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DIREITOS REAIS PADRÃO- RESPOSTA 2 CAPÍTULO I Atividades de Estudo 1. Vimos que o Direito Real é o ramo do direito que compõe um conjunto de normas que tem por objetivo regular os direitos (poder) atribuídos a pessoas sobre bens corpóreos, móveis ou imóveis, e de conteúdo econômico. Responda: bens incorpóreos (por exemplo, a propriedade intelectual) podem ser objeto dos direitos reais? R.: A maioria dos autores admite poder ser objeto de direito real tanto coisas corpóreas como incorpóreas, desde que tenham conteúdo econômico. Maria Helena Diniz, por exemplo, ao tratar de Direito das Coisas, explica que tanto os bens materiais (móveis ou imóveis) como os imateriais compreendem- se no direito das coisas, sendo no caso dos bens imateriais, considerado uma modalidade especial de direito de propriedade. Ex: direitos sobre direitos, usufruto e penhor, propriedade literária, industrial, artística e científica. Atividades de Estudo 1. Partindo do exemplo citado, responda: a averbação premonitória prevista no artigo 828, do CPC/2015 (“O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade”), pode ser considerada um direito real? Justifique. R.: Considerando que os direitos reais são típicos e taxativos, e considerando que a averbação premonitória não está arrolada dentre os direitos reais (art. 1225, CC/2002), e, finalmente, considerando que o único efeito da averbação premonitória é antecipar o marco inicial da fraude contra a execução (que é, via de regra, a citação do executado), a averbação premonitória não pode ser considerada um direito real. 3 Atividades de Estudo 1. De acordo com a finalidade, a alienação fiduciária em garantia é um direito real de garantia ou à aquisição? Justifique. R.: Embora o artigo 1.386-B, do Código Civil, inserido pela Lei nº 13.043/2014, estabeleça expressamente que “A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor”, ainda existem autores que insistem que a alienação fiduciária em garantia, por consistir na transferência feita por um devedor ao credor de propriedade resolúvel e da posse indireta de um bem móvel infungível ou de um bem imóvel, como garantia de seu débito, se trata de um direito real de garantia. Atividades de Estudo 1. Faça uma pesquisa jurisprudencial e responda: no caso de rescisão de contrato de compra e venda de imóvel, em que hipóteses é devida a “taxa de fruição pela ocupação do imóvel”? R.: Os requisitos são (i) que o comprador tenha efetivamente estado na posse do imóvel (ou seja, conta-se desde a imissão na posse até a devolução das chaves); (ii) que o comprador tenha dado causa à rescisão; (ii) independe de previsão contratual, afinal visa à recomposição dos prejuízos causados pela indisponibilidade do imóvel, constituindo-se, portanto, parte integrante da recomposição indenizatória. Há, porém, discussão se cabe a taxa de fruição apenas nos casos de inadimplência ou durante todos os meses em que o promissário comprador exerceu a posse sobre o bem. CAPÍTULO II 4 Atividades de Estudo 1. E por falar em esbulho, você sabe dizer a diferença entre ações possessórias e ações petitórias? R.: Ações possessórias são fundadas no direito de posse (jus possessionis), ou seja, pelo fato de alguém que vinha exercendo a posse de um bem imóvel vir a ser molestado na posse (através de esbulho, turbação ou ameaça); as ações petitórias são fundadas no direito à posse (jus possidendi), ou seja, o fundamento do pedido de imissão na posse não é o prévio exercício da posse, mas na propriedade. As ações possessórias, quando a moléstia é nova (ocorrida há menos de ano e dia), correm pelo rito especial; as ações possessórias de moléstia velha correm pelo rito comum, sem, contudo, perder seu caráter de natureza possessória; já as ações petitórias são regidas pelo rito comum. CAPÍTULO III Atividades de Estudo 1. Faça uma pesquisa