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Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 AN����R�I�S���A��S Parkinson - O Mal de Parkinson, é um transtorno que afeta os neurônios dopaminérgicos (da substância negra) que passam a não funcionar adequadamente (morte e perda de funcionalidade). Não tem causa estabelecida! - Redução no número de neurônios e da funcionalidade dos neurônios dopaminérgicos. A DOENÇA AFETA SOMENTE A VIA NIGROESTRIATAL (faz controle dos movimentos voluntários). Porém os medicamentos, por não serem seletivos, AFETAM TODAS AS VIAS DOPAMINÉRGICAS. - É um transtorno neurodegenerativo pogressivo e irreversível (doença crônica); - À medida que vão aparecendo os sintomas, as pessoas podem ter dificuldades para caminhar ou fazer trabalhos simples. - Também podem ter problemas como depressão, transtorno do sono, dificuldades para mastigar e/ou falar. - Geralmente, o início da doença ocorre com o aumento da idade (60 anos). - Não há cura para o Parkinson, apenas tratamento para prolongar e melhorar a vida do paciente. Antiparkinsonianos - Os medicamentos antiparkinsonianos aliviam os sintomas e melhoram a qualidade de vida (aumentam o tempo de autonomia do paciente). - O tratamento farmacológico é uma tarefa complexa e dinâmica, devido às características da doença que é crônica e progressiva. - Novos sintomas vão surgindo juntamente com efeitos secundários dos medicamentos. - No início do tratamento busca-se manter a autonomia e independência do paciente. - Porém, problemas derivados dos fármacos poderão aparecer: alterações psiquiátricas e motoras. Sintomas: Se manifestam quando cerca de 80% da atividade dopaminérgica está diminuída: ➔ Tremor das mãos, braços, pernas, mandíbula e face; ➔ Rigidez nos braços, pernas e tronco; ➔ Lentidão nos movimentos; ➔ Problemas de equilíbrio e coordenação; ➔ Curvatura do tronco para frente; ➔ Bradicinesia; Diminuição da substância negra. Acima de 80% da perda, começam a surgir os sintomas, geralmente em idades mais avançadas. Os neurônios liberam menores concentrações de dopamina. Assim, a capacidade de estimular o receptor fica reduzida (qualidade e quantidade de neurônios prejudicadas). Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 Funções da dopamina: A dopamina é um neurotransmissor, que tem atividade em algumas vias do SNC, tem um precursor da síntese de catecolaminas como adrenalina e noradrenalina. Quanto maior a atividade dopaminérgica, maior a atividade dessas catecolaminas. Tem função neuro inibitória: faz um papel modulador nas respostas colinérgicas (normal:a acetilcolina e a dopamina tendem a estar em equilíbrio, um servindo de neuroinibidor do outro). No Mal de Parkinson: há perda desse equilíbrio. Há uma diminuição da atividade dopaminérgica, por consequência tem aumento da atividade colinérgica (promove um aumento da atividade gabaérgica, que pode estar relacionada com a bradicinesia - sintomas motores). Assim, uma das formas dos fármacos atuarem é antagonizando a atividade colinérgica, fazendo com que de forma indireta os níveis de dopamina aumentem. Tratamento: Na atualidade o tratamento é paliativo e preventivo, já que no momento não existe cura para o Parkinson. OBS: ter cuidado com acúmulo, efeitos adversos e tolerância. Pretende-se aumentar os níveis de DA ou estimular os receptores dopaminérgicos. Neuroproteção (IMAO-B) e controle dos sintomas. Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 Objetivos do tratamento: 1) Diminuir e evitar o aumento progressivo da enfermidade (neuroproteção). 2) Oferecer o melhor tratamento sintomático disponível, considerando a necessidade de reduzir o risco de complicações motoras. 3) Minimizar os efeitos adversos do tratamento medicamentoso. 4) Estimular medidas não-farmacológicas que ajudem no controle dos sintomas (atividade física). 5) Educar sobre os aspectos relevantes da enfermidade. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como: ● Estágio da doença; ● Sintomatologia presente; ● Ocorrência de efeitos colaterais; ● Idade do paciente; ● Medicamentos em uso e seu custo; PRECURSOR DA DOPAMINA Levodopa: é o agente mais eficaz para o tratamento da DP - Inerte - Necessita da Descarboxilação. É um pró-fármaco. É o melhor medicamento para sintomas motores. A Levodopa não terá atividade antiparkinsoniana. Para ter atividade, precisa que a levodopa atinja o seu sítio de ação (SNC), precisando ultrapassar a barreira hematoencefálica. OBS: A levodopa não tem uma alta lipossolubilidade, então não tem facilidade de permear essa membrana. Para poder alcançar o SNC, a levodopa precisa ser transportada pela proteína transportadora de aminoácidos. No SNC, a levodopa precisa ser convertida no fármaco que é a dopamina, atuando em todas as vias dopaminérgicas (não-seletivo). Mecanismo de ação: - Precursor da DA - DA atua em receptores D1 e D2 estriado; - L-DOPA + DD (enzima dopa-descarboxilase) → DA (dopamina). Administração da levodopa ou L-dopa, que vai se ligar a uma enzima chamada de dopa-descarboxilase, que converte/transforma a levodopa em dopamina. - DA liberada pode ser recaptada e armazenada (antes de sofrer ação da MAO e COMT). Assim, vai haver uma variação quanto ao tempo de ação desses fármacos e resposta individual. OBS: Dar preferência a preparações especiais: liberação prolongada. Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 OBS: É necessário fazer associação com outros fármacos para potencializar a entrada do fármaco no SNC. Caso seja adm a levodopa isoladamente, há perda de 89 a 90% da dose. Farmacocinética: Absorção: sistema de transporte ativo de aminoácidos no Intestino delgado - competição. A absorção sofre influência dos alimentos. A Levodopa para poder ser absorvida no próprio intestino, ela também precisa ser carreada/transportada. É o mesmo transportador do SNC: proteína que transporta aminoácidos. Se a proteína está transportando aminoácido, ela não está com sítio ativo livre para poder transportar Levodopa, e vice-versa. Ou seja, há uma competição entre os aminoácidos presentes nas proteínas e a própria Levodopa. Assim, dietas ricas em proteínas, vai competir com a Levodopa (porque aumenta a concentração de aminoácidos para ser transportados) e vai haver uma redução dessa Levodopa. IDEAL: que seja adm a levodopa em horários separados da alimentação, para evitar essa competição e evitar o EXCESSO de proteínas na alimentação! NÃO REDUZIR AS CONCENTRAÇÕES DE PROTEÍNAS!!!! Distribuição: transportadores de aminoácidos na BHE. Competição com os aminoácidos. Assim, há perda muito grande nas doses de Levodopa. Biotransformação periférica: - DOPA-descarboxilase; - COMT e MAO; - 1% SNC. A Levodopa pode ser metabolizada antes mesmo de chegar no SNC pela COMT ou MAO (pode ocorrer perifericamente), não atingindo o SNC. POR QUE USAR UM PRÓ-FÁRMACO EM VEZ DE UTILIZAR A PRÓPRIA DOPAMINA? Porque a dopamina não consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica. Então se administra dopamina, por via oral, ia chegar na corrente sanguínea e não iria ultrapassar a BHE. Efeitos adversos agudos da terapia com Levodopa: ➔ Náuseas e anorexia - metabolismo periférico - gatilho do vômito. ➔ Hipotensão ortostática (descarboxilação periférica - R dopaminérgico vasculares). ➔ Arritmias cardíacas (catecolaminas perif.). Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 ➔ Efeitos centrais - delírios e alucinações idéias paranóides, psicoses (níveis dopamina - sintomas semelhantes à esquizofrenia). Efeitos adversos uso crônico da Levodopa: ➔ Estágios iniciais: efeitos sintomáticos benéficos acentuados; ➔ Após algum tempo de terapia com levodopa essa capacidade é perdida. ➔ Discinesias (sintomas motores flutuantes, adm a cada 2h). ➔ Fenômeno “on-off”. Pode ser indicativo de alterações do tratamento. Esse fenômeno é justamente por causa das flutuações. Normalmente, esses efeitos adversos não vão aparecer de maneira intensa com o tratamento inicial. De início, observa-se com máxima intensidade os efeitos terapêuticos da Levodopa (controle dos sintomas motores). Com o passar do tempo, existe a tolerância(rápida) e existe as flutuações (chega uma alta concentração do fármaco a partir de uma alta dose administrada, mas logo há uma queda na concentração desse fármaco, devido a alta metabolização). As flutuações se intensificam com o passar do tempo. Interação: IMAO inespecífico - Fenelzina, tranilcipromina - crise hipertensiva grave. OBS: Pacientes com Parkinson têm mais propensão de desenvolver depressão. INIBIDORES DA DOPA DESCARBOXILASE PERIFÉRICOS Esses fármacos são utilizados para aumentar a efetividade da Levodopa. Esses fármacos não possuem ação da inibição da dopa descarboxilase no SNC, pois não conseguem ultrapassar na BHE. Como esses fármacos inibem a enzima dopa descarboxilase na periferia, não deixam acontecer a conversão na periferia (não transforma a levodopa em dopamina na periferia). Devido a isso, terão dois efeitos: 1) Potencializa a ação da Levodopa, pois uma maior concentração da Levodopa ultrapassa a barreira hematoencefálica e atinge o SNC. 2) Reduz a chance de reações adversas periféricas relacionadas a dopamina. Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS Mecanismo de ação: Agonistas diretos (ativam) dos receptores da dopamina estriado. Ativam os receptores D1, D2, D3, D4 e D5. Todos os agentes são bem absorvidos por via oral. Não-seletivos; Derivados do Ergot: - Bromocriptina - Parlodel® (2,5 ou 5 mg - liberação lenta), Bagren® (2,5 mg) Agonista D2 e antagonista parcial D1. - Pergolida - Celance® (0,05/0,25 e 1 mg) (+ potente). Agonista D2 e D1 - t ½ longo - Iniciar tratamento com doses baixas - hipotensão ortostática. Efeitos adversos: ➔ Náuseas e vômitos; ➔ Hipotensão ortostática; ➔ Discinesias; ➔ Alucinações, psicoses e confusão mental; Vantagens sobre a levodopaterapia: ➔ Não necessita conversão enzimática para ação (estágios avançados doença); não depende de uma metabolização prévia. ➔ Seletividade relativa aos receptores dopaminérgicos; ➔ Não sofrem competição no transporte (TGI e BHE); ➔ Meia vida mais longa / Controle das flutuações motoras; ➔ Eficaz em pacientes que já desenvolveram fenômeno “on-off” com levodopaterapia; ➔ Metabolismo não gera radicais livres ou metabólitos tóxicos. DESVANTAGENS: ➔ Menor eficácia na reversão do parkinsonismo (no controle dos sintomas motores); ➔ Aumenta a incidência de distúrbios psiquiátricos associados a L-dopa. Existem situações nas quais é preferível iniciar o tratamento sintomático com levodopa em vez de com agonistas dopaminérgicos: ● Idade: pacientes acima de 70 anos, por possuírem menores chances de desenvolver complicações motoras com a administração do fármaco; ● Presença de comorbidades: nesses casos a levodopa é preferível pois o tratamento com agonistas dopaminérgicos está associado a um maior número de efeitos adversos, incluindo alucinações, sonolência e hipotensão postural; ● Presença de prejuízo cognitivo: a levodopa é o medicamento de escolha; INIBIDORES DA MAO-B São fármacos que isoladamente têm pouca atividade antiparkinsoniana. Geralmente são utilizados em associação com a Levodopa. Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 Reduz as flutuações associadas a Levodopa. Mecanismo de ação: inibem seletivamente a MAO-B retarda a degradação da dopamina no estriado; Vai potencializar a atividade dopaminérgica por diminuir a metabolização da dopamina. Propriedades Neuroprotetoras? - Não inibe o metabolismo periférico das catecolaminas (associação com levodopa). - Benefícios sintomáticos em pacientes com sintomas leves (sem prejuízo para atividades de vida diária). - Efeito modesto em pacientes com Doença de Parkinson inicial e leve; - Pacientes com DP mais avançada - pode acentuar os efeitos motores e cognitivos adversos da Levodopa; Efeitos adversos: - Acúmulo de metabólitos desses fármacos: Anfetamina e Metanfetamina: Ansiedade e Insônia, confusão mental; INIBIDORES DA COMT OBS: Ambos são bem absorvidos por via oral. A COMT também é uma enzima de metabolização de catecolaminas. Vai ser inibida para diminuir a metabolização da Levodopa, aumentando a atividade da Levodopa. Reduz as flutuações associados a Levodopa. Mecanismo de ação: Bloqueio da conversão periférica e/ou central da L-DOPA em 3-O-metil- DOPA. ● Aumento da fração que atinge SNC; ● Aumento da meia-vida plasmática da levodopa - menor frequência doses; ● Prolongam a resposta e diminuem flutuações da L-dopa. Efeitos modestos: Sozinhos tem efeitos modestos: - Utilizados em pacientes em estágios iniciais da doença e com Doença de Parkinson leve; - Tratamento das flutuações com L-dopa on-off. Efeitos adversos comuns: Semelhante ao da levodopaterapia: ➔ Náuseas; ➔ Hipotensão ortostática; Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 ➔ Sonhos vívidos; ➔ Alucinações; ➔ Confusão. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS OU ANTICOLINÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL Nos sintomas iniciais do Parkinson, são fármacos de primeira linha para o tratamento., para que possa atrasar a entrada da Levodopa. Mecanismo de ação: bloqueiam os receptores muscarínicos a nível do SNC, assim, aumenta a atividade dopaminérgica. Efeitos adversos: R muscarínicos (acetilcolina inibida, estimulação simpática) ➔ Midríase com visão turva; ➔ Boca seca; ➔ Taquicardia; ➔ Hipotensão postural; ➔ Constipação; ➔ Retenção urinária; ➔ Confusão mental; AMANTADINA e MEMANTINA - Antiviral; - São liberadores pré-sinápticos de dopamina. - Efeitos antiparkinsonianos moderados na fase inicial; - T ½ longo; - Tratamento das flutuações com L-dopa; Mecanismo de ação: - Alteração da liberação e recaptação da dopamina (rompimento das vesículas); - Propriedades anticolinérgicas (inibe liberação estriatal de Ach); - Agonista parcial glutamatérgica (NMDA); Júllia Araujo - Medicina P5 - 2021.1 Efeitos sintomáticos modesto e é bem tolerada (sintomas leves); Efeitos adversos: ➔ Alucinações visuais e auditivas; ➔ Agitação psicomotora; ➔ Insônia; ➔ Diminui o limiar convulsivo; ➔ Efeitos anticolinérgicos;
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