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ESTOMATOLOGIA 2.2 DOENÇAS DAS GLÂNDULAS SALIVARES (05/04/2021) As glândulas salivares se dividem em maiores, com as parótidas (serosa), submandibular (mista) e sublingual (mucosa), e em menores (600-1000) que também possuem um fluxo mais líquido/mucoso. Ao mastigarmos, estimulamos uma secreção líquida. O estímulo de secreção da glândula parótida se dá ao observarmos alimentos. Para as funções basais, o fluxo salivar é mantido pelas glândulas sublinguais e submandibulares, além das glândulas menores, consequentemente elas produzem uma película que proporciona um conforto oral. Caso haja uma redução dessa película, há a sensação de boca seca (xerostomia). As alterações nas glândulas são muito comuns na clínica. HIPOSSALIVAÇÃO - ressecamento bucal; diminuição da quantidade do fluxo salivar em repouso. XEROSTOMIA - sensação de boca seca; usualmente está associada a hipossalivação. Microscopicamente, a estrutura das glândulas salivares é observada em unidades secretoras (ácinos, ductos intercalados e ductos estriados); células mioepiteliais ao redor dos ácinos (propriedades contráteis) e elementos neurais (controla secreção/sangue). SALIVA - A saliva serosa é uma saliva rica em proteína, com pouca produção de muco; a saliva mucosa é uma saliva rica em muco, com pouca produção de proteína. Ainda, a saliva pode ser dividida, didaticamente, em dois tipos: • SALIVA TOTAL – saliva e componentes não-salivares. É o que tenho na boca. É o fluxo salivar total no contexto clínico. Os componentes não-salivares são: sangue (cirurgia, extração, gengivite), substâncias extrínsecas (resto de alimento, pasta de dente), outros fluídos (secreção nasal), células epiteliais, microbiota. • SALIVA GLÂNDULA ESPECÍFICA - parótida, submandibular, sublingual e salivares menores. Nesse contexto, a saliva pode ter uma composição diferente. É interessante apenas para estudos científicos. FUNÇÕES DA SALIVA - lubrificação, digestão (amilase salivar), remineralização, ação solvente/antibacteriana/antifúngica/tampão, regulação da temperatura, produção de fatores de crescimento e outros peptídeos regulatórios. COMPONENTES INORGÂNICOS DA SALIVA - cátions: sódio/potássio e ânions: cloro/bicarbonato. COMPONENTES ORGÂNICOS DA SALIVA – enzimas (amilase salivar), glicoproteínas mucosas (recobre a mucosa bucal, dando a sensação de conforto), IgA secretória, lisozima, EGF e calicreína. EXAME CLÍNICO DO PACIENTE COM QUEIXA DE DOENÇA DA GLÂNDULA SALIVAR – anamnese (duração/início dos sintomas e condições relacionadas) e exame físico (localização, consistência, resposta a palpação e secreção). Os exames complementares para observar as glândulas salivares são: exame citológico (PAAF - punção aspirativa por agulha fina), sialoquímica, sialometria (FSR normal acima de 0,3ml/min e FSE normal acima de 0,5ml/min), sialografia, ultrassonografia, cintilografia, TC e RM. As doenças das glândulas salivares podem ser divididas em: • Lesões inflamatórias: sialodenites, sarcoidose, sialolítiase, mucocele, rânula, sialometaplasia necrotizante e doença esclerosante relacionada a IgG4. • Lesões imunologicamente mediadas: síndrome de Sjogren. • Neoplasias. SIALOADENITE - é a inflamação das glândulas salivares de origem variada que pode ser aguda (dor, febre baixa, edema, trismo, drenagem de secreção purulenta) ou crônica (associada a sialólito, tumefação/dor periódicos, dilatação ductal observada em ultrassom). As sialoadenites também podem ser de origem viral (caxumba, coxsackie A, ECHO), de origem bacteriana (ocorre principalmente na parótida com a transmigração das bacterias da boca para a parótida. Dor, aumento de volume e vermelhidão, com secreção purulenta. É comum em pacientes com hipossalivação crônica e intensa), devido ao sialólito, desitração ou utilização de atropina. O tratamento da sialoadenite infecciosa trata-se de acordo com a causa como, por exemplo: bacterianas (antibioticoterapia) e viral (suporte clínico). Reidratação. Se o quadro bacteriano evoluir, necessita-se de drenagem do abscesso ou