Prévia do material em texto
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UTI: ADMISSÃO E ALTA Profª Rhanná Hindira ENFERMEIRA/COREN AP 541846 O objetivo da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é prover suporte médico e tecnológico de alta complexidade, de modo temporário, para pacientes graves ou potencialmente graves, avaliados conforme critérios pré-estabelecidos. O tratamento em terapia intensiva é uma modalidade avançada e indispensável e deve estar acessível a todo paciente com real indicação. Nem todo paciente grave ou potencialmente grave deve ir à UTI, e sim apenas os que apresentam possibilidade de reversibilidade clínica. Pacientes com quadro clínico agudo ou crônico agudizado reversível que se beneficiem de monitorização e tratamento intensivos, que não o poderiam receber na enfermaria. Estes pacientes geralmente apresentam falência da função de um ou mais órgãos e devem ser admitidos antes da lesão estar instalada em caráter de irreversibilidade Avaliação e condução dos pacientes com solicitação de vaga para UTI A solicitação de vaga em UTI poderá ser feita por qualquer médico que julgue haver indicação para tal, preferencialmente utilizando formulário especificamente elaborado para este fim (instituição); A avaliação do paciente para o qual se pleiteia uma vaga na UTI caberá ao médico chefe do plantão da unidade solicitante, para as solicitações procedentes das urgências/emergências e caberá ao médico responsável pelo paciente nos demais casos. Quando possível, a equipe médica da UTI do hospital no qual o paciente se encontra pode e deve ser consultada para opinar sobre a indicação de internamento em UTI. O processo de decisão sobre a indicação de UTI deve estar registado em prontuário, bem como qual o destino do paciente: se há ou não vagas no hospital e, em não havendo vagas, qual o protocolo de cadastro de solicitação de vaga de UTI junto à Central de Regulação de Leitos do Estado (CRL). Não havendo UTI no hospital, deverá haver contato imediato entre o médico solicitante e o médico regulador da CRL para discutir caso a caso O médico solicitante deverá registrar o paciente na CRL, referindo informações clínicas, laboratoriais e a definição de prioridade de internamento; A determinação do leito e serviço onde o paciente será internado caberá à CRL, dependendo da prioridade e das características específicas do caso, devendo-se levar em conta a disponibilidade de tratamento específico de cada hospital (necessidade de seguimento neurológico, neurocirúrgico, diálise, ortopedia, apoio obstétrico, por exemplo). Deverá haver preferência na ocupação dos leitos pelos pacientes internados no próprio hospital. A Direção do hospital deverá ser comunicada formalmente, pelo médico solicitante, em todo caso em que houver indicação de UTI, mas haja indisponibilidade de vagas tanto no hospital, quanto através da CRL. A transferência do paciente ao serviço para onde foi regulado deverá ser providenciada pelo hospital solicitante: O transporte intra-hospitalar deverá ser realizado com acompanhamento médico e com todo equipamento básico para reanimação e suporte ventilatório. A transferência inter-hospitalar deverá ser realizada em UTI- móvel devidamente equipada e com acompanhamento médico. Caberá à Diretoria de cada hospital prover condições adequadas de remoção do referido paciente e, na sua impossibilidade, caberá à Secretaria Estadual de Saúde oferecer meios para realização dessa remoção Caso a transferência não seja possível, o paciente deverá continuar a ser assistido, tratado, evoluído e prescrito no local de origem, pelos profissionais do setor, com orientação, quando necessário, de um médico membro da equipe da UTI do hospital, ou intensivista indicado pela CRL, enquanto aguarda a vaga. Não se justifica indicação de UTI baseada exclusivamente em situações como: vontade do médico e/ou familiares; desejo de “fazer tudo”; convicções