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Fecundação e clivagem Estrutura dos gametas Fecundação “Uma sequência de enventos coordenados que se inicia com o contato entre um espermatozoide e um ovócito secundário”. É o processo pelo qual o gameta masculino une-se ao gameta feminino para formar um zigoto (ou célula ovo). O processo de fertilização é dividido didaticamente em 4 etapas: 1. Encontro dos gametas Local: ampola da tuba uterina. No ovário, o ovocito secundário é liberado, este entra na luz da tuba uterina. Na tuba uterina há epitélio ciliar, que bate em direção ao útero e muscalatura lisa faz contração. O ovócito secundário é captado pelos movimentos das fímbrias do infundíbulo. Será levado até a ampola por meio de contrações musculares e batimentos ciliares da tuba uterina em direção ao útero. Se, ao chegar na luz da tuba uterina, o ovócito II não encontrar com espermazoide, o ovocito degenera na luz do utero, e se encontrar, ele é levado para o útero onde vai ser implantado. Uma vez que ocorre a ejaculação do espermatozoide no corpo da mulher na vagina, este atinge o colo do útero, atravessa útero para encontrar-se com ovócito II. Para que o espermatozoide encontre de modo correto com o ovócito II, é necessário: Quimiotaxia: sinais químicos secretados pelo ovócito II e pela corona radiata que guiam os espermatozoides capacitados. Ex.: concentração de progesterona está mais elevada na ampola da tuba uterina. Termotaxia: diferença de +2°C entre o istmo e a ampola da tuba uterina guiam os espermatozides capacitados. A temperatura da parte inicial da tuba uterina é menos fria do que a região da ampola da tuba uterina, isso guia o gameta masculino. Reotaxia: capacidade que o espermatozoide tem de migrar em sentido contrário ao da corrente uterina (contração da musculatura e batimento ciliar) para atingir o ovócito II. Os espermatozoides podem morrer por diversas razões: cerca de 105 espermatozoides entram na tuba uterina, de um total de 107 espermatozoides que foram depositados na vagina. O pH básico do sêmen é para proteção do espermatazoide, caso contrário morreriam antes de chegar na tuba uterina. A contração da tuba uterina e a motilidade espermática eficiente ajudam os espermatozoides a chegarem na tuba uterina. Contato com epitélio da tuba uterina: fator importante para capacitação. A tuba uterina secreta um muco e o contato do espermatozoide com o muco é crucial para capacitação. O espermatozoide, assim que chega ao trato reprodutor feminino, é incapaz de fertilizar o ovócito secundário. Assim, ele passa por dois processos: capacitação e reação acrossômica. Capacitação Ocorre no trato reprodutor feminino e depende do contato íntimo do espermatozoide com as secreçoes do trato reprodutor feminino, podendo durar até 7 horas. Capacitação é a remoção de uma cobertura glicoproteica e proteínas do plasma seminal da superfície do espermatozoide. No epidídimo e no plasma seminal há proteínas que são adicionadas à superfície do espermatozoide ejaculado. Esse espermatozoide ejaculado, sofre o processo de capacitação, perdendo as proteínas que foram adsorvidas no epidídimo e no plasma seminal. Em resposta a essa modificação, no espermatozoide: Componentes da membrana plasmática do espermatozoide são alterados (colesterol), a fim de que a membrana plasmática fique instável, para que possa romper-se mais facilmente futuramente. Alterações metabólicas (aumento do AMPc; aumento consumo de O 2 ) Fosforilação de proteínas Hiperatividade: aumento do vigor no batimento do flagelo. Somente os espermatozoides capacitados atingem a tuba uterina. Primeira barreira: corona radiata Para que o espermatozoide atravesse essa primeira barreira, ele precisa “digerir” o que as une, que é o ácido hialurônico. Para isso, o espermatozoide libera enzimas: hialuronidase para degradar ácido hialurônico. Movimentos da cauda/batimento flagelar (espermatozoides capacitados) é suficiente para abrir caminho entre as células. Segunda barreira: zona pelúcida O encontro do espermatozoide com a zona pelúcida é o evento chave para progressão da fecundação. Para atravessar a zona pelúcida, o espermatozoide deve digeri-la, isso ocorre através da liberação de vesícula acrossomal com enzimas responsáveis para tal. 2. Reconhecimento entre os gametas Local: zona pelúcida. A zona pelúcida é uma camada glicoproteica, secretada pelo ovócito, resistente e permeável. Glicoproteínas da zona pelúcida: ZP1, ZP2, ZP3, ZP4. São responsáveis pelo reconhecimento e ligação à membrana plásmatica do espermatozoide e por iniciar a reação acrossômica. ZP3: possui receptores específicos para moléculas presentes na superfície do espermatozoide. Ou seja, a proteína SED1 presente no espermatozoide é reconhecida pelo receptor no ZP3. ** Reconhecimento de espécie específica (somente reconhece humanos). Após a ligação do espermatozoide com a zona pelúcida há o início da reação acrossômica. Reação acrossômica É a fusão da membrana plasmática do espermatozoide com a membrana externa da vesícula acrossomal. Com isso, ocorre liberação de enzimas estocadas no acromossa. Essas enzimas farão a digestão das glicoproteínas da zona pelúcida: acrosina, esterases, neuraminidases, colagenases, hialuronidase. Somente espermatozoides capacitados passam pela corona radiata e submetem-se à reação acrossômica. Após essa liberação, o espermatozoide perde a sua superfície anterior, ocorrendo então modificação morfológica. Agora então, o espermatozoide é delimitado anteriormente pela membrana acrossomal interna. Essas enzimas liberadas pelo acrossoma auxiliam na passagem do espermatozoide pela zona pelúcida. Somente após o término da reação acrossômica o espermatozoide consegue atravessar a zona pelúcida. Região equatorial: parte da membrana plasmática do espermatozoide que não foi degenerada. Nesse local há proteínas transmembranas que irão reconhecer outras proteínas presentes na membrana plasmática do ovócito II, crucial para término da fecundação. 3. Fusão entre as membranas plasmáticas dos gametas Os receptores da região equatorial reconhece as proteínas da membrana plasmática no ovócito. Na superfície do ovócito há proteínas integrinas e na superfície do espermatozoide há proteínas fertilinas presentes na região equatorial do mesmo. Com isso, ocorre a fusão. A cabeça, a peça intermediária e a cauda do espermatozoide penetram no citoplasma do ovócito II, enquanto a membrana plasmática é incorporada à membrana plasmática do óvocito II. Estudos recentes: ** ADAM3: migração do espermatozoide pelo ovócito, mas não é essencial para ligação à zona pelúcida. ** Reação acrossômica: acontece antes do contato do espermatozoide com a zona pelúcida. ** Espermatozoides coletados do espaço perivitelino - que já sofreram reação acrossômica – podem penetrar zona pelúcida novamente. Imeadiatamente após a fusão da mp do ovócito II com espermatozoise, precisa-se de mecanismos chamados à bloqueio à poliespermia. Bloqueio à poliespermia Para assegurar que somente um espermatozoide fertilize o ovócito II, dois tipos de bloqueio à poliespermia estaão presentes: Bloqueio rápido Despolarização da membrana plasmática do ovócito (influxo de sódio, onda de Ca2+ intracitoplasmática → exocitose dos grânulos corticais) → a diferença de carga faz com que outro espermatozoide não reconheça. No entanto, após alguns minutos, a membrana plasmática recupera sua polaridade normal. Por isso, antes da despolarização acabar entra em ação o bloqueio lento. Bloqueio lento Ovócito II libera enzimas, grânulos corticais, que ocasionam modificações químicas e estruturais permanentes na zona pelúcida, impedindo que esta estrutura seja reconhecida por outros espermatozoides. Reação cortical:fusão dos grânulos presentes no citoplasma cortical com a membrana plasmática do ovócito (em respostas a ondas de cálcio citoplasmáticos) causa liberação de enzimas (proteases, fosfotases, peroxidase, mucopolissacarídeos, ativador de plasminogênio). Reação zonal: enzimas liberadas alteram a zona pelúcida – ZP3. Com isso: ausência de reconhecimento entre a zona pelúcida e outros espermatozoides. 