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Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital Autor: Alessandra Lopes Aula 00 15 de Janeiro de 2021 Aula Demonstrativa 1/169 Sumário Apresentação da Professora .......................................................................................................................... 3 Metodologia do Curso ................................................................................................................................... 7 Como aprender História: comentários preliminares ................................................................................. 8 Introdução - Parte I ....................................................................................................................................... 11 1. A chegada dos Portugueses na América .............................................................................................. 12 2. O sistema de exploração colonial na América Portuguesa ............................................................... 18 2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização ........................................ 23 3. Administração colonial ............................................................................................................................. 27 3.1 – Sistema de Capitanias Hereditárias .............................................................................................. 27 3.2 – Governo geral .................................................................................................................................. 29 4. Economia, trabalho e sociedade na colônia ........................................................................................ 33 4.1 – A implantação de uma cultura de exportação: a cana-de-açúcar ........................................... 33 4.2 – A civilização do açúcar: trabalho e sociedade ............................................................................ 35 4.2.1 – Conhecendo um engenho, suas edificações e as atividades de produção do açúcar ................... 35 4.2.2 – Estrutura social açucareira ............................................................................................................ 38 5. A questão da escravidão ......................................................................................................................... 39 5.1- A Escravidão Africana ....................................................................................................................... 41 5.2 – Resistência Quilombola .................................................................................................................. 48 6. Índios, ou melhor, povos originários ..................................................................................................... 53 7. Açúcar: do esplendor à crise................................................................................................................... 59 7.1 – Explicando a crise do açúcar ......................................................................................................... 60 Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 2/169 Parte II ............................................................................................................................................................. 65 8. A decadência do Império Ultramarino de Portugal ............................................................................ 66 8.1 – A tentativa de recuperação Econômica de Portugal ................................................................. 67 9. A Colônia: expansão territorial e diversidade econômica ................................................................. 71 9.1 – Território e economia: o Brasil nunca foi só açúcar ................................................................... 73 9.1.1 – Pecuária ........................................................................................................................................ 75 9.1.2– Extrativismo e comércio das Drogas do Sertão: a ocupação do Norte ........................... 79 9.1.3– O Norte na crise econômica pós União Ibérica .................................................................... 81 9.2– Bandeirismo e a descoberta do Ouro ........................................................................................... 84 9.3 – Novos Tratados sobre os limites territoriais ................................................................................ 89 10. A descoberta do Ouro no contexto do mercantilismo decadente ............................................... 93 10.1 – A civilização do Ouro .................................................................................................................... 93 10.2 – A administração da região das minas ........................................................................................ 97 10.3 – O Sistema de Impostos ................................................................................................................ 98 10.4 – Consequências da exploração do ouro ................................................................................... 100 10.5 – Arte e Cultura do Ouro: o Barroco ........................................................................................... 102 11. O declínio colonial e o conflito entre portugueses e brasileiros .................................................. 105 11.1 – Revoltas Coloniais do século XVII ............................................................................................. 107 11.2 – Revoltas emancipacionistas ....................................................................................................... 113 11.2.1 - Conjuração Mineira, 1789. Minas Gerais................................................................................... 114 11.3.2 - Conjuração Baiana, 1798. Bahia ................................................................................................ 118 11.3.3 - Um aprendizado político ........................................................................................................... 119 12- À guisa de uma conclusão sobre o século XVIII no Brasil ............................................................ 121 Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 3/169 Lista de Questões ........................................................................................................................................ 123 Gabarito ........................................................................................................................................................ 146 Questões comentadas ................................................................................................................................ 146 Considerações Finais .................................................................................................................................. 194 Versão 2: com alteração nas páginas 12 e 31. Acertos de erro de digitação. Nenhuma alteração de conteúdo. APRESENTAÇÃO DA PROFESSORA Olá queridas e queridos alunos, tudo bem? Estou muito feliz por você iniciar nosso curso de História para a prova do concurso Formação de Oficiais do Quadro Complementar da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx). Bem, antes de tudo, vou me apresentar. Sou Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Licenciada em Sociologia pela mesma Universidade, Mestra em Ciência Política também pela UNICAMP e é a universidade onde iniciei meus estudos de doutorado. Estudo Justiça de Transição – tema interdisciplinar com Direito Internacional. Sou especialista em Políticas de Memória. Desde 2004, dou aulas de História, Sociologiae Humanidades em cursos preparatórios para vestibulares e para o ENEM. Entre 2018 e 2019, iniciei minha jornada aqui no Estratégia e, com muito orgulho ministro diferentes cursos no Estratégia Concursos, Vestibulares e Militares (para as Carreiras Militares: ESA, EsPCEx, Colégio Naval). Conheço praticamente todos os sistemas de ensino, materiais e abordagens que existem nesse “mundo de provas”. Já escrevi muitos materiais preparatórios. Posso afirmar, com segurança, que já contribui para a aprovação de muitos alunos nas mais variadas e concorridas instituições do Brasil. Chegou nossa hora! Meu objetivo é ajudar você a Gabaritar História. Vamos trabalhar duro para acompanhar você até a aprovação! Bons estudos! Alê Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 4/169 APRESENTAÇÃO DO CURSO Para começar este curso, vamos, primeiro, conhecer o inimigo, ou seja, a prova que você irá enfrentar. E, de cara, temos que partir de um pressuposto fático, ou seja, uma mudança real: agora a banca é a VUNESP. Isso significa que a