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TC II - Thayson Montiel

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LEI MARIA DA PENHA E SEU ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA 
A MULHER1 
Maria da Penha Law and its fight against violence against women. 
 
Thayson Montiel Soares.2 
 
 
 
Resumo 
Este artigo faz abordagem ao tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à 
violência contra a mulher. Investigou-se a seguinte problemática: com qual intuito foi 
criada a Lei Maria da Penha? Cogitando a importância da rede de atendimento no 
suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico 
de uma sociedade machista e patriarcal. O objetivo geral é conceituar o que é a 
violência doméstica e explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas 
para proteger a mulher. Esse trabalho é importante para um operador do Direito por 
demonstrar a importância dessa legislação, para a ciência como forma de pesquisa 
dos fatores envolvidos e para a sociedade por informar sobre como funciona a lei e 
suas medidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa teórica com duração de quatro 
meses. 
 
Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a 
mulher, Lei 11.340. 
 
Abstract 
This article deals with the theme Maria da Penha Law and its confrontation with 
violence against women. The following problem was investigated: for what purpose 
was the Maria da Penha Law created? Cogitating the importance of the service 
network in support of women who suffered violence and the reality of aggressions 
within the history of a macho and patriarchal society. The general objective is to 
conceptualize what domestic violence is and explain the way in which the Maria da 
Penha Law brings measures to protect women. This work is important for an operator 
of the Law for demonstrating the importance of this legislation, for science as a way 
of researching the factors involved and for society for informing about how the law 
and its measures work. This is a qualitative theoretical research lasting four months. 
 
Keywords: Maria da Penha Law, violence against women, aggressions against 
women, Law 11.340. 
 
 
 
 
 
 
 
1Artigo de Revisão de Literatura elaborado como Trabalho de Curso de Direito da Faculdade Processus, 
sob a orientação do professor Jonas Rodrigo Gonçalves e do professor assistente Danilo da Costa. 
2 Graduando(a) em Direito pela Faculdade Processus. E-mail: thayyson12@gmail.com 
 
Introdução 
 
Este trabalho traz a temática Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violencia 
contra a mulher. Demonstra como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim 
como de que maneira a legislação vem para modificar o cenário extenso de agressões 
contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas 
a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. 
A Lei Maria da Penha vem como uma política pública para enfrentar a violência 
doméstica contra a mulher, conforme prevê em seu artigo 8º. Tal lei é ampla em 
identificar as formas de violência à mulher, incluindo, além da violência física, a 
violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. Ela também ressalta que a violência 
doméstica excede o âmbito familiar, sendo também um problema do Estado, 
necessitando de mecanismos para o seu controle e repressão. Dentre esses 
mecanismos, está a rede de atendimento à vítima, promoção de medidas educativas 
para a população e programa de erradicação da violência contra a mulher (AMANCIO; 
FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). 
Este artigo responde aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei 
Maria da Penha? Quais as medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é 
a ação e atendimento dos policiais ao atender uma mulher que sofreu violência 
doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer 
crime dentro da Lei Maria da Penha? 
A aprovação da referida lei foi um marco no processo de reconhecimento da 
violência contra a mulher no âmbito doméstico como um problema social no nosso 
país e é resultado de um processo que veio ganhando força com a participação do 
movimento de feministas que lutaram pela conquista de cidadania de todos. O texto 
na lei é reflexo das ideias das feministas que querem um mundo igualitário para 
homens e mulheres (PASINATO, 2010, p.221). 
As hipóteses que levanta frente ao problema em questão será o fato de a 
existência de uma lei que penaliza a violência doméstica não ser o suficiente para 
extinguir as agressões contra a mulher, a importância da rede de atendimento no 
suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico 
de uma sociedade machista e patriarcal. 
Mesmo que a Lei Maria da Penha não especifique quais as atribuições da rede de 
atendimento especializado, a sua criação é imprescindível para que seja aplicada a 
legislação de forma integral e abrangente. Fornecendo atendimento psicológico, 
social, jurídico e de saúde, tal rede de atendimento também vem com a contribuição 
de informar as mulheres sobre os benefícios que ela possui e também os direitos 
inerentes à sua condição humana (PASINATO, 2010, p.229). 
Esta pesquisa tem como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, 
explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. 
Assim como, explicar como as agressões se tornam invisíveis para quem está de fora 
e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a 
impunidade de tais crimes. 
Da forma como está inclusa na sociedade, a violência contra a mulher quase 
sempre não é percebida, o que a torna invisível. Tal violência acontece principalmente 
nas relações intimas e privadas entre membros da mesma família, tendo como 
domicílio o espaço onde comumente se manifesta, por esse motivo é chamada de 
violência doméstica (PASINATO, 2010, p.218). 
Os objetivos específicos deste trabalho são entender o porquê há tanta 
impunidade dentro do crime de violência doméstica e esclarecer os motivos que fazem 
 
com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. Assim como, 
determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma delas 
e a maneira como são praticadas. 
De acordo com a lei 11.340∕2006 em seu artigo 7º são tipos de violência doméstica 
a violência física, que se trata de qualquer ação que atinja sua integridade ou saúde 
corporal por meio de chutes, tapas, queimaduras, tortura etc. Já a violência 
psicológica se trata de uma ação ou omissão que tenha a intenção de degradar ou 
controlar comportamentos, decisões e crenças por meio de manipulação, humilhação 
ou ameaça, implicando prejuízo ao psicológico ou ao desenvolvimento pessoal 
daquele indivíduo. São também tipos de violência contra a mulher, a violência sexual, 
que se trata de qualquer ato sexual contra a vontade da mulher, a violência 
patrimonial, que é aquela praticada contra o patrimônio, degradando-o e a violência 
moral, que se trata do assédio moral e a pratica de crimes como a injuria, a calúnia e 
a difamação, que atingem a honra da mulher (SANTOS et al., 2016, p.04). 
Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a 
impunidade relativa à violência contra a mulher, demonstrando como a sociedade 
fomenta tal crime. Assim como, por falar sobre a Lei Maria da Penha, as medidas que 
existem dentro de tal legislação e explicando como deve ser a efetivação dessa lei 
para que ocorra a punição correta dos agressores. 
Essa pesquisa é de suma importância para a ciência por esclarecer o modo como 
as mulheres sofrem as violências dentro da sociedade, entendendo o porquê de 
tamanha impunidade nesse crime e o porquê da dificuldade da vítima em denunciar o 
agressor. Assim como por trazer as medidas usadas na lei para reduzir tal impunidade 
e auxiliar as mulheres que sofreram tal violência. 
Essa pesquisa contribui para a sociedade por alertar sobre as agressões contra a 
mulher, mostrando os direitos que ela possui e de que modose pode efetivar e 
assegurar tais direitos. Assim como, por demonstrar quais a consequências para 
quem comete tais crimes, servindo como um desmotivador para homens que possam 
pensar em cometer qualquer ato de violência contra a mulher. 
A metodologia do trabalho é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de 
pequena extensão. Foi usado como fundamentação artigos científicos, leis e doutrinas 
que objetivam trazer as resposta dos questionamentos levantados, ajudando a 
conceituar a violência contra a mulher e a trazer todo seu contexto dentro da 
sociedade. 
Os instrumento utilizados nessa pesquisa são cinco artigos científicos. A seleção 
e a extração dos artigos foram feitas através de pesquisas e retiradas do Google 
Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência 
contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340 
O critério adotado é a utilização de artigos científicos escritos por mestres e 
doutores, publicados em revistas cientificas com ISSN e que abordarem o tema de 
modo favorável aos problemas expostos. O tempo previsto a realizar o trabalho foi de 
6 meses, desde a pesquisa dos artigos, a separação deste e a montagem do projeto. 
A pesquisa é qualitativa, foi feita separação dos artigos e a leitura e resumo de 
toda a literatura selecionada, apresentando todas as informações coletadas. As 
informações dos autores foram obtidas por meios bibliográficos e não haverá dados 
quantitativos por não trabalhar com coletas de informações numéricas. 
Um artigo que apresenta uma pesquisa teórica, usando base bibliográfica, 
enquadrado na modalidade de artigo de revisão de literatura. Um artigo de revisão de 
literatura é um artigo acadêmico que parte de outros artigos acadêmicos ou científicos, 
 
ou ainda de livros ou capítulos de livros, os quais se consideram referências basilares 
e relevantes daquela temática específica (GONÇALVES, 2020, p.97). 
 
Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher 
 
A morte de mulheres, de todas as idades, cometida por seus companheiros 
enciumados e rejeitados, não é exceção e nem novidade no Brasil. Muitos casos 
ficaram famosos ao longo da história e com o tempo as lutas e os movimentos das 
mulheres feministas foram ganhando repercussão na mídia, dando publicidade ao fato 
da violência contra a mulher ser um problema social e que tal fato é reforçado por um 
sistema de justiça conivente e omisso, que parece sempre absolver agressores 
(PASINATO, 2010, p.218). 
Sendo assim, a violência contra a mulher está incluída na nossa sociedade há 
muitos anos, não tendo a devida atenção do Estado e nem da sociedade, enraizando 
na cultura do país e se tornando, muitas vezes, algo visto como natural, mesmo com 
toda seu horror. Tal violência mata e dizima mulheres, tratando-a como objetos e cada 
caso noticiado nos jornais se torna apenas mais um número, logo sendo esquecido 
por todos 
A violência doméstica traz na sua essência características dos primórdios 
estruturais da sociedade, assim, sendo a sociedade criada por uma base patriarcal, 
dessa forma, vê-se a mulher como alguém que deve ser disciplinada, a submetendo 
à submissão da figura masculina, podando-lhe a autonomia, confinando-a dentro do 
lar, deixando o homem como o único capaz de exercer livremente os atos da vida 
(ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). 
Apesar dos avanços em busca de uma sociedade igualitária, a violência 
doméstica ainda é o reflexo de uma sociedade paternalista, que visualiza obediência 
e submissão na figura feminina. Assim, a violência contra a mulher é um jeito do 
homem tentar garantir que tal submissão continue a assegurar seus interesses e seu 
poder perante a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). 
Mesmo que a luta das mulheres tenha tido muitas conquistas, tais como os direitos 
fundamentais positivados na Constituição Federal que as protegem, dando a elas 
direitos iguais aos homens e proibindo qualquer tipo de discriminação, tais mulheres 
ainda sofrem formas variadas de violência, assim como os homens continuam tendo 
mais acesso à empregos melhores remunerados e também à melhor educação 
(SANTOS et al., 2016, p.03). 
A violência contra a mulher é uma violação aos seus direitos fundamentais 
individuais, tais como o direito à vida, à dignidade, à segurança, à integridade física e 
psíquica, à saúde, à residência etc. Todos esses direitos estão positivados na 
Constituição Federal de 1988 e devem ser respeitados e tutelados para que não haja 
sua violação (SANTOS et al., 2016, p.04). 
Também de acordo com a Constituição Federal, é dever do Estado e da sociedade 
garantir a segurança nacional. Dentro desse dever, está incluída a obrigação de 
preservar a família e de assegurar o bem estar da mulher. Desse modo, a proteção 
da mulher se dá pela capacidade desta de se sentir segura ao precisar denunciar o 
seu agressor, não sentindo medo de sofrer represálias, sendo atendida por policias 
especializados (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). 
Temos visto inúmeros casos de violência que afeta as mulheres, trazendo 
prejuízos tanto à sua saúde mental como à sua saúde física. A violência contra a 
mulher trata-se de qualquer conduta, de ação ou omissão, de discriminação, coerção 
ou agressão, que foi ocasionada pelo fato da vítima ser mulher, causando-lhe dano, 
 
constrangimento, sofrimento físico, moral ou sexual e até a morte. A violência 
doméstica acontece entre os membros de uma família que é constituída por 
parentesco natural, civil, por afinidade ou por afetividade (SANTOS et al., 2016, p.03). 
Assim, podemos dizer que a violência doméstica é uma ação de um familiar ou de 
alguém que habita a mesma residência, causando danos, sofrimento ou até a morte. 
Tal prática independe de classe social, raça, religião, etnia, grau de escolaridade ou 
idade. Bastando ser destinada a alguém do âmbito familiar e causar-lhe prejuízos 
(SANTOS et al., 2016, p.03). 
Mas como é criada a 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha? Qual o 
real intuito dessa lei? Quais medidas há dentro dela para ajudar na recuperação 
cultural de uma sociedade que tanto agride a mulher? Quais criações a lei vai trazer 
para sua seja efetivo o seu resultado? Todos esses questionamentos são importantes 
para manter informada toda uma sociedade que depende dessa lei para se livrar de 
tal macula. 
Visando a coibição dos atos de violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha – 
LMP – é composta por dispositivos que trazem mais rigor para as punições dos crimes 
domésticos, tornando-se uma das políticas públicas mais importantes para o país 
sobre a repressão e o enfrentamento de tal espécie de violência (ARAÚJO; 
GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.160). 
A Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, entrou em vigor em 2006, 
tratando-se de uma lei especial, cuja a finalidade é obter um mecanismo para prevenir 
e coibir a violência familiar contra a mulher. Tal legislação tem como regra reconhecer 
que a violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos, que degrada, 
tira a dignidade e a integridade das vítimas, deixando-as à mercê na sociedade 
(PASINATO, 2010, p.219). 
Tal lei se restringe aos casos em que a violência ocorre no ambiente doméstico, 
sendo indiferente o vínculo familiar, desde que seja dentro de relações familiares ou 
intimas de afeto. Essas restrições justificam-se por serem esses o contexto e as 
situações onde mais ocorrem a violência e pelo fato de a política criminal defender a 
família e se esquecer da proteção individual, o que faz com que muitos agressores 
nunca sejam penalizados pela violência que cometem (PASINATO, 2010, p.220). 
O artigo 7º da referida lei, trata das formas de violência doméstica, não sendo ela 
apenas violência física, mas de natureza sexual ou psicológica, moral ou patrimonial 
também. A violência física trata-se de qualquer lesão à integridade e saúde corporal, 
ou seja, violência física é o uso da força, deixando ou não marcas aparentese 
configura-se como lesão corporal no código penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 
2019, p.163). 
A lesão psicológica se trata de agressões verbais, pressões emocionais, 
imposições de práticas que degrade a vítima. Já a lesão sexual se trata de qualquer 
ato que coaja a vítima a práticas sexuais ou de atos degradantes de cunho sexual 
com o uso de ameaça ou de força. Com relação a violência patrimonial é configurada 
como uma retenção ou subtração, sendo esta oculta, assim como destruição de 
qualquer objeto, valor ou recurso econômico. E por fim, a violência moral, que se trata 
de qualquer ato que degrade a imagem da mulher, ou seja, a calúnia, a injuria ou a 
difamação (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). 
Mesmo a Lei Maria da Penha sendo um instrumento que visa coibir a violência 
contra a mulher, existem muitos obstáculos para a sua efetividade, tais como sua 
eficiência. Primeiro porque as próprias mulheres não entendem o motivo que leva os 
homens que elas amam a lhes violentarem e agredirem, tornando ainda mais difícil a 
decisão de denunciar o parceiro (SANTOS et al., 2016, p.10). 
 
Sem dúvida a lei é um instrumento importante no combate à violência doméstica 
contra a mulher, mas as medidas que existem nessa conflitam com os limites da 
própria sociedade, que tem um caráter machista e patriarcal e que reforça, 
diariamente, formas de violência contra a mulher em espaços privados ou públicos 
(SANTOS et al., 2016, p.10). 
Assim, mesmo existindo a Lei Maria da Penha com todas as suas medidas e 
aparatos para sua efetivação, ela não é eficaz. Tal fato possui diversos motivos, a 
desinformação, a sensação de impunidade, a dependência emocional da mulher, a 
estrutura machista da sociedade, a morosidade dentro do processo de denúncia, entre 
outros, todos esses motivos toda a Lei Maria da Penha uma legislação bem vista em 
seu texto, mas pouco eficaz em sua prática. 
A Lei Maria da Penha traz a criação de estruturas administrativas e judiciais para 
intervenção de conflitos de gênero, tais como casa de abrigo, delegacias 
especializadas, juizado de violência doméstica contra a mulher etc. Além de tais 
aparatos institucionais, também existem os Conselhos Municipais de Defesa dos 
Direitos da Mulher que representam fóruns institucionalizados de políticas públicas, 
que promovem a participação popular em temas de interesse coletivo. A Lei Maria da 
Penha não integra os conselhos como parte da rede de apoio de tal política pública, 
mas eles são importantes instrumentos para a efetiva defesa dos direitos das 
mulheres, pois atuam enfrentando a discriminação e promovendo a igualdade de 
gênero (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.03). 
Não se tem muita definição do que é políticas públicas, alguns doutrinadores 
definem como um conjunto de procedimentos que são destinados para a resolução 
de conflitos de forma pacífica, usando a alocação de bens e os recursos públicos. Em 
todo esse processo há o envolvimento de pessoas que identificam o problema, 
tornando-os públicos e desenvolvendo seu enfrentamento. 
A Lei Maria da Penha foi criada com a finalidade de erradicar, prevenir e punir 
qualquer violência que exista contra a mulher. E vai surgir como uma solução vinda 
do Estado para a grande demanda de atos atentatórios contra a dignidade e 
integridade da mulher, que é um mal que atinge muitas relações familiares dentro do 
território nacional (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.198). 
Para ser configurada dentro da Lei Maria da Penha, a violência deve acontecer 
dentro do âmbito familiar e dentro de relações intimas de afeto. Âmbito familiar 
configura-se pelo espaço caseiro onde é praticada a violência, envolvendo pessoas 
com ou sem vínculo familiar e até aquelas que são agregadas, de modo esporádico, 
como por exemplo, a agressão do patrão contra a empregada (SANTOS JUNIOR; RÉ, 
2013, p.199). 
A lei 11.340 traz uma série de medidas que devem ser tomadas, junto com toda 
uma estrutura necessária, para que ocorra sua efetivação de maneira correta. Tais 
medidas vem como instrumentos que devem ser utilizados ao se botar a lei em prática, 
tais instrumentos são de proteção, de punição e de prevenção e devem ser 
trabalhadas em conjunto. 
As medidas trazidas na Lei Maria da Penha podem ser divididas em três eixos de 
intervenção. O primeiro se trata das medidas criminais para punir a violência sofrida, 
nele estão os procedimentos do inquérito policial, a prisão preventiva, em flagrante ou 
condenatória, etc. No segundo eixo estão as medidas de proteção da integridade 
física e de resguardo dos direitos da mulher, que vêm como medidas protetivas em 
caráter de urgência aliadas à mulher e também medidas contra o agressor. Ao final, 
no terceiro eixo, estão as medidas de educação e prevenção que são vistas como 
 
