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LEI MARIA DA PENHA E SEU ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER1 Maria da Penha Law and its fight against violence against women. Thayson Montiel Soares.2 Resumo Este artigo faz abordagem ao tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. Investigou-se a seguinte problemática: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Cogitando a importância da rede de atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico de uma sociedade machista e patriarcal. O objetivo geral é conceituar o que é a violência doméstica e explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Esse trabalho é importante para um operador do Direito por demonstrar a importância dessa legislação, para a ciência como forma de pesquisa dos fatores envolvidos e para a sociedade por informar sobre como funciona a lei e suas medidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa teórica com duração de quatro meses. Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340. Abstract This article deals with the theme Maria da Penha Law and its confrontation with violence against women. The following problem was investigated: for what purpose was the Maria da Penha Law created? Cogitating the importance of the service network in support of women who suffered violence and the reality of aggressions within the history of a macho and patriarchal society. The general objective is to conceptualize what domestic violence is and explain the way in which the Maria da Penha Law brings measures to protect women. This work is important for an operator of the Law for demonstrating the importance of this legislation, for science as a way of researching the factors involved and for society for informing about how the law and its measures work. This is a qualitative theoretical research lasting four months. Keywords: Maria da Penha Law, violence against women, aggressions against women, Law 11.340. 1Artigo de Revisão de Literatura elaborado como Trabalho de Curso de Direito da Faculdade Processus, sob a orientação do professor Jonas Rodrigo Gonçalves e do professor assistente Danilo da Costa. 2 Graduando(a) em Direito pela Faculdade Processus. E-mail: thayyson12@gmail.com Introdução Este trabalho traz a temática Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violencia contra a mulher. Demonstra como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação vem para modificar o cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. A Lei Maria da Penha vem como uma política pública para enfrentar a violência doméstica contra a mulher, conforme prevê em seu artigo 8º. Tal lei é ampla em identificar as formas de violência à mulher, incluindo, além da violência física, a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. Ela também ressalta que a violência doméstica excede o âmbito familiar, sendo também um problema do Estado, necessitando de mecanismos para o seu controle e repressão. Dentre esses mecanismos, está a rede de atendimento à vítima, promoção de medidas educativas para a população e programa de erradicação da violência contra a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). Este artigo responde aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Quais as medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é a ação e atendimento dos policiais ao atender uma mulher que sofreu violência doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer crime dentro da Lei Maria da Penha? A aprovação da referida lei foi um marco no processo de reconhecimento da violência contra a mulher no âmbito doméstico como um problema social no nosso país e é resultado de um processo que veio ganhando força com a participação do movimento de feministas que lutaram pela conquista de cidadania de todos. O texto na lei é reflexo das ideias das feministas que querem um mundo igualitário para homens e mulheres (PASINATO, 2010, p.221). As hipóteses que levanta frente ao problema em questão será o fato de a existência de uma lei que penaliza a violência doméstica não ser o suficiente para extinguir as agressões contra a mulher, a importância da rede de atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico de uma sociedade machista e patriarcal. Mesmo que a Lei Maria da Penha não especifique quais as atribuições da rede de atendimento especializado, a sua criação é imprescindível para que seja aplicada a legislação de forma integral e abrangente. Fornecendo atendimento psicológico, social, jurídico e de saúde, tal rede de atendimento também vem com a contribuição de informar as mulheres sobre os benefícios que ela possui e também os direitos inerentes à sua condição humana (PASINATO, 2010, p.229). Esta pesquisa tem como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Assim como, explicar como as agressões se tornam invisíveis para quem está de fora e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a impunidade de tais crimes. Da forma como está inclusa na sociedade, a violência contra a mulher quase sempre não é percebida, o que a torna invisível. Tal violência acontece principalmente nas relações intimas e privadas entre membros da mesma família, tendo como domicílio o espaço onde comumente se manifesta, por esse motivo é chamada de violência doméstica (PASINATO, 2010, p.218). Os objetivos específicos deste trabalho são entender o porquê há tanta impunidade dentro do crime de violência doméstica e esclarecer os motivos que fazem com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. Assim como, determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma delas e a maneira como são praticadas. De acordo com a lei 11.340∕2006 em seu artigo 7º são tipos de violência doméstica a violência física, que se trata de qualquer ação que atinja sua integridade ou saúde corporal por meio de chutes, tapas, queimaduras, tortura etc. Já a violência psicológica se trata de uma ação ou omissão que tenha a intenção de degradar ou controlar comportamentos, decisões e crenças por meio de manipulação, humilhação ou ameaça, implicando prejuízo ao psicológico ou ao desenvolvimento pessoal daquele indivíduo. São também tipos de violência contra a mulher, a violência sexual, que se trata de qualquer ato sexual contra a vontade da mulher, a violência patrimonial, que é aquela praticada contra o patrimônio, degradando-o e a violência moral, que se trata do assédio moral e a pratica de crimes como a injuria, a calúnia e a difamação, que atingem a honra da mulher (SANTOS et al., 2016, p.04). Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a impunidade relativa à violência contra a mulher, demonstrando como a sociedade fomenta tal crime. Assim como, por falar sobre a Lei Maria da Penha, as medidas que existem dentro de tal legislação e explicando como deve ser a efetivação dessa lei para que ocorra a punição correta dos agressores. Essa pesquisa é de suma importância para a ciência por esclarecer o modo como as mulheres sofrem as violências dentro da sociedade, entendendo o porquê de tamanha impunidade nesse crime e o porquê da dificuldade da vítima em denunciar o agressor. Assim como por trazer as medidas usadas na lei para reduzir tal impunidade e auxiliar as mulheres que sofreram tal violência. Essa pesquisa contribui para a sociedade por alertar sobre as agressões contra a mulher, mostrando os direitos que ela possui e de que modose pode efetivar e assegurar tais direitos. Assim como, por demonstrar quais a consequências para quem comete tais crimes, servindo como um desmotivador para homens que possam pensar em cometer qualquer ato de violência contra a mulher. A metodologia do trabalho é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de pequena extensão. Foi usado como fundamentação artigos científicos, leis e doutrinas que objetivam trazer as resposta dos questionamentos levantados, ajudando a conceituar a violência contra a mulher e a trazer todo seu contexto dentro da sociedade. Os instrumento utilizados nessa pesquisa são cinco artigos científicos. A seleção e a extração dos artigos foram feitas através de pesquisas e retiradas do Google Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340 O critério adotado é a utilização de artigos científicos escritos por mestres e doutores, publicados em revistas cientificas com ISSN e que abordarem o tema de modo favorável aos problemas expostos. O tempo previsto a realizar o trabalho foi de 6 meses, desde a pesquisa dos artigos, a separação deste e a montagem do projeto. A pesquisa é qualitativa, foi feita separação dos artigos e a leitura e resumo de toda a literatura selecionada, apresentando todas as informações coletadas. As informações dos autores foram obtidas por meios bibliográficos e não haverá dados quantitativos por não trabalhar com coletas de informações numéricas. Um artigo que apresenta uma pesquisa teórica, usando base bibliográfica, enquadrado na modalidade de artigo de revisão de literatura. Um artigo de revisão de literatura é um artigo acadêmico que parte de outros artigos acadêmicos ou científicos, ou ainda de livros ou capítulos de livros, os quais se consideram referências basilares e relevantes daquela temática específica (GONÇALVES, 2020, p.97). Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher A morte de mulheres, de todas as idades, cometida por seus companheiros enciumados e rejeitados, não é exceção e nem novidade no Brasil. Muitos casos ficaram famosos ao longo da história e com o tempo as lutas e os movimentos das mulheres feministas foram ganhando repercussão na mídia, dando publicidade ao fato da violência contra a mulher ser um problema social e que tal fato é reforçado por um sistema de justiça conivente e omisso, que parece sempre absolver agressores (PASINATO, 2010, p.218). Sendo assim, a violência contra a mulher está incluída na nossa sociedade há muitos anos, não tendo a devida atenção do Estado e nem da sociedade, enraizando na cultura do país e se tornando, muitas vezes, algo visto como natural, mesmo com toda seu horror. Tal violência mata e dizima mulheres, tratando-a como objetos e cada caso noticiado nos jornais se torna apenas mais um número, logo sendo esquecido por todos A violência doméstica traz na sua essência características dos primórdios estruturais da sociedade, assim, sendo a sociedade criada por uma base patriarcal, dessa forma, vê-se a mulher como alguém que deve ser disciplinada, a submetendo à submissão da figura masculina, podando-lhe a autonomia, confinando-a dentro do lar, deixando o homem como o único capaz de exercer livremente os atos da vida (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). Apesar dos avanços em busca de uma sociedade igualitária, a violência doméstica ainda é o reflexo de uma sociedade paternalista, que visualiza obediência e submissão na figura feminina. Assim, a violência contra a mulher é um jeito do homem tentar garantir que tal submissão continue a assegurar seus interesses e seu poder perante a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). Mesmo que a luta das mulheres tenha tido muitas conquistas, tais como os direitos fundamentais positivados na Constituição Federal que as protegem, dando a elas direitos iguais aos homens e proibindo qualquer tipo de discriminação, tais mulheres ainda sofrem formas variadas de violência, assim como os homens continuam tendo mais acesso à empregos melhores remunerados e também à melhor educação (SANTOS et al., 2016, p.03). A violência contra a mulher é uma violação aos seus direitos fundamentais individuais, tais como o direito à vida, à dignidade, à segurança, à integridade física e psíquica, à saúde, à residência etc. Todos esses direitos estão positivados na Constituição Federal de 1988 e devem ser respeitados e tutelados para que não haja sua violação (SANTOS et al., 2016, p.04). Também de acordo com a Constituição Federal, é dever do Estado e da sociedade garantir a segurança nacional. Dentro desse dever, está incluída a obrigação de preservar a família e de assegurar o bem estar da mulher. Desse modo, a proteção da mulher se dá pela capacidade desta de se sentir segura ao precisar denunciar o seu agressor, não sentindo medo de sofrer represálias, sendo atendida por policias especializados (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). Temos visto inúmeros casos de violência que afeta as mulheres, trazendo prejuízos tanto à sua saúde mental como à sua saúde física. A violência contra a mulher trata-se de qualquer conduta, de ação ou omissão, de discriminação, coerção ou agressão, que foi ocasionada pelo fato da vítima ser mulher, causando-lhe dano, constrangimento, sofrimento físico, moral ou sexual e até a morte. A violência doméstica acontece entre os membros de uma família que é constituída por parentesco natural, civil, por afinidade ou por afetividade (SANTOS et al., 2016, p.03). Assim, podemos dizer que a violência doméstica é uma ação de um familiar ou de alguém que habita a mesma residência, causando danos, sofrimento ou até a morte. Tal prática independe de classe social, raça, religião, etnia, grau de escolaridade ou idade. Bastando ser destinada a alguém do âmbito familiar e causar-lhe prejuízos (SANTOS et al., 2016, p.03). Mas como é criada a 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha? Qual o real intuito dessa lei? Quais medidas há dentro dela para ajudar na recuperação cultural de uma sociedade que tanto agride a mulher? Quais criações a lei vai trazer para sua seja efetivo o seu resultado? Todos esses questionamentos são importantes para manter informada toda uma sociedade que depende dessa lei para se livrar de tal macula. Visando a coibição dos atos de violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha – LMP – é composta por dispositivos que trazem mais rigor para as punições dos crimes domésticos, tornando-se uma das políticas públicas mais importantes para o país sobre a repressão e o enfrentamento de tal espécie de violência (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.160). A Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, entrou em vigor em 2006, tratando-se de uma lei especial, cuja a finalidade é obter um mecanismo para prevenir e coibir a violência familiar contra a mulher. Tal legislação tem como regra reconhecer que a violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos, que degrada, tira a dignidade e a integridade das vítimas, deixando-as à mercê na sociedade (PASINATO, 2010, p.219). Tal lei se restringe aos casos em que a violência ocorre no ambiente doméstico, sendo indiferente o vínculo familiar, desde que seja dentro de relações familiares ou intimas de afeto. Essas restrições justificam-se por serem esses o contexto e as situações onde mais ocorrem a violência e pelo fato de a política criminal defender a família e se esquecer da proteção individual, o que faz com que muitos agressores nunca sejam penalizados pela violência que cometem (PASINATO, 2010, p.220). O artigo 7º da referida lei, trata das formas de violência doméstica, não sendo ela apenas violência física, mas de natureza sexual ou psicológica, moral ou patrimonial também. A violência física trata-se de qualquer lesão à integridade e saúde corporal, ou seja, violência física é o uso da força, deixando ou não marcas aparentese configura-se como lesão corporal no código penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). A lesão psicológica se trata de agressões verbais, pressões emocionais, imposições de práticas que degrade a vítima. Já a lesão sexual se trata de qualquer ato que coaja a vítima a práticas sexuais ou de atos degradantes de cunho sexual com o uso de ameaça ou de força. Com relação a violência patrimonial é configurada como uma retenção ou subtração, sendo esta oculta, assim como destruição de qualquer objeto, valor ou recurso econômico. E por fim, a violência moral, que se trata de qualquer ato que degrade a imagem da mulher, ou seja, a calúnia, a injuria ou a difamação (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). Mesmo a Lei Maria da Penha sendo um instrumento que visa coibir a violência contra a mulher, existem muitos obstáculos para a sua efetividade, tais como sua eficiência. Primeiro porque as próprias mulheres não entendem o motivo que leva os homens que elas amam a lhes violentarem e agredirem, tornando ainda mais difícil a decisão de denunciar o parceiro (SANTOS et al., 2016, p.10). Sem dúvida a lei é um instrumento importante no combate à violência doméstica contra a mulher, mas as medidas que existem nessa conflitam com os limites da própria sociedade, que tem um caráter machista e patriarcal e que reforça, diariamente, formas de violência contra a mulher em espaços privados ou públicos (SANTOS et al., 2016, p.10). Assim, mesmo existindo a Lei Maria da Penha com todas as suas medidas e aparatos para sua efetivação, ela não é eficaz. Tal fato possui diversos motivos, a desinformação, a sensação de impunidade, a dependência emocional da mulher, a estrutura machista da sociedade, a morosidade dentro do processo de denúncia, entre outros, todos esses motivos toda a Lei Maria da Penha uma legislação bem vista em seu texto, mas pouco eficaz em sua prática. A Lei Maria da Penha traz a criação de estruturas administrativas e judiciais para intervenção de conflitos de gênero, tais como casa de abrigo, delegacias especializadas, juizado de violência doméstica contra a mulher etc. Além de tais aparatos institucionais, também existem os Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos da Mulher que representam fóruns institucionalizados de políticas públicas, que promovem a participação popular em temas de interesse coletivo. A Lei Maria da Penha não integra os conselhos como parte da rede de apoio de tal política pública, mas eles são importantes instrumentos para a efetiva defesa dos direitos das mulheres, pois atuam enfrentando a discriminação e promovendo a igualdade de gênero (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.03). Não se tem muita definição do que é políticas públicas, alguns doutrinadores definem como um conjunto de procedimentos que são destinados para a resolução de conflitos de forma pacífica, usando a alocação de bens e os recursos públicos. Em todo esse processo há o envolvimento de pessoas que identificam o problema, tornando-os públicos e desenvolvendo seu enfrentamento. A Lei Maria da Penha foi criada com a finalidade de erradicar, prevenir e punir qualquer violência que exista contra a mulher. E vai surgir como uma solução vinda do Estado para a grande demanda de atos atentatórios contra a dignidade e integridade da mulher, que é um mal que atinge muitas relações familiares dentro do território nacional (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.198). Para ser configurada dentro da Lei Maria da Penha, a violência deve acontecer dentro do âmbito familiar e dentro de relações intimas de afeto. Âmbito familiar configura-se pelo espaço caseiro onde é praticada a violência, envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar e até aquelas que são agregadas, de modo esporádico, como por exemplo, a agressão do patrão contra a empregada (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). A lei 11.340 traz uma série de medidas que devem ser tomadas, junto com toda uma estrutura necessária, para que ocorra sua efetivação de maneira correta. Tais medidas vem como instrumentos que devem ser utilizados