preparação será feita a partir do "estilo" das provas da VUNESP. Além disso, a notícia boa é que não é cobrado tooodo o conteúdo da disciplina de História: História Geral e História do Brasil. As provas para o ingresso na EsFECx e EsSEx terão questões de História do Brasil apenas. Vamos ver o conteúdo, conforme o Edital. Acompanha comigo os três grandes assuntos: Outra notícia boa é que, diferentemente de outros anos, quando já caíram 20 questões de História, serão 8 questões na sua prova. Agora, a parte difícil é que a concorrência é alta e você precisará gabaritar História para assegurar sua vaga. E possível Alê? - você pode me perguntar. E eu respondo: Plenamente possível, meu caro aluno! Nas provas da VUNESP a tendência é a nota de corte ser alta. E digo mais. Muitos candidatos deixam de lado, secundarizam a disciplina de História porque julgam que o conhecimento adquirido no Ensino Médio é suficiente para enfrentar a prova para EsFCEx. Só que não!! A realidade de prova é totalmente diferente e você, de forma estratégica, não pode cometer esse deslize na sua preparação. OK? É preciso estar muito bem preparado/a. Então, aparentemente, batendo o olho nesses três grandes assuntos, parece pouco conteúdo para ser estudado. Porém, o Edital é bem específico e ainda apresenta o seguinte: Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade. Século XVI até início do XIX. Brasil Monárquico 1822 até 1889 A República Brasileira 1889 até a primeira década do século XXI Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 5/169 Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade: • a. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. b. As atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. c. Os povos indígenas; escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. d. Os povos africanos escravizados no Brasil. e. A conquista dos sertões; entradas e bandeiras. f. O exclusivo comercial português. g. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. h. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos; o período joanino no Brasil. O Brasil Monárquico: • a. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. b. A Constituição de1824. c. Militares: a Guarda Nacional e o Exército. d. A fase regencial (1831-1840). e. O Ato Adicional de 1834. f. As revoltas políticas e sociais das primeiras décadas do Império. g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira. h. Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. i. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, j. O movimento abolicionista e a abolição da escravatura. k. A introdução do trabalho livre e a imigração. l. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. m. O movimento republicano e o advento da República. A República brasileira: • a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. b. A “Política dos governadores”. c. O coronelismo e o sistema eleitoral. d. O movimento operário. e. O tenentismo. f. A Revolução de1930. g. O período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. h. O Estado Novo. i. O Brasil na II Guerra Mundial; a FEB. j. O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. k. A intervenção militar, sua natureza e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. l. O “milagre econômico”. m. A redemocratização. n. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da sociedade. o. A campanha pelas eleições diretas. p. A Constituição de 1988. q. O Brasil pós-1985: economia, sociedade, política e cultura. Para melhorar nossa preparação, analisei 105 questões cobradas desde o concurso de 2006. Olha só o quadro geral: 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2016 2017 2018 2019 Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade 3 3 3 2 4 1 1 4 3 3 O Brasil Monárquico 5 6 3 2 4 4 2 3 2 3 A República brasileira 12 3 6 6 2 5 5 1 2 2 TOTAIS 20 12 12 10 10 10 8 8 7 8 Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 6/169 Veja que a parte de República Brasileira, isto é, o período de 1889 até, praticamente, os dias atuais, tiveram maior incidência. Nesse sentido, assuntos recorrentes nas questões da prova do EsFCEx são: a economia e a política durante a chamada República Velha; Era Vargas (1930-1945); a política e a economia após o Regime Militar (1985 em diante). Por que você destacou esse último assunto Alê? Calma, já te digo, antes, vamos ver os assuntos mais cobrados em provas da VUNESP. Fiz um levantamento em 240 questões de prova para concursos da VUNESP e olha no que deu: Isso significa que a proporção será essa? Não temos certeza. Considerando a Instituição mais a Banca, podemos chegar à conclusão de que Brasil República é o que mais cai, mas as proporções podem se inverter para atender mais aos moldes dos anos anteriores. 12% 14% 74% HISTÓRIA DO BRASIL PROVAS VUNESP Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade O Brasil Monárquico A República brasileira 26% 32% 42% HISTÓRIA DO BRASIL PROVAS ESFCEX Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade O Brasil Monárquico A República brasileira Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 7/169 METODOLOGIA DO CURSO Vamos conhecer a proposta do curso? Nossa metodologia parte da análise estatística da incidência dos conteúdos para desenvolver a teoria com foco nos assuntos mais cobrados na disciplina de História. Esse curso vai no alvo e prioriza o que realmente cai. Foi pensado para você estudar até o dia da prova. Por isso mesmo vamos manter a linha cronológica para você não perder a sequência histórica e cronológica dos conteúdos que constam no Edital e que, inclusive, se assemelham à Base Curricular Nacional do Ensino Médio. Assim, na disciplina de História, temos que fazer sempre o controle da temporalidade. Por isso, sugiro que você monte sua linha do tempo: durante a leitura da aula, cada data que aparecer você anota e completa sua linha do tempo. Para facilitar sua vida, nos livros digitais as principais datas ficam grifadas em amarelo. Você faz o controle dessa linha por meio da marcação do exato momento histórico que você está estudando. Assim, você nunca mais vai ficar “perdido no tempo” (acreditem: essa é a principal dificuldade dos estudantes– mas não será para você!). Veja uma dica minha de como usar Post-Its: https://www.youtube.com/watch?v=CGWFFx8x2m0 Além disso, faremos muitas questões divididas em dois momentos: ➢ 1º Ao longo da teoria (sínteses e memorização); ➢ 2º Ao final do material na Lista de exercícios Quero enfatizar que todas as questões da lista são comentadas item a item. No comentário, eu explico o conteúdo, mas também mostro os macetes e os caminhos que você precisa fazer para chegar na resposta certa. Ou seja, eu faço uma análise comentada e com estratégias de respostas para cada questão. Esse é o caminho para Gabaritar o conteúdo e sair para o abraço . Na composição do nosso curso, também temos as videoaulas. Dinâmicas e interativas, elas têm o conteúdo completo que também consta nos Livros Digitais, especialmente, naqueles assuntos mais espinhosos que quase todo mundo esquece na hora H. Nas videoaulas dou dicas e macetes preciosos para você resolver as questões objetivas. Há também o Fórum de Dúvidas, que será nosso mecanismo de contato permanente. Estaremos sempre perto! Além de o Fórum permitir que você tire dúvidas rapidamente, o curso EAD permite que você estude conforme suas necessidades e potencialidades. Aliás, essa é uma das principais vantagens do ensino EAD, pois quem monta o horário de estudos é você. Tem quem mande bem pela manhã, outros à tarde, e tem o estudante “super noturno”. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 8/169 Além disso tudo, para você avaliar como está seu desenvolvimento e, replanejar a rota de estudos, se for o caso, teremos Simulados. Esse é o diferencial da nossa proposta: fazer do seu jeito, conforme as suas necessidades e com nossa orientação por meio dos nossos materiais e videoaulas! O que importa é sua APROVAÇÃO! Então, assim que você terminar de estudar uma aula do Livro Digital e, eventualmente, apareçam dúvidas, você poderá mandá-las lá no Fórum. Visualize a proposta em um esquema: COMO APRENDER HISTÓRIA: COMENTÁRIOS PRELIMINARES Há algo que eu gostaria de comentar com você antes de iniciarmos nossos estudos: como se aprende História? Você deve estar achando perda de tempo esse tópico, afinal já passou 12 anos na escola e estudou História “pra caramba”. Então eu pergunto: você se lembra de tudo? AULAS FOCADAS NOS ASSUNTOS MAIS COBRADOS Linha do tempo - controle da temporalidade Questões comentadas Videoaulas completas FÓRUM DE DÚVIDAS Simulados SUA APROVAÇÃO! Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 9/169 Talvez os mais fissurados na disciplina mandem muito bem. No entanto, a grande maioria só vai lembrar daquele cara chamado Napoleão – e seu cavalo branco -, o Dom Pedro – que também tinha aquele cavalo branco -, Júlio César - o imperador romano -, a Joana d’Arc – que se vestiu de homem para lutar contra... (não se lembra, né?). E se eu te perguntar coisas como: ➢ qual o significado histórico da revolução cultural chinesa? ➢ quais as diferenças entre a independência da América espanhola e a portuguesa? ➢ quais as reformas de Dom João VI, no Brasil? ➢ qual mesmo era a proposta do Hypólito da Costa para a imprensa brasileira? ➢ quando essas coisas aconteceram? O que você diria? Veja, há dois mitos que precisamos derrubar: ✓ Mito 1: datas não são importantes ✓ Mito 2: desnecessidade de decorar fatos. Em se tratando de prova de concurso tudo é importante e deve ser bem articulado, meu bem! Há muito tempo a história não é mais contada como os grandes feitos de inesquecíveis heróis. Também, não é mais contada apenas por temas, de maneira descontextualizada. A historiografia mais contemporânea adota a perspectiva dos processos históricos coletivos e da história como experiência social. Os historiadores Perry Anderson, Jacques Le Goff, Jean-Pierre Vernant, Jérôme Baschet, Eric Hobsbawn e Edward Palmer Thompson, entre outros, são os queridinhos dessa corrente adotada hoje em dia. Todos entendem a história como “processo histórico” impulsionado por grupos, pessoas, ideias e interesses, segundo as condições de cada época. Não por menos, diversos textos das questões usam trechos de Hobsbawn e de Thompson, além de outros autores. Historiografia é uma palavra que significa não apenas o registro escrito da História, a memória estabelecida pela própria humanidade por meio da escrita do seu próprio passado, mas também a ciência da História. Por exemplo, o historiador grego Heródoto, que viveu na Grécia Antiga, escreveu sobre o período antigo e produziu um trabalho historiográfico. Essa forma de compreender e escrever a história dos homens, das suas ideias e dos seus feitos é a forma como as provas costumam elaborar suas questões de História. Isso nos obriga a ter outra postura diante do conhecimento sobre o que se passou. Veja alguns cuidados que você deve ter ao estudar essa disciplina: Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 10/169 Primeiro: é preciso analisar o contexto no qual um acontecimento ou fato ocorreu. Todo acontecimento esteve dentro de um contexto geral – como se fosse um quadro de parede mesmo. É aquilo que é comum para o espaço que está sendo observado. Em geral, o contexto influencia os processos. Segundo: é necessário ter uma visão ampla sobre os períodos históricos. Isso significa que tem que saber data sim!!! Maior mentira do mundo esse negócio de que data não importa. Então, a tradicional linha do tempo é um exercício fundamental para quem quer gabaritar história. Em estatística, chamamos isso de série histórica. Para entender tendências mais gerais do mercado de trabalho, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pega os dados de períodos grandes de tempo. Assim, consegue-se perceber o movimento, as transformações, as tendências e as variáveis constantes. É isso que fazemos com a História, como qualquer outra ciência. Terceiro: é fundamental desvendar as relações causais dos processos – causas e consequências. São elas que ligam os fios e fatos da História. Quando estamos diante de um acontecimento precisamos fazer as perguntas: quando, onde, por que, por quem, resultou em que, para quem? Vamos diagramar essa ideia? Ou seja, querida/querido aluno, ao encontrarmos as causas e as consequências de fatos e fenômenos, dentro de contextos amplos, conseguimos explicar os processos históricos. Consegue entender? Não é fácil fazer isso, eu sei, pois você, provavelmente, passou a vida tentando APENAS decorar as coisas. Fez suas provas e depois esqueceu o conteúdo. Normal!! Contudo, isso não vale mais quando o que você quer entrar em uma das melhores Universidade do País. Mesmo você, que já fez cursinho antes, que já leu e releu as apostilas e, mesmo assim, não conseguiu gabaritar, devo dizer: estava com o método errado. Processo histórico determinar as relações causais analisar contexto ter visão ampla dos períodos históricos - cronologia Fato Histórico Quando? Onde? Por quê? Por quem? Resultou em quê? Para quem? Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 11/169 É preciso mudar a perspectiva, e é isso que nós propomos com nosso material. A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS DEPENDE DA MEMORIZAÇÃO e NÃO EXISTE MEMORIZAÇÃO SEM COMPREENSÃO. Essas coisas são complementares, sacaram? Ou seja, a decoreba e a compreensão dos porquês são complementares e não excludentes. Sobre isso, por sinal, quero deixar uma dica: lá no meu Insta eu tenho os famosos Flash Cards de memorização, são ótimas ferramentaspara você treinar habilidades complementares ao estudo de História. Dá uma conferida em um exemplo: Frente verso Bem, se você topa o desafio, vamos que vamos, juntos, até a sua APROVAÇÃO! Agora, vamos à parte do conteúdo. Começaremos, então, com a chegada dos colonizadores portugueses em território brasileiro. Essa parte teórica está dividida em Parte I e Parte II. Não se preocupe em fazer tuuudo de uma vez. Vá no seu ritmo. Sugiro que você estude a Parte I, dê um tempo, depois, faça a Parte II. Pega aí um cafezinho e vamos que vamos!! INTRODUÇÃO - PARTE I Queridas e queridos alunos, agora começamos a estudar a história brasileira. Como dizia “o poeta”, o Brasil não é para iniciantes. Ou seja, muito difícil de explicar, tem que ter certa desenvoltura e um pouco de Século XV Século XVII Século XVIII Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 12/169 conhecimento para entender esse jeito tão peculiar do “ser brasileiro”. Em suma é preciso muita articulação. E essa é minha proposta: desenvolver em você a capacidade de explicar esse país tão bem que o corretor da segunda fase vai pensar estar de frente a um manuscrito de José Murilo de Carvalho, Sérgio Buarque de Holanda ou o próprio Gilberto Freire! Comecemos pensando na experiência da ocupação portuguesa nesse território e o primeiro grande produto de exportação explorado nessas terras: o açúcar. Há quem diga que o açúcar não foi um mero produto que enriqueceu portugueses e colonos. Foi um verdadeiro produtor de códigos, costumes e hábitos, como diriam as professoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling no livro Brasil: uma Biografia. Assim, estamos diante do estudo sobre a “civilização do açúcar”. Vamos em frente! 1. A CHEGADA DOS PORTUGUESES NA AMÉRICA Você já sabe que o impulso do expansionismo marítimo-comercial de Portugal tem um fundamento comercial, militar e religioso. Conquistar novas almas e novas rotas até a fonte das especiarias são as explicações para o impulso do pioneirismo português. Se lembrarmos da aula passada, vamos concluir que Portugal levou quase 1 século entre conquistar Ceuta (norte da África), em 1415, e chegar à Índia (Calicute, na época), em 1498, contornando o Périplo Africano. Esse período foi marcado por um longo processo de tentativas e erros. Muito lucro, mas, muito prejuízo com os naufrágios. De toda forma, possibilitou o desenvolvimento tecnológico e científico da “ciência de navegar”. A viagem para a América, mais especificamente a expedição comandada por Dom Pedro Álvares Cabral, mesmo com tanta experimentação, foi recheada de imagens místicas com peixes-monstros, sereias, cachoeiras infinitas no horizonte. Uma mitologia, é verdade, corroborada por dados da realidade, como: • Entre 1497 e 1612, 620 navios largaram do rio Tejo. • Desses 285 ficaram no Oriente, ou seja, NUNCA retornaram. • 66 naufragaram. • 22 arribaram (viraram a proa para cima). • 6 incendiaram. • 4 foram sequestrados por piratas inimigos. Meu deus, Profe, que cenário de purgatório!!!! Encontrar uma sereia era lucro, nesse cenário!!!! Aliás, a obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, faz referência direta aos desafios dos portugueses no mar. Se tiver um tempinho dá uma conferida na parte do Gigante Adamastor. Assim, para os portugueses, a América era um “Novo Mundo”. Embora já conhecido – afinal, não se acredita mais na tese do descobrimento por acaso –, o território não era efetivamente sabido. Segundo as professoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, não visão dos brancos europeus, era novo porque Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 13/169 ausente dos mapas europeus; novo, porque repleto de animais e plantas desconhecidos; novo, porque povoado por homens estranhos, que praticavam a poligamia, andavam nus e tinham por costume fazer a guerra e comer uns aos outros. E em 22 de abril, a armada de Cabral avistou um grande monte, o Monte Pascoal (hoje, Parque Nacional do Monte Pascoal, a 62 km de Porto