morais ou religiosas; parentesco ou amizade com funcionários do hospital; recomendação política; receio de problemas legais; conforto para o paciente terminal. Fatores que devem ser considerados antes da admissão na UTI: diagnóstico e comorbidades; gravidade; idade e reserva fisiológica; prognóstico; qualidade do tratamento já instituído; resposta ao tratamento; qualidade de vida prévia ao evento atual; desejos do paciente. Pacientes definidos pela equipe assistente como fora de possibilidade terapêutica, não devem ser transferidos para UTI. Estabelecimento de graus de prioridades para a admissão dos pacientes em UTI, levando em consideração todos os fatores: Prioridade 1: Criticamente doentes, instáveis, necessitando de monitorização e tratamento intensivos que não podem ser oferecidos fora da UTI. Entre os suportes necessários estão incluídos o ventilatório, hemodinâmico (uso de drogas vasoativas) etc. Pacientes em Prioridade 1 geralmente não possuem limites a terapêutica a ser recebida. Exemplos: politraumatizados, insuficiência respiratória aguda, choque hemodinâmico. Prioridade II: Estes pacientes requerem monitorização intensiva e podem potencialmente demandar intervenção imediata. Geralmente não há limitação terapêutica estipulada para estes pacientes. Exemplos: pacientes com doenças crônicas agudizadas Prioridade III : Estes pacientes instáveis são doentes críticos, porém a probabilidade de recuperação é reduzida devido à doença de base ou gravidade da doença atual. Eles podem se beneficiar da terapia intensiva para aliviar o quadro agudo, mas pode haver algum grau de limitação de esforços. Exemplos: choque séptico em paciente com neoplasia maligna metastática. Prioridade IV: São pacientes que geralmente não têm indicação de admissão em UTI. Os casos devem ser analisados individualmente e em algumas situações pode ocorrer a internação. Eles podem ser classificados em duas categorias: A. Pouco ou nenhum benefício em receber cuidados intensivos devido à baixa complexidade de sua condição (estão muito bem para beneficiar de cuidados intensivos). Exemplos: cirurgia vascular periférica, cetoacidose diabética estável. B. Pacientes em condições terminais e irreversíveis em morte iminente (muito graves para se beneficiar da UTI). Exemplos: estado vegetativo persistente, diretivas antecipadas. Critérios de prioridade não dependente do quadro clínico do paciente: pacientes próprios do hospital onde há a vaga de UTI; complicações reversíveis de procedimentos médicos realizados. Critérios referentes à alta da UTI: Todo paciente que deixou de apresentar as alterações que indicaram seu internamento na UTI, seja por melhora ou agravamento do seu quadro clínico, tornando-se um paciente sem indicação de intervenções agudas (pacientes crônicos ou terminais) deverá ser avaliado diariamente, pela equipe médica da UTI, para alta. Essa alta deverá ter, preferencialmente, a anuência de um especialista em Medicina Intensiva. Nenhum paciente sem condições de alta deve ser transferido para outra unidade de menor complexidade para proporcionar vaga para outro paciente, independentemente deste ser mais grave que o primeiro. Não se deverá reter paciente no leito para “assegurar vaga” para outro. ADMISSÃO, ALTA, TRANSFERÊNCIA E ÓBITO ADMISSÃO: entrada do cliente e família/acompanhante na unidade de internação, por internação, incluindo transferências externas ou por transferências internas. Procedimentos de enfermagem – o que anotar? Nome completo do paciente, data e hora da admissão; Procedência do paciente; Condições de chegada (deambulando, em maca, cadeira de rodas, etc.); Nível de consciência: Lucidez/Orientação; Presença de acompanhante ou responsável; Condições de higiene; Presença de lesões prévias e sua localização:feridas corto- contusas, hematoma, úlceras de pressão ou crônicas, e outras; Descrever deficiências, se houver; Uso de próteses ou órteses, se houver; Queixas