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INSTITUTO MACAPAENSE DO MELHOR ENSINO SUPERIOR CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA CARLISON AMORAS DE SOUZA MARTEL GABRIEL LIMA BORGES COSTA BULLYING E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO AMBIENTE ESCOLAR MACAPÁ - AP 2020 CARLISON AMORAS DE SOUZA MARTEL GABRIEL LIMA BORGES COSTA BULLYING E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO AMBIENTE ESCOLAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Psicologia do Instituto Macapaense do Melhor Ensino superior, como requisito avaliativo final da disciplina de Seminário em Pesquisa 2, ministrada pelo Prof. Ms. Diego Saimon. Orientador: Prof.º Esp. Ednaldo Façanha MACAPÁ - AP 2020 CARLISON AMORAS DE SOUZA MARTEL GABRIEL LIMA BORGES COSTA BULLYING E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO AMBIENTE ESCOLAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Psicologia do Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior, como requisito final para obtenção do grau de bacharel e formação de Psicólogo. Data da avaliação: ___26__/__02___/___2021___ BANCA EXAMINADORA DA QUALIFICAÇÃO Prof. Esp. Ednaldo Façanha – Orientador (IMMES) ___________________________________________ Dra. Leila do Socorro Rodrigues Feio (IMMES) ___________________________________________ Prof. Andressa da Silva de Jesus (IMMES) ___________________________________________ Psi. Marlucia Milhomem da Silva ___________________________________________ MACAPÁ - AP 2020 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................................5 CAPITULO 1: BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR ......................................................... 7 1.1 AMBIENTE ESCOLAR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ................................................. 7 1.2 VIOLÊNCIA ESCOLAR .................................................................................................... 8 1.3 BULLYING ESCOLAR ................................................................................................... 10 1.4 PERSONAGENS DO BULLYING ESCOLAR ................................................................. 13 1.4.1 VÍTIMAS ....................................................................................................................................... 13 1.4.2 AGRESSORES .............................................................................................................................. 14 1.4.3 EXPECTADORES OU TESTEMUNHAS .......................................................................................... 14 1.6 CYBERBULLYING ............................................................................................................................ 17 1.7 CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING ESCOLAR COM OS ENVOLVIDOS .............................................. 18 CAPITULO 2: Atuação do Psicólogo no Contexto de Bullying Escolar ......................... 21 2.1 O Psicólogo Escolar ....................................................................................................... 21 2.2 Prevenção ao Bullying e Promoção a Saúde mental no Ambiente Escolar .................... 25 3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 28 3.1 Caracterização do Estudo .............................................................................................. 28 3.2 Universo e Amostragem ................................................................................................. 29 3.3 Critérios de Inclusão e Exclusão .................................................................................... 29 3.4 Coleta, analise e Interpretação de Dados ...................................................................... 29 3.5 CRONOGRAMA ............................................................................................................ 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 33 4.1 Consequências do Bullying Escolar ............................................................................... 33 4.2 Atuação do Psicólogo no Ambiente Escolar: BULLYING ............................................... 37 5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 43 5 INTRODUÇÃO O psicólogo considerado como o profissional da saúde mental que possui as competências e habilidades para atuar em diversas áreas, sendo uma delas o ambiente escolar, que se apresenta como um local de aprendizagem e interações diversas, porém por ser um ambiente coletivo abre portas para outros processos como dificuldades de aprendizagem e manifestações de violência escolar, sendo assim, a suma importância que este profissional se encontre presente e atuante neste ambiente. Valle (2003) frisa o papel deste tipo de profissional como um investigador e pesquisador do ambiente em que atua, compreendendo a realidade escolar e 5 interações, suas formas de intervir e direcionar a instituição para a conscientização e qualidade de relações. Ainda atuando diretamente na