estratégias necessárias para coibir a violência no meio social e a discriminação 
baseadas no gênero (PASINATO, 2010, p.220). 
A articulação dos três eixos dependem da criação dos Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar que devem efetivar as medidas previstas na legislação, 
proporcionando à mulher o acesso aos seus direitos e a autonomia que ela necessita 
para superar a violência sofrida. Entretanto, não é só o judiciário que precisa de uma 
reorganização. Para a correta implementação da lei, também é necessária a 
formulação de políticas públicas direcionadas à integração da polícia, do judiciário e 
dos demais serviços como a saúde, a assistência psicológica, a assistência médica, 
que prestam atendimento à mulher vítima de violência doméstica (PASINATO, 2010, 
p.221). 
A Lei Maria da Penha prevê que a mulher que sofreu violência doméstica e que 
procura por ajuda para denunciar, precisa ser atendida por pessoas capacitadas, de 
modo especializado, humanizando esse trabalho o máximo possível para que não 
ocorra mais represálias, medos ou vergonhas por parte da vítima, passando a ela 
segurança e dando poder de escolha para alguém que por algum tempo se viu sem 
escolha nenhuma. 
Assim, para que haja o atendimento de modo especializado deve haver uma 
capacitação para realizar o atendimento da forma como prevê o artigo 8º da referida 
lei. A legislação reconhece que são os policiais os primeiros a terem contato com a 
vítima de violência doméstica, assim valorizou sua função, exaltando-a, para que haja 
um melhor desempenho no seu trabalho, para que ele seja mais humanizado diante 
de uma delicada situação (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). 
O atendimento pela autoridade policial vai além das atividades de polícia 
judiciária, tais como o registo da ocorrência, os inquéritos policiais, a autoridade 
policial também deve trabalhar na aplicação das medidas protetivas de urgência 
quando houver solicitação da mulher. Tais medidas são, em grande maioria, de 
natureza cível, tais como pedidos de guarda, de alimentos e separação conjugal. Cabe 
também à autoridade policial providenciar socorro médico para a mulher, assim como 
preservar sua segurança, transferindo-a para um local seguro (PASINATO, 2010, 
p.224). 
A medida protetiva é outra atribuição dos policiais e essa é de rápida solução para 
os policiais. Na maioria dos locais brasileiros, existem formulários com todas as 
opções de medidas protetivas previstas na lei, que são entregues para as mulheres 
que manifestem o desejo de solicitar tais medidas após receber orientações sobre 
todas as opções que ela tem. Assim que ela fizer a escolha, tal formulário será 
anexado a outros documentos que conterão o relato dos fatos, em poucos dias esse 
pedido chega ao judiciário, que terá 48 horas para decidir sobre ele (PASINATO, 2010, 
p.227). 
As medidas protetivas são instrumentos usados para proteger a vítima de 
violência doméstica e enseja ao agressor limitações de seus direitos ou liberdade em 
favor da proteção da vítima. Tais medidas podem ser a de distanciamento, proibição 
de determinadas condutas, suspensão de visitas, restituição de bens, prestação de 
alimentos, entre outros. 
A Lei Maria da Penhadistinguiu as medidas protetivas de urgência que obrigam 
o agressor das medidas protetivas de urgência em relação à vítima. Essa última, 
autorizam certas condutas pela vítima e também a reintegra de direitos limitados pelo 
agressor. Ambas as medidas protetivas de urgência podem ser requeridas pela vítima, 
por meio de defensor público ou advogado, não sendo obrigada a vinculação delas à 
 
polícia. Elas também podem ser requeridas pelo Ministério Público ou concedidas pelo 
juiz (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.203). 
O objetivo das medidas protetivas é assegurar os direitos fundamentais 
descontinuando a violência e desmotivando as situações que a favorecem. Elas não 
necessariamente antecedem medidas judiciais, pois não objetivam o processo e sim 
um auxílio às pessoas. Desta forma, as medidas protetivas funcionam como limites 
para os agressores, criando uma rede de proteção para as mulheres, deixando-as 
livres de ameaças e de assédios, podendo então ter tranquilidade para pensarem 
sobre quais caminhos vão tomar para saírem das situações de violência em que se 
encontram (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.169). 
A medida cautelar é um instrumento de restrição de liberdade, tem caráter 
provisório e urgente e é usada como forma de controlar e acompanhar o acusado, 
diferente da prisão. Ela ocorrerá durante o processo penal, mas deve ser necessária 
e adequada ao caso. As medidas cautelares envolvem vários tipos de restrições à 
liberdade, indo desde a mais grave, ou seja, a prisão, até a mais leve, que pode ser o 
ato de proibir o contato com certa pessoa (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.202). 
A prisão preventiva é uma medida cautelar que restringe a liberdade do indivíduo, 
devendo tal instituto respeitar os requisitos da lei. As medidas cautelares podem ser 
aplicadas dentro dos crimes da Lei Maria da Penha, podendo ser decretada a prisão 
preventiva, tal prisão está prevista no capítulo II – Das medidas protetivas de urgência 
da referida lei (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). 
Segundo a Lei Maria da Penha, as medidas protetivas de urgência poderão ser 
adotadas em qualquer fase do inquérito policial ou instrução criminal, cabendo a 
prisão preventiva do acusado, que será decretada pelo juiz, a requerimento do 
Ministério Público ou por representação do da autoridade policial (SANTOS JUNIOR; 
RÉ, 2013, p.206). 
A Lei Maria da Penha modificou severamente as punições para quem comete 
violência contra a mulher, com o intuito de desestimular os futuros casos e também 
de penalizar de modo mais enfático os casos denunciados, o que traz mais rigidez 
para a legislação em vigor e na teoria a torna mais efetiva, por passar mais segurança 
à vítima que for denunciar, reduzindo o sentimento de impunidade que existe em torno 
de tal crime. 
A partir da lei, a punição para quem pratica violência contra a mulher no âmbito 
familiar foi modificada, desde então ela não poderá mais ser paga com cestas básicas 
ou multa, poderá haver prisão em flagrante, a mulher pode contar com o advogado 
em todo o percurso do processo e também possui uma especial atenção à mulher 
com deficiência, aumentando a pena de quem agredi-la (SANTOS et al., 2016, p.11). 
A violência surge como um dos principais pontos de causa para a quebra na 
estrutura intrafamiliar, gerando consequências no futuro de todos os integrantes da 
família e até na sociedade em que está inserida. A violência contra a mulher não vem 
só no formato de degradação física, mas também como desmoralizações, abusos 
sexuais e até patrimoniais (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). 
Mesmo sabendo da grande ocorrência de violência doméstica dentro dos lares 
brasileiros, os números de denúncia não correspondem aos números de violências 
sofridas, o que demonstra uma deficiência no ato de denunciar o agressor, fato este 
que deve ser estudado e trabalhado para que se encontre uma solução, levando as 
mulheres à denunciarem seus agressores sem qualquer medo, receio ou esperança 
vã. 
Nos crimes cometidos dentro do âmbito doméstico, devida à relação de intimidade 
em que ocorrem, torna a denúncia do agressor um ato muito difícil para a vítima, pois 
 