ao se botar a lei em prática, tais instrumentos são de proteção, de punição e de prevenção e devem ser trabalhadas em conjunto. As medidas trazidas na Lei Maria da Penha podem ser divididas em três eixos de intervenção. O primeiro se trata das medidas criminais para punir a violência sofrida, nele estão os procedimentos do inquérito policial, a prisão preventiva, em flagrante ou condenatória, etc. No segundo eixo estão as medidas de proteção da integridade física e de resguardo dos direitos da mulher, que vêm como medidas protetivas em caráter de urgência aliadas à mulher e também medidas contra o agressor. Ao final, no terceiro eixo, estão as medidas de educação e prevenção que são vistas como estratégias necessárias para coibir a violência no meio social e a discriminação baseadas no gênero (PASINATO, 2010, p.220). A articulação dos três eixos dependem da criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar que devem efetivar as medidas previstas na legislação, proporcionando à mulher o acesso aos seus direitos e a autonomia que ela necessita para superar a violência sofrida. Entretanto, não é só o judiciário que precisa de uma reorganização. Para a correta implementação da lei, também é necessária a formulação de políticas públicas direcionadas à integração da polícia, do judiciário e dos demais serviços como a saúde, a assistência psicológica, a assistência médica, que prestam atendimento à mulher vítima de violência doméstica (PASINATO, 2010, p.221). A Lei Maria da Penha prevê que a mulher que sofreu violência doméstica e que procura por ajuda para denunciar, precisa ser atendida por pessoas capacitadas, de modo especializado, humanizando esse trabalho o máximo possível para que não ocorra mais represálias, medos ou vergonhas por parte da vítima, passando a ela segurança e dando poder de escolha para alguém que por algum tempo se viu sem escolha nenhuma. Assim, para que haja o atendimento de modo especializado deve haver uma capacitação para realizar o atendimento da forma como prevê o artigo 8º da referida lei. A legislação reconhece que são os policiais os primeiros a terem contato com a vítima de violência doméstica, assim valorizou sua função, exaltando-a, para que haja um melhor desempenho no seu trabalho, para que ele seja mais humanizado diante de uma delicada situação (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). O atendimento pela autoridade policial vai além das atividades de polícia judiciária, tais como o registo da ocorrência, os inquéritos policiais, a autoridade policial também deve trabalhar na aplicação das medidas protetivas de urgência quando houver solicitação da mulher. Tais medidas são, em grande maioria, de natureza cível, tais como pedidos de guarda, de alimentos e separação conjugal. Cabe também à autoridade policial providenciar socorro médico para a mulher, assim como preservar sua segurança, transferindo-a para um local seguro (PASINATO, 2010, p.224). A medida protetiva é outra atribuição dos policiais e essa é de rápida solução para os policiais. Na maioria dos locais brasileiros, existem formulários com todas as opções de medidas protetivas previstas na lei, que são entregues para as mulheres que manifestem o desejo de solicitar tais medidas após receber orientações sobre todas as opções que ela tem. Assim que ela fizer a escolha, tal formulário será anexado a outros documentos que conterão o relato dos fatos, em poucos dias esse pedido chega ao judiciário, que terá 48 horas para decidir sobre ele (PASINATO, 2010, p.227). As medidas protetivas são instrumentos usados para proteger a vítima de violência doméstica e enseja ao agressor limitações de seus direitos ou liberdade em favor da proteção da vítima. Tais medidas podem ser a de distanciamento, proibição de determinadas condutas, suspensão de visitas, restituição de bens, prestação de alimentos, entre outros. A Lei Maria da Penhadistinguiu as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor das medidas protetivas de urgência em relação à vítima. Essa última, autorizam certas condutas pela vítima e também a reintegra de direitos limitados pelo agressor. Ambas as medidas protetivas de urgência podem ser requeridas pela vítima, por meio de defensor público ou advogado, não sendo obrigada a vinculação delas à polícia. Elas também podem ser requeridas pelo Ministério Público ou concedidas pelo juiz (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.203). O objetivo das medidas protetivas é assegurar os direitos fundamentais descontinuando a violência e desmotivando as situações que a favorecem. Elas não necessariamente antecedem medidas judiciais, pois não objetivam o processo e sim um auxílio às pessoas. Desta forma, as medidas protetivas funcionam como limites para os agressores, criando uma rede de proteção para as mulheres, deixando-as livres de ameaças e de assédios, podendo então ter tranquilidade para pensarem sobre quais caminhos vão tomar para saírem das situações de violência em que se encontram (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.169). A medida cautelar é um instrumento de restrição de liberdade, tem caráter provisório e urgente e é usada como forma de controlar e acompanhar o acusado, diferente da prisão. Ela ocorrerá durante o processo penal, mas deve ser necessária e adequada ao caso. As medidas cautelares envolvem vários tipos de restrições à liberdade, indo desde a mais grave, ou seja, a prisão, até a mais leve, que pode ser o ato de proibir o contato com certa pessoa (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.202). A prisão preventiva é uma medida cautelar que restringe a liberdade do indivíduo, devendo tal instituto respeitar os requisitos da lei. As medidas cautelares podem ser aplicadas dentro dos crimes da Lei Maria da Penha, podendo ser decretada a prisão preventiva, tal prisão está prevista no capítulo II – Das medidas protetivas de urgência da referida lei (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). Segundo a Lei Maria da Penha, as medidas protetivas de urgência poderão ser adotadas em qualquer fase do inquérito policial ou instrução criminal, cabendo a prisão preventiva do acusado, que será decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou por representação do da autoridade policial (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). A Lei Maria da Penha modificou severamente as punições para quem comete violência contra a mulher, com o intuito de desestimular os futuros casos e também de penalizar de modo mais enfático os casos denunciados, o que traz mais rigidez para a legislação em vigor e na teoria a torna mais efetiva, por passar mais segurança à vítima que for denunciar, reduzindo o sentimento de impunidade que existe em torno de tal crime. A partir da lei, a punição para quem pratica violência contra a mulher no âmbito familiar foi modificada, desde então ela não poderá mais ser paga com cestas básicas ou multa, poderá haver prisão em flagrante, a mulher pode contar com o advogado em todo o percurso do processo e também possui uma especial atenção à mulher com deficiência, aumentando a pena de quem agredi-la (SANTOS et al., 2016, p.11). A violência surge como um dos principais pontos de causa para a quebra na estrutura intrafamiliar, gerando consequências no futuro de todos os integrantes da família e até na sociedade em que está inserida. A violência contra a mulher não vem só no formato de degradação física, mas também como desmoralizações, abusos sexuais e até patrimoniais (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). Mesmo sabendo da grande ocorrência de violência doméstica dentro dos lares brasileiros, os números de denúncia não correspondem aos números de violências sofridas, o que demonstra uma deficiência no ato de denunciar o agressor, fato este que deve ser estudado e trabalhado para que se encontre uma solução, levando as mulheres à denunciarem seus agressores sem qualquer medo, receio ou esperança vã. Nos crimes cometidos dentro do âmbito doméstico, devida à relação de intimidade em que ocorrem, torna a denúncia do agressor um ato muito difícil para a vítima, pois muitas vezes o agressor mantém com a vítima convivência diária, tornando a violência doméstica silenciosa e impune pelo medo ou pela vergonha que as mulheres têm de denunciar (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). As vítimas de violência doméstica que decidiram não denunciar seus agressores, anunciaram como principais motivos a preocupação com o futuro dos filhos, o receio de que haja uma vingança por parte do agressor, acreditar na mudança e no fato de que seria a última vez que aquilo aconteceria e a descrença na penalização, ou seja, no sentimento de impunidade. Quanto a qualidade do atendimento das vítimas de violência nas delegacias, a maioria qualificou como ótimo ou bom. Dentre as vítimas que procuraram ajuda, a maioria o fez depois da primeira agressão sofrida (SANTOS et al., 2016, p.08). Assim, percebe-se que a vítima de violência não possuem real intenção de denunciar e punir seu agressor, normalmente só possuem vontade de interromper uma realidade de violência duradoura para restabelecer o vínculo familiar e a paz no ambiente doméstico. Mesmo as vítimas que pedem o divórcio, demonstram não possuir vontade de dar continuidade nos processos, pois desejam manter a harmonia familiar. Assim, conclui-se que as mulheres usam a ameaça da denúncia para cessarem com a violência sofrida (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.173). Na grande parte dos casos as vítimas usam da autoridade policial para buscar uma solução imediata que consiga acabar com a violência vivenciada e para dar um tipo de lição para ao agressor. É