relacionadas ao motivo da internação Procedimentos / cuidados realizados, conforme prescrição ou rotina institucional (mensuração de sinais vitais, punção de acesso venoso, coleta de exames, necessidade de elevação de grades, contenção, etc.); Rol de valores e pertences do paciente; Orientações prestadas; Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento; PAPEL DA ENFERMAGEM ENFERMEIRO: Receber o plantão do enfermeiro responsável pelo setor de origem, tomando conhecimento adequado do motivo da internação e seu grau de estabilidade/instabilidade; Receber o prontuário, exames de imagens, medicações das 24 horas; Informar a paciente sobre a permanência e orientações do setor; Registrar paciente no Livro de Registro de pacientes atentando para o diagnóstico médico; Orientar a família sobre os horários de visita e permanência de pertences. TÉCNICO DE ENFERMAGEM: Recepcionar o paciente, posicioná-lo no leito, proporcionando privacidade e conforto; Solicitar que o paciente, caso esteja consciente, retire suas roupas e pertences pessoais e vista a camisola da instituição. Caso o mesmo esteja inconsciente, esta ação deverá ser executada pelo profissional; Informar o paciente sobre a permanência e orientações do setor, quando o mesmo encontrar-se consciente e orientado, lembrando que sempre na admissão não serão permitidos objetos ou valores pessoais, devendo entregá-los a família ou guardados até o comparecimento da visita; Realizar a aferição do SSVV; Prestar cuidados necessários com relação à terapêutica instituída, monitorização e controles; Realizar todas as anotações de enfermagem necessárias. ALTA: ou saída do cliente por alta (curado, melhorado ou inalterado), evasão, desistência do tratamento, transferência interna, transferência externa ou óbito. Procedimentos de enfermagem – o que anotar? Data e horário; Condições de saída (deambulando, maca ou cadeira de rodas, presença de lesões, nível de consciência, presença de dispositivos como sonda vesical de demora, cateter de duplo lúmen, etc.); Procedimentos / cuidados realizados, conforme prescrição ou rotina institucional (mensuração de sinais vitais, retirada de cateter venoso, etc.); Orientações prestadas; Entrega do rol de pertences e valores ao paciente ou acompanhante; Transporte para o domicílio: da instituição ou próprio; Importante o registro real do horário de saída do paciente e se saiu acompanhado. Registrar ainda se foi alta médica, administrativa ou a pedido do paciente ou família. Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento PAPEL DA ENFERMAGEM Enfermeiro: Conferir se a alta hospitalar está assinada pelo médico na prescrição e na evolução médica; Realizar a evolução de enfermagem referente à alta da paciente; Realizar o check-list do prontuário; Entrar em contato com familiar ou responsável pela paciente; Após chegada do responsável, preencher Aviso de Alta; Acompanhar a paciente até a saída da unidade; Anotar no livro de registro de pacientes o horário, dia e nome do profissional, a alta do paciente; Organizar prontuários, exames de imagem e medicações; Solicitar a desinfecção terminal do leito ao Serviço de Higienização e Limpeza. TÉCNICO DE ENFERMAGEM: Realizar as anotações de enfermagem, referindo a alta médica; Separar as medicações de uso nas 24hs seguintes; Acomodar a paciente em maca ou cadeira de rodas; Encaminhar a paciente para o setor de destino; Encaminhar roupas ao hamper e artigos usados na assistência ao paciente ao CME; TRANSFERÊNCIA INTERNA: Transferência do paciente de um setor para o outro, dentro do próprio hospital. Procedimentos de enfermagem – o que anotar? Motivo da transferência; Data e horário; Setor de destino e forma de transporte; Procedimentos / cuidados realizados (punção de acesso venoso, instalação de oxigênio, sinais vitais, etc.); Condições na saída (maca, cadeira de rodas, nível de consciência, presença de