remoção do cálculo. A remoção do cálculo superficial pode-se remover facilmente, os cálculos mais próximos a glândula necessitam de ambiente hospitalar. SIALOLITÍASE - são pedras salivares/formação de calcificações nos ductos salivares. Há a formação cálcica nas glândulas que produzem conteúdo mais espesso ou mais mucoso, como a submandibular. Além disso, a submandibular tem um ducto ascendente e tortuoso, tornando mais fácil o acúmulo de saliva nessa região - o acúmulo se calcifica e forma o sialólito. Clinicamente, o paciente relata dor e tumefação da glândula, mas também pode ser assintomático. Pode-se observar também aumentos de volumes extraorais devido a inflamação, como nos linfonodos. Na radiografia oclusal, observa-se massas radiopacas, e no ultrassom, uma área hiperecóica com uma área hipoecoica (sombra acústica) abaixo. Sugestão de tratamento – ordenha da glândula (no sentido do ducto da glândula), calor úmido (compressa), aumento da ingestão de líquidos. Após 7 dias, faz-se Pilocarpina. Se após outros 7 dias não for resolvido, faz-se a remoção cirúrgica dos sialólitos das glândulas salivares menores. Os fenômenos de retenção de muco são mucocele, rânula e cisto do ducto salivar. MUCOCELE - é a ruptura do ducto de uma glândula salivar menor e consequentemente há o extravasamento de mucina nos tecidos adjacentes. Tamanho é variável, possui coloração azulada a normal. Normalmente está relacionada ao lábio inferior (trauma) ou ventre de língua. Tratamento cirúrgico (excisão) após 15 dias de observação para mucoceles pequenas. Pode haver recidiva caso não haja a remoção cirúrgica ou também pode haver a recuperação do ducto. RÂNULA - é uma mucocele associado ao assoalho de boca, normalmente associada a glândula sublingual. Coloração azulada a normal, flutuante e de tamanho variável. Consistência de uma bola de água. Diagnóstico diferencial com cisto epidermóide (consistência mais borrachuda) ou com má formação vascular (faz-se aspiração com agulha do conteúdo). Em algumas situações, a rânula pode se projetar para o pescoço - rânula mergulhante. Tratamentos possíveis: marsupialização (pinça para apreender o epitélio, levanta a rânula e retira-se a lesão. Sutura-se a porção interna do ducto com a porção externa que é epitélio - sutura ao redor, no intuito de manter aberto); remoção completa da glândula sublingual; remoção parcial da glândula; remoção da rânula (possui recorrência alta). Complicações associadas: parestesia da glândula, recidiva, dano ao ducto de Wharton, hematoma, sangramento, infecção pós-operatória. CISTO DO DUCTO SALIVAR – cavidade revestida de epitélio originada dos tecidos da glândula salivar. É mais comum na glândula salivar maior ou menor. Assintomático, de crescimento lento, semelhante a mucocele. Excisão cirúrgica com remoção da glândula. SÍNDROME DE SJOGREN - é uma desordem autoimune sistêmica que envolve as glândulas salivares e lacrimais. Pode ser primária - síndrome sicca ou secundária - associada a doença do tecido conjuntivo (AR - até 35% ou LUPUS até 30%). Tem como alvo os autoantígenos intracelulares expressos em diversos tecidos. Tem como eventos críticos: susceptibilidade genética; imunização primária; amplificação. Clinicamente, tem-se: boca seca (xerostomia), disfagia, disgeusia, atrofia das papilas linguais, candidíase, cárie, sialoadenite bacteriana retrógrada. Tumefação das glândulas salivares (bilateral), ceratoconjuntivite cicca (sensação arenosa, corpo estranho), secura de outras mucosas. O diagnóstico é realizado pela observação de xerostomia/hipossalivação; biópsia de glândula salivar menor (mais de 50 linfócitos em 1 foco); VHS, níveis elevados de IgG, FR positivo (75% dos casos); anticorpos antinucleares (anti-SSA e anti-SSB); teste de Schimer (sinais oculares - secreção da lágrima); corante rosa-bengala; ultrassom de glândula salivar. Tratamento é de suporte – sialogogos,chicletes sem açúcar, nistatina. Pele e mucosas – agentes hidratantes. Na evolução, os pacientes evoluem com cárie rampante.
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