dessa forma que se justifica a grande quantidade de medida protetiva requerida pelas vítimas, seguida de uma baixa expectativa de representação na ação penal para dar prosseguimento ao processo (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.175). Quanto ao trâmite que ocorre na justiça até que o agressor seja condenado pela violência cometida, sabe-se que tudo começa por uma denúncia e um inquérito policial, que após ser investigado, irá para o judiciário com todos os fatos, para ser apreciado pelo juiz e então ser proferida uma sentença, podendo condenar ou absolver o réu. Não é possível saber em quanto tempo é concluído um inquérito policial, em pesquisas feitas no ano de 2008, foram encontrados inquéritos policiais que haviam iniciados em 2006, no mês em que a lei entrou em vigor e que ainda não haviam sido concluídos e mandados para o judiciário. Ou seja, os inquéritos são morosos e se arrastam injustificadamente esperando por testemunhas que nunca aparecem (PASINATO, 2010, p.226). Quanto a morosidade dos procedimentos, a Delegacia não pode ser a única responsabilizada pelo fato, a demora e o atraso também se deve ao fato de o Ministério Público estar sobrecarregado e com o acumulo de processos, faz vista grossa aos inquéritos policiais, adiando a entrada de novos processos na justiça. Assim, a atuação do Ministério Público no quadro tem se voltado aos pedidos de medidas protetivas, entendendo que é mais importante proteger a mulher do que penalizar os agressores (PASINATO, 2010, p.226). Mesmo que a legislação traga avanços para a conceituação de violência e para suas formas de enfrentamento, trazendo respostas para as demandas das mulheres feministas que lutam pela penalização e erradicação das agressões contra mulher, a retomada do instituto do inquérito policial parece ir na contramão de qualquer avanço e ignorar os estudos que indicam várias desvantagens ao aplicar um procedimento tão moroso e cuja as medidas são incompatíveis com as medidas de urgência e proteção que as mulheres que sofrem violência precisam (PASINATO, 2010, p.226). Com relação ao tipo de ação penal dos crimes domésticos, quando houver lesão corporal, será sempre pública incondicionada, sem haver possibilidade da vítima se retratar, não importando se a lesãoé leve, grave ou gravíssima, dolosa ou culposa. Assim, é possível que a notícia-crime seja dada por um terceiro que tenha percebido ou até visto a violência Neste caso, na ação penal pública incondicionada, será instaurado o inquérito policial para apurar o fato e, se for o caso, o Ministério Público, poderá iniciar a ação penal, não precisando da representação da vítima ou retratação desta (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). Entretanto, ainda existe dentro da Lei 11.340 crimes que são processados por ação penal pública condicionada à representação da vítima ou até por meio de ação penal privada, tais como os crimes contra a honra – injúria, difamação ou calúnia – o crime de ameaça, dano, entre outros. Nestes casos, a renúncia ao direito de denunciar acaba por obstruir o julgamento dos crimes, impedindo uma efetiva punição por parte da justiça (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). É importante salientar que a renúncia à representação só será admitida até o recebimento da denúncia por parte do juiz, devendo ter uma audiência para que aconteça e mesmo que essa audiência seja um ato informal, a lei exige que haja a ratificação da vontade negativa da vítima perante o juiz em audiência específica para tal finalidade (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). A Lei 11.340 recomenda a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar, órgão que teria competência exclusiva de aplicação da referida legislação. Cabe ao magistrado, além dos processos criminais, os processos cíveis com relação à separação conjugal, ações familiares, desde que esses estejam relacionados à segurança da mulher e de seus filhos e também a análise das medidas protetivas. Desta forma, a legislação cuidou de dar ao mesmo juiz o conhecimento sobre toda a causa analisada e de tornar todo o processo mais célere e menos custoso (PASINATO, 2010, p.228). No entanto, não é apenas uma questão estrutural ou somente de criação do Juizado. É preciso que todos que trabalhem dentro desse Juizado, ou seja, todas as equipes, estejam empenhados e comprometidas com a Lei 11.340 e que exista diálogo delas com as entidades e os serviços de atendimento especializado, para que a mulher que sofreu violência possa ter acesso e usufruir de todos os benefícios previstos na lei (PASINATO, 2010, p.229). As redes de atendimento para as mulheres que sofrem violência são a base da política de enfrentamento nacional à violência, um dos pilares da Lei Maria da Penha e sua atuação é essencial para a proteção, assistência e prevenção de agressões, pois quando articulada de maneira correta, faz com que a mulher tenha todo o apoio necessário para o enfrentamento de todas as dificuldades que surgem nesse complexo momento (PASINATO, 2010, p.229). O crime de ameaça está prevista no artigo 147 do Código Penal, sua consumação se dá pelo simples fato da vítima tomar conhecimento do mal pronunciado, mesmo que esta não se sinta ameaçada. A ameaça causa limitação da liberdade de se autodeterminar, o temor provocado por tal crime pode até causar perturbação psíquica, devendo ser tutelado pelo Direito penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). Para o sujeito que cometer o crime de ameaça contra a mulher dentro do âmbito doméstico, não será possível a concessão de benefícios como a transação penal ou a suspensão condicional do processo. Trata-se de um crime que será processado como ação penal pública condicionada à representação da vítima, podendo então a vítima renunciar à denúncia, abdicando do processo e da penalização do agressor (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.166). Dentro do crime de ameaça, percebe-se que a prisão quase nunca é em flagrante, pois a maioria dos casos são feitos boletins de ocorrência, ou seja, é a vítima a responsável pela notificação do delito ao policial. A explicação para isso é o fato de o crime em questão ser um delito que necessita de proximidade. Assim, o conflito ocorre entre pessoas com intimidade, dentro de um ambiente doméstico, o que dificulta um flagrante (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.168). É importante relatar que se os casos fossem tratados com as prevenções e medidas que a Lei Maria da Penha possui, poderiam ser reduzidos ou evitados muitos casos de feminicídio, muito embora saibamos que a violência contra mulher não é apenas um problema da legislação, mas sim um problema cultural enraizado na sociedade. Assim, percebe-se que a Lei Maria da Penha trouxe avanços, mas entende-se que apenas ela não possui capacidade para superar essa luta contra a violência, já que não muda a estrutura da sociedade que possuímos (SANTOS et al., 2016, p.09). Considerações Finais Este artigo abordou o tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. Demonstrou como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação veio para modificar o cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. Foram usadas como bases de pesquisa a Constituição Federal, a legislação específica, a doutrina e a jurisprudência. Este artigo respondeu aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Quais as medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é a ação e atendimento dos policiais ao atender uma mulher que sofreu violência doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer crime dentro da Lei Maria da Penha? Esta pesquisa teve como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Assim como, explicar como as agressões se tornam invisíveis para quem está de fora e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a impunidade de tais crimes. O objetivo específico deste trabalho foi entender o porquê há tanta impunidade dentro do crime de violência doméstica e esclarecer os motivos que fazem com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. Assim como, determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma delas e a maneira como são praticadas. Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a impunidade relativa à violência contra a mulher, demonstrando como a sociedade fomenta tal crime, para a ciência por esclarecer o modo como as mulheres sofrem as violências dentro da sociedade e para a sociedade por alertar sobre as agressões contra a mulher, mostrando os direitos que ela possui e de que modo se pode efetivar e assegurar tais direitos. A pesquisa atingiu o resultado almejado, uma vez que contribuiu para a compreensão sobre a legislação específica, elucidando sua importância e mostrando como é efetivada dentro do ordenamento jurídico, citando as suas dificuldades e seu avanço no ordenamento jurídico brasileiro, assim como, compartilhando em quais situações e o porquê de tal legislação se fazer tão necessária dentro das famílias que sofrem com agressões. Referências AMANCIO, Geisa Rafaela; FRAGA, Thaís Lima; RODRIGUÊS, Cristiana Tristão. Analise da efetividade da Lei Maria da Penha e dos Conselhos Municipais da Mulher no combate à violência doméstica e familiar no Brasil. Revista Redalyc Vol 15, nº 1, 2016. ARAUJO, Douglas da Silva; GUIMARÃES, Patrícia Borba Vilar; XAVIER, Yanko Marcius de Alencar. O crime de ameaça no âmbito doméstico: uma análise da impunidade da Lei Maria da Penha a partir de estudos de fluxos. Revista Digital Constituição e garantia de direitos. Vol 12, nº 1, 2019. GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Como fazer um projeto de pesquisa de um artigo de revisão de literatura. Revista JRG de Estudos Acadêmicos. Ano II, volume II, n.5 (ago./dez.), 2019. GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Manual de Projeto de Pesquisa. Brasília: Processus, 2019 (Coleção Trabalho de Curso, Vol. I). GONÇALVES,Jonas Rodrigo. Metodologia Científica e Redação Acadêmica. 