Seguro). A reação foi de espanto, encanto e “vontade de tomar posse”, segundo o que determinava o Tratado de Tordesilhas. Lembra dele? Essa posse precisava ser registrada e, para tal intento, estava presente o experiente escrivão Pero Vaz de Caminha – que escreveu a carta que serve, para Portugal, como um “atestado de nascimento” do Brasil. Caminha escreveu uma longa, deslumbrada e exultante descrição da “terra nova”. Assim, a descrição do “Novo Mundo” foi recheada de mitos. Mitos não apenas sobre monstros ou seres “de outra humanidade”, mas sobre a própria chegada dos portugueses à América e sobre o processo de conquista das terras brasileiras. Com certeza, a Carta de Caminha ao Rei Dom Manuel alimentou 2 mitos: O Mito 1 contribuiu para criar a ideia de que o encontro entre portugueses e indígenas foi amigável e, portanto, a conquista foi pacífica – diferentemente da violência perpetrada pelos espanhóis na Mesoamérica e nos Andes e, até mesmo, diferentemente da violência que ocorria na Europa, contra os mulçumanos, por exemplo. Um encontro, quase como um evento ecumênico de união de todos. O Mito 2 alimentou a ideia de que o índio brasileiro era selvagem, mas inocente, portanto, um bom selvagem. Pacífico e amigável seria o ser a espera da conversão ao cristianismo. Esse mito, justificava a necessidade de catequização e legitimava o trabalho dos jesuítas que para cá vieram, a partir da década de 1530. Leia alguns trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha, com atenção para os grifos. Reflita sobre como o texto alimenta os dois mitos. 1 “Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro (..)Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes 1 Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854–1916). História do Brasil (v.1), Rio de Janeiro: Bloch, 1980 MITO 1- Encontro Pacífico entre Índios e Portugueses MITO 2- Índio como o Bom Selvagem Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 14/169 cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o bater; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. [...] Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos direitos à Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer amanhã, que é sexta-feira, e que nós puséssemos todos em joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam acenaram-lhe que fizessem assim, e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença. [...] Domingo, 26 de abril: Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. (...) E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre Frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. (..) Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos. O que foi muito a propósito e fez muita devoção. Entre todos estes que hoje vieram,não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha. Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação. [...] "Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre- Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé.” Mas, Profe, por que Mito? Mito não é uma coisa boa? Porque, caríssimo aluno e aluna, se a narrativa construída foi a de um encontro pacífico entre índios e portugueses, a realidade mostrou o oposto: conquista e genocídio. Por isso, temos um Mito, a história Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 15/169 contata pelos vencedores não foi a que de fato ocorreu. A narrativa construída pelos conquistadores adquiriu caráter simbólico, independente da realidade, embora baseada nela. Vejamos uma informação importante sobre a ideia de “índio”2 que confronta a narrativa mitológica, conforme o antropólogo e professor do Museu Nacional da UFRJ, Eduardo Viveiros de Castro3: Devemos começar então por distinguir as palavras “índio” e“indígena”, que muitos talvez pensem ser sinônimos, ou que “índio” seja só uma forma abreviada de “indígena”. Mas não é. Todos os índios no Brasil são indígenas, mas nem todos os indígenas que vivem no Brasil são índios. Índios são os membros de povos e comunidades que tem consciência —seja porque nunca a perderam, seja porque a recobraram — de sua relação histórica com os indígenas que viviam nesta terra antes da chegada dos europeus. Foram chamados de “índios” por conta do famoso equívoco dos invasores que, ao aportarem na América, pensavam ter chegado na Índia. “Indígena”, por outro lado, é uma palavra muito antiga, sem nada de “indiana” nela; significa “gerado dentro da terra que lhe e própria, originário da terra em que vive”. Há povos indígenas no Brasil, na África, na Ásia, na Oceania, e até mesmo na Europa. O antônimo de “indígena” e “alienígena”, ao passo que o antônimo de índio, no Brasil, e “branco”, ou melhor, as muitas palavras das mais de 250 línguas índias faladas dentro do território brasileiro que se costumam traduzir em português por “ branco”, mas que se referem a todas aquelas pessoas e instituições que não são índias. Essas palavras indígenas tem vários significados descritivos, mas um dos mais comuns e “inimigo”, como no caso do yanomami nape, do kayapo kuben ou do arawete awin. Ainda que os conceitos índios sobre a inimizade, ou condição de inimigo, sejam bastante diferentes dos nossos, nao custa registrar que a palavra mais próxima que temos para traduzir diretamente essas palavras indígenas seja “inimigo. Durmamos com essa. (...) Quando perguntaram ao escritor Daniel Munduruku se ele “enquanto índio etc.”, ele cortou no ato: “não sou índio; sou Munduruku”. Mas ser Munduruku significa saber que existem Kayabi, Kayapo, Matis, Guarani, Tupinamba, e que esses não são Munduruku, mas tampouco são Brancos. Quem inventou os “índios” como categoria genérica foram os grandes especialistas na generalidade, os Brancos, ou por outra, o Estado branco, colonial, imperial, republicano. Apesar da chegada a uma terra com muitas riquezas naturais, como afirmou Caminha, Portugal não alterou seu plano principal: dominar e monopolizar as rotas das especiarias para o Oriente. Tanto que Pedro Álvares Cabral seguiu com sua esquadra em direção à Índia. Até mesmo porque, por essas terras dos índios brasileiros, não se encontraram ouro e prata logo no início da conquista, como nas colônias espanholas. Assim, a área reservada pelo acordo bilateral de Tordesilhas ficou para o futuro! 2 “A palavra indígena vem do latim indigĕna,ae “natural do lugar em que vive, gerado dentro da terra que lhe e própria”, derivação do latim indu arcaico (como endo) > latim classico in- “movimento para dentro, de dentro” + -gena derivação do radical do verbo latino gigno, is, genŭi, genĭtum, gignĕre, “gerar”; Significa “relativo a ou população autoctone de um pais ou que neste se estabeleceu anteriormente a um processo colonizador” ...; por extensão de sentido (uso informal), [significa] “que ou o que e originário do pais, região ou localidade em que se encontra; nativo”. (Dicionário Eletrônico Houaiss). 3 CASTRO, Eduardo Viveiros de. Os Involuntários da Pátria. ARACÊ – Direitos Humanos em Revista. Ano 4, Número 5, fevereiro/2017, pp. 187-193. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 16/169 Mas qual futuro, Profe? Eles não colonizaram o Brasil logo “de cara”? (UFU/2016) Eles não tinham deixado a Inglaterra para escapar a toda forma de governo, mas para trocar o que acreditavam ser um mau governo por um bom, ou seja, formado livremente por eles mesmos. Tanto no plano político como no religioso, acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto, convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de obedecer aos desígnios divinos, ela apenas permitia ao indivíduo escolher o Estado que deveria governá-lo e a Igreja na qual ele iria louvar a Deus. [...] CRÉTÉ, Liliane. As raízes puritanas. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/as_raizes_puritanas.html.> Acesso em: 28 de janeiro de 2016 (Adaptado). A historiografia sobre a colonização da América costuma realçar as peculiaridades da colonização britânica nas colônias do Norte. As diferenças, entretanto, em relação às colonizações portuguesa e inglesa não são absolutas, pois a) ambos os modelos de colonização eram predominantemente mercantis, ainda que a agricultura de subsistência fosse mais presente na colonização portuguesa. b) tanto os colonos ingleses quanto os portugueses eram profundamente marcados pelas disputas entre as potências europeias, sendo que os portugueses eram aliados preferenciais da França. c) em ambas as modalidades de colonização, a administração colonial era formalmente descentralizada, havendo espaço para uma expressiva margem de autonomia dos colonos. d) o sentido de missão religiosa estava presente nas duas modalidades de colonização, refletindo a ainda forte presença do misticismo no mundo europeu. Comentários Trouxe essa questão para você ficar atento para tipos de questões comparativas. Nesse caso, a questão estabelece comparações entre a colonização inglesa – influenciada pelos puritanos - e portuguesa, influenciada pelos católicos. Apesar de algumas diferenças entre elas, podemos afirmar ambas estavam vinculadas a uma natureza religiosa. Repara que o texto do enunciado da questão faz referência aos puritanos quando afirma: “Tanto no plano político como no religioso, acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto, convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de obedecer aos desígnios divinos (...)”