muitas vezes o agressor mantém com a vítima convivência diária, tornando a violência 
doméstica silenciosa e impune pelo medo ou pela vergonha que as mulheres têm de 
denunciar (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). 
As vítimas de violência doméstica que decidiram não denunciar seus agressores, 
anunciaram como principais motivos a preocupação com o futuro dos filhos, o receio 
de que haja uma vingança por parte do agressor, acreditar na mudança e no fato de 
que seria a última vez que aquilo aconteceria e a descrença na penalização, ou seja, 
no sentimento de impunidade. Quanto a qualidade do atendimento das vítimas de 
violência nas delegacias, a maioria qualificou como ótimo ou bom. Dentre as vítimas 
que procuraram ajuda, a maioria o fez depois da primeira agressão sofrida (SANTOS 
et al., 2016, p.08). 
Assim, percebe-se que a vítima de violência não possuem real intenção de 
denunciar e punir seu agressor, normalmente só possuem vontade de interromper 
uma realidade de violência duradoura para restabelecer o vínculo familiar e a paz no 
ambiente doméstico. Mesmo as vítimas que pedem o divórcio, demonstram não 
possuir vontade de dar continuidade nos processos, pois desejam manter a harmonia 
familiar. Assim, conclui-se que as mulheres usam a ameaça da denúncia para 
cessarem com a violência sofrida (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.173). 
Na grande parte dos casos as vítimas usam da autoridade policial para buscar 
uma solução imediata que consiga acabar com a violência vivenciada e para dar um 
tipo de lição para ao agressor. É dessa forma que se justifica a grande quantidade de 
medida protetiva requerida pelas vítimas, seguida de uma baixa expectativa de 
representação na ação penal para dar prosseguimento ao processo (ARAÚJO; 
GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.175). 
Quanto ao trâmite que ocorre na justiça até que o agressor seja condenado pela 
violência cometida, sabe-se que tudo começa por uma denúncia e um inquérito 
policial, que após ser investigado, irá para o judiciário com todos os fatos, para ser 
apreciado pelo juiz e então ser proferida uma sentença, podendo condenar ou 
absolver o réu. 
Não é possível saber em quanto tempo é concluído um inquérito policial, em 
pesquisas feitas no ano de 2008, foram encontrados inquéritos policiais que haviam 
iniciados em 2006, no mês em que a lei entrou em vigor e que ainda não haviam sido 
concluídos e mandados para o judiciário. Ou seja, os inquéritos são morosos e se 
arrastam injustificadamente esperando por testemunhas que nunca aparecem 
(PASINATO, 2010, p.226). 
 Quanto a morosidade dos procedimentos, a Delegacia não pode ser a única 
responsabilizada pelo fato, a demora e o atraso também se deve ao fato de o 
Ministério Público estar sobrecarregado e com o acumulo de processos, faz vista 
grossa aos inquéritos policiais, adiando a entrada de novos processos na justiça. 
Assim, a atuação do Ministério Público no quadro tem se voltado aos pedidos de 
medidas protetivas, entendendo que é mais importante proteger a mulher do que 
penalizar os agressores (PASINATO, 2010, p.226). 
Mesmo que a legislação traga avanços para a conceituação de violência e para 
suas formas de enfrentamento, trazendo respostas para as demandas das mulheres 
feministas que lutam pela penalização e erradicação das agressões contra mulher, a 
retomada do instituto do inquérito policial parece ir na contramão de qualquer avanço 
e ignorar os estudos que indicam várias desvantagens ao aplicar um procedimento 
tão moroso e cuja as medidas são incompatíveis com as medidas de urgência e 
proteção que as mulheres que sofrem violência precisam (PASINATO, 2010, p.226). 
 
Com relação ao tipo de ação penal dos crimes domésticos, quando houver lesão 
corporal, será sempre pública incondicionada, sem haver possibilidade da vítima se 
retratar, não importando se a lesãoé leve, grave ou gravíssima, dolosa ou culposa. 
Assim, é possível que a notícia-crime seja dada por um terceiro que tenha percebido 
ou até visto a violência Neste caso, na ação penal pública incondicionada, será 
instaurado o inquérito policial para apurar o fato e, se for o caso, o Ministério Público, 
poderá iniciar a ação penal, não precisando da representação da vítima ou retratação 
desta (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
Entretanto, ainda existe dentro da Lei 11.340 crimes que são processados por 
ação penal pública condicionada à representação da vítima ou até por meio de ação 
penal privada, tais como os crimes contra a honra – injúria, difamação ou calúnia – o 
crime de ameaça, dano, entre outros. Nestes casos, a renúncia ao direito de denunciar 
acaba por obstruir o julgamento dos crimes, impedindo uma efetiva punição por parte 
da justiça (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
É importante salientar que a renúncia à representação só será admitida até o 
recebimento da denúncia por parte do juiz, devendo ter uma audiência para que 
aconteça e mesmo que essa audiência seja um ato informal, a lei exige que haja a 
ratificação da vontade negativa da vítima perante o juiz em audiência específica para 
tal finalidade (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
A Lei 11.340 recomenda a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar, 
órgão que teria competência exclusiva de aplicação da referida legislação. Cabe ao 
magistrado, além dos processos criminais, os processos cíveis com relação à 
separação conjugal, ações familiares, desde que esses estejam relacionados à 
segurança da mulher e de seus filhos e também a análise das medidas protetivas. 
Desta forma, a legislação cuidou de dar ao mesmo juiz o conhecimento sobre toda a 
causa analisada e de tornar todo o processo mais célere e menos custoso 
(PASINATO, 2010, p.228). 
 No entanto, não é apenas uma questão estrutural ou somente de criação do 
Juizado. É preciso que todos que trabalhem dentro desse Juizado, ou seja, todas as 
equipes, estejam empenhados e comprometidas com a Lei 11.340 e que exista 
diálogo delas com as entidades e os serviços de atendimento especializado, para que 
a mulher que sofreu violência possa ter acesso e usufruir de todos os benefícios 
previstos na lei (PASINATO, 2010, p.229). 
As redes de atendimento para as mulheres que sofrem violência são a base da 
política de enfrentamento nacional à violência, um dos pilares da Lei Maria da Penha 
e sua atuação é essencial para a proteção, assistência e prevenção de agressões, 
pois quando articulada de maneira correta, faz com que a mulher tenha todo o apoio 
necessário para o enfrentamento de todas as dificuldades que surgem nesse 
complexo momento (PASINATO, 2010, p.229). 
O crime de ameaça está prevista no artigo 147 do Código Penal, sua consumação 
se dá pelo simples fato da vítima tomar conhecimento do mal pronunciado, mesmo 
que esta não se sinta ameaçada. A ameaça causa limitação da liberdade de se 
autodeterminar, o temor provocado por tal crime pode até causar perturbação 
psíquica, devendo ser tutelado pelo Direito penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 
2019, p.164). 
Para o sujeito que cometer o crime de ameaça contra a mulher dentro do âmbito 
doméstico, não será possível a concessão de benefícios como a transação penal ou 
a suspensão condicional do processo. Trata-se de um crime que será processado 
como ação penal pública condicionada à representação da vítima, podendo então a 
 
vítima renunciar à denúncia, abdicando do processo e da penalização do agressor 
(ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.166). 
Dentro do crime de ameaça, percebe-se que a prisão quase nunca é em flagrante, 
pois a maioria dos casos são feitos boletins de ocorrência, ou seja, é a vítima a 
responsável pela notificação do delito ao policial. A explicação para isso é o fato de o 
crime em questão ser um delito que necessita de proximidade. Assim, o conflito ocorre 
entre pessoas com intimidade, dentro de um ambiente doméstico, o que dificulta um 
flagrante (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.168). 
É importante relatar que se os casos fossem tratados com as prevenções e 
medidas que a Lei Maria da Penha possui, poderiam ser reduzidos ou evitados muitos 
casos de feminicídio, muito embora saibamos que a violência contra mulher não é 
apenas um problema da legislação, mas sim um problema cultural enraizado na 
sociedade. Assim, percebe-se que a Lei Maria da Penha trouxe avanços, mas 
entende-se que apenas ela não possui capacidade para superar essa luta contra a 
violência, já que não muda a estrutura da sociedade que possuímos (SANTOS et al., 
2016, p.09). 
 
Considerações Finais 
 
Este artigo abordou o tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência 
contra a mulher. Demonstrou como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim 
como de que maneira a legislação veio para modificar o cenário extenso de agressões 
contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com medidas 
a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. Foram usadas como bases 
de pesquisa a Constituição Federal, a legislação específica, a doutrina e a 
jurisprudência. 
Este artigo respondeu aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei 
Maria da Penha? Quais as medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é 
a ação e atendimento dos policiais ao atender uma mulher que sofreu violência 
doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer 
crime dentro da Lei Maria da Penha? 
Esta pesquisa teve como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, 
explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. 
Assim como, explicar como as agressões se tornam invisíveis para quem está de fora 
e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a 
impunidade de tais crimes. O objetivo específico deste trabalho foi entender o porquê 
há tanta impunidade dentro do crime de violência doméstica e esclarecer os motivos 
que fazem com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. Assim 
como, determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma 
delas e a maneira como são praticadas. 
Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a 
impunidade relativa à violência contra a mulher, demonstrando como a sociedade 
fomenta tal crime, para a ciência por esclarecer o modo como as mulheres sofrem as 
violências dentro da sociedade e para a sociedade por alertar sobre as agressões 
contra a mulher, mostrando os direitos que ela possui e de que modo se pode efetivar 
e assegurar tais direitos. 
A pesquisa atingiu o resultado almejado, uma vez que contribuiu para a 
compreensão sobre a legislação específica, elucidando sua importância e mostrando 
como é efetivada dentro do ordenamento jurídico, citando as suas dificuldades e seu 
avanço no ordenamento jurídico brasileiro, assim como, compartilhando em quais 
 
situações e o porquê de tal legislação se fazer tão necessária dentro das famílias que 
sofrem com agressões. 
 
Referências 
 
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PASINATO, Wânia. Lei Maria da Penha. Novas abordagens sobre velhas propostas. 
Onde avançamos? Revista de Ciências Sociais. Vol 10, nº 2, 2010. 
 
