinação do volume de microporos efetivo. 5.3. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO DAS PARTÍCULAS DE ADSORVENTE E DE OUTRAS PROPRIEDADES DE INTERESSE. A distribuição granulométrica de um adsorvente pode ser determinada através de separação em um conjunto de peneiras da série ABNT com agitador mecânico. O processo de separação e pesagem das frações tem duração de algumas horas e, caso o adsorvente tenha caráter higroscópico, este absorveria água de uma maneira descontrolada se fosse feito com o adsorvente após tratamento Operações Unitárias – Adsorção 37 térmico. Por esta razão o adsorvente higroscópico deve ser submetido a um processo de saturação com água, permanecendo durante uma semana em contato com a atmosfera de uma cuba fechada contendo solução saturada de cloreto de sódio. Ao final deste processo, o teor de água do adsorvente deve ser determinado por secagem em forno até uma temperatura de referência. A partir daí as massas de cada fração separada(saturadas com água) podem ser convertidas em massas com teor desejado de água, para cálculo das propriedades do adsorvente nesta condição. Assim, o diâmetro médio das partículas de cada fração pode ser considerado como a média entre as aberturas das peneiras entre as quais a fração ficou retida, caso se tenha confiança de que as peneiras estão devidamente calibradas. Caso contrário, este diâmetro médio deve ser medido com instrumento de precisão, como um microscópio ou micrômetro (por exemplo, micrômetro marca Mitutoyo com precisão de 0,01 mm). Para a determinação da densidade aparente média, diâmetro médio e frações de macroporos (incluindo mesoporos) e microporos das partículas do adsorvente, deve ser determinada a massa de uma pequena quantidade de cada uma das frações de peneiramento, que deve ter seu número de partículas levantado por contagem. A massa média das partículas de cada fração pode ser então calculada pela Eq. 5.4. m X m X npmed part fracao H O SAT contagem H O . . _( ) ( ) = − − 1 1 2 2 (5.4) onde: XH2O_SAT é a fração de água da partícula nas condições de pesagem (saturação). XH2O é a fração de água da partícula após tratamento térmico. np é o número de partículas contido na massa de contagem de cada fração (mcontagem). O volume aparente de partícula de cada fração é calculado por: vap.part.fração=π⋅dp3/6 (5.5) onde: dp é o diâmetro médio de partícula de cada fração. A densidade aparente de partícula de cada fração pode então ser calculada por: ρap.part.fração=mmed.part.fração/vap.part.fração (5.6) Caso as partículas do adsorvente tenham dimensões uniformes a separação por peneiramento não se faz necessária e os cálculos acima são válidos para representar o adsorvente como um todo. Caso tenha sido necessária uma separação por peneiramento, valores médios de dimensões e propriedades são normalmente adotados para representar o adsorvente. Assim, a densidade aparente média das partículas do adsorvente pode ser calculada adotando-se como base uma massa de 100g de amostra e as percentagens de massa médias de cada fração. O volume aparente de partículas de cada fração pode ser calculado por: Operações Unitárias – Adsorção 38 vparticulas fração= %massa média fração/ ρap.part.fração (5.7) O volume aparente total das partículas da amostra pode ser calculado como o somatório do volume aparente de partículas de cada fração; a densidade aparente média das partículas do adsorvente pode então ser calculada por: ρapar. total part. = (base de massa de amostra)/(vol. apar. total das partíc. da amostra) (5.8) A massa média de uma partícula da amostra total pode ser calculada a partir do cálculo do número de partículas contido em cada fração de peneiramento de uma base de massa de 100g: nparticulas fração= %massa média fração/mmed.part.fração (5.9) O número total das partículas da amostra foi calculado como o somatório do número de cada fração, e a massa média de uma partícula da amostra total pode então ser calculado por: m med. part. total = (base de massa de amostra)/(número total de partíc. da amostra) (5.10) O diâmetro médio das partículas (dmp) da amostra deve ser coerente com a densidade aparente total e com a massa média calculadas, sendo então calculado por: d m mp med part total ap total part = ⋅ ⋅ 6 1 3 . . . . . / π ρ (5.11) As frações de macroporos e microporos nas partículas podem então ser calculadas tomando-se por base um volume de 100 cm3 de