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PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 1 PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO LIVRO TEXTO PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 2 SUMÁRIO 1. CONCEITOS DE MARKETING ................................................................................................................... 4 1.1 - MIX DE MARKETING ............................................................................................................................. 5 1.2 - PRODUTO .............................................................................................................................................. 6 1.3 - PREÇO .................................................................................................................................................... 7 1.4 - PRAÇA .................................................................................................................................................... 8 1.5 - PROMOÇÃO .......................................................................................................................................... 9 1.6 - PESQUISA MERCADOLÓGICA ............................................................................................................. 11 2. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA MERCADOLÓGICA ............................................................................. 12 2.1 - TIPOS DE MERCADO ........................................................................................................................... 13 2.2 - MERCADO CONSUMIDOR ................................................................................................................... 13 2.3 - MERCADO ORGANIZACIONAL ............................................................................................................ 15 2.4 - MERCADO GLOBAL ............................................................................................................................. 17 2.5 - MERCADO SEM FINS LUCRATIVOS ..................................................................................................... 18 3. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ............................................................................................................... 20 3.1 - MERCADO ALVO ................................................................................................................................. 22 3.2 - NECESSIDADES DO MERCADO ALVO .................................................................................................. 23 3.3 - CONCORRENTES .................................................................................................................................. 24 3.4 - TIPOS DE CONCORRENTES .................................................................................................................. 25 3.5 - BARREIRAS À ENTRADA ...................................................................................................................... 26 3.6 - REGULAMENTAÇÃO ............................................................................................................................ 27 4. GLOBALIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 29 4.1 - GLOBALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS ......................................................................................................... 30 4.2 - CARACTERÍSTICAS DO MERCADO ATUAL ........................................................................................... 31 4.3 - MULTICULTURALIDADE ...................................................................................................................... 31 4.4 - COMUNICAÇÃO EM MASSA ............................................................................................................... 32 4.5 - AVANÇO TECNOLÓGICO ..................................................................................................................... 32 4.6 - AUMENTO DA QUALIDADE................................................................................................................. 33 4.7- INSTABILIDADE E MUDANÇAS CADA VEZ MAIS RÁPIDAS .................................................................. 33 4.8 - DIFERENCIAIS COMPETITIVOS ............................................................................................................ 34 4.9 - LIDERANÇA DE CUSTO ........................................................................................................................ 35 4.10 - DIFERENCIAÇÃO ................................................................................................................................ 35 4.11 - ENFOQUE .......................................................................................................................................... 35 5. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ............................................................................................................... 36 5.1 - RAZÕES PARA SEGMENTAR ................................................................................................................ 37 5.2 - TIPOS DE SEGMENTAÇÕES ................................................................................................................. 38 PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 3 5.3 - SEGMENTAÇÃO COMPORTAMENTAL E DE ATITUDE......................................................................... 38 5.4 - SEGMENTAÇÃO DEMOGRÁFICA ......................................................................................................... 39 5.5 - SEGMENTAÇÃO GEOGRÁFICA ............................................................................................................ 40 5.6 - SEGMENTAÇÃO PSICOGRÁFICA ......................................................................................................... 40 5.7 - AVALIANDO SEGMENTOS ................................................................................................................... 41 6. IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO PARA O MARKETING ....................................................................... 42 6.1 - ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING ..................................................................................................... 43 6.2 - PLANEJAMENTO DE MARKETING ....................................................................................................... 44 6.3 - TIPOS DE VARIÁVEIS ........................................................................................................................... 45 6.4 - ANÁLISE SWOT .................................................................................................................................... 46 6.5 - ERROS COMUNS .................................................................................................................................. 48 7. TRADE-OFF ............................................................................................................................................. 49 7.1 - CUSTO DE OPORTUNIDADE ................................................................................................................ 50 7.2 - IMPORTÂNCIA ..................................................................................................................................... 51 7.3 - TIPOS DE CUSTO DE OPORTUNIDADE ................................................................................................ 51 7.4 - CONSUMO PRESENTE VERSUS CONSUMO FUTURO ......................................................................... 52 8. CONCEITO DE RISCO ............................................................................................................................. 53 8.1 - ANÁLISE DE RISCO ...............................................................................................................................54 8.2 - RICOS ESTRATÉGICOS ......................................................................................................................... 54 8.3 - RISCOS NÃO ESTRATÉGICOS ............................................................................................................... 55 8.4 - RISCOS FINANCEIROS .......................................................................................................................... 56 8.5 - GERENCIAMENTO DE RISCOS ............................................................................................................. 57 9. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES E A PESQUISA DE MERCADO ............................................................... 59 9.1 - DADOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS ................................................................................................. 60 9.2 - PESQUISA DE MARKETING ................................................................................................................. 62 9.3 - TIPOS DE PESQUISA DE MARKETING.................................................................................................. 64 10. ETAPAS DA PESQUISA ....................................................................................................................... 66 10.1 - TIPOS DE PESQUISA .......................................................................................................................... 69 10.2 - MÉTODOS DE COLETA DE DADOS .................................................................................................... 70 10.3 - AMOSTRAGEM E CENSO ................................................................................................................... 