. Aqui fica evidente a presença religiosa no espírito colonizador. Da mesma forma, como temosvisto, desde a saída Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 17/169 ultramarina, os católicos portugueses faziam uma forte relação entre as investidas colonizadoras e o catolicismo. Basta ficarmos atentos para a visão que estabeleceram sobre os índios. Gabarito: D (UNICAMP/2011) Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe!” (Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.) Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores. b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população. c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura. d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas. Comentários O direcionamento das expedições marítimas dos portugueses às Américas tinha um interesse comercial. Os europeus, em geral, e os portugueses em específico vieram até o “Novo Mundo” em busca de riquezas. Essa intenção está claramente explícita na carta de Pero Vaz quando ele faz referência ao ouro e interpreta a ação dos índios aos olhos do conquistador: “como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! “. Nesse sentido, a consequência da finalidade dos portugueses (a riqueza) para os índios foi a violência, nas mais diversas formas. A alternativa que sintetiza essa compreensão histórica é a B. A alternativa A transmite a noção de amistosidade entre as partes, índios e portugueses. A C insiste na compreensão romântica de que os índios seriam seres doces. Além disso, a C erra ao afirmar que a base do sistema colonial foi a escravização dos povos nativos. De fato, os índios foram escravizados, mas a base do sistema colonial, em termos de mão de obra, foi a escravidão dos negros africanos. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 18/169 Por fim, a D exagera por colocar a industrialização em um momento em que ela ainda não existia, por isso, é uma alternativa “anacrônica” (fora do tempo/contexto). Gabarito: B 2. O SISTEMA DE EXPLORAÇÃO COLONIAL NA AMÉRICA PORTUGUESA A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante diferente em relação ao da Espanha. Houve 2 momentos desse processo marcados por interesses distintos de Portugal em relação à terra “descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de implantação do sistema de exploração colonial também se diferenciaram. Observe o esquema: Apesar de, em 1500, os interesses da Coroa Lusa estarem voltados para a rota das especiarias, nos primeiros anos após a vinda de Cabral o governo português enviou algumas expedições de reconhecimento para vasculhar o território e garantir sua posse. O objetivo principal era saber se aqui poderia se obter metais preciosos. Mas a riqueza do “Novo Mundo” não era dourada e prateada, era vermelha de pau-brasil, era verde de florestas, era translucida de uma água que não se via na Europa, era de gente e de terra que tinham quase a mesma cor. Nossa riqueza era outra. É importante ressaltar que nessas expedições de reconhecimento, também chamadas por alguns historiadores de expedições pré-colonizadoras, houve um trabalho de nomear as coisas encontradas, as localidades, os acidentes geográficos, os rios e até as pessoas que aqui viviam. Foram 3 as expedições: colonização portuguesa 1o. Momento: 1501-1530 sem sistema de colonização - predomiou atividade de reconhecimento e estrativismo Contrato de concessão para exploração extrativista 2o. Momento: pós- 1530 Sistema descentralizado de colonização Capitanisas Hereditárias Sistema centralizado de colonização (a partir de 1572) Governo-Geral Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 19/169 Dessas expedições, o que se encontrou para explorar imediatamente foi o pau-brasil. Veja no mapa a seguir a área de ocorrência da árvore. 4 Assim, entre 1501 e 1530, o que se verificou foi uma fase de economia extrativista. Não houve um planejamento centralizado ou algo do tipo. Mesmo assim a exploração era monopólio da Coroa Portuguesa, que permitia a exploração particular por meio de contrato de concessão. A atividade extrativista de pau-brasil foi realizada com mão de obra indígena à base de escambo (troca de utensílios europeus, como machado, facas, por trabalho). Contudo, é importante ressaltar que os contratos de concessão emitidos pela Coroa privilegiavam exploradores portugueses. Tratava-se de uma forma de protecionismo. O principal explorador foi Fernando de Noronha. Outra característica fundamental sobre a colonização portuguesa era a ideia de exclusivo metropolitano: toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa deveria ser decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorrerão várias formas distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia. Pode ser que você já tenha ouvido a expressão “Pacto Colonial” para esta explicação. Está certo também! Contudo, não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”. Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela riqueza. A monarquia 4 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 06. 1501 - Expedição Gaspar de Lemos • Expdição de nomeação das ilhas, cabos, rios e bais do litoral brasileiro 1503 - Expedição Gonçalo Coelho • Pareceria entre reis e comerciantes para a exploração do pau- brasil. Um desses comerciantes era Fernão de Noronha. 1516 e 1520 Expedição Cristóvão Facques • Organizada para deter o contrabando de pau-brasil por franceses. Não foram bem sucedidas Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 0 20/169 mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem alianças com o povo Tupinambás para explorar o pau-brasil. É do Rei francês Francisco I a famosa frase: Francisco I. Jean Clouet. Óleo sobre tela, 1530. Museu do Louvre, França. Como nos informa as professoras Lilia e Heloísa,a madeira do pau-brasil era considerada uma especiaria no Oriente. A resina dessa árvore era utilizada para tingir tecidos e a madeira para fazer móveis finos e embarcações. Nas terras dos índios tupi, o pau-brasil era conhecido como “ibirapitanga” – que significa “pau- vermelho”. Os europeus, ao latinizarem a palavra, chamaram-no de brecilis, bersil, brezil, brasil, brasily, paralavras que significavam: cor de brasa ou vermelho. Assim, desde 1512, quando o pau-brasil entrou definitivamente no mercado internacional, a colônia portuguesa passou a ser designada por Brasil.Com efeito, meus caros e caras, o Brasil nasceu – para o comércio mundial – vermelho!! Os indígenas cortavam as árvores e as levavam até os navios portugueses ancorados à beira-mar, e em troca obtinham facas, canivetes, espelhos, pedaços de tecidos e outras quinquilharias. Em 1511 dá-se a primeira exportação do pau-brasil para Portugal na nave Bretoa, que saiu da Bahia com destino à Lisboa. E lá se foram 5 mil toras de madeira, macacos, saguis, gatos, muitos papagaios e quarenta indígenas que atiçaram a curiosidade europeia5. Mas o cenário internacional obrigava Portugal a se posicionar mais seriamente em relação ao Brasil, a fim de garantir a posse da parte do mundo que lhe cabia, segundo o Tratado de Tordesilhas. Observe os elementos do cenário internacional que pressionavam a Coroa Portuguesa a agir: 5 SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018, p. 32 “Quero ver a cláusula do testamento de Adão que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha e me excluiu da partilha!! Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 21/169 Para Portugal era urgente estabelecer a colônia e implementar o sistema de exploração comercial. Por isso, em 1530 começou uma nova fase de relação entre Metrópole e Colônia. Dessa forma, a partir de agora, estudaremos os aspectos econômicos, políticos e sociais da colonização portuguesa na América. Esse é o momento mais longo, porque vai até a Independência Política, em 1822. Porém, nesta aula não vamos tão longe, nosso bonde vai até a estação do ciclo da cana de açúcar. Muita gente não gosta desse longo período. Ocorre que despenca nas provas, cara. E você é Coruja!! Então, vamos com coragem e cabeça erguida. Não sai do foco. Nada de whats, porque enquanto você vê uma mensagenzinha, alguém acerta uma questãozinha. Bora, gente!! Vejamos! Ah sim, antes uma questão sobre o que vimos até agora: (UNICAMP/2013) “Quando os portugueses começaram a povoar a terra havia muitos destes índios pela costa junto das Capitanias. Porque os índios se levantaram contra os portugueses, os governadores e capitães os destruíram pouco a pouco, e mataram muitos deles. Outros fugiram para o sertão, e assim ficou a costa despovoada de gentio ao longo das Capitanias. Junto delas ficaram alguns índios em aldeias que são de paz e amigos dos portugueses.” (Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do Brasil, em http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/ganda1.html. Acessado em 20/08/2012.) Conforme o relato de Pero de Gandavo, escrito por volta de 1570, naquela época, a) as aldeias de paz eram aquelas em que a catequese jesuítica permitia o sincretismo religioso como forma de solucionar os conflitos entre indígenas e portugueses. b) a violência contra os indígenas foi exercida com o intuito de desocupar o litoral e facilitar a circulação do ouro entre as minas e os portos. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 22/169 c) a fuga dos indígenas para o interior era uma reação às perseguições feitas pelos portugueses e ocasionou o esvaziamento da costa. d) houve resistência dos indígenas à presença portuguesa de forma semelhante às descritas por Pero Vaz de Caminha, em 1500 Comentários De acordo com o documento do cronista Pero de Gandavo, os indígenas fugiam para o interior (sertão) como forma de resistência à presença portuguesa. Desde o início do período colonial, vários grupos se opuseram aos lusos, ocasionando diversos conflitos entre nativos e europeus. Dessa forma, fugir para o “interior” dificultava a ação dos portugueses. Por isso, o gabarito é a alternativa C. A alternativa A pode pegar os mais desatentos, pois, ao longo da colonização, de fato, as missões jesuíticas levaram a sincretismos religiosos. Porém, não dá para afirmar categoricamente que os conflitos foram solucionados. Além disso, repare que o texto da questão foi escrito por volta de 1570, ou seja, antes da instalação da proliferação dos trabalhos das missões. A B está errada porque o trecho final desloca o ciclo da mineração para um contexto em que ele ainda não existia. Já a D, contraria o que Caminha escreveu em sua carta. Por fim, interessante perceber que o texto também mostra que, em muitos casos, algumas sociedades indígenas também estabeleciam sistemas de alianças com os portugueses. Gabarito: C (UNICAMP/2014) A história de São Paulo no século XVII se confunde com a história dos povos indígenas. Os índios não se limitaram ao papel de tábula rasa dos missionários ou vítimas passivas dos colonizadores. Foram participantes ativos e conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles. (Adaptado de John M. Monteiro, “Sangue Nativo”, em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/ sangue-nativo. Acessado em 14/07/2013.) Sobre a atuação dos indígenas no período colonial, pode-se afirmar que: a) A escravidão foi por eles aceita, na expectativa de sua proibição pela Coroa portuguesa, por pressão dos jesuítas. b) Sua participação nos aldeamentos fez parte da integração entre os projetos religioso e bélico de domínio português, executados por jesuítas e bandeirantes. c) A existência de alianças entre indígenas e portugueses não exclui as rivalidades entre grupos indígenas e entre os nativos e os europeus. d) A adoção do trabalho remunerado dos indígenas nos engenhos de São Vicente contrasta com as práticas de trabalho escravo na Bahia e Pernambuco. Comentários Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios já possuíam rivalidades entre si. Um exemplo são os Tupinambas oriundos da Amazônia que, por volta do ano 1000, conquistaram a região da atual São Vicnete/Santos (SP) dos índios Tapuias. Dessa forma, quando os europeus chegaram nas Américas, eles souberam se aproveitar das diferenças entre os povos indígenas. Isso ocorreu no Brasil e na América Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 23/169 Espanhola. Por isso, no decorrer do século XVII, além dos vários conflitos envolvendo indígenas e europeus, também houve conflitos entre indígenas e europeus de um lado, contra indígenas e europeus do outro lado. Um caso clássico que podemos lembrar é o da Confederação dos Tamoios. Incentivados pelos franceses, os índios das tribos tamoios conseguiram se unir a outras tribos e criaram a Confederação dos Tamoios, com objetivo de guerrear contra os portugueses. No final dessa batalha, os portugueses saíram vitoriosos, inclusive com o apoio de outros índios. Nesse contexto, o Gabarito é a letra C. A A está errada porque os índios não aceitaram a escravidão, tal como o item afirma. A alternativa B sugere que jesuítas e bandeirantes adotaram a mesma estratégia de subjugação dos índios. Da forma como a frase foi escrita ela está errada, pois é necessário diferenciar a atuação dos missionários e a dos bandeirantes. Além disso, alternativa ainda coloca os índios como sujeito da ação, quando, na verdade, eles foram objeto da dominação. A alternativa D está equivocada porque não houve esse trabalho remunerado dos indígenas. Ainda mais em São Vicente, ou melhor,no sudeste do país, região que manteve o trabalho escravo indígena por mais tempo. Gabarito: C 2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização 6 Em 1530, a Coroa Lusa organizou a 1ª. Expedição Colonizadora comandada por Martin Afonso de Sá. os historiadores consideram que, com essa expedição, iniciou-se o 2º momento da colonização, ou a colonização propriamente dita. Os objetivos estabelecidos para o explorador foram: Iniciar a ocupação da terra portuguesa: povoar e explorar; Combater os corsários estrangeiros; Procurar metais preciosos; Sistematizar o reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar. Note que entre os objetivos da expedição colonial, 2 são de natureza econômica: procurar metais preciosos e encontrar o melhor lugar para o cultivo de cana de açúcar. Assim, podemos afirmar que o sentido econômico da colonização era encontrar uma atividade que 6 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 08. Ex p e d iç ão d e M ar ti n A fo n so d e S o u za Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 24/169 compensasse o esforço colonizador, leia-se, o investimento. Além disso, gerar muita riqueza e superlucros para a metrópole e suas elites. Afinal, a lógica era mercantilista, né gente? O economista e historiador Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil contemporâneo, advoga a tese de que o sentido econômico do projeto colonial esteve voltado para abastecer o mercado exterior e, assim, transferir os dividendos desse comércio para os países colonizadores: No seu conjunto a colonização dos trópicos toma o aspecto e uma vasta empresa colonial destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu, é este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes[...]. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura bem como as atividades do país. Virá o branco europeu para especular, realizar um negócio; inverterá seus cabedais e recrutará mão de obra que precisa: indígenas ou negros importados7. Perceba, portanto, que o objetivo do Rei de Portugal ao estabelecer metas para Martin Afonso não foi desenvolver a colônia em si, mas descobrir uma atividade que pudesse pagar os investimentos desse empreendimento bem como gerar superlucros. É evidente, como veremos, que outras atividades econômicas acabaram criando uma economia colonial própria, cujos lucros permaneciam na própria colônia e que, dessa forma, possibilitavam o surgimento de grupos e interesses distintos daqueles da metrópole portuguesa. Mesmo assim, isso não inverteu o sentido inicial da colonização e tão pouco o objetivo da Metrópole colonizadora. Sacou? Sobre a formação do Brasil O pensador Caio Prado Junior tem por objetivo analisar a evolução do Brasil. Para tanto, ele encontra o sentido geral desse processo no evento que marca a formação do Brasil como país: a colonização. Leia um trechinho do que ele escreve: “Se vamos a essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em seguida, café para o comércio europeu. Nada mais que isso. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizavam a sociedade e a economia brasileiras [...]. Este início cujo caráter se manterá dominante através dos três séculos (...) se agravará profunda e totalmente nas feições e na vida do país. Haverá resultantes secundárias que tendem para algo de mais elevado; mas elas ainda mal se fazem notar. O “sentido da evolução” brasileira que é o que estamos aqui indagando, ainda se afirma por aquele caráter inicial da colonização. Tê-lo em vista é compreender o essencial deste quadro que se apresenta em princípios do século passado, e que passo agora a analisar.”8 Nesse sentido, para Caio Prado, a colonização gerou uma marca, uma cicatriz, algo do qual não podemos nos livrar – apesar e independente dos caminhos que percorremos como nação. Em Ciência Política, chamamos isso de path dependency, trajetória dependente. Segundo esse 7 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32. 