lesões); Queixas; Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento e transferência. TRANSFERÊNCIA EXTERNA: Mudança de um cliente de um hospital para outro. Procedimentos de enfermagem – o que anotar? Motivo da transferência; Data e horário; Instituição de destino, forma de transporte e encaminhamento; Procedimentos/cuidados realizados (punção de acesso venoso, instalação de oxigênio, sinais vitais, etc.); Condições na saída (maca, cadeira de rodas, nível de consciência, presença de lesões); Presença de acompanhante; Queixas; Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento e transferência. ÓBITO: aquele que ocorre após o cliente ter dado entrada no hospital independente do fato dos procedimentos administrativos relacionados à internação já terem sido realizados ou não. Óbito institucional é aquele que ocorre em até 24 horas após a internação hospitalar. Procedimentos de enfermagem – o que anotar? Data e horário; Identificação do médico que o constatou; Rol de valores e pertences do corpo e a quem foi entregue; Comunicação do óbito ao(s) setor(es) responsável(eis), conforme rotina institucional; Procedimentos pós-morte (higiene, tamponamento, curativos, retirada de dispositivos, etc.); Posicionamento anatômico do corpo, sempre que possível; Identificação do corpo; Encaminhamento do corpo (forma, local, etc.); Horário de saída do corpo do setor; Nome completo e Coren do responsável pelo procedimento PAPEL DA ENFERMAGEM ENFERMEIRO: Emitir aviso de óbito em quatro vias, com etiqueta de identificação do paciente, constando dados referentes ao óbito; Anexar uma via no prontuário, duas irão juntas ao corpo, e uma será encaminhada para o setor de internação; Confirmar com o médico se o corpo será encaminhado para necropsia. Caso confirme, deverá ser preenchido para a autorização da mesma, assinada pelo responsável e comunicar à portaria para que envie a declaração de óbito específica; Comunicar ao médico que assistiu a paciente para o preenchimento da Declaração de Óbito, quando trazida pelo setor de internação; TÉCNICO DE ENFERMAGEM: Preparar e identificar o corpo após a confirmação de óbito emitida pelo médico. Reunir material; Colocar biombos; Lavar as mãos; Colocar avental, máscara, óculos e calçar luvas de procedimento (E.P.I.); Proceder à retirada de todos os cateteres, drenos, sondas e curativos; Realizar o tamponamento, no sentido céfalo caudal; Conter os membros superiores sobrepostos ao tórax; Unir os membros inferiores e contê-los com esparadrapo/crepom; Colocar identificação diretamente no corpo e outro colado à cobertura de óbito (saco próprio); Colocar o corpo em maca sem colchão; Levar o corpo ao necrotério e colocá-lo na câmara fria; Deixar o ambiente em ordem; Descartar o avental, máscara e luvas no necrotério (resíduo infectante); - Higienizar as mãos. OBS: Caso a paciente for para o serviço de verificação de óbito, não deve ser feito o tamponamento de orifícios. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA 1. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine: Guidelines for intensive care unit admission, discharge, and triage. Crit Care Med 1999; 27(3):633-638. 2. Society of Critical Care Medicine Ethics Committee: Consensus Statement on the Triage of Critically Ill Patients. JAMA 1994; 271(15):1200-1203. 3. Sprung CL, Geber D, Eidelman LA et al: Evaluation of triage decisions for intensive care admission. Crit Care Med1999; 27(6):1073-1079. 4. Truog RD, Brook DW, Cook DJ et al: Rationing in the intensive care unit. Crit Care Med 2006; 34(4):958-963. Guia de Recomendações para Registros de Enfermagem no Prontuário do Paciente e Outros Documentos de Enfermagem. COFEN – 2016. Disponível em <http://www.cofen.gov.br/wpcontent/uploads/2016/08/Gu iadeRecomenda%C3%A7%C3%B5esCTLNVers%C3%A3o -Web.pdf> Manual do Processo de Enfermagem, UFMT/HUJM. Disponível em: <http://www.ufmt.br/ufmt/site/userfiles/CIRURGICA.pdf> Atividade https://forms.gle/FEc8PyMWfDoEGjXB6