71 10.4 - A PESQUISA NA INTERNET ................................................................................................................ 72 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................... 73 PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 4 TEMA 01 PARTE 01 "Existem três tipos de empresas (e pessoas): as que fazem acontecer, as que ficam vendo acontecer e as que perguntam: o que aconteceu?". Philip Kotler 1. CONCEITOS DE MARKETING Esta Unidade situa a Pesquisa Mercadológica na teoria do marketing e a conceitua, considerando os aspectos referentes à sua importância. Em um mercado altamente competitivo, a batalha por clientes é ferrenha. Isso faz com que alguns estabelecimentos reduzam seus preços, outros aumentem a qualidade ou a diversidade dos produtos oferecidos, e assim por diante. Mas para realizar mudanças, é preciso conhecer o mercado. O marketing está a nossa volta todo o tempo – em casa, no trabalho, no lazer, nas ruas, nas lojas e nos restaurantes e, também em todos os meios de comunicação que vemos e ouvimos. De uma maneira ampla, podemos dizer que Marketing é a função administrativa responsável por entender e atender ao mercado. Isso significa que as pessoas possuem determinadas necessidades as quais as organizações têm a intenção de atender. É importante destacar que as necessidades humanas são constantes, o que muda é a forma de atendê-las. Marketing, segundo a definição da American Marketing Association (AMA), é “a atividade, o conjunto de instituições e de processos para criar, comunicar, entregar e fazer trocas de bens que tenham valor para os consumidores, clientes, sócios e para a sociedade como um todo”. Para Wood (2015, p. 5), essa definição enfatiza a importância do valor, a diferença entre os benefícios percebidos pelo consumidor que os recebe (para satisfazer uma vontade ou necessidade) e o preço total percebido pago pelo cliente. Assim, o marketing está presente em tudo o que a empresa é e faz para oferecer valor superior ao da concorrência de maneira consistente de modo a conquistar os consumidores e a ganhar sua fidelidade. De acordo com Kotler (2013, p. 30), “marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. ” O marketing, portanto, envolve a PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 5 identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de uma maneira bem simples, podemos dizer que ele ‘supre necessidades lucrativamente’. Como forma de operacionalizar esses conceitos, Kotler (2013) propõe quatro ferramentas que se destacam na obtenção das respostas desejadas pelas organizações em seus mercados-alvo. Tais ferramentas se apresentam como: Preço, Produto, Promoção e Praça. São essas ferramentas que devem formar, em conjunto, os principais pontos de preocupação do profissional ou equipe de marketing das organizações. A esse grupo de ferramentas denominamos mix de marketing, 4Ps ou, ainda, composto de marketing. Segundo Las Casas (2009, p. 26), marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. 1.1 - MIX DE MARKETING O Marketing mix ou Composto de marketing é formado por um conjunto de variáveis controláveis que influenciam a maneira com que os consumidores respondem ao mercado. Na concepção de Kotler (2013, p. 151), o mix de marketing “descreve o conjunto de ferramentas à disposição da gerência para influenciar as vendas”. A fórmula tradicional é conhecida como 4 P’s: produto, preço, praça e promoção (product, price, place, promotion). Figura 1: Os 4Ps de Marketing (KOTLER, 2013, p. 37) PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 6 O composto de marketing é planejado especificamente para satisfazer as necessidades de cada mercado-alvo no qual a empresa busca alcançar, além de auxiliar a organização a desenvolver uma estratégia de posicionamento. Churchill Jr. e Peter (2013, p. 20) enfatizam que o composto de marketing “é uma combinação de ferramentas estratégicas usadas para criar valor para os clientes e alcançar os objetivos da organização”. Cobra (2017, p. 43) ressalta que, para satisfazer às necessidades dos consumidores, é preciso que os produtos ou serviços a serem ofertados tenham boa qualidade, que as características atendam aos gostos dos consumidores, com boas ações de modelos e estilos, com nome atraente de marca, acondicionados em embalagens sedutoras, em variados tamanhos de produtos, com serviços e quantias aos usuários que proporcionem adequados retornos financeiros à organização. 1.2 - PRODUTO As decisões de produto abrangem diversos assuntos, como o desenvolvimento de novos produtos, a composição da marca, da embalagem, a rotulação e o gerenciamento estratégico dos produtos ao longo do seu ciclo de vida. (CZINKOTA et al, 2001). De acordo com Kotler (2013, p. 366) um produto é tudo o que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Entre os produtos comercializados estão bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias. Ao planejar sua oferta ao mercado, o profissional de marketing precisa pensar em cinco níveis de produto. Cada nível agrega mais valor para o cliente. O nível mais fundamental é o benefício central: o serviço ou benefício fundamental que o cliente está realmente comprando. A diferenciação surge a partir da ampliação do produto, que é o que leva o profissional de marketing a examinar o sistema de consumo: a maneira como o usuário desempenha as tarefas de obter, usar, adaptar e descartar o produto. Segundo Wood (2015, p. 129) é preciso avaliar as características, qualidade, design,embalagem e rótulo dos produtos. Características são atributos específicos que permitem que um produto desempenhe sua função. As características transmitem benefícios, que são o que satisfaz a necessidade dos consumidores e o que eles querem de um produto. A qualidade é o modo como o produto satisfaz os clientes. Por esse entendimento, um produto de alta qualidade (bem ou serviço) é aquele que faz um trabalho superior ao satisfazer as necessidades do consumidor, já um bom design significa que o produto pode ter o desempenho esperado, pode ser consertado de maneira fácil, é bonito e satisfaz outras necessidades. A PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 7 embalagem acrescenta valor ao manter produtos tangíveis seguros e em recipientes convenientes até que sejam usados e o rótulo agrega valor ao comunicar o conteúdo, os usos e ao fazer alertas relativos ao produto. Os produtos passam por um ciclo de vida que envolve o lançamento, crescimento, maturidade e declínio. Para Wood (2015, p. 135), os estágios do ciclo de vida podem ser influenciados por muitos fatores, incluindo tecnologia, competição, estilo de vida dos consumidores e atitudes sociais. Por esse motivo, é preciso utilizar a pesquisa de mercado para maximizar os lucros durante a maturidade ou para adiar o declínio mudando as características ou os benefícios do produto. É necessário observar o ambiente e fazer uma análise para entender o movimento do produto pelo ciclo de vida e os desafios de marketing que será enfrentado em cada fase. Desse modo, para Honorato (2004, p. 7), o produto ou os serviços oferecidos precisam atender plenamente aos desejos e às necessidades dos consumidores e estar dispostos no ponto, à disposição destes, por meio de um bem elaborado canal de distribuição. Paralelamente, é necessário o desenvolvimento de estratégias de estímulo ao consumo, o que se dá pela promoção, ou composto promocional, e pelo preço, que nos dias de hoje tem sido, com mais intensidade, uma ferramenta estratégica decisiva na venda. 1.3 - PREÇO O elemento preço está relacionado “à quantidade de dinheiro ou outros recursos que os profissionais de marketing pedem por aquilo que oferecem” (CHURCHILL; PETER, 2013, p. 20). Cobra (2017, p. 43) afirma que é preciso que o preço, “divulgado pelas listas de preços a clientes e a consumidores, seja justo e proporcione descontos estimulantes à compra dos produtos ou serviços ofertados, com subsídios adequados e períodos (prazos) de pagamento e termos de crédito efetivamente atrativos”. De acordo com Kotler (2013, p. 430) muitos economistas afirmam que os consumidores ‘são seguidores de preço’ e os aceitam em seu ‘valor de face’ ou como determinados. Mas, as empresas reconhecem que, na maioria das vezes, os consumidores processam as informações de preço ativamente, interpretando preços em termos do conhecimento que adquiriram em experiências de compra anteriores, na comunicação formal, na comunicação informal e nos pontos-de-venda ou recursos on-line. Geralmente não determinam um preço PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 8 único, mas elaboram uma estrutura de determinação de preços que reflete variações geográficas nas demandas e nos custos, exigências de segmento de mercado, oportunidade de compra, níveis de pedidos, frequência e entrega, garantias, contratos de serviço e outros fatores. Conforme Wood (2015, p. 149): Na prática, os consumidores não percebem o valor do produto isoladamente: em vez disso, eles observam o valor no contexto dos benefícios e dos preços de produtos concorrentes ou substitutos e, também, no contexto do ambiente e mercado. Se os consumidores percebem o preço como sendo alto demais em relação aos benefícios, eles simplesmente não compram, o que significa demanda menor. Se o total de benefícios percebido ultrapassa o preço total percebido, os consumidores terão maior probabilidade de ver o valor de comprar o produto. “Pesquisar e analisar como os consumidores percebem o valor de um produto deve ser o primeiro passo na formatação de uma estratégia de preços para aumentar a demanda e atingir os objetivos internos”. (WOOD, 2015, p. 154). Sendo assim, de um ponto de vista estratégico, decisões sobre preço devem ser baseadas no valor, voltadas para o lucro e proativas. É necessário desenvolver estratégias adequadas de preços com base no modo como os consumidores percebem o valor e em como uma empresa pode atingir seus objetivos, por meio do preço de maneira lucrativa. Wood (2015) afirma que ao planejar a precificação, é importante primeiro definir qual a estratégia deverá ser seguida, dado os objetivos de marketing, financeiros e sociais de seu plano de marketing. É preciso investigar, também, as várias influências externas (consumidores, concorrentes, canais de distribuição e questões legais, regulatórias e éticas) e internas (custos e pontos de equilíbrio, definição de público-alvo e estratégia de posicionamento, estratégia de produto e outras decisões de marketing) que podem afetar suas decisões de preço. 