partículas, isto é, considerado somente o volume das esferas. A massa correspondente a este volume é calculada a partir da densidade aparente média. A fração de macroporos é calculada a partir do resultado de porosimetria como sendo: εmacro=massa⋅volume específico de macroporos/100 (5.12) A fração de sólido é calculada a partir da densidade do mesmo determinada por picnometria: εsólido=massa/(densidade do sólido⋅100) (5.13) A fração de microporos é calculada então por diferença: εmicro=1 - εmacro - εsólido (5.14) 5.4. DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CRISTALINIDADE POR ADSORÇÃO FÍSICA DE N2 O grau de cristalinidade de uma zeolita pode ser estimado através da adsorção física de gases. Dois métodos são utilizados na determinação da capacidade de adsorção de gases em superfícies sólidas: o método volumétrico, onde o volume de gás adsorvido é determinado manometricamente e o método gravimétrico, no qual se determina a massa de gás adsorvido mediante uma microbalança. Operações Unitárias – Adsorção 39 A porcentagem de retenção de cristalinidade é determinada comparando-se a capacidade de adsorção da amostra com uma zeolita padrão, a qual não apresenta impurezas cristalinas e tem uma capacidade de adsorção de gás próxima ao valor teórico determinado a partir de sua estrutura cristalina. No caso de zeolitas com estruturas desconhecidas, considera-se como referência, a amostra que apresente a maior capacidade de adsorção. Diversos sorbatos podem ser empregados, sendo que o mais utilizado é o nitrogênio líqüido, cuja temperatura é de –196oC. O uso de temperaturas baixas incrementa as forças de adossorção, o que facilita as medidas experimentais. No caso de catalisadores industriais, formados pela mistura de zeolita e sólidos amorfos, a medida da capacidade de adsorção permite determinar a porcentagem de zeolita no catalisador. 5.5. DETERMINAÇÃO DA ÁREA ESPECÍFICA PELO MÉTODO BET A medida da área específica de um adsorvente é uma indicação da sua capacidade, sendo pois importante sua determinação. Usualmente esta área situa-se na faixa de 5 a 3.000 m2/g para adsorventes comerciais. O método BET, desenvolvido em 1938 por Blunauer, Emmet e Teller é o mais largamente utilizado, tento em laboratórios de pesquisa quanto na indústria, para determinar a área específica total de sólidos. Baseia-se na teoria de multicamadas, segundo a qual o equilíbrio que se estabelece entre o gás na fase gasosa e na fase adsorvida se verifica por espessuras de número variável de camadas moleculares, indo desde a superfície livre do adsorvente (sem adsorção) até um número de camadas considerado, no limite, infinito. Considera-se assim uma parcela de adsorção física (primeira camada) e as demais em condensação. As quantidades do gás adsorvido, volume nas CNTP ou massa, conforme a determinação seja volumétrica ou gravimétrica, são determinadas para diferentes pressões de equilíbrio, inferiores à pressão de vapor de equilíbrio, na temperatura de ebulição. As pressões de equilíbrio se referem ao equilíbrio gás – fase adsorvida. Operações Unitárias – Adsorção 40 6. EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO Do ponto de vista da observação experimental o equilíbrio em adsorção é caracterizado, analogamente a qualquer outro equilíbrio termodinâmico entre fases, pela ausência de variações de composição dos componentes nas fases fluida (gás ou líquido) e sólida. Verifica-se que quando uma quantidade de sólido adsorvente é colocada no balão em contato com líquido contendo um componente adsorvível, a concentração deste componente diminui com o tempo até alcançar a estabilidade. Esta é a condição de equilíbrio da adsorção, caracterizada por uma composição de fase fluida em equilíbrio com uma certa composição de fase sólida, esta última geralmente expressa em mols de adsorbato por massa de sólido adsorvente. Como será apresentado a seguir, esforços têm sido empregados para descrever adequadamente este equilíbrio, em termos das concentrações das fases, para os mais diversos sistemas e faixas de concentração. A curva que correlaciona as concentrações na fase sólida e na fase fluida é chamada de isoterma de adsorção. A classificação das isotermas de adsorção física foi feita por Brunauer, e complementada por Sing. Há 6 tipos básicos de isotermas, de acordo com a Figura 6.1. Figura 6.1. Tipos de Isotermas
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