doutrinária e jurisprudencial e responda: que é ação publiciana? Qual a diferença entre ação publiciana e ação reivindicatória? R.: A ação publiciana destina-se à declaração de domínio quando o possuidor, após ter cumprido o período aquisitivo para a obtenção da propriedade mediante usucapião, é desapossado do bem por força de esbulho. A ação publiciana, portanto, tem o mesmo fim que a ação de reivindicação. Porém, enquanto a ação publiciana tem seu fundamento na posse apta para a prescrição, a ação reivindicatória tem seu fundamento no domínio. Atividades de Estudo 1. Pode o herdeiro pleitear, em face do espólio, usucapião de imóvel objeto de herança? R.: Ainda que haja entendimento de que o herdeiro não poderá adquirir a propriedade individualmente, porque o uso de áreas comuns por um ou algum 5 Atividades de Estudo 1. Vimos, acima, que propriedade aparente é o exercício da propriedade de fato do imóvel, oriunda da crença e do comportamento de que o imóvel de fato lhe pertença. Faça uma pesquisa jurisprudencial e responda: é válida a venda de um bem feita pelo proprietário aparente? R.: A questão é bastante controversa. Dois princípios estariam se chocando: o princípio de que “ninguém pode transferir mais do que tem” (a alienação feita pelo proprietário aparente deve ser considerada nula, porque teria transferido coisa pertencente a outrem, transmitindo propriedade de bem que lhe não pertencia) e o princípio de que “o erro comum faz direito” (a alienação a non domino é válida e eficaz em resguardo dos interesses do terceiro que, de boa- fé e vencido pelo erro comum da aparência, realizou a aquisição na crença legítima de que adquirira de quem podia transferir). Estes dois princípios são inconciliáveis, se considerarmos que a invalidação da transferência for admitida pela simples aplicação de um deles em consequência de pretensa superioridade. Os tribunais têm se manifestado no sentido da ineficácia da venda feita a non domino: “APELAÇÃO CIVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - CESSÃO E TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS - IMPLANTAÇÃO DE REFLORESTAMENTO - DAÇÃO EM PAGAMENTO DO TERRENO - AUSÊNCIA DE CLÁUSULA QUE DISPUSESSE SOBRE A PROPRIEDADE DAS ÁRVORES QUE INTEGRAVAM O REFLORESTAMENTO - VENDA A NON DOMINO - RECURSO DESPROVIDO. Alienado o imóvel e as plantações pela empresa Refloril já em 24/03/1983, ineficaz a cessão de direitos dos condôminos é considerado mero ato de tolerância dos demais; e que atos de tolerância não induzem posse, mas mera detenção, que é uma posse desprovida de qualificação jurídica, o STJ já se manifestou no sentido de que “é possível ao herdeiro pleitear a declaração da prescrição aquisitiva em desfavor de seu irmão – o outro herdeiro/condômino –, desde que, obviamente, observados os requisitos para a configuração da usucapião” (RECURSO ESPECIAL Nº 1.631.859 - SP), afinal o condômino tem legitimidade para usucapir em nome próprio, desde que exerça a posse por si mesmo, ou seja, desde que comprovados os requisitos legais atinentes à usucapião, bem como tenha sido exercida posse exclusiva com efetivo animus domini pelo prazo determinado em lei, sem qualquer oposição dos demais proprietários. 6 realizada por esta ao autor em 22/04/2004, quando não mais detinha os direitos objeto da cessão, a revelar verdadeira venda a non domino, insuscetível de concretização” (TJPR, Rel. Joatan Marcos de Carvalho, Ap. nº 559130-4, Julg. 06/07/2010). Ainda que haja decisões em que se privilegie os interesses de terceiros de boa-fé que realizaram a aquisição na convicção legítima de que adquiriram de quem podia transferir. CAPÍTULO IV Atividades de Estudo 1. Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta: R.: a) ( ) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto,poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. b) ( ) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo. c) ( ) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação. d) ( X ) Não se aplicam à servidão de aquedutos as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações. 