8. ed. Brasília: JRG, 2019. SANTOS JUNIOR, Almir Santos; RÉ, Fernanda Andrade. Violência doméstica e familiar: da Maria da Penha à Lei Maria da Penha. Revista Diálogos e Saberes. Vol 9, nº 1, 2013. PASINATO, Wânia. Lei Maria da Penha. Novas abordagens sobre velhas propostas. Onde avançamos? Revista de Ciências Sociais. Vol 10, nº 2, 2010. SANTOS, Maricelly Costa; SOARES, Fabiana da Paz; SANTOS, Lourivânia Fernandes; MONTE, Priscilla Falcão Farias. Violência contra a mulher no Brasil: algumas reflexões sobre a implementação da Lei Maria da Penha. Revista Ciências Humanas e Sociais. Vol 3, nº 3, 2016. Resultado da análise Arquivo: TCC2.docx Estatísticas Suspeitas na Internet: 16,71% Percentual do texto com expressões localizadas na internet ⚠ . Suspeitas confirmadas: 5,81% Percentual do texto onde foi possível verificar a existência de trechos iguais nos endereços encontrados ⚠ . Texto analisado: 94,18% Percentual do texto efetivamente analisado (imagens, frases curtas, caracteres especiais, texto quebrado não são analisados). Sucesso da análise: 100% Percentual das pesquisas com sucesso, indica a qualidade da análise, quanto maior, melhor. Endereços mais relevantes encontrados: Endereço (URL) Oco rrên cias Se mel han ça https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Pe nha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_ Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C 15 8,28 % https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9st ica.pdf 10 7,41 % http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/101 7 3,97 % http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/62 7 4,99 % https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/851/1/Andressa%20Porto%20de%20Oliveira.pdf 7 10,6 1 % http://periodicos.processus.com.br/index.php/plaep/article/download/241/336 6 3,62 % Texto analisado LEI MARIA DA PENHA E SEU ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Maria da Penha Law and its fight against violence against women. Thayson Montiel Soares. Resumo Este artigo faz abordagem ao tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. Investigou-se a seguinte problemática: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Cogitando a importância da rede de atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico de uma sociedade machista e patriarcal. O objetivo geral é conceituar o que é a violência doméstica e explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Esse trabalho é importante para um operador do Direito por demonstrar a importância dessa legislação, para a ciência como forma de pesquisa dos fatores envolvidos e para a sociedade por informar sobre como funciona a lei e suas medidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa teórica com duração de quatro meses. Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340. Abstract about:blank#bottom about:blank#bottom https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9stica.pdf https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9stica.pdf http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/101 http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/62 https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/851/1/Andressa%20Porto%20de%20Oliveira.pdf http://periodicos.processus.com.br/index.php/plaep/article/download/241/336 This article deals with the theme Maria da Penha Law and its confrontation with violence against women. The following problem was investigated: for what purpose was the Maria da Penha Law created? Cogitating the importance of the service network in support of women who suffered violence and the reality of aggressions within the history of a macho and patriarchal society. The general objective is to conceptualize what domestic violence is and explain the way in which the Maria da Penha Law brings measures to protect women. This work is important for an operator of the Law for demonstrating the importance of this legislation, for science as a way of researching the factors involved and for society for informing about how the law and its measures work. This is a qualitative theoretical research lasting four months. Keywords: Maria da Penha Law, violence against women, aggressions against women, Law 11.340. Introdução Este trabalho traz a temática Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violencia contra a mulher. Demonstra como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação vem para modificar o cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. A Lei Maria da Penha vem como uma política pública para enfrentar a violência doméstica contra a mulher, conforme prevê em seu artigo 8º. Tal lei é ampla em identificar as formas de violência à mulher, incluindo, além da violência física, a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. Ela também ressalta que a violência doméstica excede o âmbito familiar, sendo também um problema do Estado, necessitando de mecanismos para o seu controle e repressão. Dentre esses mecanismos, está a rede de atendimento à vítima, promoção de medidas educativas para a população e programa de erradicação da violência contra a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). Este artigo responde aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Quais as medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é a ação e atendimento dos policiais ao atender uma mulher que sofreu violência doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer crime dentro da Lei Maria da Penha? A aprovação da referida lei foi um marco no processo de reconhecimento da violência contra a mulher no âmbito doméstico como um problema social no nosso país e é resultado de um processo que veio ganhando força com a participação do movimento de feministas que lutaram pela conquista de cidadania de todos. O texto na lei é reflexo das ideias das feministas que querem um mundo igualitário para homens e mulheres (PASINATO, 2010, p.221). As hipóteses que levanta frente ao problema em questão será o fato de a existência de uma lei que penaliza a violência doméstica não ser o suficiente para extinguir as agressões contra a mulher, a importância da rede de atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico de uma sociedade machista e patriarcal. Mesmo que a Lei Maria da Penha não especifique quais as atribuições da rede de atendimento especializado, a sua criação é imprescindível para que seja aplicada a legislação de forma integral e abrangente. Fornecendo atendimento psicológico, social, jurídico e de saúde, tal rede de atendimento também vem com a contribuiçãode informar as mulheres sobre os benefícios que ela possui e também os direitos inerentes à sua condição humana (PASINATO, 2010, p.229). Esta pesquisa tem como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Assim como, explicar como as agressões se tornam invisíveis para quem está de fora e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a impunidade de tais crimes. Da forma como está inclusa na sociedade, a violência contra a mulher quase sempre não é percebida, o que a torna invisível. Tal violência acontece principalmente nas relações intimas e privadas entre membros da mesma família, tendo como domicílio o espaço onde comumente se manifesta, por esse motivo é chamada de violência doméstica (PASINATO, 2010, p.218). Os objetivos específicos deste trabalho são entender o porquê há tanta impunidade dentro do crime de violência doméstica e esclarecer os motivos que fazem com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. Assim como, determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma delas e a maneira como são praticadas. De acordo com a lei 11.3402006 em seu artigo 7º são tipos de violência doméstica a violência física, que se trata de qualquer ação que atinja sua integridade ou saúde corporal por meio de chutes, tapas, queimaduras, tortura etc. Já a violência psicológica se trata de uma ação ou omissão que tenha a intenção de degradar ou controlar comportamentos, decisões e crenças por meio de manipulação, humilhação ou ameaça, implicando prejuízo ao psicológico ou ao desenvolvimento pessoal daquele indivíduo. São também tipos de violência contra a mulher, a violência sexual, que se trata de qualquer ato sexual contra a vontade da mulher, a violência patrimonial, que é aquela praticada contra o patrimônio, degradando-o e a violência moral, que se trata do assédio moral e a pratica de crimes como a injuria, a calúnia e a difamação, que atingem a honra da mulher (SANTOS et al., 2016, p.04). Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a impunidade relativa à violência contra a mulher, demonstrando como a sociedade fomenta tal crime. Assim como, por falar sobre a Lei Maria da Penha, as medidas que existem dentro de tal legislação e explicando como deve ser a efetivação dessa lei para que ocorra a punição correta dos agressores. Essa pesquisa é de suma importância para a ciência por esclarecer o modo como as mulheres sofrem as violências dentro da sociedade, entendendo o porquê de tamanha impunidade nesse crime e o porquê da dificuldade da vítima em denunciar o agressor. Assim como por trazer as medidas usadas na lei para reduzir tal impunidade e auxiliar as mulheres que sofreram tal violência. Essa pesquisa contribui para a sociedade por alertar sobre as agressões contra a mulher, mostrando os direitos que ela possui e de que modo se pode efetivar e assegurar tais direitos. Assim como, por demonstrar quais a consequências para quem comete tais crimes, servindo como um desmotivador para homens que possam pensar em cometer qualquer ato de violência contra a mulher. A metodologia do trabalho é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de pequena extensão. Foi usado como fundamentação artigos científicos, leis e doutrinas que objetivam trazer as resposta dos questionamentos levantados, ajudando a conceituar a violência contra a mulher e a trazer todo seu contexto dentro da sociedade. Os instrumento utilizados nessa pesquisa são cinco artigos científicos. A seleção e a extração dos artigos foram feitas através de pesquisas e retiradas do Google Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340 O critério adotado é a utilização de artigos científicos escritos por mestres e doutores, publicados em revistas cientificas com ISSN e que abordarem o tema de modo favorável aos problemas expostos. O tempo previsto a realizar o trabalho foi de 6 meses, desde a pesquisa dos artigos, a separação deste e a montagem do projeto. A pesquisa é qualitativa, foi feita separação dos artigos e a leitura e resumo de toda a literatura selecionada, apresentando todas as informações coletadas. As informações dos autores foram obtidas por meios bibliográficos e não haverá dados quantitativos por não trabalhar com coletas de informações numéricas. Um artigo que apresenta uma pesquisa teórica, usando base bibliográfica, enquadrado na modalidade de artigo de revisão de literatura. Um artigo de revisão de literatura é um artigo acadêmico que parte de outros artigos acadêmicos ou científicos, ou ainda de livros ou capítulos de livros, os quais se consideram referências basilares e relevantes daquela temática específica (GONÇALVES, 2020, p.97). Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher A morte de mulheres, de todas as idades, cometida por seus companheiros enciumados e rejeitados, não é exceção e nem novidade no Brasil. Muitos casos ficaram famosos ao longo da história e com o tempo as lutas e os movimentos das mulheres feministas foram ganhando repercussão na mídia, dando publicidade ao fato da violência contra a mulher ser um problema social e que tal fato é reforçado por um sistema de justiça conivente e omisso, que parece sempre absolver agressores (PASINATO, 2010, p.218). Sendo assim, a violência contra a mulher está incluída na nossa sociedade há muitos anos, não tendo a devida atenção do Estado e nem da sociedade, enraizando na cultura do país e se tornando, muitas vezes, algo visto como natural, mesmo com toda seu horror. Tal violência mata e dizima mulheres, tratando-a como objetos e cada caso noticiado nos jornais se torna apenas mais um número, logo sendo esquecido por todos A violência doméstica traz na sua essência características dos primórdios estruturais da sociedade, assim, sendo a sociedade criada por uma base patriarcal, dessa forma, vê-se a mulher como alguém que deve ser disciplinada, a submetendo à submissão da figura masculina, podando-lhe a autonomia, confinando-a dentro do lar, deixando o homem como o único capaz de exercer livremente os atos da vida (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). Apesar dos avanços em busca de uma sociedade igualitária, a violência doméstica ainda é o reflexo de uma sociedade paternalista, que visualiza obediência e submissão na figura feminina. Assim, a violência contra a mulher é um jeito do homem tentar garantir que tal submissão continue a assegurar seus interesses e seu poder perante a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). Mesmo que a luta das mulheres tenha tido muitas conquistas, tais como os direitos fundamentais positivados na Constituição Federal que as protegem, dando a elas direitos iguais aos homens e proibindo qualquer tipo de discriminação, tais mulheres ainda sofrem formas variadas de violência, assim como os homens continuam tendo mais acesso à empregos melhores remunerados e também à melhor educação (SANTOS et al., 2016, p.03). A violência contra a mulher é uma violação aos seus direitos fundamentais individuais, tais como o direito à vida, à dignidade, à segurança, à integridade física e psíquica, à saúde, à residência etc. Todos esses direitos estão positivados na Constituição Federal de 1988 e devem ser respeitados e tutelados para que não haja sua violação (SANTOS et al., 2016, p.04). Também de acordo com a Constituição Federal, é dever do Estado e da sociedade garantir a segurança nacional. Dentro desse dever, está incluída a obrigação de preservar a família e de assegurar o bem estar da mulher. Desse modo, a proteção da mulher se dá pela capacidade desta de se sentir segura ao precisar denunciar o seu agressor, não sentindo medo de sofrer represálias, sendo atendida por policias especializados (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). Temos visto inúmeros casos de violênciaque afeta as mulheres, trazendo prejuízos tanto à sua saúde mental como à sua saúde física. A violência contra a mulher trata-se de qualquer conduta, de ação ou omissão, de discriminação, coerção ou agressão, que foi ocasionada pelo fato da vítima ser mulher, causando-lhe dano, constrangimento, sofrimento físico, moral ou sexual e até a morte. A violência doméstica acontece entre os membros de uma família que é constituída por parentesco natural, civil, por afinidade ou por afetividade (SANTOS et al., 2016, p.03). Assim, podemos dizer que a violência doméstica é uma ação de um familiar ou de alguém que habita a mesma residência, causando danos, sofrimento ou até a morte. Tal prática independe de classe social, raça, religião, etnia, grau de escolaridade ou idade. Bastando ser destinada a alguém do âmbito familiar e causar-lhe prejuízos (SANTOS et al., 2016, p.03). Mas como é criada a 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha? Qual o real intuito dessa lei? Quais medidas há dentro dela para ajudar na recuperação cultural de uma sociedade que tanto agride a mulher? Quais criações a lei vai trazer para sua seja efetivo o seu resultado? Todos esses questionamentos são importantes para manter informada toda uma sociedade que depende dessa lei para se livrar de tal macula. Visando a coibição dos atos de violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha LMP é composta por dispositivos que trazem mais rigor para as punições dos crimes domésticos, tornando-se uma das políticas públicas mais importantes para o país sobre a repressão e o enfrentamento de tal espécie de violência (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.160). A Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, entrou em vigor em 2006, tratando-se de uma lei especial, cuja a finalidade é obter um mecanismo para prevenir e coibir a violência familiar contra a mulher. Tal legislação tem como regra reconhecer que a violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos, que degrada, tira a dignidade e a integridade das vítimas, deixando-as à mercê na sociedade (PASINATO, 2010, p.219). Tal lei se restringe aos casos em que a violência ocorre no ambiente doméstico, sendo indiferente o vínculo familiar, desde que seja dentro de relações familiares ou intimas de afeto. Essas restrições justificam-se por serem esses o contexto e as situações onde mais ocorrem a violência e pelo fato de a política criminal defender a família e se esquecer da proteção individual, o que faz com que muitos agressores nunca sejam penalizados pela violência que cometem (PASINATO, 2010, p.220). O artigo 7º da referida lei, trata das formas de violência doméstica, não sendo ela apenas violência física, mas de natureza sexual ou psicológica, moral ou patrimonial também. A violência física trata-se de qualquer lesão à integridade e saúde corporal, ou seja, violência física é o uso da força, deixando ou não marcas aparentes e configura-se como lesão corporal no código penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). A lesão psicológica se trata de agressões verbais, pressões emocionais, imposições de práticas que degrade a vítima. Já a lesão sexual se trata de qualquer ato que coaja a vítima a práticas sexuais ou de atos degradantes de cunho sexual com o uso de ameaça ou de força. Com relação a violência patrimonial é configurada como uma retenção ou subtração, sendo esta oculta, assim como destruição de qualquer objeto, valor ou recurso econômico. E por fim, a violência moral, que se trata de qualquer ato que degrade a imagem da mulher, ou seja, a calúnia, a injuria ou a difamação (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). Mesmo a Lei Maria da Penha sendo um instrumento que visa coibir a violência contra a mulher, existem muitos obstáculos para a sua efetividade, tais como sua eficiência. Primeiro porque as próprias mulheres não entendem o motivo que leva os homens que elas amam a lhes violentarem e agredirem, tornando ainda mais difícil a decisão de denunciar o parceiro (SANTOS et al., 2016, p.10). Sem dúvida a lei é um instrumento importante no combate à violência doméstica contra a mulher, mas as medidas que existem nessa conflitam com os limites da própria sociedade, que tem um caráter machista e patriarcal e que reforça, diariamente, formas de violência contra a mulher em espaços privados ou públicos (SANTOS et al., 2016, p.10). Assim, mesmo existindo a Lei Maria da Penha com todas as suas medidas e aparatos para sua efetivação, ela não é eficaz. Tal fato possui diversos motivos, a desinformação, a sensação de impunidade, a dependência emocional da mulher, a estrutura machista da sociedade, a morosidade dentro do processo de denúncia, entre outros, todos esses motivos toda a Lei Maria da Penha uma legislação