prevenção contra as diversas formas de violência no sentindo de promover atividade programas voltadas à saúde mental. O Bullying escolar se apresenta como um fenômeno muito presente nos ambientes educacionais, e em todos os seus níveis, educação básica ou ensino superior, sendo a violência um objeto de caráter continuo podendo ser praticado entre os alunos e até mesmo contra seus professores. Além de condicionar suas variantes como o Cyberbullying, numa forma de violência praticada através de plataformas digitais, e a usufruir, o agressor no caso do anonimato. Assim está pesquisa evidencia a problemática envolto a atuação do psicólogo no fenômeno de Bullying no ambiente escolar. Em foco o Bullying como sendo uma das formas de violência mais presente no ambiente escolar, onde os envolvidos, vítima e agressor, neste fenômeno vivenciam atos de violência envolvidos quanto ao ato físico e ao psicológico de forma repetitiva e devastadora, tanto na posição de oprimido quanto de opressor e suas consequências perduram não somente na vivencia escolar, mas também por toda a sua vivencia social (ANTUNES; ZUIN, 2008). Enfatizou está a hipótese quanto que a atuação do psicólogo escolar no contexto de Bullying se processa através de um trabalho em conjunto com a instituição escolar, desenvolvendo programas de conscientização e prevenção a violência, ambientes de reflexão, prezando a inclusão não somente dos alunos, mas também de todos os profissionais ali atuantes. 6 Esta investigação teve por objetivo geral descrever a atuação do psicólogo escolar mediante contexto de Bullying escolar e em relevância seus objetivos específicos pautaram-se em caracterizar o Bullying no ambiente escolar, ainda em analisar as consequências do Bullying escolar com os envolvidos e identificar as práticas de atuação do psicólogo no Bullying escolar. A intenção justificou-se em desenvolver a partir de leituras sobre o bullying escolar e a atuação do psicólogo no espaço educacional como sendo um profissional de grande importância para a promoção a prevenção aos fenômenos escolares. Em consequência de a justificativa social apontar o bullying escolar em uma visão de violência que se demonstra com consequências degradantes tanto à vítima quanto os opressores. Em consideração a importância e a conscientização da sociedade através da escola. E consequentementea leitura cientifica para o profissional que deseja atuar nesta área e a compreender de maneira mais especifica essa atuação profissional do psicólogo em combate ao bullying. 7 CAPITULO 1: Bullying no Ambiente Escolar Neste capitulo descreve-se algumas compreensões teóricas sobre Bullying no ambiente escolar, como uma modalidade de violência presente nos espaços escolares, e que possui diversas facetas e formas de ser praticada, os desafio enfrentados pelos profissionais da área e a lidar com esse fenômeno, suas consequências, causas e ainda alguns conceitos sobre a violência escolar, Bullying, além de suas variações, personagens, diferenças de gênero e por fim suas consequências para com os envolvidos, no sentido de poder proporcionar um melhor entendimento acerca desse fenômeno. 1.1 AMBIENTE ESCOLAR: Algumas Considerações O ambiente escolar desdobra-se como creditado como um dos principais agentes de socialização dos sujeitos, não apenas pela construção de conhecimento, mas também pela transmissão e construção de valores. Ao pensarmos em ambiente escolar, devemos ir além da educação por conteúdos lecionados, mas também em uma educação que envolva atitudes e comportamentos, atuando também de forma não verbal e não limitada a um espaço físico (ELALI, 2003). Silva e Ferreira (2014) pontuam o ambiente escolar como uma proporcionadora da cidadania, lugar onde os sujeitos ampliam suas vivencias para além do contexto familiar, integrando-se em numa comunidade mais ampla e que não está ligada por vínculos de parentesco ou afinidade, mas pelo dever de conviver com as diferenças, em outras palavras, a escola trabalha em cima do conceito de coabitação de seres diferentes, mas convivendo e aprendendo sobre uma mesma ordem. Ribeiro et al (2012) revela que além de um ensino de qualidade torna-se necessário que se trabalhe a inclusão de todos, o ambiente escolar tem o objetivo de interferir de forma positiva na vida dos indivíduos, mas interferências negativas fazem parte do processo de vivência integrada dos seres humanos, pois o ambiente escolar também é um espaço de relações sociais que se desenvolvem dentro e fora do ambiente, dessa forma, deve-se prezar pela qualidade do mesmo. Para Moreira e Candau (2003) ampliam o ambiente escolar, não apenas como um espaço da construção do saber cientifico, mas também relacionado a cultura, como um fator importante da vida dos indivíduos, através dela se obtém outros 8 conhecimentos sobre outras culturas, ideologias de um lugar, grupo ou da própria sociedade, o que auxilia no processo de respeito as “diferenças” uns dos outros, repugnando qualquer tipo de pensamento preconceituoso. Porém Vieira et al (2017) propõem que identificar o ambiente escolar institucional como um espaço de inserção social e o direito a educação do sujeito, e deve ser universal, sendo assim, este ambiente torna-se um lugar onde não devemos possuir qualquer tipo de descriminação ou preconceito e sim torna-lo um ambiente que possa incluir a todos, independentemente de classes sócias, etnias, religiões, gêneros entre outros. Dessa forma, a entender que o ambiente escolar como um espaço que se transforma além do físico, a proporcionar vivencias e aprendizagens em relações sociais, fazendo o uso do exercício da cidadania para com o indivíduo, capaz de ensinar a viver sobre normas institucionais e respeitando as diferenças, sempre aprendendo de forma gradativa. 