8 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 25/169 conceito, cada passo dado é necessário para entender o seguinte e, além disso, cada passo dado define, em grande medida, qual será e como será o próximo. Mudar o rumo completamente tem um custo muito grande. Sacou? Assim, essa perspectiva coloca para nós uma pergunta: como nosso processo de colonização pode explicar o Brasil de hoje? Guarda a pergunta e vamos para o conteúdo, quem sabe você não se anima a responder ao final dos nossos estudos sobre Colônia! 😊 Caros, essa discussão sobre o sentido da colonização –– deu margem para a definição de 2 tipos de colonização: a de exploração e a de povoamento. Vejamos: Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de exportação. MONOCULTURA. Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande propriedade rural: LATIFÚNDIO! Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção voltada para o mercado interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena propriedade familiar. Contudo, hoje em dia não usamos mais essas definições, de maneira compartimentada. Se porventura aparecer na sua prova, contextualize-a! Mas por que, Profe Alê? Qual o problema? Não usamos porque as pesquisas na área da História e da Economia desenvolveram outras interpretações. Por exemplo, sabemos que nas colônias espanhola e portuguesa na América houve exploração e povoamento ao mesmo tempo. Como seria possível explorar sem povoar? Na América Latina (antes tida como modelo de colônia de exploração), por exemplo, foi preciso instalar uma forte e extensa burocracia estatal para garantir a implantação e execução dos interesses da coroa e dos setores mercantis europeus. A vinda dos jesuítas para colonizar os povos originários também se tratou de povoamento. Além disso, a despeito de ter se formado no Brasil uma estrutura agrária monocultora e latifundiária voltada para exportação (plantation), houve também agricultura, pecuária e comércio locais. Em diferentes áreas do território brasileiro se desenvolveram propriedades familiares. Veja o que nos dizem as professoras Lilia e Heloísa sobre o assunto: Passados os primeiros tempos das notícias desencontradas e de tantos boatos, foi preciso garantir o achado e impedir os ataques estrangeiros. Tinha-se que povoar e colonizar a terra, mas também encontrar algum tipo de estímulo econômico. [...] Como se pode notar, a ideia era obter lucro com a Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 26/169 nova terra, antes que ela se transformasse num problema. E era esse o “sentido da colonização”: povoar, mas sempre pensando no bem da metrópole.9 (grifos nossos) Percebe que, nessa interpretação, povoar e explorar são dois lados da mesma moeda? Por esse motivo, combinado com as ações sobre os índios (o que ainda veremos), parte da historiografia também usa a expressão “conquista”. Outro exemplo, nos EUA (tido anteriormente como modelo de colônia de povoamento), houve povoamento e exploração. Todo o sul dos EUA estava organizado por meio de grandes propriedades territoriais, monocultoras, voltadas para o mercadoexterno e usando mão de obra escrava negra. O povoamento não se deu por meio da implantação da burocracia metropolitana, mas por meio de famílias que vieram em um empreendimento mais particular. CONCLUSÃO: não dá para usar de maneira separada o que foi povoamento e o que foi exploração. No final, o que diferenciou EUA e América Latina estava baseado em outros elementos: Empreendimento Estatal (América Latina) OU particular (EUA); Financiamento Estatal em aliança com os setores mercantis (América Latina) OU particular/familiar (EUA); Cosmologia religiosa católica – uma cruzada para IMPOR o catolicismo (América Latina) OU Cosmologia protestante – liberdade religiosa (EUA). Portanto, a exploração do Brasil, ou conquista, foi um projeto da Coroa Portuguesa para garantir os superlucros, expandir a fé católica, repelir outros conquistadores (franceses, holandeses) e melhor disputar a hegemonia marítima do Atlântico. Povoar a terra era um meio necessário para garantir tudo isso. Para atingir esses objetivos, a Coroa precisou estabelecer um sistema político de administração e organização colonial. Nesse sentido, a partir de 1530, predominaram 2 tipos, como vimos no esquema do início da aula: Capitanias Hereditárias e Governo-Geral. Essas estruturas política-organizativas foram completares e criaram um cenário favorável ao desenvolvimento de formas específicas de relação de poder e o desenvolvimento de estruturas sociais correspondentes. 9 SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018, p. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 27/169 3. ADMINISTRAÇÃO COLONIAL Se em 1530, o governo português mandou o expedicionário Martin Afonso de Souza iniciar a ocupação da terra portuguesa, combater os corsários estrangeiros, procurar metais preciosos e sistematizar o reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar, tornava-se necessário, também, elaborar uma forma de administrar essas ações. Concorda? Contudo, os dados historiográficos afirmam que a Coroa Portuguesa não contava com tantos recursos acumulados para investir diretamente na colonização do Brasil. Assim, precisou contar com recursos privados. Para tanto, a solução encontrada foi doar terras – as sesmarias- em troca da exploração dessas terras, de modo que parte das riquezas geradas fossem destinadas ao rei (via impostos). Tratava-se de um sistema descentralizado de administração colonial. Sesmaria era um pedaço de terra distribuído a um beneficiário próximo à Coroa com o objetivo de cultivar as terras conquistadas. A origem dessa prática de sesmaria remonta ao período final da Idade Média e às práticas de suserania e vassalagem. A distribuição de sesmaria não garantia a propriedade, mas o usufruto. A concessão de sesmarias foi extinta apenas em 1822, sendo a origem dos grandes latifúndios no Brasil. 3.1 – Sistema de Capitanias Hereditárias Então, em 1534, o rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuísse a pessoas nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias. Observe a imagem a seguir. Sei que você já deve ter isso tatuado na mente, mesmo assim, observe as relações que construí. Fica safo! ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977 Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 28/169 Profe, isso era uma pegadinha, não era? O cara tinha que investir em tudo, corria todos os riscos, ficava só com 5% da exploração do pau-brasil e inda tinha que garantir o lucro do rei? Gente, o Brasil era pior que o Brasil!!! Brincadeiras à parte, galera, parecia piada mesmo. Por isso, o sistema de capitanias não foi tão bem- sucedido, se analisado do ponto de vista econômico e das pretensões da Coroa Portuguesa. Apenas duas capitanias deram certo – e por um tempo: São Vicente e Pernambuco (mais à frente vamos voltar a falar dessas duas capitânias, segura aí!). Na verdade, nem todos que receberam do rei a carta de doação das capitânias seguiram adiante. Alguns nem sequer vieram à Colônia tomar posse. Daqueles que vieram, foram muitos os obstáculos que precisaram enfrentar. Listemos alguns: • Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes, por isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com que as soluções para as dificuldades tivessem que ser sempre conseguidas “dentro” da capitânia. Mas essa terra não era um vazio, né? Direitos Distribuir terras: sesmarias. Criar Vilas Exercer autoridade administrativa e judicial Escravizar indígenas considerados inimigos (guerra justa) Receber 5% do comércio do pau- brasil Deveres: Assegurar ao Rei de Portugal 10% dos lucros sobre TODOS os produtos da terra O monopólio da extração do pau-brasil As despesas necessárias à obra colonizadora corriam por conta e risco do donatário! Carta de doação: O donatário tinha a posse da Capitânia, mas apenas uma parte (pequena) tornava-se sua propriedade. Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 29/169 • Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa ocupação (ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores. • Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras férteis. Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais adaptado ao clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo, mas no desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar dividendos à Coroa. • Dificuldade de obter mão de obra para a louva e para o extrativismo. • Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza portuguesa, nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os obstáculos acima arrolados. Apesar das adversidades, havia um ponto positivo no que se referia ao sistema de capitanias, a saber: ele deu a base para a formação dos primeiros núcleos de povoamento, como em São Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545). 3.2 – Governo geral Assim, tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido pouco êxito, a Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um Governo-Geral. Tratava-se da criação de um órgão central de direção e de administração comandado por um funcionário da Coroa, nomeado pelo Rei, para ajudar os donatários e interferir mais diretamente na implantação do sistema de exploração colonial. Para que você tenha uma noção dos objetivos, funções e estrutura burocrática, observe os esqueminhas abaixo: O b je ti vo s d o G o ve rn a d o r- G e ra l Defesa da terra contra ataques estrangeiros Incentivo à busca de metais preciosos Luta contra a resistência indígena Apoio à religião cristã Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 30/169 Os dois sistemas coexistiram. Isso acabou por gerar, em diversos momentos, um embate entre interesses locais e metropolitanos. Em geral, o Governador Geral e seus auxiliares enfrentavam a oposição de poderes locais, afinal, os donatários também tinham funções administrativas e judiciárias. Esses homens proprietários de terra, gado e escravos, chamados de “homens-bons”, se organizavamnas “câmaras municipais”. Elas se formaram no mesmo processo de formação das vilas (primeiros povoados). Elas organizavam a administração da vila, a arrecadação tributária, o comércio local, as expedições de reconhecimento e expansão territorial, além do aprisionamento indígena. Ou seja, eram uma verdadeira estrutura de poder local. Assim, os homens-bons exerciam o poder político local. A partir da análise dos esquemas, podemos concluir que a administração colonial apresentou duas tendências que se revezaram ao longo do tempo: CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO. Funções do Governador Militar: comando e defesa da colônia Administrativa: relacionamento com os donatários das capitais e assuntos ligados às finanças Judiciária: nesse caso, o governador podia nomear os funcionários da justiça e também poderia mudar penalidades Eclesiásticas: indicação e sacardotes para as Paróquias. Essa prerrogativa era legitimada pela Igreja Católica e recebeu o nome de PADROADO. Governador Ouvidor-Mor: encarregado das funcções judiciais Provedor-mor: encarregado dos assuntos da fazenda Capitão-mor: encarregado da defesa do litoral CARGOS AUXILIARES Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 31/169 Em geral, a centralização ocorreu quando a metrópole queria controlar mais as atividades coloniais e/ou aumentar a arrecadação de impostos; já a descentralização era estimulada quando a metrópole desejava ocupar e desenvolver regiões. Você consegue perceber como essas duas estruturas de poder (centralizado e descentralizado) podem gerar conflitos se não estiverem funcionando em consonância de interesses e objetivos? Pois é, além disso, essas diferenças entre governador e homens-bons eram acentuadas devido à ausência de um sistema de comunicação adequado. Como diria o grande filósofo Chacrinha: “quem não se comunica, se trumbica!” Para que você saiba mais, em 1759, o sistema de capitanias deixou de existir permanecendo apenas o Governo – Geral, até 1808, quando a família real desembarca no Brasil. Entretanto, até que chegue o século XVIII, muitas dessas diferenças ensejaram conflitos e revoltas, chamadas de nativistas, as quais iremos estudar nas próximas aulas. Por hora, guarde essa reflexão geral, ok!! Por fim, para que você tenha uma noção de quem foram os Governadores Gerais, dá um bizu nos caras: (EsFECx/2019) Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território. T o m é d e S o u sa - 1 5 4 9 - 1 5 5 3 •Fundação da vila de Salvador •Implantação da cultura da cana-de-açúcar •Vinda Cia de Jesus (jesuítas), Padre Manoel da Nóbrega D u a rt e d a C o st a - 1 5 5 3 - 1 5 5 8 •França invade o RJ e funda a França Antártica •Vinda do Padre Ancheita. •Fundação das missões jesuíticas e do Colégio São Paulo •Conflitos entre colonos e jesuítas M e m d e S á - 1 5 5 8 -1 5 7 2 •Expulsou os franceses do RJ •Formação da Confederação indígena dos Tamoios •Início das "guerras justas" contra os indígenas resistentes à colonização e à conversão ao cristianismo. • Avanço da atividade açucareira Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 32/169 ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 20. As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram A) Feitorias e Governo Geral. B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral. C) Governo Geral e Feitorias. D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias. E) Feitorias e Capitanias Hereditárias. Comentários Quando a aadminsitração portuguesa iniciou os trabalhos de colonização com vistas à obtenção de lucro, o territorio brasileiro foi dividido em Capitanias. O rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuísse a pessoas nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias. Esse sistema não deu certo porque a forma descentralizada de organização do território não se mostoru eficiente, princiapalmente no que diz respeito à proteção do territorio. Tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido pouco êxito, a Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um Governo-Geral. As feitorias eram as administrações coloniais na África e na Ásia. Gabarito: B (UDESC/2013) Analise as proposições sobre a administração colonial na América portuguesa, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa. ( ) Com o objetivo de diminuir as dificuldades na administração das capitanias, D. João III implantou, na América portuguesa, um Governo-Geral que deveria ser capaz de restabelecer a autoridade da Corte portuguesa nos domínios coloniais, centralizar as decisões e a política colonial. ( ) A Capitania de São Vicente foi escolhida pela Coroa Portuguesa para ser a sede do Governo, pois estava localizada em um ponto estratégico do território colonial português. Foi nesta Capitania que se implementaram as novas políticas administrativas da Coroa com a instalação do Governo-Geral. ( ) Tomé de Souza foi o responsável por instalar o primeiro Governo- Geral. Trouxe com ele soldados, colonos, burocratas, jesuítas, e deu início à construção da primeira capital do Brasil: Rio de Janeiro. ( ) A criação e instalação do Governo-Geral na América portuguesa foi uma alternativa encontrada pela Coroa Portuguesa para organizar e ocupar a colônia, que enfrentava dificuldades, dentre elas os constantes conflitos com os indígenas e os resultados insatisfatórios de algumas capitanias. Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo: a) V – F – F – V b) V – F – V – F c) V – V – F – F d) F – V – F – V Alessandra Lopes Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - 2021 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 0Aula Demonstrativa 33/169 e) F – V – V – F Comentários Como vimos, o Sistema de Governo-Geral foi implantado para aprimorar o Sistema de Capitanias Hereditárias. A Coroa visava dar resposta aos seguintes conflitos: com indígenas; com invasões estrangeiras; fruto de fracassos em algumas Capitanias. Outra razão da nova administração foi o objetivo centralizador, isto é, tomar conto sobre todos os assuntos da colônia. Diante disso, a primeira afirmação é verdadeira. Já a segunda, não, pois São Vicente estava entre as regiões que não retornavam lucro para Metrópole. Além disso, sabemos que a primeira capital foi Salvador, ou seja, os centros dos negócios passavam pelo Nordeste, pelo menos no início da colonização. Nesse sentido, a terceira afirmação também é falsa, pois Rio de Janeiro foi a 2ª capital. Por fim, a última afirmação é verdadeira. Gabarito: A 4. ECONOMIA, TRABALHO E SOCIEDADE NA COLÔNIA Agora que estudamos os aspectos políticos e administrativos do início da colonização portuguesa na América, podemos partir para os estudos sobre os elementos econômicos dessa empreitada. É verdade que, como já vimos, a primeira atividade econômica na colônia foi o extrativismo do pau-brasil. A exploração era monopólio da Coroa Portuguesa que permitia a exploração particular por meio de contrato de concessão, realizada com mão de obra indígena à base de escambo. Mas você deve se lembrar, também, que o governo português, especialmente a partir de 1530, procurava alguma atividade econômica mais rentável que o pau-brasil a fim de financiar o empreendimento colonizador e garantir a posse efetiva e sistemática da terra. Isso porque,
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