bem vista em seu texto, mas pouco eficaz em sua prática. A Lei Maria da Penha traz a criação de estruturas administrativas e judiciais para intervenção de conflitos de gênero, tais como casa de abrigo, delegacias especializadas, juizado de violência doméstica contra a mulher etc. Além de tais aparatos institucionais, também existem os Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos da Mulher que representam fóruns institucionalizados de políticas públicas, que promovem a participação popular em temas de interesse coletivo. A Lei Maria da Penha não integra os conselhos como parte da rede de apoio de tal política pública, mas eles são importantes instrumentos para a efetiva defesa dos direitos das mulheres, pois atuam enfrentando a discriminação e promovendo a igualdade de gênero (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.03). Não se tem muita definição do que é políticas públicas, alguns doutrinadores definem como um conjunto de procedimentos que são destinados para a resolução de conflitos de forma pacífica, usando a alocação de bens e os recursos públicos. Em todo esse processo há o envolvimento de pessoas que identificam o problema, tornando-os públicos e desenvolvendo seu enfrentamento. A Lei Maria da Penha foi criada com a finalidade de erradicar, prevenir e punir qualquer violência que exista contra a mulher. E vai surgir como uma solução vinda do Estado para a grande demanda de atos atentatórios contra a dignidade e integridade da mulher, que é um mal que atinge muitas relações familiares dentro do território nacional (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.198). Para ser configurada dentro da Lei Maria da Penha, a violência deve acontecer dentro do âmbito familiar e dentro de relações intimas de afeto. Âmbito familiar configura-se pelo espaço caseiro onde é praticada a violência, envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar e até aquelas que são agregadas, de modo esporádico, como por exemplo, a agressão do patrão contra a empregada (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). A lei 11.340 traz uma série de medidas que devem ser tomadas, junto com toda uma estrutura necessária, para que ocorra sua efetivação de maneira correta. Tais medidas vem como instrumentos que devem ser utilizados ao se botar a lei em prática, tais instrumentos são de proteção, de punição e de prevenção e devem ser trabalhadas em conjunto. As medidas trazidas na Lei Maria da Penha podem ser divididas em três eixos de intervenção. O primeiro se trata das medidas criminais para punir a violência sofrida, nele estão os procedimentos do inquérito policial, a prisão preventiva, em flagrante ou condenatória, etc. No segundo eixo estão as medidas de proteção da integridade física e de resguardo dos direitos da mulher, que vêm como medidas protetivas em caráter de urgência aliadas à mulher e também medidas contra o agressor. Ao final, no terceiro eixo, estão as medidas de educação e prevenção que são vistas como estratégias necessárias para coibir a violência no meio social e a discriminação baseadas no gênero (PASINATO, 2010, p.220). A articulação dos três eixos dependem da criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar que devem efetivar as medidas previstas na legislação, proporcionando à mulher o acesso aos seus direitose a autonomia que ela necessita para superar a violência sofrida. Entretanto, não é só o judiciário que precisa de uma reorganização. Para a correta implementação da lei, também é necessária a formulação de políticas públicas direcionadas à integração da polícia, do judiciário e dos demais serviços como a saúde, a assistência psicológica, a assistência médica, que prestam atendimento à mulher vítima de violência doméstica (PASINATO, 2010, p.221). A Lei Maria da Penha prevê que a mulher que sofreu violência doméstica e que procura por ajuda para denunciar, precisa ser atendida por pessoas capacitadas, de modo especializado, humanizando esse trabalho o máximo possível para que não ocorra mais represálias, medos ou vergonhas por parte da vítima, passando a ela segurança e dando poder de escolha para alguém que por algum tempo se viu sem escolha nenhuma. Assim, para que haja o atendimento de modo especializado deve haver uma capacitação para realizar o atendimento da forma como prevê o artigo 8º da referida lei. A legislação reconhece que são os policiais os primeiros a terem contato com a vítima de violência doméstica, assim valorizou sua função, exaltando-a, para que haja um melhor desempenho no seu trabalho, para que ele seja mais humanizado diante de uma delicada situação (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). O atendimento pela autoridade policial vai além das atividades de polícia judiciária, tais como o registo da ocorrência, os inquéritos policiais, a autoridade policial também deve trabalhar na aplicação das medidas protetivas de urgência quando houver solicitação da mulher. Tais medidas são, em grande maioria, de natureza cível, tais como pedidos de guarda, de alimentos e separação conjugal. Cabe também à autoridade policial providenciar socorro médico para a mulher, assim como preservar sua segurança, transferindo-a para um local seguro (PASINATO, 2010, p.224). A medida protetiva é outra atribuição dos policiais e essa é de rápida solução para os policiais. Na maioria dos locais brasileiros, existem formulários com todas as opções de medidas protetivas previstas na lei, que são entregues para as mulheres que manifestem o desejo de solicitar tais medidas após receber orientações sobre todas as opções que ela tem. Assim que ela fizer a escolha, tal formulário será anexado a outros documentos que conterão o relato dos fatos, em poucos dias esse pedido chega ao judiciário, que terá 48 horas para decidir sobre ele (PASINATO, 2010, p.227). As medidas protetivas são instrumentos usados para proteger a vítima de violência doméstica e enseja ao agressor limitações de seus direitos ou liberdade em favor da proteção da vítima. Tais medidas podem ser a de distanciamento, proibição de determinadas condutas, suspensão de visitas, restituição de bens, prestação de alimentos, entre outros. A Lei Maria da Penha distinguiu as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor das medidas protetivas de urgência em relação à vítima. Essa última, autorizam certas condutas pela vítima e também a reintegra de direitos limitados pelo agressor. Ambas as medidas protetivas de urgência podem ser requeridas pela vítima, por meio de defensor público ou advogado, não sendo obrigada a vinculação delas à polícia. Elas também podem ser requeridas pelo Ministério Público ou concedidas pelo juiz (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.203). O objetivo das medidas protetivas é assegurar os direitos fundamentais descontinuando a violência e desmotivando as situações que a favorecem. Elas não necessariamente antecedem medidas judiciais, pois não objetivam o processo e sim um auxílio às pessoas. Desta forma, as medidas protetivas funcionam como limites para os agressores, criando uma rede de proteção para as mulheres, deixando-as livres de ameaças e de assédios, podendo então ter tranquilidade para pensarem sobre quais caminhos vão tomar para saírem das situações de violência em que se encontram (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.169). A medida cautelar é um instrumento de restrição de liberdade, tem caráter provisório e urgente e é usada como forma de controlar e acompanhar o acusado, diferente da prisão. Ela ocorrerá durante o processo penal, mas deve ser necessária e adequada ao caso. As medidas cautelares envolvem vários tipos de restrições à liberdade, indo desde a mais grave, ou seja, a prisão, até a mais leve, que pode ser o ato de proibir o contato com certa pessoa (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.202). A prisão preventiva é uma medida cautelar que restringe a liberdade do indivíduo, devendo tal instituto respeitar os requisitos da lei. As medidas cautelares podem ser aplicadas dentro dos crimes da Lei Maria da Penha, podendo ser decretada a prisão preventiva, tal prisão está prevista no capítulo II Das medidas protetivas de urgência da referida lei (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). Segundo a Lei Maria da Penha, as medidas protetivas de urgência poderão ser adotadas em qualquer fase do inquérito policial ou instrução criminal, cabendo a prisão preventiva do acusado, que será decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou por representação do da autoridade policial (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). A Lei Maria da Penha modificou severamente as punições para quem comete violência contra a mulher, com o intuito de desestimular os futuros casos e também de penalizar de modo mais enfático os casos denunciados, o que traz mais rigidez para a legislação em vigor e na teoria a torna mais efetiva, por passar mais segurança à vítima que for denunciar, reduzindo o sentimento de impunidade que existe em torno de tal crime. A partir da lei, a punição para quem pratica violência contra a mulher no âmbito familiar foi modificada, desde então ela não poderá mais ser paga com cestas básicas ou multa, poderá haver prisão em flagrante, a mulher pode contar com o advogado em todo o percurso do processo e também possui uma especial atenção à mulher com deficiência, aumentando a pena de quem agredi-la (SANTOS et al., 2016, p.11). A violência surge como um dos principais pontos de causa para a quebra na estrutura intrafamiliar, gerando consequências no futuro de todos os integrantes da família e até na sociedade em que está inserida. A violência contra a mulher não vem só no formato de