1.2 Violência Escolar A palavra violência está associada ao verbo violare do latim que significa violar, profanar, transgredir ou tratar com violência. Conceito este que sempre esteve presente na história da humanidade e até mesmo associado como parte da essência dos indivíduos, sempre foi alvo de estudos ao longo da história, por suas diversas manifestações e formas de ser praticada (SACRAMENTO; REZENDE, 2006). Minayo (2005) conceitua a violência em seu sentido geral como o uso da força ou superioridade física e constrangimento, ainda colocando o uso de comportamentos violentos como afirmações autoritárias, lutas, poder, vontade domínio ou aniquilamento para com o outro ou seus bens. Suas variadas manifestações podem ou não ser aprovadas socialmente, licitas ou ilícitas, de acordo com os aparelhos de manutenção social, como legislações e regras de convivência. Os fatores associados ao surgimento de comportamentos violentos podem ser os mais variados, desde condições econômicas, fatores culturais, condições sociais ou políticas, a violência está estritamente relacionada a fatores subjetivos dos indivíduos, questões internas que não puderam ser melhor desenvolvidas ao longo da vivencia ou não puderam ser sanadas por algum outro fator interno ou externo do ambiente (DALBERGH; KRUG, 2006). 9 Dessa forma, pode-se compreender que a violência está atrelada a ampla gama de comportamentos humanos de cunho agressivo, no qual os indivíduos precisam recorrer a atos violentos para obter resultados pessoais ou não, como dito anteriormente seus fatores de surgimento também podem ser os mais variados. Porém a violência possui suas facetas que surgem em outros pontos da sociedade, como a violência escolar onde o próprio nome já diz, é característica do âmbito escolar e adaptada a esse universo, porém não se resume apenas ao espaço físico escolar, possuindo aspectos internos e externos. A violência escolar cresceu nos últimos anos, os diversos casos de comportamentos violentos no ambiente escolar chamam a atenção das redes e mídias de informação, devido aos atos praticados que em sua maioria causam consequências físicas e psicológicas para com todos os envolvidos, docentes, discentes, familiares e funcionários de apoio. A violência escolar ganhas proporções cada vez maiores causando uma alteração significativa no aprendizado e convivência dos indivíduos na escola (ANDRADE, 2014). Outra característica marcante da violência escolar é o fato dela não ser específica do espaço físico escolar, mas de seus espaços, tanto interno quanto externo, em seu trajeto, como as relações familiares, relações sociais fora da escola, o próprio percurso de casa-escola e vice versa, pode ocasionar fatores que desenvolvam comportamentos violentos na escola, faz-se necessário que os profissionais que atuam neste âmbito estejam atentos a esses fatores, que em sua maioria são de cunho investigativo por parte do profissional (STELKO-PEREIRA; WILLIANS, 2010). Ainda sobre aspectos que influenciam a violência escolar o teórico Massing (2017) discorre sobre fatores que devem ser levados em consideração, como a televisão e a internet como instrumentos de influência, a remeter comportamentos e atitudes do indivíduo, a facilidade com que ambas transmitem informações que muitas vezes são de cunho agressivo, como notícias de morte ou atos de violência. As reverberações sociais acerca de alguma temática em evidencia da própria sociedade, extremismo social e outras informações perigosas transmitidas ou que se pode obter por acesso rápido e fácil. Quanto as influências externas se tornam quase ilimitadas, e muitas informações para serem absorvidas, acabam ocasionando uma cascata de influências negativas para o sujeito acometido de agressão. 