1.4 - PRAÇA Para Czinkota (et al, 2001, p. 33), as decisões relacionadas ao ponto de distribuição “refletem a habilidade do profissional de marketing para criar utilidades de lugar, momento e posse para os clientes”. As utilidades de tempo e de lugar se referem ao fornecimento dos produtos quando e onde os consumidores desejariam adquiri-los. A utilidade de posse “facilita a PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 9 transferência da propriedade do produto de quem produz para o consumidor através dos canais de marketing”. Canais de marketing, por sua vez, são as redes de organizações que movimentam um produto desde o produto até o seu mercado pretendido. No entendimento de Cobra (2017, p. 44), a distribuição “precisa levar o produto certo ao lugar certo através dos canais de distribuição adequados, com uma cobertura que não deixe faltar produto em nenhum mercado importante”, encontrando para isso fábricas, depósitos, distribuidores e dispondo de um registro de estoques para preencher as necessidades de consumo através de recursos de transporte apropriado. De acordo com Wood (2015, p. 171): Todos os bens e serviços são vendidos como parte de uma cadeia de valor – também conhecida como cadeia de fornecimento – uma série de funções inter-relacionadas de agregação de valor que levam o produto certo aos mercados e consumidores certos, no momento certo e no lugar certo, pelo preço certo. A estratégia de canal de distribuição e de logística envolve gerir três fluxos de cadeia de valor. O fluxo de produtos refere-se a itens físicos, como matérias-primas e embalagem de produtos, produtos acabados e de outros itens que vão da saída para a entrada. Já o fluxo de informações refere-se a informações como número de itens pedidos, exigências dos consumidores e feedback e de outras informações que agregam valor por meio da eficácia e da eficiência. Por fim, o fluxo monetário refere-se a pagamentos por itens fornecidos, pagamentos de revendedores ou de consumidores por produtos acabados e de outras movimentações financeiras entre os participantes. Wood (2015, p. 175) ainda afirma que “o canal de distribuição desempenha várias funções de saída de valor agregado, como adaptar o volume, a quantidade ou o produto às necessidades do consumidor; entregar aos intermediários e aos consumidores produtos e informações de mercado; contatar e negociar com consumidores para manter relacionamentos e para fechar vendas; e transportar e armazenar produtos antes da compra. 1.5 - PROMOÇÃO As decisões de promoção comunicam a estratégia de marketing utilizada pela empresa para os clientes e membros do canal que agenciam a distribuição do produto para o mercado. Os elementos que fazem parte do composto promocional são: publicidade, vendas pessoal, relações públicas e a promoção das vendas. (CZINKOTA et al.,2001). O elemento promoção ou PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 10 comunicação “refere-se a como os profissionais de marketing informam, convencem e lembram os clientes sobre produtos e serviços”. (CHURCHILL; PETER 2013, p. 20). De acordo com Kotler (2013, p. 532): A comunicação de marketing é o meio pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores – direta ou indiretamente – sobre os produtos e marcas que comercializam. Num certo sentido, a comunicação de marketing representa ‘a voz’ da marca e é o meio pelo qual ela estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os consumidores. A comunicação de marketing contribui de diversas formas com os consumidores. Eles podem conhecer ou ver como um produto é usado, por qual tipo de pessoa, quando e onde; podem receber informações sobre quem o fabrica e o que a empresa e a marca representam e ainda, podem receber um incentivo ou recompensa pela experimentação ou uso. Para Wood (2015) antigamente, a comunicação de marketing costumava conter mensagens em sentido único, indo da organização em direção aos consumidores e aos clientes em potencial; hoje, porém, os planos de marketing querem incentivar o diálogo e construir relacionamentos por meio das comunicações em mensagens e em meios de comunicação que envolva a audiência e convidem à interação. O surgimento das mídias sociais, meios de comunicação on-line destinados a facilitar a interação entre os usuários, acrescentou novas e poderosas dimensões às comunicações e às estratégias de influência. Mídias sociais promovem o engajamento porque seu conteúdo é em grande parte ou totalmente, criado por seus usuários, que postam mensagens por escrito, vídeos, podcasts, fotos e assim por diante, e que também respondem a posts e a comentários de outros usuários. Segundo Wood (2015, p. 198): Há cinco categorias básicas de comunicação de marketing: a publicidade, promoções de venda, relações públicas, marketing direto e vendas pessoais. A publicidade é um modo de comunicação com grande público com uma boa relação custo-benefício, e a empresa tem controle completo da mensagem e do meio. A promoção de vendas pode ser usada para falar com consumidores, empresas ou com integrantes do canal de distribuição e com representantes de vendas. Ela é útil para acelerar resultados de vendas no curto prazo. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 11 Desse modo, o autor afirma também que as relações públicas têm mais credibilidade do que outras ferramentas de promoção, porque o público recebe a mensagem por meio de canais de mídia vistos como mais objetivos do que fontes controladas pela organização. O marketing direto facilita a interação de mão dupla com um público específico, ajuda ainda a dar início a relacionamentos com os consumidores, aumenta as vendas de produtos específicos, testa o apelo de produtos novos ou testa táticas alternativas de marketing como preços diferentes. Já as vendas pessoais são uma ferramenta excelente para atingir mercados empresariais e consumidores de maneira pessoal, para ter um diálogo aberto, saber mais sobre suas necessidades, apresentar informações complexas ou customizadas para obter feedback. 1.6 - PESQUISA MERCADOLÓGICA Para Cobra (2017), devemos entender a pesquisa de marketing como um instrumento útil para descobrir novas oportunidades de mercado tanto para produtos como para serviços, além de outras finalidades, como testar impacto do esforço de marketing, com testes do tipo antes e depois. A pesquisa de marketing desempenha dois importantes papéis no sistema de marketing, conforme McDaniel & Gates (2003), em primeiro lugar, faz parte do processo de feedback da inteligência de marketing, abastecendo os tomadores de decisões com dados atuais, e fornecendo percepções para as mudanças necessárias. Em segundo lugar, a pesquisa de marketing é a principal ferramenta para explorar novas oportunidades de mercado. Para Malhotra (2011, p. 36), “a pesquisa de marketing é a identificação, coleta, análise e disseminação de informações de forma sistemática e objetiva e o uso de informações para melhorar a tomada de decisões relacionada com a identificação e solução de problemas e oportunidades em marketing”. Para Tosta (2015, p. 17), “pesquisa mercadológica é considerada um processo sistemático, devido à necessidade da confiabilidade das informações fornecidas”. Nesse sentido, é muito importante a utilização de métodos reconhecidos e comprovados cientificamente, para garantir que os resultados serão verdadeiros e comprováveis. É também considerado um processo objetivo, pois os resultados precisam trazer consigo a capacidade de transformar as vontades subjetivas do mercado em algo explícito, com um alto grau de objetividade. Essa pesquisa é o instrumento que liga o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing através da informação. E é usada “[...] para assessorar a gerência na tomada de decisões relacionadas à identificação e solução de problemas (e oportunidades) de marketing”. (TOSTA 2015, p. 15) PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 12 TEMA 01 PARTE 02 “A melhor maneira de persuadir as pessoas é com os ouvidos – ouvindo a elas”. Dean Rusk 2. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA MERCADOLÓGICA De acordo com Tosta (2015, p. 19), “a pesquisa mercadológica permite que a organização entenda a teoria que rege o seu mercado, ou seja, aprenda a conhecer a “sua própria verdade”. Para que isso ocorra, é imprescindível a introdução de critérios metodológicos na sistemática empresarial do mercado, isto é, a Pesquisa Mercadológica aproxima teoria e prática organizacional, construindo conhecimento para ambas. Há uma a reflexão acerca da importância da Pesquisa Mercadológica trazida por Malhotra (2011), ele afirma que muitos administradores ainda possuem uma concepção estreita acerca da pesquisa de marketing, pois a visualizam apenas como uma operação de constatação de fatos. Através da Pesquisa Mercadológica, é possível realizar a identificação, a análise e a apresentação sistemática das informações para assessorar determinada situação de marketing enfrentada por uma organização. Zikmund (2006) traz também quatro fatores que justificam o valor gerencial da Pesquisa Mercadológica para a tomada de decisão estratégica, que são: identificação e avaliação de oportunidades; análise de segmentos de mercado e seleção de mercados-alvo; planejamento e implementação de um composto de marketing que satisfaça às necessidades dos consumidores e atenda aos objetivos da organização; e análise do desempenho de marketing. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 13 2.1 - TIPOS DE MERCADO Segundo Kotler (2016, p. 8) “os economistas descrevem um mercado como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto”. Por outro lado, os profissionais de marketing muitas vezes usam esse termo mercado para abranger vários agrupamentos de clientes. Eles veem os vendedores como o setor e os compradores como o mercado. Falam em mercados de necessidades, em mercados de produtos, em mercados demográficos e em mercados geográficos. Os vendedores enviam bens, serviços e comunicação ao mercado; em troca, recebem dinheiro e informação. O fluxo interno mostra uma troca de dinheiro por bens e serviços, enquanto o externo mostra uma troca de informações. Os principais mercados de clientes, conforme Kotler (2013) são: consumidor, organizacional, global e sem fins lucrativos. 2.2 - MERCADO CONSUMIDOR Segundo Kotler (2016, p. 10), “o mercado consumidor compra bens e serviços para uso pessoal. É o mercado final na organização das atividades econômicas. Ao se analisar um mercado consumidor, é necessário saber quem são os ocupantes, os objetos e os objetivos dos compradores, organização, operações, ocasiões e pontos de venda”.Empresas que comercializam produtos e serviços de consumo em massa, como refrigerantes, cosméticos, passagens aéreas e equipamentos esportivos, investem parte significativa de seu tempo tentando estabelecer uma imagem de marca superior. Grande parte da solidez de uma marca depende do desenvolvimento de um produto superior, com uma embalagem adequada, disponível nos locais adequados e sustentada por propaganda contínua e serviço confiável. O mercado de consumo em constante mudança torna essa tarefa mais complexa. Kotler (2016, p. 11) observa que a revolução digital colocou nas mãos do consumidor e das empresas uma série de novas capacidades, como por exemplo: • O aumento substancial no poder de compra: os consumidores de hoje só precisam dar um clique para comparar os preços e os atributos de produtos concorrentes. Em questão de segundos, obtêm as respostas pela internet. • Maior variedade de bens e serviços disponíveis: hoje é possível comprar quase tudo pela internet. Além disso, os compradores podem encomendar esses produtos de PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 14 qualquer parte do mundo, o que permite grandes economias a pessoas que moram em países com oferta local muito limitada. • Grande quantidade de informação sobre praticamente tudo: as pessoas podem ler quase todos os jornais, de qualquer língua e de todas as partes do mundo. Podem acessar online, enciclopédias, dicionários, informações médicas, críticas de filmes, relatórios de consumo e outras incontáveis fontes de informação. • Maior facilidade de interação para fazer e receber pedidos: os compradores de hoje podem fazer seus pedidos de casa, do escritório ou do telefone celular 24 horas por dia, sete dias por semana e os pedidos serão entregues rapidamente. • Capacidade de comparar impressões quanto a produtos e serviços: os clientes podem entrar em uma sala de bate-papo que focaliza uma área de interesse comum e trocar informações e opiniões. De acordo com Limeira (2016, p. 7): O consumidor, também chamado de cliente, é o conjunto de pessoas, grupos ou organizações que desempenha diferentes papéis ao longo do processo de compra e uso de produtos e serviços. Na perspectiva da psicologia comportamental, o comportamento do consumidor engloba um conjunto de reações ou respostas a fatores de natureza pessoal, sociocultural, situacionais ou estímulos de marketing. Os fatores pessoais que influenciam o comportamento do consumidor são o conjunto de estados fisiológicos e psicológicos, bem como os traços de personalidade e as características particulares do indivíduo, como valores pessoais, crenças e experiências, idade e renda, estados de privação ou carência, entre outros. Limeira (2016) acrescenta que os fatores socioculturais têm grande diversidade, pois incluem regras e valores compartilhados socialmente, crenças religiosas, opiniões dos membros da família e dos amigos, mensagens dos veículos de comunicação, mudanças tecnológicas, normas legais etc. Os fatores situacionais são as condições circunstanciais e momentâneas que interferem no comportamento do consumidor, como sua disponibilidade de tempo e as características do ambiente da loja no momento da compra. Além disso, Limeira (2016, p. 8) observa que os fatores ou estímulos de marketing são as decisões empresariais relativas a produto, preço, distribuição, propaganda e promoção de vendas, que visam provocar certas respostas nos consumidores. Essas respostas são, principalmente, a preferência pelo produto, a compra, a repetição da compra, a confiança, a satisfação e a fidelidade do consumidor. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 15 Para Limeira (2016, p. 77), “o comportamento do consumidor pode ser dividido em três estágios interligados: input, decisão de compra e output. O primeiro estágio, o input, refere-se às influências externas, que são os estímulos de marketing e os fatores do ambiente”. O segundo estágio é a decisão de compra, que se relaciona à maneira como os consumidores tomam suas decisões e fazem suas escolhas de produtos e serviços, considerando os estímulos externos e internos, bem como suas experiências anteriores. O terceiro estágio o output, refere-se às respostas ou reações do consumidor após a decisão, englobando dois tipos de comportamento: a compra e a avaliação pós-compra. Figura 2: Processo de compra do consumidor (Limeira, 2016) 2.3 - MERCADO ORGANIZACIONAL De acordo com Kotler (2016, p. 198), “o mercado organizacional é formado por todas as organizações que produzem bens e serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços, sejam eles vendidos, alugados ou fornecidos a terceiros”. Os principais setores que compõem o mercado organizacional são agricultura, exploração florestal e pesca; mineração; manufatura; construção; transporte; comunicação; serviços públicos; setor bancário, financeiro e segurador; distribuição e serviços. As compras feitas por empresas envolvem mais dinheiro e maior quantidade de produtos do que as feitas por consumidores. Considere o processo de produção e venda de um simples par de sapatos. Os matadouros vendem o couro cru aos curtumes; estes vendem o couro aos fabricantes de sapatos, que são vendidos aos atacadistas, que os vendem aos varejistas; finalmente, os varejistas os vendem aos consumidores. Cada elo na cadeia de suprimentos PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 16 também precisa comprar muitos outros bens e serviços para sustentar suas operações. Para Kotler (2016, p. 199), os mercados organizacionais possuem características que os tornam muito diferentes dos mercados consumidores: Menos compradores, porém, de maior porte: de modo geral, as empresas que vendem para o mercado organizacional lidam com um número menor de compradores, mas que são de maior porte, do que as empresas que vendem diretamente para o consumidor, sobretudo em setores como motores para aeronaves e armamentos. Relacionamento estreito entre fornecedor e cliente: em consequência do menor número de clientes e da importância e poder dos clientes de grande porte, é de se esperar que os fornecedores customizem suas ofertas às necessidades específicas de cada cliente corporativo. De modo geral, os compradores organizacionais selecionam fornecedores que também consomem seus produtos. Compra profissional: bens organizacionais costumam ser adquiridos por compradores treinados, que são obrigados a seguir políticas, normas e exigências de compra da organização para a qual trabalham. Muitos dos trâmites de compra — como solicitação de cotações, propostas e contratos de compra — não são encontrados na maioria das compras feitas por consumidores. Os compradores profissionais passam a vida aprendendo a comprar melhor. Isso quer dizer que os profissionais de marketing organizacional devem oferecer informações impecáveis sobre seus produtos e suas vantagens em relação aos da concorrência. Diversas influências de compra: muitas pessoas influenciam o processo de tomada de decisão nas compras organizacionais. Para a compra de bens muito importantes, é comum que sejam designados comitês de compra, formados por técnicos e até pela alta gerência. As empresas que atuam nos mercados organizacionais têm de enviar vendedores ou mesmo equipes de vendas preparadas para lidar com compradores bem treinados. Vários contatos de venda: um estudo feito pela McGraw-Hill mostrou que, para fechar uma venda organizacional de porte médio, são necessários de 4 a 4,5 contatos. No caso de vendas de bens de capital para grandes projetos, é possível que haja várias tentativas de financiar o projeto, e o ciclo da venda — entre a cotação e a entrega do produto — costuma ser medido em anos. Demanda derivada: a demanda por bens organizacionais é, em última instância, derivada da demanda por bens de consumo. Por essa razão, os profissionais de marketing organizacional devem acompanharde perto os padrões de compra dos consumidores finais. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 17 Demanda inelástica: a demanda total de muitos bens e serviços organizacionais é inelástica — isto é, não é muito afetada por mudanças de preços. Demanda oscilante: demanda por bens e serviços organizacionais tende a ser mais volátil do que a demanda por bens e serviços de consumo. Compra direta: De modo geral, os compradores organizacionais compram diretamente de fabricantes e não de intermediários, sobretudo quando se trata de itens tecnicamente complexos ou caros. 2.4 - MERCADO GLOBAL Segundo Kotler (2016, p. 9), empresas que vendem seus produtos e serviços no mercado global enfrentam decisões e desafios adicionais. Elas têm de decidir em que países entrar, como entrar em cada país (como exportador, licenciador de franquia, parceiro em joint-venture, fabricante sob contrato ou fabricante autônomo), como adaptar as características de seus produtos e serviços a cada um deles, como determinar preços para seus produtos em países diferentes e como adaptar suas comunicações a diferentes culturas. Essas decisões devem ser tomadas em face de diferentes exigências em relação a compra, negociação, propriedade e formas de uso dos bens, de diferentes culturas, línguas e sistemas jurídicos e políticos e de moedas cujo valor pode flutuar. As empresas que constituem o mercado global precisam fazer algumas análises sobre qual país irá atender, se irá entrar nesse país como exportador, franquia, por meio de parceria ou de outra forma, deverá analisar questões de adaptações do produto daquele mercado local, aspectos referentes a preços nos diferentes países, a comunicação adequada à cultura daquele país. Para Kotler (2016, p. 12): Ao decidir ingressar no mercado internacional, a empresa deve ter definido os objetivos e políticas de marketing. Muitas empresas resolvem vender para os países vizinhos, porque os conhecem melhor e possuem custo de distribuição e controle menor. Outras vezes, o que determina a escolha é a afinidade cultural ou o ambiente ou renda do país ou o mercado consumidor ou os fatores político-legais, entre outros. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 18 Conforme o autor, os países candidatos devem ser avaliados inicialmente em três critérios principais, saber: 1. Atratividade de mercado: importância de sua força de trabalho e o crescimento populacional; 2. Vantagem competitiva: custo baixo e prioridade de negócio; 3. Risco: estabilidade da política e da economia. Para Keegan (2005), uma empresa envolvida com marketing global trabalha seus recursos nas oportunidades e ameaças do mercado. A empresa que utiliza marketing global conduz importantes atividades de negócios fora do mercado doméstico, sendo importante considerar a necessidade de obter informações, conceitos e estratégias específicas que devem ser aplicadas de acordo com os fundamentos de marketing. Caso contrário estará sujeita à concorrência de empresas estrangeiras que possuem produtos melhores, custos menores e consequentemente, mais experiência com mercados internacionais competitivos. Segundo Kotabe e Helsen (2000), com o exercício do marketing global aprende-se a perceber até que ponto seus produtos, serviços e planos de marketing podem ser expandidos mundialmente, assim como quantos devem ser adaptados. É necessário compreender que o marketing global não significa entrar em todo país do mundo, mas sim ampliar os horizontes de negócios para abranger o mundo identificando oportunidades e ameaças. A decisão de entrar em mercados estrangeiros depende dos recursos da empresa, das atitudes da diretoria e da natureza das oportunidades e ameaças. Um produto pode ser o mesmo em todos os lugares do mundo, e ainda assim ser diferente. 2.5 - MERCADO SEM FINS LUCRATIVOS De acordo com Kotler (2016, p. 9) empresas que vendem seus produtos a organizações sem fins lucrativos, como igrejas, universidades, instituições de caridade ou órgãos públicos, precisam determinar seus preços com cautela, pois essas organizações têm poder de compra limitado. Preços mais baixos afetam as características e a qualidade dos bens e serviços que o fornecedor pode incluir em sua oferta. Muitas compras do governo exigem licitação, e, na ausência de fatores que justifiquem um preço mais elevado, é favorecida a proposta que apresenta o menor preço. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 19 Para Junqueira (2002, p.14), as organizações sem fins lucrativos “são organizações públicas privadas, porque estão voltadas não à distribuição de lucros para acionistas ou diretores, mas para a realização de interesses públicos; entretanto, estão desvinculadas do aparato estatal”. Assim, Junqueira (2002, p. 2) destaca: Vários aspectos que as organizações sem fins lucrativos, em sua organização interna, buscam privilegiar, dentre os quais destacam-se: (1) cooperação e responsabilidade solidária, coletiva e compartilhada; (2) convivência de formas plurais de trabalho, compostas de assalariados, voluntários e outros parceiros; (3) fontes híbridas de recursos como de mercado (comercialização), não mercantis (financiamento ou suporte do Estado ou agências de fomento), não monetários (doações de bens ou serviços); (4) informação contínua, estreitando os vínculos com a entidade e com a causa; e (5) desenvolvimento de alianças e parcerias com outras entidades ou públicos diversos, pois não se pode esquecer do imperativo de independência e sustentabilidade. Sobre este assunto, Salomon (1997, p. 94) afirma que “estas organizações necessitam de “amarras sociais”, que implica na existência de uma posição favorável quanto aos aspectos sociais, econômicos e políticos”. Deste modo, o autor define quatro desafios críticos, sobre os quais sintetiza a sustentabilidade do Terceiro Setor. A saber: (I) desafio da legitimidade – ser reconhecido perante todos os setores da sociedade; (II) desafio da eficiência – ter capacidade e competência operacional; (III) desafio da sustentabilidade – possuir fundos que permita a prestação de seus serviços; e (IV) o desafio da colaboração – capacidade de estabelecer parcerias estratégicas com o Estado e com o setor empresarial. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 20 TEMA 02 PARTE 01 “Um mercado alvo consiste em um conjunto de compradores que têm necessidades e características que a empresa ou organização decide atender.” Philip Kotler 3. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO "Segmentação de mercado é o ato de dividir um mercado em grupos distintos de compradores com diferentes necessidades e respostas." (KOTLER, 2016, p. 257). A segmentação é a estratégia que auxilia a empresa a penetrar em focos escolhidos, facilitando o acesso ao consumidor por intermédio do ajuste da oferta à demanda e do produto ao mercado. Para Wood (2015, p. 83), segmentação de mercado é o processo de agrupar consumidores dentro de um mercado de acordo com necessidades, hábitos ou atitudes semelhantes que possam ser abordadas pelo marketing. Se todas as pessoas em todos os segmentos (sejam consumidores, sejam empresas) reagissem do mesmo modo ao mesmo mix de marketing, não haveria necessidade de segmentação, mas, como as pessoas não são iguais, as empresas podem abordar essas diferenças por meio do marketing. Segundo Kotler (2016), a chave para alcançar as metas organizacionais está no fato de a empresa ser mais efetiva que a concorrência na criação, entrega e comunicação de valor para o cliente de seus mercados-alvo selecionados. Wood (2015, p. 85) afiram que: A segmentação permite que os profissionais de marketing foquem nas oportunidades mais promissoras, o que melhora a eficiência e a eficácia do marketing, pois permite que a organização conheça os consumidores de cada segmento e saiba exatamente o que eles querem e do que precisam. Essa intimidade com o consumidor também permite que os profissionaisde marketing percebam mudanças no segmento e respondam rapidamente. Por último, a segmentação dá aos profissionais de marketing a escolha de entrar em segmentos em que apenas uns poucos concorrentes estão ativos ou nos quais seus concorrentes mais poderosos ou com mais recursos não estão competindo. O acrescenta ainda, que a segmentação é a base para decisões sobre definição de públicos-alvo e para a estratégia de cobertura, e mercado-alvo é o segmento do mercado total PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 21 que você escolhe para trabalhar. Com essas decisões, fica-se pronto para o posicionamento – dar a marca ou ao produto um lugar (posição) distinto e significativo na mente dos consumidores definidos como alvos. Conforme Wood (2015, p. 83): À medida que os mercados mudam e que o ambiente de marketing evolui, aquilo que já foi visto como um mercado de massa tornou-se fragmentado e diversificado. Por exemplo, os profissionais de marketing de produtos usados como cereais no café da manhã costumavam contar com anúncios na televisão para atingir milhões de pessoas durante o horário nobre. Hoje, a audiência das redes de TV está diminuindo à medida que um número cada vez maior de consumidores tem menos tempo e, também, usa mais outros meios de comunicação. Alguns consumidores compram filmes sob demanda e eventos esportivos a qualquer momento; outros baixam episódios pelo iTunes para assistir imediatamente ou mais tarde em uma TV, em um laptop, em um player de mídias digitais ou smartphone; alguns veem filmes em streaming na internet; outros, ainda, clicam para procurar e assistir a vídeos no YouTube. Sendo assim, os espectadores que estavam descontentes com o fato de alguns programas serem cancelados pelas redes de televisão agora podem ver novos episódios no Netflix, outra grande mudança na indústria televisiva. Para o autor, assim como não há duas pessoas com hábitos iguais de uso de meios de comunicação, não há duas pessoas que tenham a mesma história, as mesmas necessidades, atitudes, comportamentos, gostos e interesses. Por isso, os profissionais de marketing estão afastando-se do marketing de massa – que usa um mix de marketing para atingir o que, antigamente, era visto como um único mercado de massa – e indo em direção ao marketing segmentado. Lamb (2004) conclui que a segmentação de mercado tem um papel importante na estratégia de marketing de quase todas as organizações bem-sucedidas e é uma poderosa ferramenta de marketing, por diversas razões. A mais importante é que todos os mercados incluem grupos de pessoas ou organizações com diferentes necessidades e preferências de produtos. A segmentação de mercado ajuda os profissionais de marketing a definir mais precisamente as necessidades e desejos do consumidor. Devido ao fato de que os segmentos de mercado diferem de tamanho e potencial, a segmentação ajuda os tomadores de decisões a definir os objetivos de marketing de maneira mais precisa e a melhor alocar os recursos. Por sua vez, o desempenho pode ser mais bem-avaliado quando os objetivos são mais precisos. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 22 3.1 - MERCADO ALVO Mercado-alvo ou Público-alvo é um grupo de pessoas que compõem o perfil de consumidores para o qual um determinado negócio se destina. Portanto, é para elas que se volta o foco das ações de marketing e vendas, considerando o interesse ou predisposição em adquirir as suas soluções. “Mercado-alvo é o segmento do mercado total que você escolhe para trabalhar. Com essas decisões você está pronto para o posicionamento – dar à marca ou ao produto um lugar. ” (WOOD, 2015, p. 85) De acordo com Kotler (2016, p. 22), uma empresa raramente consegue satisfazer a todos em um mercado. Nem todos gostam do mesmo cereal, quarto de hotel, restaurante, automóvel, curso ou filme. Portanto, os profissionais de marketing começam dividindo o mercado em segmentos. Após examinar diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais entre os compradores, eles identificam e descrevem grupos distintos que podem preferir ou exigir vários mixes diferentes de produtos ou serviços. Para cada mercado-alvo escolhido, a empresa desenvolve uma oferta de mercado. Figura 3: Segmentação, definição de público-alvo e posicionamento (Wood, 2015, p. 85) Público-alvo ou Target é o foco das áreas de marketing da empresa. São as pessoas a quem dirigimos nossas estratégias, buscando atender seus desejos e necessidades. As primeiras visões do marketing vislumbravam o que chamamos de Marketing de Massa, ou seja, considerava- se uma grande população ou uma parte dela, porém sem diferenciar os vários segmentos que a compõem. Pensava-se unicamente em procurar atender a maioria das pessoas, já que agradar 100% delas é praticamente impossível. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 23 Para Day (2001), compreender o mercado significa cultivar a percepção de oportunidades, a previsão dos movimentos dos concorrentes e a tomada de decisões baseadas nos fatos, sejam eles comportamentos reais de clientes e concorrentes ou informações que apontem para as oportunidades e riscos futuros. O mesmo autor enfatiza que aprender a lógica de funcionamento dos mercados compradores e competidores, bem como entender como as mudanças nas “regras do jogo” acontecem, são fatores críticos para uma organização se manter competitiva em cenários turbulentos. Conforme Kotler (2013) a seleção de mercados é uma das decisões mais importantes que uma empresa pode enfrentar. Construir um estudo para apoiar a seleção de mercados e setores onde há oportunidades de uma empresa assumir posição sólida é extremamente necessário. A empresa deve examinar dois fatores: a atratividade global do segmento escolhido e os objetivos e recursos da empresa, questionando se há características que o tornam viável como tamanho, crescimento, aproveitamento, risco e competências disponíveis para crescimento deste segmento. Hooley (2005), pondera que a definição dos mercados que a empresa está avaliando como alvo é uma questão de mensuração, comparação competitiva e critério de necessidades dos clientes. Para abordar a definição de um mercado é importante levar em consideração que os mercados mudam, caracterizando a estratégia de marketing sob constante mudança, compreensão do setor atual e o mercado pela perspectiva do cliente e definições diferentes de mercado de acordo com os objetivos. 3.2 - NECESSIDADES DO MERCADO ALVO É preciso saber por que os clientes compram ou deveriam comprar seus produtos ao invés dos produtos dos concorrentes. Para isso, é necessário identificar as reais necessidades do consumidor, que muitas vezes vão além daquilo que eles declaram. Isso é fundamental para montar uma estratégia de posicionamento, de branding e para criar uma proposta de valor. De acordo com Hooley (2005), as bases usadas na segmentação de mercados podem ser agrupadas em três classes: as características básicas dos clientes, atitudes dos clientes e comportamento dos clientes, caracterizando-se como predisposição do indivíduo para ação e seu real comportamento no mercado. Por meio da segmentação de mercado, pode-se conhecer melhor as necessidades e desejos dos clientes. Este conhecimento se aprofunda, à medida que novas variáveis de segmentação são combinadas entre si, proporcionando maior conhecimento individual do cliente. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 24 3.3 - CONCORRENTES “Concorrência é uma característica de mercado decorrente da ação de empresas rivais, denominadas competidoras ou concorrentes, que disputam os mesmos clientes, consumidores ou fornecedores”. (PORTER, 2004). É muito comum existir uma certa confusão por parte das pessoas quando falamos em termos de concorrente. É natural entender este integrante de mercado como simplesmente as empresas que fabricam e oferecem ao mercado os mesmos produtos queoutra organização, mas será que é somente nesta situação que enxergamos os concorrentes? Kotler (2016, p. 132), afirma que os concorrentes vão um pouco além das empresas que oferecem os mesmos produtos aos consumidores. Em uma economia competitiva pela qual as empresas se encontram, entendemos por concorrentes todas as ofertas e os substitutos rivais, reais e potenciais que um comprador possa considerar. Isso quer dizer que toda e qualquer oferta de mercado que impeça a sua empresa de lucrar, vender e investir são considerados como concorrentes. Para Chiavenato (2007), os concorrentes podem disputar clientes, consumidores ou usuários, como é o caso de empresas que oferecem os mesmos produtos ou serviços colocados no mesmo mercado consumidor. Podem disputar também os recursos necessários, como é o caso de empresas que precisam das mesmas entradas, entre as quais dinheiro, materiais e matérias- primas, máquinas e equipamentos, tecnologia, recursos humanos, serviços. A concorrência quanto a saídas ou entrada provoca alterações no mecanismo de ofertas e procura do mercado, interferindo nas disponibilidades, nos preços, na qualidade e na relativa facilidade ou dificuldade na obtenção dos recursos indispensáveis às operações da empresa. A concorrência afeta a dinâmica do ambiente, provocando turbulência e reatividade ambiental. Santos (2010, p. 39) descreve que “concorrentes são as organizações que competem, por um lado, pela participação no mercado e, por outro, pela obtenção de recursos e agem para diminuir a rentabilidade das demais entidades abaixo do custo de oportunidade do capital investido”. Sobre isto, Kotler (2016), esclarece que enquanto os bons concorrentes aceitam as regras do setor industrial, ou seja, fixam preços razoáveis em relação aos custos, limitam-se a uma parcela ou segmento do setor, motivam outras empresas a baixar custos ou a melhorar a diferenciação e aceitam o nível geral de suas participações de mercado e de lucros, os maus não aceitam as regras e tentam comprar participação em vez de conquistar, assumem grandes riscos, PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 25 investem em capacidade de produção excessiva e, consequentemente, descontrolam o equilíbrio do setor. 3.4 - TIPOS DE CONCORRENTES Agora que já sabemos que concorrentes são todas as empresas que brigam, dentro de um determinado mercado, pelo bolso do consumidor, passamos a classificá-los. Esta classificação se torna importante, pois o profissional de marketing precisa conhecer e saber analisar criteriosamente o seu “inimigo de batalha”. Desta forma, podemos classificar os concorrentes na seguinte tipologia: Concorrente Direto – são aqueles que concorrem no mercado ofertando o mesmo produto ao consumidor, como por exemplo, a Guerra das Cervejas – Skol x Kaiser. Concorrente Indireto - existem empresas que concorrem no mesmo mercado com produtos diferentes, mas que satisfazem a mesma necessidade do consumidos, como por exemplo, um Refrigerante X Água. Concorrente Genérico – são aqueles que concorrem pelo bolso do consumidor, com produtos e necessidades distintas, como no caso da Unilever x Casas Bahia. Concorrente Empresarial – é a concorrência de empresa contra empresa dentro de um determinado setor, independente dos produtos que ofertem ao mercado, como por exemplo, o Itaú x Bradesco. É a concorrência em um nível mais amplo e independe de sua linha de produtos. Porter (2004) apresentou um modelo integrado com técnicas que visam ajudar na análise da concorrência existente no ambiente em que as empresas estão inseridas. As cinco forças competitivas de Porter são: Entrantes em potencial: novas empresas que entram para o mercado trazem nova capacidade, o desejo de ganhar parcela desse mercado e muitas vezes os recursos substanciais. Como consequência, os preços podem cair ou os custos dos participantes podem ser inflacionados, reduzindo a rentabilidade. A ameaça de entrante depende das barreiras de entrada existentes, juntamente com a reação que o novo concorrente pode esperar da parte dos concorrentes já existentes. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 26 Rivalidade entre os concorrentes existentes: todas as empresas que concorrem pela preferência dos clientes estão em rivalidade. Esta rivalidade consiste em uma disputa por posição com uso de táticas como concorrência de preços, batalhas de publicidade, introdução de produtos e aumento dos serviços ou das garantias ao cliente. Isso ocorre por que um ou mais concorrentes sentem-se pressionados ou percebem a oportunidade de melhorar a sua posição. Porter (2009, p. 39) descreve que “diferenciar o produto ou o serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único no âmbito da indústria” garante uma vantagem competitiva. Pressão dos produtos ou serviços substitutos: todas as empresas no mercado competem com outras que fabricam produtos substitutos, ou seja, produtos que possam desempenhar a mesma função que as produzidas pela indústria. Esses substitutos reduzem os retornos potenciais de uma indústria, colocando um teto nos preços que as empresas podem fixar com lucro. Quanto mais atrativa a alternativa de preço-desempenho oferecida pelos produtos substitutos, mais firme será a pressão sobre os lucros da indústria. Poder de negociação dos clientes: os clientes competem com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros. Poder de negociação dos fornecedores: os fornecedores podem exercer poder de negociação sobre os participantes de uma indústria ameaçando aumentar preços ou reduzir a qualidade dos bens e serviços fornecidos. Caso não se tenha muita opção de fornecedor, estes podem aumentar preços ou até mesmo vetar a venda para determinadas empresas. A falta de substitutos para o produto que eles oferecem e a importância de tal produto para os compradores podem afetar a negociação dos fornecedores. 3.5 - BARREIRAS À ENTRADA Barreiras à entrada são os fatores que representam potenciais obstáculos para que uma empresa comece a atuar em um segmento ou mercado. A ameaça de entrada em uma indústria depende das barreiras de entrada existentes, em conjunto com a reação que o novo concorrente pode esperar da parte dos concorrentes já existentes. De acordo com Porter (2004), existem seis tipos de barreiras à entrada: economia de escala, diferenciação do produto, necessidade de capital, custos de mudança, acesso a canais de distribuição e a política governamental. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 27 1) Economia de Escala: detém a entrada forçando a empresa entrante a ingressar em larga escala e arriscar-se a uma forte reação das empresas existentes ou ingressar em pequena escala e sujeitar-se a uma desvantagem de custo; duas opções indesejáveis. 2) Diferenciação do Produto: refere-se à marca identificada e ao sentimento de lealdade desenvolvidos pelas empresas estabelecidas perante os clientes. 3) Necessidade Capital: refere-se à necessidade de investir recursos financeiros para atividades arriscadas e irrecuperáveis como a publicidade inicial ou para pesquisa e desenvolvimento (P&D). 4) Custos de Mudança: é uma barreira de entrada criada pela presença de custos de mudança, ou seja, custos com que se defronta o comprador quando muda de um fornecedor de produto para outro. 5) Acesso de Canais de Distribuição: pode ser criada pela necessidade da nova entrante de assegurar a distribuição do produto. 6) Política Governamental: esta barreira de entrada diz respeito à política governamental onde o governo pode limitar ou até mesmo impedir a entrada em indústria com controles como licenças de funcionamento e limites de acesso às matérias-primas. 3.6 - REGULAMENTAÇÃO Geralmente, é tudo aquilo que não está no controle pessoal dos donos do negócio, mas sim no doGoverno, órgão protetores e até mesmo nas instituições não-governamentais, que também exercem influência em alguns setores do mercado, como é o caso dos grupos de defesa do meio ambiente, por exemplo. Quando falamos de regulamentações, estamos falando basicamente de regras, leis, medidas decretos, etc. Segundo Chiavenato (2007), os fatores políticos dizem respeito a decisões governamentais no nível federal, estadual e municipal capazes de afetar as atividades e operações da empresa. A legislação nos âmbitos federal, estadual e municipal vem afetando cada vez mais as operações e atividades das empresas. A legislação sobre assuntos, como salários e controles de preços, higiene e segurança do trabalho, concessão de crédito direto ao consumidor, construção de edifícios, condições de trabalho, faturamento, estocagem e depósitos de matérias-primas e de produtos acabados, além de impostos e uma infinidade de outros aspectos, tornam a atividade empresarial sujeita a limitações e restrições legais. Muitas vezes, a estratégia empresarial esbarra em certos impedimentos legais. Chiavenato (2007) afirma que entidades governamentais, sindicatos, PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 28 associações de classe, opinião pública, podem interferir nas atividades e operações das empresas, quase sempre para vigiá-las e provocar restrições e limitações, reduzindo o grau de liberdade no processo de tomada de decisão da empresa. Em casos de hostilidade neste setor do ambiente de tarefa, a empresa precisa adotar estratégias bem planejadas e implementadas para reduzir ou neutralizar as coações e ameaças externas. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 29 TEMA 02 PARTE 02 “Estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento”. Michael Porter 4. GLOBALIZAÇÃO “As três últimas décadas foram caracterizadas por uma extrema intensificação das interações transnacionais, levando a que alguns autores as considerassem uma ruptura relativamente às anteriores formas de interação, um fenômeno designado de globalização.” (SANTOS, 2001). De acordo com Nosé (2005), globalização significa a tendência de uniformização ou padronização de quase todos os setores (economia, cultura, comunicação, tecnologia). É um processo contínuo e acelerado que tem impulsionado mudanças no âmbito mundial, e que tem levado as empresas a desenvolverem uma estratégia de marketing diferente, dependendo do grau de experiência e da natureza das operações em mercados internacionais, tendo como objetivo a padronização de produtos, a diminuição dos custos e lucros cada vez maiores. Murteira (2003) define globalização como um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas económicas nacionais pela esfera megaeconômica, ao mesmo tempo em que se adensam as relações de interdependência, dominação e dependência entre os atores internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram pôr em prática as suas estratégias no mercado global. Para Kotler (2013), a globalização tem intensificado a competição entre empresas. Organizações que operam apenas no ambiente doméstico têm se preocupado com concorrentes estrangeiros em seu próprio mercado de atuação. A melhor forma de competição entre empresas é a melhoria de seus produtos e a inserção no mercado internacional. Segundo Salim (2001), os próprios empresários têm impulsionado a Globalização, na medida em que tomam decisões que afetam os fluxos de capital em uma grande proporção, por exemplo. Isso vem tornando a globalização algo desejável. O crescente número de países que estão buscando o livre mercado, a possibilidade de crescimento econômico de países em desenvolvimento, uma grande disputa entre empresas em busca de clientes e a tecnologia PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 30 eliminando as barreiras de comunicação, tornando a comunicação entre países mais viável e eficiente, são consequências de todas essas tendências trazidas pela globalização. Neste sentido, Kotler (2013, p.357), uma empresa global é: [...] aquela que opera em mais de um país e obtém vantagens de pesquisa e desenvolvimento, produção, logística, marketing, finanças, custos e reputação, que não estão disponíveis para os concorrentes domésticos. 4.1 - GLOBALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS Para Robbins (2009, p. 6), as organizações não se limitam mais às fronteiras dos países. A rede Burger King pertence a uma empresa inglesa, e a rede McDonald’s vende seus hambúrgueres em Moscou. A Exxon, tida como uma empresa norte-americana tem 75 por cento de suas receitas provenientes de vendas fora dos Estados Unidos. Os novos funcionários da fábrica de telefones Nokia, em suas instalações na Finlândia, vêm sendo recrutados na China, na índia e em outros países em desenvolvimento. No centro de pesquisas da empresa em Helsinki, os funcionários estrangeiros já são em maior número do que os finlandeses. As principais indústrias automobilísticas fabricam seus veículos em outros países. Por exemplo, a Honda produz seus carros em Ohio, Estados Unidos; a Ford, no Brasil; a Mercedes e a BMW, na África do Sul. Esses exemplos ilustram a afirmação de que o mundo virou uma aldeia global. Assim, os executivos precisam aprender a lidar com pessoas de diferentes culturas. Diante de tamanha competitividade, as empresas precisam avaliar suas estratégias, melhorar sua posição no setor a qual faz parte, trabalhando conceitos importantes para captar novos consumidores e a fidelidade dos que já conhecem sua marca. Diante disso, as organizações precisam rever seus processos, focar a melhoria contínua e fazer uma análise dos pontos positivos e negativos que venham a impactar no negócio. De acordo com Strauss e Frost (2012, p. 56) a globalização mudou a forma como os profissionais de marketing conduzem os negócios. Mercados de difícil acesso devido à distância física da sede da empresa ou devido a um perfil de compra do consumidor não atendido pela empresa são cada vez mais pretendidos. Avanços significativos em telecomunicações e tecnologias de computação estão conduzindo essa mudança, criando, portanto, um universo de oportunidades. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 31 4.2 - CARACTERÍSTICAS DO MERCADO ATUAL Wood (2015, p. 59) afirma que assim como o ambiente de marketing, o mercado também é altamente mutável. Em um mercado consumidor, as pessoas estão comprando para si mesmas ou para suas famílias; em um mercado de empresas, as pessoas estão comprando para empresas, grupos sem fins lucrativos ou outras organizações. Ao pensar em um “mercado”, precisamos pensar em “pessoas”, porque em última instância são pessoas que tomam as decisões de compras para elas mesmas, para suas casas ou para empresas. Os comportamentos e as atitudes das pessoas podem mudar a qualquer momento, criando novos mercados e mudando os existentes. Algumas vezes, as mudanças podem ser extremas, a ponto de mercados desaparecerem. 4.3 - MULTICULTURALIDADE Para Wood (2015, p. 69) como compradores, os consumidores sentem a influência da cultura nacional ou regional em que foram criados, assim como da cultura do local em que vivem. Isso significa que consumidores de diferentes países abordam situações de compra de diferentes perspectivas em funções de valores de valores, crenças e preferências, e, sem pesquisa, profissionais de marketing não têm como saber exatamente quais são as diferenças e como lidar com elas. De acordo com Malhora (2011), as empresas estão cada vez mais inaugurando filiais situadas em outros países. Nesse contexto, a figura dos agentes que desenvolvem vínculos internacionais merece valorização, pois são eles que atuam como elo entre os mercados exportadores e importadores. As sociedadesatuais são marcadas pela diversidade de raças, etnias, culturas, gênero e outras características que formam as identidades dos sujeitos, tratando-se, portanto, de sociedades multiculturais (CANEN e CANEN, 2001 apud CANEN e CANEN, 2005). Os termos diversidade cultural e sociedades multiculturais apenas definem o caráter dessas sociedades, já o termo multiculturalismo vai além dessa constatação. O foco principal do multiculturalismo são as diferenças, como entender suas fontes e como administrá-las. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 32 Canen e Canen (2005) dizem que as instituições, seus pressupostos e suas dinâmicas são construções de grupos humanos, em sociedades específicas, inspiradas por valores culturais singulares, intimamente ligados a interesses econômicos e políticos. Entende-se por organização multicultural aquela em que trabalham indivíduos de diferentes perspectivas culturais e que articula suas atividades a esta pluralidade, levando-a em consideração no próprio processo de construção da cultura organizacional, tendo como consequência melhor desempenho empresarial. Uma organização multicultural deve incentivar e valorizar as diferenças culturais. 4.4 - COMUNICAÇÃO EM MASSA De acordo com Gil (2011, p. 33), se os avanços tecnológicos são capazes de produzir notáveis mudanças nas empresas, os avanços no domínio da comunicação são responsáveis por uma verdadeira revolução. A internet transformou o planeta numa “aldeia global”, possibilitando não apenas a transmissão e a recepção de informações, mas também a realização de transações comerciais significativas, bem como a aplicação em bolsas dos mais diversos países do mundo. Gil (2011, p. 33) afirma que para que essas tecnologias avançadas possibilitem informação significativa, relevante e precisa, é necessário que sejam garantidas por um suporte humano e inteligente. A comunicação, embora no cenário contemporâneo evoque mais facilmente a parafernália de equipamentos que a envolve, ainda constitui a mais notável de todas as capacidades humanas, que necessita ser adequadamente gerida pelas organizações. As pessoas constituem, portanto, o mais importante elemento para as efetivas respostas às mudanças no ambiente das comunicações. 4.5 - AVANÇO TECNOLÓGICO Gil (2011) observa que o ambiente em que se situam as organizações apresenta-se cada vez mais volátil. A cada dia surgem máquinas melhores e softwares mais inteligentes. A evolução da informática vem proporcionando com frequência cada vez maior a troca de operadores por computadores e robôs. Como o ritmo de mudança torna-se cada vez mais veloz, logo após a introdução de novas tecnologias já se percebe a necessidade de inovar. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 33 As mudanças ambientais costumam determinar não apenas o aperfeiçoamento tecnológico das máquinas, equipamentos e ferramentas das empresas, mas muitas vezes sua própria transferência para outra localidade ou mesmo a desativação de alguns de seus setores. Assim, cada mudança tecnológica passa a requerer também a adoção de ações significativas em relação a seu pessoal com vista em minimizar os riscos decorrentes dessa resistência. Se as empresas quiserem prosperar, ou pelo menos sobreviver, deverão ajustar-se rápida e efetivamente a esse ritmo de mudança. 4.6 - AUMENTO DA QUALIDADE Para Tachizawa e Faria (2008), a necessidade de responder com rapidez às mudanças nas condições de mercado, às ameaças competitivas e às exigências dos clientes, representa um estímulo para as organizações. A velocidade constitui uma fonte fundamental de vantagem competitiva sendo que, um dos principais desafios deste novo milênio, compreende a necessidade da utilização dos padrões de desempenho e do uso rigoroso de mecanismos econômicos, a fim de obter produtos e serviços com a máxima qualidade possível. 4.7- INSTABILIDADE E MUDANÇAS CADA VEZ MAIS RÁPIDAS “A mudança deve ser encarada como um processo permanente, contínuo, uma necessidade de atualização que gera atualização. A reprodução de modelos passados representa a contradição de uma cultura a ser sustentada pela inovação e, portanto, voltada para o futuro”. (VIEIRA; VIEIRA, 2003) Kotler (2013, p. 30) afirma que o planejamento estratégico é à base do planejamento de uma empresa. As empresas normalmente preparam planos anuais, planos de longo prazo e planos estratégicos. Os planos anuais e de longo prazo tratam de negócios atuais da empresa e de como a manter em andamento. Em contrapartida, o plano estratégico envolve adaptar a empresa para que ela consiga obter vantagens das oportunidades do ambiente em constante mudança. Atualmente, pessoas, ambientes, tecnologias e processos mudam muito rápido, fazendo com que as organizações tenham necessidade de se adaptar rapidamente, de avaliarem a sua estratégia constantemente e estejam atentas às reais necessidades mercadológicas PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 34 4.8 - DIFERENCIAIS COMPETITIVOS Para Porter (apud Magretta, 2012, p. 43), a competição estratégica significa escolher um caminho diferente daquele tomado pelos outros. Em vez de competir para ser o melhor, as empresas podem – e devem – competir para ser única. Esse conceito trata de valor. Trata do caráter único do valor que se cria e de como ele é criado. A competição para ser único reflete uma mentalidade distinta e um modo de pensar distinto a respeito da natureza da competição. Nesse caso, as empresas perseguem maneiras singulares de competir, visando ao atendimento de conjuntos diferentes de necessidades e clientes. O foco, em outras palavras, está em criar valor superior para um público-alvo selecionado, e não em imitar ou medir forças com a concorrência. Nesse ponto, visto que os consumidores dispõem de escolhas reais, o preço é apenas uma das variáveis competitivas. A competição é um substantivo singular. No entanto, Porter (apud MAGRETTA 2012, p. 45) recorda que, na prática, a competição assume quase tantas formas quanto os setores existentes. Dada a complexidade da tarefa do gestor, é compreensível que tantos deles estejam ávidos por simplificação - uma receita simples para o sucesso. Na visão de Porte, se houvesse somente um meio eficaz de competir, muitas empresas, se não todas elas, a adotariam. A competição terminaria em empate, na melhor das hipóteses, ou em destruição mútua, na pior. Em vez disso, a competição é multidimensional, e a estratégia consiste em fazer escolhas entre diversas dimensões, e não apenas em uma. Não há uma única prescrição acerca das escolhas a fazer que seja válida para todas as empresas, em todos os setores. “Felizmente, porém, isso não significa que a estratégia é um vale-tudo intelectual. Pelo contrário, há princípios subjacentes que podem ser utilizados para analisar qualquer situação competitiva e determinar quais escolhas fazem sentido.” (MAGRETTA, 2012, p. 46) Para Magretta (2012, p. 82) os profissionais de marketing têm sua própria definição de diferenciação: é o processo de estabelecer na mente dos consumidores como um produto difere dos demais. Duas marcas de iogurte podem ser vendidas pelo mesmo preço, mas é divulgado que a Marca A possui “50% menos calorias.” Para Porter, a diferenciação refere-se à capacidade de cobrar um preço relativo maior, afinal, o objetivo da estratégia é a lucratividade. PESQUISA E ANÁLISE DE MERCADO 35 4.9 - LIDERANÇA DE CUSTO A estratégia de liderança no custo é uma estratégia que exige um esforço muito grande de toda a empresa, pois ela busca obter uma vantagem competitiva oferecendo ao mercado suas mercadorias com custo mais baixo em relação a seu concorrente. Segundo Porter (2004), essa estratégia consiste em atingir a liderança no custo total em uma indústria a partir da aplicação de um conjunto de políticas funcionais firmemente orientadas para esse objetivo. Dessa forma,
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