4. Combinação de cromossomos e ativação do ovo Término da meiose II Antes da fecundação: ovócito II com metabolismo adormecido (parado em metáfase II) – sem síntese de DNA, RNA, proteínas e baixo consumo de O2. Onda de cálcio: alguns segundos ou minutos após a fusão dos gametas. Após a fecundação: bloqueio à poliespermia, retomada do metabolismo, início do desenvolvimento embrionário. ** Liberação do óvulo e segundo corpo polar. Penetração do espermatozoide no ovócito II: término da meiose II e formação do óvulo e segundo corpo polar. Fusão dos prónucleos: os pró-nucleos masculino e feminino perdem envoltório celular, em seguida o material genético de ambos se juntam e se alinham imediatamente numa placa metafásica, e divide-se, formando o zigoto. Resultados da fecundação 1. Estimula o ovócito II (que estava parado em metáfase II) a completar a meiose II 2. Restaura a diploidia no zigoto 3. Variabilidade genética (o zigoto é único ) 4. Determinação do sexo cromossômico (XX ou XY) 1. Ativação metabólica do ovo 2. Possibilita o inicio da clivagem do zigoto Clivagem As primeiras divisões celulares que ocorrem no zigoto são atípicas. São muito rápidas, sincronizadas e sem período de recuperação citoplasmática. Cada célula originada após a divisão é menor que a anterior, já que não há período de crescimento ou recuperação citoplasmática, como na mitose. O ovócito II é muito grande, por isso a clivagem é importante, para a manutenção de seu tamanho. Zigoto → 2 blastômeros → 4 blastômeros A formação dos blastômeros após cada clivagem, tem por finalidade estabelecer o tamanho típico das células somáticas. Uma vez restabelecida a relação núcleo/citoplasma característica de células somáticas, as clivagens cessam e são substituídas por mitoses. Nos mamíferos, a clivagem é chamada de holoblástica (total) igual: ovos se dividem por inteiro. Duração de dias, diferente de outros seres, que dura horas. Todas essas células, durante a clivagem, estão envoltas pela zona pelúcida. Totipotência: blastômero sozinho possui a capacidade de gerar uma pessoa, pois continua o processo de clivagem. Mórula: 16 a 32 blastômeros. A mórula passa por um processo de compactação, que é o aumento da interação entre os blastômeros. Com isso, há formação de uma massa compacta de células fortemente aderidas. Isso ocorre porque cada um dos blastômeros aumentam a expressão de moléculas de adesão celular, formação de junções intercelulares (gap, aderentes, desmossomos). A compactação é um pré-requisito para blastulação. Blastocisto Na mórula ocorre uma reorganização: acúmulo de líquido entre os blastômeros, deslocando os blastômeros para periferia, formando o blastocisto. Esse acúmulo de líquido ocorre devido atividade da bomba sódio/potássio ATPase dos blastômeros. Após a formação do blastocisto cessa a clivagem e todas as células passam a sofrer mitose. Estrutura do blastocisto: embrioblasto, trofoblasto, blastocele, zona pelúcida. Durante a compactação da mórula, antes mesmo da formação do blastocisto, as células que irão formar o trofoblasto e o embrioblasto iciam sua diferenciação: As células localizadas mais internamente na mórula compactada, irão formar o embrioblasto. As células localizadas mais externamente na mórula compactada irão formar o trofoblasto.
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