SANTOS, Maricelly Costa; SOARES, Fabiana da Paz; SANTOS, Lourivânia 
Fernandes; MONTE, Priscilla Falcão Farias. Violência contra a mulher no Brasil: 
algumas reflexões sobre a implementação da Lei Maria da Penha. Revista Ciências 
Humanas e Sociais. Vol 3, nº 3, 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultado da análise 
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Estatísticas 
 
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são analisados). 
 
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https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Pe
nha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_
Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C 
15 
8,28 
% 
https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9st
ica.pdf 
10 
7,41 
% 
http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/101 7 
3,97 
% 
http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/62 7 
4,99 
% 
https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/851/1/Andressa%20Porto%20de%20Oliveira.pdf 7 
10,6
1 % 
http://periodicos.processus.com.br/index.php/plaep/article/download/241/336 6 
3,62 
% 
Texto analisado 
LEI MARIA DA PENHA E SEU ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
Maria da Penha Law and its fight against violence against women. 
 
Thayson Montiel Soares. 
 
 
Resumo 
 
Este artigo faz abordagem ao tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. 
Investigou-se a seguinte problemática: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Cogitando a importância 
da rede de atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do 
histórico de uma sociedade machista e patriarcal. O objetivo geral é conceituar o que é a violência doméstica e 
explicar a maneira como a Lei Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Esse trabalho é 
importante para um operador do Direito por demonstrar a importância dessa legislação, para a ciência como 
forma de pesquisa dos fatores envolvidos e para a sociedade por informar sobre como funciona a lei e suas 
medidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa teórica com duração de quatro meses. 
 
 
Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340. 
 
 
Abstract 
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https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C
https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C
https://www.researchgate.net/publication/305646010_Analise_da_efetividade_da_Lei_Maria_da_Penha_e_dos_Conselhos_Municipais_da_Mulher_no_combate_a_violencia_domestica_e_familiar_no_Brasil_Analysis_of_Maria_da_Penha_Law_effectiveness_and_the_Municipal_C
https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9stica.pdf
https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/repositorio/41/Revista_viol%C3%AAncia%20dom%C3%A9stica.pdf
http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/101
http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/62
https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/851/1/Andressa%20Porto%20de%20Oliveira.pdf
http://periodicos.processus.com.br/index.php/plaep/article/download/241/336
 
 
This article deals with the theme Maria da Penha Law and its confrontation with violence against women. The 
following problem was investigated: for what purpose was the Maria da Penha Law created? Cogitating the 
importance of the service network in support of women who suffered violence and the reality of aggressions within 
the history of a macho and patriarchal society. The general objective is to conceptualize what domestic violence is 
and explain the way in which the Maria da Penha Law brings measures to protect women. This work is important 
for an operator of the Law for demonstrating the importance of this legislation, for science as a way of researching 
the factors involved and for society for informing about how the law and its measures work. This is a qualitative 
theoretical research lasting four months. 
 
 
Keywords: Maria da Penha Law, violence against women, aggressions against women, Law 11.340. 
 
 
Introdução 
 
Este trabalho traz a temática Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violencia contra a mulher. Demonstra 
como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação vem para modificar o 
cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com 
medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. 
A Lei Maria da Penha vem como uma política pública para enfrentar a violência doméstica contra a mulher, 
conforme prevê em seu artigo 8º. Tal lei é ampla em identificar as formas de violência à mulher, incluindo, além 
da violência física, a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. Ela também ressalta que a violência 
doméstica excede o âmbito familiar, sendo também um problema do Estado, necessitando de mecanismos para 
o seu controle e repressão. Dentre esses mecanismos, está a rede de atendimento à vítima, promoção de 
medidas educativas para a população e programa de erradicação da violência contra a mulher (AMANCIO; 
FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). 
Este artigo responde aos seguintes problemas: com qual intuito foi criada a Lei Maria da Penha? Quais as 
medidas que tal lei criou para proteger a mulher? Como é a ação e atendimento dos policiais ao atender uma 
mulher que sofreu violência doméstica? E quais as consequências previstas em lei para quem comete qualquer 
crime dentro da Lei Maria da Penha? 
A aprovação da referida lei foi um marco no processo de reconhecimento da violência contra a mulher no âmbito 
doméstico como um problema social no nosso país e é resultado de um processo que veio ganhando força com 
a participação do movimento de feministas que lutaram pela conquista de cidadania de todos. O texto na lei é 
reflexo das ideias das feministas que querem um mundo igualitário para homens e mulheres (PASINATO, 2010, 
p.221). 
As hipóteses que levanta frente ao problema em questão será o fato de a existência de uma lei que penaliza a 
violência doméstica não ser o suficiente para extinguir as agressões contra a mulher, a importância da rede de 
atendimento no suporte da mulher que sofreu violência e a realidade das agressões dentro do histórico de uma 
sociedade machista e patriarcal. 
Mesmo que a Lei Maria da Penha não especifique quais as atribuições da rede de atendimento especializado, a 
sua criação é imprescindível para que seja aplicada a legislação de forma integral e abrangente. Fornecendo 
atendimento psicológico, social, jurídico e de saúde, tal rede de atendimento também vem com a contribuiçãode 
informar as mulheres sobre os benefícios que ela possui e também os direitos inerentes à sua condição humana 
(PASINATO, 2010, p.229). 
Esta pesquisa tem como objetivo geral conceituar o que é a violência doméstica, explicar a maneira como a Lei 
Maria da Penha traz as medidas para proteger a mulher. Assim como, explicar como as agressões se tornam 
invisíveis para quem está de fora e de que maneira a relação vítima-agressor dificulta na denúncia e aumenta a 
impunidade de tais crimes. 
Da forma como está inclusa na sociedade, a violência contra a mulher quase sempre não é percebida, o que a 
torna invisível. Tal violência acontece principalmente nas relações intimas e privadas entre membros da mesma 
família, tendo como domicílio o espaço onde comumente se manifesta, por esse motivo é chamada de violência 
doméstica (PASINATO, 2010, p.218). 
Os objetivos específicos deste trabalho são entender o porquê há tanta impunidade dentro do crime de violência 
doméstica e esclarecer os motivos que fazem com que as mulheres não queiram denunciar seus agressores. 
Assim como, determinar os tipos de violência que existem contra a mulher, citando cada uma delas e a maneira 
como são praticadas. 
De acordo com a lei 11.3402006 em seu artigo 7º são tipos de violência doméstica a violência física, que se trata 
de qualquer ação que atinja sua integridade ou saúde corporal por meio de chutes, tapas, queimaduras, tortura 
etc. Já a violência psicológica se trata de uma ação ou omissão que tenha a intenção de degradar ou controlar 
comportamentos, decisões e crenças por meio de manipulação, humilhação ou ameaça, implicando prejuízo ao 
psicológico ou ao desenvolvimento pessoal daquele indivíduo. São também tipos de violência contra a mulher, a 
violência sexual, que se trata de qualquer ato sexual contra a vontade da mulher, a violência patrimonial, que é 
aquela praticada contra o patrimônio, degradando-o e a violência moral, que se trata do assédio moral e a pratica 
de crimes como a injuria, a calúnia e a difamação, que atingem a honra da mulher (SANTOS et al., 2016, p.04). 
Essa pesquisa é importante para os operadores do Direito por exaltar a impunidade relativa à violência contra a 
mulher, demonstrando como a sociedade fomenta tal crime. Assim como, por falar sobre a Lei Maria da Penha, 
 
as medidas que existem dentro de tal legislação e explicando como deve ser a efetivação dessa lei para que 
ocorra a punição correta dos agressores. 
Essa pesquisa é de suma importância para a ciência por esclarecer o modo como as mulheres sofrem as 
violências dentro da sociedade, entendendo o porquê de tamanha impunidade nesse crime e o porquê da 
dificuldade da vítima em denunciar o agressor. Assim como por trazer as medidas usadas na lei para reduzir tal 
impunidade e auxiliar as mulheres que sofreram tal violência. 
Essa pesquisa contribui para a sociedade por alertar sobre as agressões contra a mulher, mostrando os direitos 
que ela possui e de que modo se pode efetivar e assegurar tais direitos. Assim como, por demonstrar quais a 
consequências para quem comete tais crimes, servindo como um desmotivador para homens que possam 
pensar em cometer qualquer ato de violência contra a mulher. 
A metodologia do trabalho é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de pequena extensão. Foi usado 
como fundamentação artigos científicos, leis e doutrinas que objetivam trazer as resposta dos questionamentos 
levantados, ajudando a conceituar a violência contra a mulher e a trazer todo seu contexto dentro da sociedade. 
Os instrumento utilizados nessa pesquisa são cinco artigos científicos. A seleção e a extração dos artigos foram 
feitas através de pesquisas e retiradas do Google Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: Lei Maria da 
Penha, violência contra a mulher, agressões contra a mulher, Lei 11.340 
O critério adotado é a utilização de artigos científicos escritos por mestres e doutores, publicados em revistas 
cientificas com ISSN e que abordarem o tema de modo favorável aos problemas expostos. O tempo previsto a 
realizar o trabalho foi de 6 meses, desde a pesquisa dos artigos, a separação deste e a montagem do projeto. 
A pesquisa é qualitativa, foi feita separação dos artigos e a leitura e resumo de toda a literatura selecionada, 
apresentando todas as informações coletadas. As informações dos autores foram obtidas por meios 
bibliográficos e não haverá dados quantitativos por não trabalhar com coletas de informações numéricas. 
Um artigo que apresenta uma pesquisa teórica, usando base bibliográfica, enquadrado na modalidade de artigo 
de revisão de literatura. Um artigo de revisão de literatura é um artigo acadêmico que parte de outros artigos 
acadêmicos ou científicos, ou ainda de livros ou capítulos de livros, os quais se consideram referências basilares 
e relevantes daquela temática específica (GONÇALVES, 2020, p.97). 
 
Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher 
 
A morte de mulheres, de todas as idades, cometida por seus companheiros enciumados e rejeitados, não é 
exceção e nem novidade no Brasil. Muitos casos ficaram famosos ao longo da história e com o tempo as lutas e 
os movimentos das mulheres feministas foram ganhando repercussão na mídia, dando publicidade ao fato da 
violência contra a mulher ser um problema social e que tal fato é reforçado por um sistema de justiça conivente e 
omisso, que parece sempre absolver agressores (PASINATO, 2010, p.218). 
Sendo assim, a violência contra a mulher está incluída na nossa sociedade há muitos anos, não tendo a devida 
atenção do Estado e nem da sociedade, enraizando na cultura do país e se tornando, muitas vezes, algo visto 
como natural, mesmo com toda seu horror. Tal violência mata e dizima mulheres, tratando-a como objetos e 
cada caso noticiado nos jornais se torna apenas mais um número, logo sendo esquecido por todos 
A violência doméstica traz na sua essência características dos primórdios estruturais da sociedade, assim, sendo 
a sociedade criada por uma base patriarcal, dessa forma, vê-se a mulher como alguém que deve ser 
disciplinada, a submetendo à submissão da figura masculina, podando-lhe a autonomia, confinando-a dentro do 
lar, deixando o homem como o único capaz de exercer livremente os atos da vida (ARAÚJO; GUIMARÃES; 
XAVIER, 2019, p.159). 
Apesar dos avanços em busca de uma sociedade igualitária, a violência doméstica ainda é o reflexo de uma 
sociedade paternalista, que visualiza obediência e submissão na figura feminina. Assim, a violência contra a 
mulher é um jeito do homem tentar garantir que tal submissão continue a assegurar seus interesses e seu poder 
perante a mulher (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, p.05). 
Mesmo que a luta das mulheres tenha tido muitas conquistas, tais como os direitos fundamentais positivados na 
Constituição Federal que as protegem, dando a elas direitos iguais aos homens e proibindo qualquer tipo de 
discriminação, tais mulheres ainda sofrem formas variadas de violência, assim como os homens continuam tendo 
mais acesso à empregos melhores remunerados e também à melhor educação (SANTOS et al., 2016, p.03). 
A violência contra a mulher é uma violação aos seus direitos fundamentais individuais, tais como o direito à vida, 
à dignidade, à segurança, à integridade física e psíquica, à saúde, à residência etc. Todos esses direitos estão 
positivados na Constituição Federal de 1988 e devem ser respeitados e tutelados para que não haja sua violação 
(SANTOS et al., 2016, p.04). 
Também de acordo com a Constituição Federal, é dever do Estado e da sociedade garantir a segurança 
nacional. Dentro desse dever, está incluída a obrigação de preservar a família e de assegurar o bem estar da 
mulher. Desse modo, a proteção da mulher se dá pela capacidade desta de se sentir segura ao precisar 
denunciar o seu agressor, não sentindo medo de sofrer represálias, sendo atendida por policias especializados 
(SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). 
Temos visto inúmeros casos de violênciaque afeta as mulheres, trazendo prejuízos tanto à sua saúde mental 
como à sua saúde física. A violência contra a mulher trata-se de qualquer conduta, de ação ou omissão, de 
discriminação, coerção ou agressão, que foi ocasionada pelo fato da vítima ser mulher, causando-lhe dano, 
constrangimento, sofrimento físico, moral ou sexual e até a morte. A violência doméstica acontece entre os 
membros de uma família que é constituída por parentesco natural, civil, por afinidade ou por afetividade 
(SANTOS et al., 2016, p.03). 
Assim, podemos dizer que a violência doméstica é uma ação de um familiar ou de alguém que habita a mesma 
 
residência, causando danos, sofrimento ou até a morte. Tal prática independe de classe social, raça, religião, 
etnia, grau de escolaridade ou idade. Bastando ser destinada a alguém do âmbito familiar e causar-lhe prejuízos 
(SANTOS et al., 2016, p.03). 
Mas como é criada a 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha? Qual o real intuito dessa lei? Quais 
medidas há dentro dela para ajudar na recuperação cultural de uma sociedade que tanto agride a mulher? Quais 
criações a lei vai trazer para sua seja efetivo o seu resultado? Todos esses questionamentos são importantes 
para manter informada toda uma sociedade que depende dessa lei para se livrar de tal macula. 
Visando a coibição dos atos de violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha LMP é composta por dispositivos 
que trazem mais rigor para as punições dos crimes domésticos, tornando-se uma das políticas públicas mais 
importantes para o país sobre a repressão e o enfrentamento de tal espécie de violência (ARAÚJO; 
GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.160). 
A Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, entrou em vigor em 2006, tratando-se de uma lei 
especial, cuja a finalidade é obter um mecanismo para prevenir e coibir a violência familiar contra a mulher. Tal 
legislação tem como regra reconhecer que a violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos, que 
degrada, tira a dignidade e a integridade das vítimas, deixando-as à mercê na sociedade (PASINATO, 2010, 
p.219). 
Tal lei se restringe aos casos em que a violência ocorre no ambiente doméstico, sendo indiferente o vínculo 
familiar, desde que seja dentro de relações familiares ou intimas de afeto. Essas restrições justificam-se por 
serem esses o contexto e as situações onde mais ocorrem a violência e pelo fato de a política criminal defender 
a família e se esquecer da proteção individual, o que faz com que muitos agressores nunca sejam penalizados 
pela violência que cometem (PASINATO, 2010, p.220). 
O artigo 7º da referida lei, trata das formas de violência doméstica, não sendo ela apenas violência física, mas de 
natureza sexual ou psicológica, moral ou patrimonial também. A violência física trata-se de qualquer lesão à 
integridade e saúde corporal, ou seja, violência física é o uso da força, deixando ou não marcas aparentes e 
configura-se como lesão corporal no código penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). 
A lesão psicológica se trata de agressões verbais, pressões emocionais, imposições de práticas que degrade a 
vítima. Já a lesão sexual se trata de qualquer ato que coaja a vítima a práticas sexuais ou de atos degradantes 
de cunho sexual com o uso de ameaça ou de força. Com relação a violência patrimonial é configurada como 
uma retenção ou subtração, sendo esta oculta, assim como destruição de qualquer objeto, valor ou recurso 
econômico. E por fim, a violência moral, que se trata de qualquer ato que degrade a imagem da mulher, ou seja, 
a calúnia, a injuria ou a difamação (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.163). 
Mesmo a Lei Maria da Penha sendo um instrumento que visa coibir a violência contra a mulher, existem muitos 
obstáculos para a sua efetividade, tais como sua eficiência. Primeiro porque as próprias mulheres não entendem 
o motivo que leva os homens que elas amam a lhes violentarem e agredirem, tornando ainda mais difícil a 
decisão de denunciar o parceiro (SANTOS et al., 2016, p.10). 
Sem dúvida a lei é um instrumento importante no combate à violência doméstica contra a mulher, mas as 
medidas que existem nessa conflitam com os limites da própria sociedade, que tem um caráter machista e 
patriarcal e que reforça, diariamente, formas de violência contra a mulher em espaços privados ou públicos 
(SANTOS et al., 2016, p.10). 
Assim, mesmo existindo a Lei Maria da Penha com todas as suas medidas e aparatos para sua efetivação, ela 
não é eficaz. Tal fato possui diversos motivos, a desinformação, a sensação de impunidade, a dependência 
emocional da mulher, a estrutura machista da sociedade, a morosidade dentro do processo de denúncia, entre 
outros, todos esses motivos toda a Lei Maria da Penha uma legislação bem vista em seu texto, mas pouco eficaz 
em sua prática. 
A Lei Maria da Penha traz a criação de estruturas administrativas e judiciais para intervenção de conflitos de 
gênero, tais como casa de abrigo, delegacias especializadas, juizado de violência doméstica contra a mulher etc. 
Além de tais aparatos institucionais, também existem os Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos da Mulher 
que representam fóruns institucionalizados de políticas públicas, que promovem a participação popular em temas 
de interesse coletivo. A Lei Maria da Penha não integra os conselhos como parte da rede de apoio de tal política 
pública, mas eles são importantes instrumentos para a efetiva defesa dos direitos das mulheres, pois atuam 
enfrentando a discriminação e promovendo a igualdade de gênero (AMANCIO; FRAGA; RODRIGUES, 2016, 
p.03). 
Não se tem muita definição do que é políticas públicas, alguns doutrinadores definem como um conjunto de 
procedimentos que são destinados para a resolução de conflitos de forma pacífica, usando a alocação de bens e 
os recursos públicos. Em todo esse processo há o envolvimento de pessoas que identificam o problema, 
tornando-os públicos e desenvolvendo seu enfrentamento. 
A Lei Maria da Penha foi criada com a finalidade de erradicar, prevenir e punir qualquer violência que exista 
contra a mulher. E vai surgir como uma solução vinda do Estado para a grande demanda de atos atentatórios 
contra a dignidade e integridade da mulher, que é um mal que atinge muitas relações familiares dentro do 
território nacional (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.198). 
Para ser configurada dentro da Lei Maria da Penha, a violência deve acontecer dentro do âmbito familiar e 
dentro de relações intimas de afeto. Âmbito familiar configura-se pelo espaço caseiro onde é praticada a 
violência, envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar e até aquelas que são agregadas, de modo 
esporádico, como por exemplo, a agressão do patrão contra a empregada (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). 
A lei 11.340 traz uma série de medidas que devem ser tomadas, junto com toda uma estrutura necessária, para 
que ocorra sua efetivação de maneira correta. Tais medidas vem como instrumentos que devem ser utilizados ao 
se botar a lei em prática, tais instrumentos são de proteção, de punição e de prevenção e devem ser trabalhadas 
 