10 Nesta vertente compreende-se que a violência escolar não é determinada por um comportamento atrelado a um ambiente em particular, um espaço físico, como objetiva e subjetiva a violência escolar e suas marcas podem ser manifestadas em qualquer ambiente fora da escola, desde que esse ambiente seja favorável para conflitos, influencias negativas, família e outros fatores sociais de cunho hostil, as mídias sociais e digitais são porta de entrada para muitas dessas influencias, como a facilidade do acesso, que proporciona todos os tipos de informações. O objetivo destetópico deu-se em decorrência de apresentar algumas conceituações e fundamentações teóricas acerca da violência escolar, no intuito de demonstrar entendimento sobre a violência e seus aspectos. A de se compreender que a violência escolar também possui suas facetas como o conceito tradicional de violência, e uma dessas faces contém o Bullying escolar, como uma das formas de violência escolar mais conhecidas e divulgadas pela mídia, e que também não se prende a um espaço físico institucional, mesmo que acarrete consequências severas aos envolvidos e em muitos casos até mesmo atitudes derradeiras, sendo assim, no capitulo a seguir se esbouçará uma descrição e conceituação do Bullying escolar, seus personagens, consequências e suas variações. 1.3 Bullying Escolar Tendo em vista o exposto sobre algumas considerações acerca da violência e por já mencionado mais especificamente o bullying escolar, neste tópico descreve-se a conceituação teórica do Bullying assim como seu processo no ambiente escolar contemporâneo. A palavra Bullying origina-se da língua inglesa derivada da palavra Bully, sendo que para esta palavra não existe uma tradução específica para a língua portuguesa, para tanto, aos pesquisadores da área de psicologia, define-se da forma mais comum aos termos “Valentão”, “Tirano” ou mesmo o “uso da força excessiva”, “tentativa de demonstrar superioridade para intimidar alguém”, possuindo diversas definições bastante amplas, sendo que em todas elas relaciona-se diretamente à violência (FERNANDES; YUNES, 2015). Os estudos acerca dessa temática tiveram início com o pesquisador Dan Olweus na Europa, especificadamente na Noruega no início dos anos 1980, onde 11 detectou-se a necessidade de realizar pesquisas a respeito das variações de violências que ocorriam no ambiente escolar. A perceber que haviam distúrbios em relação as sucessivas e súbitas ações de ataques com recorrência de um aluno que chamaram de (agressor/dominador), em oposição a outro aluno que denominaram como (vitimizado). Diante disso o autor delimitou em suas observações apenas agressões físicas e verbais como denominada de Bullying, a ressaltar que o autor estava apenas no início de sua pesquisa, a considerar as formas diretas e primárias do Bullying (RISTUM, 2010). À medida que estes comportamentos eram observados, os pesquisadores puderam perceber que a prática de Bullying escolar, era mais vistosa e complexa, indo muito além de “ataques diretos” as vítimas. Havia outras formas de agressão que não seriam explicitamente praticadas ou até mesmo mediadas por terceiros. Assim, demonstrou-se a necessidade e a relevância na ampliação dos estudos, uma vez que em decorrência de possíveis punições institucionais, os agressores tornavam as práticas não tão evidentes, pois realizavam praticas violentas distantes dos olhares “institucionais”, para assim terem mais liberdade em relação às agressões (RISTUM, 2010). Compreende-se que os estudos sobre comportamento escolar violento já mostravam potencial para o desenvolvimento mais aprofundado de estudos não apenas sobre o contexto de violência escolar e de sua complexidade do universo educacional, a questionar como essas práticas se tornavam tão ativas dentro desses ambientes, porém por ser um estudo pioneiro ainda encontravam dificuldades, em especial na identificação dos comportamentos. O fenômeno Bullying está presente na maioria dos ambientes escolares e apesar de suas práticas serem repudiadas por educadores e profissionais da área educacional, existe de fato uma ausência de iniciativas voltadas para a prevenção desse fenômeno, que materializam consequências trágicas para aqueles que sofrem ação diretamente, e que podem ser refletidas por toda a vivência escolar do indivíduo, mesmo fora do ambiente escolar (SLOBODZIAN; HUBNER, 2016). Já para Fante (2005), a compreensão sobre bullying escolar está destacado como uma forma muito cruel de violência, uma vez que o indivíduo sofre agressão continua, a ocasionar um alto grau de ansiedade, podendo interferir diretamente de forma negativa em seus processos de aprendizagem e convívio social, devido a excessiva pressão emocional que sofre, com emoções que envolvem o medo, a 12 angustia, a raiva reprimida e outras, que ocasionalmente podem prolongar seu sofrimento psíquico. O bullying escolar abre muitas portas para eventos cada vez mais traumáticos para aqueles que o vivenciam em qualquer proporção de sua experiência, esses traumas podem ser manifestados de diversas formas. Pode-se exemplificar casos de tiroteios em ambientes escolares, e esses eventos recebem o nome de school shooting, na qual um indivíduo que é ou foi vítima de alguma forma bullying realiza um atentado a vida daqueles que se encontram na instituição alvo, na intenção que podem ferir a instituição ou até mesmo aos alunos que praticaram os atos de bullying com esse indivíduo (VIEIRA; MENDES; GUIMARAES, 2009). Os autores ainda ressaltam casos como a da universidade de Virginia Tech, onde um aluno coreano planejou e executou um atentado contra a instituição