degradação física, mas também como desmoralizações, abusos sexuais e até patrimoniais (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). Mesmo sabendo da grande ocorrência de violência doméstica dentro dos lares brasileiros, os números de denúncia não correspondem aos números de violências sofridas, o que demonstra uma deficiência no ato de denunciar o agressor, fato este que deve ser estudado e trabalhado para que se encontre uma solução, levando as mulheres à denunciarem seus agressores sem qualquer medo, receio ou esperança vã. Nos crimes cometidos dentro do âmbito doméstico, devida à relação de intimidade em que ocorrem, torna a denúncia do agressor um ato muito difícil para a vítima, pois muitas vezes o agressor mantém com a vítima convivência diária, tornando a violência doméstica silenciosa e impune pelo medo ou pela vergonha que as mulheres têm de denunciar (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). As vítimas de violência doméstica que decidiram não denunciar seus agressores, anunciaram como principais motivos a preocupação com o futuro dos filhos, o receio de que haja uma vingança por parte do agressor, acreditar na mudança e no fato de que seria a última vez que aquilo aconteceria e a descrença na penalização, ou seja, no sentimento de impunidade. Quanto a qualidade do atendimento das vítimas de violência nas delegacias, a maioria qualificou como ótimo ou bom. Dentre as vítimas que procuraram ajuda, a maioria o fez depois da primeira agressão sofrida (SANTOS et al., 2016, p.08). Assim, percebe-se que a vítima de violência não possuem real intenção de denunciar e punir seu agressor, normalmente só possuem vontade de interromper uma realidade de violência duradoura para restabelecer ovínculo familiar e a paz no ambiente doméstico. Mesmo as vítimas que pedem o divórcio, demonstram não possuir vontade de dar continuidade nos processos, pois desejam manter a harmonia familiar. Assim, conclui-se que as mulheres usam a ameaça da denúncia para cessarem com a violência sofrida (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.173). Na grande parte dos casos as vítimas usam da autoridade policial para buscar uma solução imediata que consiga acabar com a violência vivenciada e para dar um tipo de lição para ao agressor. É dessa forma que se justifica a grande quantidade de medida protetiva requerida pelas vítimas, seguida de uma baixa expectativa de representação na ação penal para dar prosseguimento ao processo (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.175). Quanto ao trâmite que ocorre na justiça até que o agressor seja condenado pela violência cometida, sabe-se que tudo começa por uma denúncia e um inquérito policial, que após ser investigado, irá para o judiciário com todos os fatos, para ser apreciado pelo juiz e então ser proferida uma sentença, podendo condenar ou absolver o réu. Não é possível saber em quanto tempo é concluído um inquérito policial, em pesquisas feitas no ano de 2008, foram encontrados inquéritos policiais que haviam iniciados em 2006, no mês em que a lei entrou em vigor e que ainda não haviam sido concluídos e mandados para o judiciário. Ou seja, os inquéritos são morosos e se arrastam injustificadamente esperando por testemunhas que nunca aparecem (PASINATO, 2010, p.226). Quanto a morosidade dos procedimentos, a Delegacia não pode ser a única responsabilizada pelo fato, a demora e o atraso também se deve ao fato de o Ministério Público estar sobrecarregado e com o acumulo de processos, faz vista grossa aos inquéritos policiais, adiando a entrada de novos processos na justiça. Assim, a atuação do Ministério Público no quadro tem se voltado aos pedidos de medidas protetivas, entendendo que é mais importante proteger a mulher do que penalizar os agressores (PASINATO, 2010, p.226). Mesmo que a legislação traga avanços para a conceituação de violência e para suas formas de enfrentamento, trazendo respostas para as demandas das mulheres feministas que lutam pela penalização e erradicação das agressões contra mulher, a retomada do instituto do inquérito policial parece ir na contramão de qualquer avanço e ignorar os estudos que indicam várias desvantagens ao aplicar um procedimento tão moroso e cuja as medidas são incompatíveis com as medidas de urgência e proteção que as mulheres que sofrem violência precisam (PASINATO, 2010, p.226). Com relação ao tipo de ação penal dos crimes domésticos, quando houver lesão corporal, será sempre pública incondicionada, sem haver possibilidade da vítima se retratar, não importando se a lesão é leve, grave ou gravíssima, dolosa ou culposa. Assim, é possível que a notícia-crime seja dada por um terceiro que tenha percebido ou até visto a violência Neste caso, na ação penal pública incondicionada, será instaurado o inquérito policial para apurar o fato e, se for o caso, o Ministério Público, poderá iniciar a ação penal, não precisando da representação da vítima ou retratação desta (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). Entretanto, ainda existe dentro da Lei 11.340 crimes que são processados por ação penal pública condicionada à representação da vítima ou até por meio de ação penal privada, tais como os crimes contra a honra injúria, difamação ou calúnia o crime de ameaça, dano, entre outros. Nestes casos, a renúncia ao direito de denunciar acaba por obstruir o julgamento dos crimes, impedindo uma efetiva punição por parte da justiça (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). É importante salientar que a renúncia à representação só será admitida até o recebimento da denúncia por parte do juiz, devendo ter uma audiência para que aconteça e mesmo que essa audiência seja um ato informal, a lei exige que haja a ratificação da vontade negativa da vítima perante o juiz em audiência específica para tal finalidade (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). A Lei 11.340 recomenda a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar, órgão que teria competência exclusiva de aplicação da referida legislação. Cabe ao magistrado, além dos processos criminais, os processos cíveis com relação à separação conjugal, ações familiares, desde que esses estejam relacionados à segurança da mulher e de seus filhos e também a análise das medidas protetivas. Desta forma, a legislação cuidou de dar ao mesmo juiz o conhecimento sobre toda a causa analisada e de tornar todo o processo mais célere e menos custoso (PASINATO, 2010, p.228). No entanto, não é apenas uma questão estrutural ou somente de criação do Juizado. É preciso que todos que trabalhem dentro desse Juizado, ou seja, todas as equipes, estejam empenhados e comprometidas com a Lei 11.340 e que exista diálogo delas com as entidades e os serviços de atendimento especializado, para que a mulher que sofreu violência possa ter acesso e usufruir de todos os benefícios previstos na lei (PASINATO, 2010, p.229). As redes de atendimento para as mulheres que sofrem violência são a base da política de enfrentamento nacional à violência, um dos pilares da Lei Maria da Penha e sua atuação é essencial para a proteção, assistência e prevenção de agressões, pois quando articulada de maneira correta, faz com que a mulher tenha todo o apoio necessário para o enfrentamento de todas as dificuldades que surgem nesse complexo momento (PASINATO, 2010, p.229). O crime de ameaça está prevista no artigo 147 do Código Penal, sua consumação se dá pelo simples fato da vítima tomar conhecimento do mal pronunciado, mesmo que esta não se sinta ameaçada. A ameaça causa limitação da liberdade de se autodeterminar, o temor provocado por tal crime pode até causar perturbação psíquica, devendo ser tutelado pelo Direito penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). Para o sujeito que cometer o crime de ameaça contra a mulher dentro do âmbito doméstico, não será possível a concessão de benefícios como a transação penal ou a suspensão condicional do processo. Trata-se de um crime que será processado como ação penal pública condicionada à representação da vítima, podendo então a vítima renunciar à denúncia, abdicando do processo e da penalização do agressor (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.166). Dentro do crime de ameaça, percebe-se que a prisão quase nunca é em flagrante, pois a maioria dos casos são feitos boletins de ocorrência, ou seja, é a vítima a responsável pela notificação do delito ao policial. A explicação para isso é o fato de o crime em questão ser um delito que necessita de proximidade. Assim, o conflito ocorre entre pessoas com intimidade, dentro de um ambiente doméstico, o que dificulta um flagrante (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.168). É importante relatar que se os casos fossem tratados com as prevenções e medidas que a Lei Maria da Penha possui, poderiam ser reduzidos ou evitados muitos casos de feminicídio, muito embora saibamos que a violência contra mulher não é apenas um problema da legislação, mas sim um problema cultural enraizado na sociedade. Assim, percebe-se que a Lei Maria da Penha trouxe avanços, mas entende-se que apenas ela não possui capacidade para superar essa luta contra a violência, já que não muda a estrutura da sociedade que possuímos (SANTOS et al., 2016, p.09). Considerações Finais Este artigo abordou o tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. Demonstrou como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação veio para modificar o cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. Foram usadas como bases de pesquisa a Constituição Federal, a legislação específica, a doutrina e a jurisprudência. Este artigo respondeu aos seguintes
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