em conjunto. 
As medidas trazidas na Lei Maria da Penha podem ser divididas em três eixos de intervenção. O primeiro se 
trata das medidas criminais para punir a violência sofrida, nele estão os procedimentos do inquérito policial, a 
prisão preventiva, em flagrante ou condenatória, etc. No segundo eixo estão as medidas de proteção da 
integridade física e de resguardo dos direitos da mulher, que vêm como medidas protetivas em caráter de 
urgência aliadas à mulher e também medidas contra o agressor. Ao final, no terceiro eixo, estão as medidas de 
educação e prevenção que são vistas como estratégias necessárias para coibir a violência no meio social e a 
discriminação baseadas no gênero (PASINATO, 2010, p.220). 
A articulação dos três eixos dependem da criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar que devem 
efetivar as medidas previstas na legislação, proporcionando à mulher o acesso aos seus direitose a autonomia 
que ela necessita para superar a violência sofrida. Entretanto, não é só o judiciário que precisa de uma 
reorganização. Para a correta implementação da lei, também é necessária a formulação de políticas públicas 
direcionadas à integração da polícia, do judiciário e dos demais serviços como a saúde, a assistência 
psicológica, a assistência médica, que prestam atendimento à mulher vítima de violência doméstica (PASINATO, 
2010, p.221). 
A Lei Maria da Penha prevê que a mulher que sofreu violência doméstica e que procura por ajuda para 
denunciar, precisa ser atendida por pessoas capacitadas, de modo especializado, humanizando esse trabalho o 
máximo possível para que não ocorra mais represálias, medos ou vergonhas por parte da vítima, passando a ela 
segurança e dando poder de escolha para alguém que por algum tempo se viu sem escolha nenhuma. 
Assim, para que haja o atendimento de modo especializado deve haver uma capacitação para realizar o 
atendimento da forma como prevê o artigo 8º da referida lei. A legislação reconhece que são os policiais os 
primeiros a terem contato com a vítima de violência doméstica, assim valorizou sua função, exaltando-a, para 
que haja um melhor desempenho no seu trabalho, para que ele seja mais humanizado diante de uma delicada 
situação (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.201). 
O atendimento pela autoridade policial vai além das atividades de polícia judiciária, tais como o registo da 
ocorrência, os inquéritos policiais, a autoridade policial também deve trabalhar na aplicação das medidas 
protetivas de urgência quando houver solicitação da mulher. Tais medidas são, em grande maioria, de natureza 
cível, tais como pedidos de guarda, de alimentos e separação conjugal. Cabe também à autoridade policial 
providenciar socorro médico para a mulher, assim como preservar sua segurança, transferindo-a para um local 
seguro (PASINATO, 2010, p.224). 
A medida protetiva é outra atribuição dos policiais e essa é de rápida solução para os policiais. Na maioria dos 
locais brasileiros, existem formulários com todas as opções de medidas protetivas previstas na lei, que são 
entregues para as mulheres que manifestem o desejo de solicitar tais medidas após receber orientações sobre 
todas as opções que ela tem. Assim que ela fizer a escolha, tal formulário será anexado a outros documentos 
que conterão o relato dos fatos, em poucos dias esse pedido chega ao judiciário, que terá 48 horas para decidir 
sobre ele (PASINATO, 2010, p.227). 
As medidas protetivas são instrumentos usados para proteger a vítima de violência doméstica e enseja ao 
agressor limitações de seus direitos ou liberdade em favor da proteção da vítima. Tais medidas podem ser a de 
distanciamento, proibição de determinadas condutas, suspensão de visitas, restituição de bens, prestação de 
alimentos, entre outros. 
A Lei Maria da Penha distinguiu as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor das medidas 
protetivas de urgência em relação à vítima. Essa última, autorizam certas condutas pela vítima e também a 
reintegra de direitos limitados pelo agressor. Ambas as medidas protetivas de urgência podem ser requeridas 
pela vítima, por meio de defensor público ou advogado, não sendo obrigada a vinculação delas à polícia. Elas 
também podem ser requeridas pelo Ministério Público ou concedidas pelo juiz (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, 
p.203). 
O objetivo das medidas protetivas é assegurar os direitos fundamentais descontinuando a violência e 
desmotivando as situações que a favorecem. Elas não necessariamente antecedem medidas judiciais, pois não 
objetivam o processo e sim um auxílio às pessoas. Desta forma, as medidas protetivas funcionam como limites 
para os agressores, criando uma rede de proteção para as mulheres, deixando-as livres de ameaças e de 
assédios, podendo então ter tranquilidade para pensarem sobre quais caminhos vão tomar para saírem das 
situações de violência em que se encontram (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.169). 
A medida cautelar é um instrumento de restrição de liberdade, tem caráter provisório e urgente e é usada como 
forma de controlar e acompanhar o acusado, diferente da prisão. Ela ocorrerá durante o processo penal, mas 
deve ser necessária e adequada ao caso. As medidas cautelares envolvem vários tipos de restrições à 
liberdade, indo desde a mais grave, ou seja, a prisão, até a mais leve, que pode ser o ato de proibir o contato 
com certa pessoa (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.202). 
A prisão preventiva é uma medida cautelar que restringe a liberdade do indivíduo, devendo tal instituto respeitar 
os requisitos da lei. As medidas cautelares podem ser aplicadas dentro dos crimes da Lei Maria da Penha, 
podendo ser decretada a prisão preventiva, tal prisão está prevista no capítulo II Das medidas protetivas de 
urgência da referida lei (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.206). 
Segundo a Lei Maria da Penha, as medidas protetivas de urgência poderão ser adotadas em qualquer fase do 
inquérito policial ou instrução criminal, cabendo a prisão preventiva do acusado, que será decretada pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou por representação do da autoridade policial (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, 
p.206). 
A Lei Maria da Penha modificou severamente as punições para quem comete violência contra a mulher, com o 
intuito de desestimular os futuros casos e também de penalizar de modo mais enfático os casos denunciados, o 
 