7 CAPÍTULO V Atividades de Estudo 1. Faça uma pesquisa jurisprudencial e responda: Qual o posicionamento dos tribunais sobre a validade de cláusula de convenção de condomínio que proíbe o proprietário de locar a sua unidade para estudantes? R.: O entendimento é de que referida proibição, sem qualquer respaldo fático ou jurídico, configura discriminação injustificada, afinal se tolerar o impedimento de locação à moradia de estudantes ou pessoas que não possuam vínculo familiar ou de parentesco entre si, baseada tão somente na ideia preconceituosa e genérica de que haverá desvio de finalidade residencial, sem qualquer demonstração, no caso concreto, de que a unidade condominial seria utilizada de maneira nociva ou danosa à tranquilidade dos demais condôminos, significaria uma afronta ao direito de propriedade constitucionalmente garantido. (TJ-SP - APL: 92445376620088260000 SP 9244537-66.2008.8.26.0000, Relator: Melo Bueno, Data de Julgamento: 06/05/2015, 19ª Câmara Extraordinária de Direito Privado, Data de Publicação: 07/05/2015) Atividades de Estudo 1. Faça uma pesquisa jurisprudencial e responda: Em qual posicionamento dos tribunais é possível a aplicação de multa, pelo condomínio ao condômino, por latido excessivo de cachorro? R.: De início, importante destacar que os tribunais têm entendido que ainda que exista cláusula expressa prevista na Convenção do Condomínio no sentido da proibição da permanência de animais no interior das unidades residenciais, tal regra deve ser relativizada para animais de pequeno porte, desde que preservado o silêncio, o conforto ou gere riscos à saúde da coletividade condominial. Sobre os latidos, o entendimento é que, salvo se for excessivo o latido – mas esporádicos –, não há que se falar em multa: 8 “Condomínio - Ação de Cobrança de multas por infração às Normas Condominiais (circulação de bicicleta em lugar indevido, causando estragos, e latidos de cachorro) - Sentença de Improcedência – Apelação do Autor – multa primeira indevida, por referir-se a infração em Ata da Assembleia Geral Ordinária do Condomínio atribuída a condômino diverso do Demandado - o latido esporádico de cão mantido no apartamento à custa de permissão condominial, além de ser normal, deve ser tolerado, mesmo porque é possível treinar o cão para não latir sem parar, mas não, como é notório, para não latir jamais – Recurso desprovido” (TJSC, Apelação Cível nº 0027963-39.2006.8.26.0562, 36ª Câmara de Direito Privado, Des. Rel. Palma Bisson, d.j. 05/05/2011). CAPÍTULO VI Atividades de Estudo 1. Faça uma pesquisa doutrinária e jurisprudencial e responda: o que é usufruto sucessivo? Ele é admitido no ordenamento jurídico brasileiro? R.: usufruto sucessivo seria a possibilidade de se estipular que, findo o usufruto em relação a determinado usufrutuário, o instituto automaticamente seria transmitido para outro usufrutuário. Porém, nossos tribunais e a doutrina (por exemplo, Francisco Eduardo Loureiro) têm entendido que a cláusula de usufruto sucessivo, por não ter previsão no ordenamento jurídico brasileiro, é vedada. Atividades de Estudo 1. Faça uma breve pesquisa doutrinária e jurisprudencial e responda: qual(is) a(s) diferença(s) entre direito real de superfície e contrato de arrendamento? R.: O arrendamento é direito obrigacional, entre pessoas, enquanto o direito de superfície é direito real, muito mais seguro, solene e duradouro, com sequela e efeito erga omnes; existe direito de preferência na superfície, de modo que o superficiário pode se tornar dono da terra, o que não existe no arrendamento; a superfície pode ser gratuita ou onerosa, já o arrendamento é sempre oneroso.
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