que traz mais rigidez para a legislação em vigor e na teoria a torna mais efetiva, por passar mais segurança à 
vítima que for denunciar, reduzindo o sentimento de impunidade que existe em torno de tal crime. 
A partir da lei, a punição para quem pratica violência contra a mulher no âmbito familiar foi modificada, desde 
então ela não poderá mais ser paga com cestas básicas ou multa, poderá haver prisão em flagrante, a mulher 
pode contar com o advogado em todo o percurso do processo e também possui uma especial atenção à mulher 
com deficiência, aumentando a pena de quem agredi-la (SANTOS et al., 2016, p.11). 
A violência surge como um dos principais pontos de causa para a quebra na estrutura intrafamiliar, gerando 
consequências no futuro de todos os integrantes da família e até na sociedade em que está inserida. A violência 
contra a mulher não vem só no formato de degradação física, mas também como desmoralizações, abusos 
sexuais e até patrimoniais (SANTOS JUNIOR; RÉ, 2013, p.199). 
Mesmo sabendo da grande ocorrência de violência doméstica dentro dos lares brasileiros, os números de 
denúncia não correspondem aos números de violências sofridas, o que demonstra uma deficiência no ato de 
denunciar o agressor, fato este que deve ser estudado e trabalhado para que se encontre uma solução, levando 
as mulheres à denunciarem seus agressores sem qualquer medo, receio ou esperança vã. 
Nos crimes cometidos dentro do âmbito doméstico, devida à relação de intimidade em que ocorrem, torna a 
denúncia do agressor um ato muito difícil para a vítima, pois muitas vezes o agressor mantém com a vítima 
convivência diária, tornando a violência doméstica silenciosa e impune pelo medo ou pela vergonha que as 
mulheres têm de denunciar (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.159). 
As vítimas de violência doméstica que decidiram não denunciar seus agressores, anunciaram como principais 
motivos a preocupação com o futuro dos filhos, o receio de que haja uma vingança por parte do agressor, 
acreditar na mudança e no fato de que seria a última vez que aquilo aconteceria e a descrença na penalização, 
ou seja, no sentimento de impunidade. Quanto a qualidade do atendimento das vítimas de violência nas 
delegacias, a maioria qualificou como ótimo ou bom. Dentre as vítimas que procuraram ajuda, a maioria o fez 
depois da primeira agressão sofrida (SANTOS et al., 2016, p.08). 
Assim, percebe-se que a vítima de violência não possuem real intenção de denunciar e punir seu agressor, 
normalmente só possuem vontade de interromper uma realidade de violência duradoura para restabelecer ovínculo familiar e a paz no ambiente doméstico. Mesmo as vítimas que pedem o divórcio, demonstram não 
possuir vontade de dar continuidade nos processos, pois desejam manter a harmonia familiar. Assim, conclui-se 
que as mulheres usam a ameaça da denúncia para cessarem com a violência sofrida (ARAÚJO; GUIMARÃES; 
XAVIER, 2019, p.173). 
Na grande parte dos casos as vítimas usam da autoridade policial para buscar uma solução imediata que 
consiga acabar com a violência vivenciada e para dar um tipo de lição para ao agressor. É dessa forma que se 
justifica a grande quantidade de medida protetiva requerida pelas vítimas, seguida de uma baixa expectativa de 
representação na ação penal para dar prosseguimento ao processo (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, 
p.175). 
Quanto ao trâmite que ocorre na justiça até que o agressor seja condenado pela violência cometida, sabe-se que 
tudo começa por uma denúncia e um inquérito policial, que após ser investigado, irá para o judiciário com todos 
os fatos, para ser apreciado pelo juiz e então ser proferida uma sentença, podendo condenar ou absolver o réu. 
Não é possível saber em quanto tempo é concluído um inquérito policial, em pesquisas feitas no ano de 2008, 
foram encontrados inquéritos policiais que haviam iniciados em 2006, no mês em que a lei entrou em vigor e que 
ainda não haviam sido concluídos e mandados para o judiciário. Ou seja, os inquéritos são morosos e se 
arrastam injustificadamente esperando por testemunhas que nunca aparecem (PASINATO, 2010, p.226). 
Quanto a morosidade dos procedimentos, a Delegacia não pode ser a única responsabilizada pelo fato, a 
demora e o atraso também se deve ao fato de o Ministério Público estar sobrecarregado e com o acumulo de 
processos, faz vista grossa aos inquéritos policiais, adiando a entrada de novos processos na justiça. Assim, a 
atuação do Ministério Público no quadro tem se voltado aos pedidos de medidas protetivas, entendendo que é 
mais importante proteger a mulher do que penalizar os agressores (PASINATO, 2010, p.226). 
Mesmo que a legislação traga avanços para a conceituação de violência e para suas formas de enfrentamento, 
trazendo respostas para as demandas das mulheres feministas que lutam pela penalização e erradicação das 
agressões contra mulher, a retomada do instituto do inquérito policial parece ir na contramão de qualquer avanço 
e ignorar os estudos que indicam várias desvantagens ao aplicar um procedimento tão moroso e cuja as 
medidas são incompatíveis com as medidas de urgência e proteção que as mulheres que sofrem violência 
precisam (PASINATO, 2010, p.226). 
Com relação ao tipo de ação penal dos crimes domésticos, quando houver lesão corporal, será sempre pública 
incondicionada, sem haver possibilidade da vítima se retratar, não importando se a lesão é leve, grave ou 
gravíssima, dolosa ou culposa. Assim, é possível que a notícia-crime seja dada por um terceiro que tenha 
percebido ou até visto a violência Neste caso, na ação penal pública incondicionada, será instaurado o inquérito 
policial para apurar o fato e, se for o caso, o Ministério Público, poderá iniciar a ação penal, não precisando da 
representação da vítima ou retratação desta (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
Entretanto, ainda existe dentro da Lei 11.340 crimes que são processados por ação penal pública condicionada à 
representação da vítima ou até por meio de ação penal privada, tais como os crimes contra a honra injúria, 
difamação ou calúnia o crime de ameaça, dano, entre outros. Nestes casos, a renúncia ao direito de denunciar 
acaba por obstruir o julgamento dos crimes, impedindo uma efetiva punição por parte da justiça (ARAÚJO; 
GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
É importante salientar que a renúncia à representação só será admitida até o recebimento da denúncia por parte 
do juiz, devendo ter uma audiência para que aconteça e mesmo que essa audiência seja um ato informal, a lei 
exige que haja a ratificação da vontade negativa da vítima perante o juiz em audiência específica para tal 
 
finalidade (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
A Lei 11.340 recomenda a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar, órgão que teria competência 
exclusiva de aplicação da referida legislação. Cabe ao magistrado, além dos processos criminais, os processos 
cíveis com relação à separação conjugal, ações familiares, desde que esses estejam relacionados à segurança 
da mulher e de seus filhos e também a análise das medidas protetivas. Desta forma, a legislação cuidou de dar 
ao mesmo juiz o conhecimento sobre toda a causa analisada e de tornar todo o processo mais célere e menos 
custoso (PASINATO, 2010, p.228). 
No entanto, não é apenas uma questão estrutural ou somente de criação do Juizado. É preciso que todos que 
trabalhem dentro desse Juizado, ou seja, todas as equipes, estejam empenhados e comprometidas com a Lei 
11.340 e que exista diálogo delas com as entidades e os serviços de atendimento especializado, para que a 
mulher que sofreu violência possa ter acesso e usufruir de todos os benefícios previstos na lei (PASINATO, 
2010, p.229). 
As redes de atendimento para as mulheres que sofrem violência são a base da política de enfrentamento 
nacional à violência, um dos pilares da Lei Maria da Penha e sua atuação é essencial para a proteção, 
assistência e prevenção de agressões, pois quando articulada de maneira correta, faz com que a mulher tenha 
todo o apoio necessário para o enfrentamento de todas as dificuldades que surgem nesse complexo momento 
(PASINATO, 2010, p.229). 
O crime de ameaça está prevista no artigo 147 do Código Penal, sua consumação se dá pelo simples fato da 
vítima tomar conhecimento do mal pronunciado, mesmo que esta não se sinta ameaçada. A ameaça causa 
limitação da liberdade de se autodeterminar, o temor provocado por tal crime pode até causar perturbação 
psíquica, devendo ser tutelado pelo Direito penal (ARAÚJO; GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.164). 
Para o sujeito que cometer o crime de ameaça contra a mulher dentro do âmbito doméstico, não será possível a 
concessão de benefícios como a transação penal ou a suspensão condicional do processo. Trata-se de um 
crime que será processado como ação penal pública condicionada à representação da vítima, podendo então a 
vítima renunciar à denúncia, abdicando do processo e da penalização do agressor (ARAÚJO; GUIMARÃES; 
XAVIER, 2019, p.166). 
Dentro do crime de ameaça, percebe-se que a prisão quase nunca é em flagrante, pois a maioria dos casos são 
feitos boletins de ocorrência, ou seja, é a vítima a responsável pela notificação do delito ao policial. A explicação 
para isso é o fato de o crime em questão ser um delito que necessita de proximidade. Assim, o conflito ocorre 
entre pessoas com intimidade, dentro de um ambiente doméstico, o que dificulta um flagrante (ARAÚJO; 
GUIMARÃES; XAVIER, 2019, p.168). 
É importante relatar que se os casos fossem tratados com as prevenções e medidas que a Lei Maria da Penha 
possui, poderiam ser reduzidos ou evitados muitos casos de feminicídio, muito embora saibamos que a violência 
contra mulher não é apenas um problema da legislação, mas sim um problema cultural enraizado na sociedade. 
Assim, percebe-se que a Lei Maria da Penha trouxe avanços, mas entende-se que apenas ela não possui 
capacidade para superar essa luta contra a violência, já que não muda a estrutura da sociedade que possuímos 
(SANTOS et al., 2016, p.09). 
 
Considerações Finais 
 
Este artigo abordou o tema Lei Maria da Penha e seu enfrentamento à violência contra a mulher. Demonstrou 
como e porque ocorre a violencia contra a mulher, assim como de que maneira a legislação veio para modificar o 
cenário extenso de agressões contra a mulher, com a finalidade de punir, prevenir e erradicar tais fatos com 
medidas a serem tomadas por todos que trabalham para efetivá-la. Foram usadas como bases de pesquisa a 
Constituição Federal, a legislação específica, a doutrina e a jurisprudência. 
Este artigo respondeu aos seguintes

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