e seus alunos, a ceifar a vida de 33 pessoas incluindo a sua. Nas investigações sobre o ocorrido foi constatado que o atirador sofria Bullying de seus colegas por sua nacionalidade e cultura, o que causou um elevado grau de sofrimento e o fez executar tal ato (VIEIRA; MENDES; GUIMARAES, 2009). Dessa forma, analisa-se que o bullying escolar causa consequências que vão muito além de sofrimento interno e físico da vítima, o estresse elevado e a angustia reprimida que se origina dos constantes assédios violentos, proporciona que os vitimados realizem atos violentos como o citado, e que podem custar vidas até mesmo daquelas pessoas que não se encontram envolvidas em nenhum grau de violência escolar e a do atirador. Freire e Aires (2012) argumentam sobre o enfrentamento ao Bullying e a qualquer forma de violência que ocorre no ambiente escolar, e que esse enfrentamento não se deve partir de métodos e estratégias prontas e fechadas, como um tipo de receita única, não há um método exclusivo, pois cada ambiente escolar possui uma realidade diferente e uma diversidade de indivíduos e relações sociais muito amplas, não se deve avaliar e combater o bullying de um modo descontextualizado de seu universo. O Bullying escolar está apontado como um problema de saúde pública, conforme Marcolino et al (2018) o seu caráter multidimensional, complexo e relacional, requer constantes atualizações de estudos e estratégias cientificas e políticas, no intuito de caracterizar esta temática como um estudo intersetorial, uma vez que está problemática possui diversas manifestações e em todos os níveis e ensino. 13 Esse tipo de violência escolar mostra-se um fenômeno amplo por atingir todos os níveis de ensino, suas consequências já mostraram ser extremamente severas a todos os envolvidos, e também se mostra como um fenômeno complexo devido aos seus personagens, as motivações e as formas de violências que podem ser praticadas dentro desse contexto. Mas quem são esses personagens que compõem essa modalidade de violência? Quais são suas motivações e perfil? Como se caracteriza um personagem de bullying escolar? Esses questionamentos se apresentam no tópico a seguir. 1.4 Personagens do Bullying Escolar No contexto de Bullying escolar, Silva (2015) em sua obra Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas faz uma distinção sobre os personagens que compõe esse tipo de violência. E esses personagens são divididos em três tipos: “as vítimas, os agressores e os expectadores”. Esses indivíduos sofrem, praticam e presenciam comportamentos violentos e são passiveis de suas consequências independente de sua posição, assim neste tópico se fará uma breve apresentação sobre esses protagonistas participantes do Bullying escolar. 1.4.1Vítimas Caracteriza-se como uma vítima do Bullying escolar, o aluno que apresenta dificuldade de socialização, geralmente é um sujeito tímido e reservado e não consegue reagir mediante as provocações e agressões direcionadas a ele, esse aluno pode apresentar características físicas e psicológicas que podem o deixar vulnerável a esse tipo de violência, as características físicas podem ser o fato de ser acima do peso ou muito magro, deformidades físicas, cor da pele, entre outros motivos. Já as características psicológicas podem ser a falta de habilidade de socializar, insegurança emocional bem como outros traços, qualquer motivo que o deixe a mercê desse tipo de comportamento (SILVA, 2015). Lopes Neto (2005) ressalta que as vítimas de Bullying escolar, além das questões físicas, esses indivíduos podem apresentar uma pré-disposição a sofrerem esse tipo de comportamento, essa pré-disposição de acordo com o autor pode se 14 originar de padrões educacionais familiares como a superproteção, tratamento de forma infantilizada ou até mesmo colocando-o como um tipo de “bode expiatório” da família. 1.4.2 Agressores Já os agressores, podem pertencer a ambos os gêneros, masculino e feminino, esses sujeitos geralmente apresentam comportamentos de desrespeito e perversidade, eles podem agir individualmente ou em grupo e assumem posições de liderança através da imponência física e psicológica. Os agressores apresentam desde muito cedo aversão a normas e autoridades o que os deixa vulneráveis a comportamentos delituosos e violentos no ambiente em que convive, esses indivíduos estabelecem um padrão de aceitação social e todos aqueles que não se adequem a ele ou não o respeitem tornam-se possíveis alvos de bullying por esses agressores (SILVA, 2015). A autora ainda discorre que esses comportamentos e falta de empatia para com o próximo quando se trata de um agressor de Bullying escolar, podem ser resultado de uma convivência social e familiar conflituosa, lares ou ambientes em que é estimulado de forma constante a agressividade, faz com que esses indivíduos se tornem desregulados em suas convivências sociais e se utilizem de métodos violentos para obter respeito e poder (SILVA, 2015). Sendo assim, compreende-se que os agressores são indivíduos que possuem determinada desregulação emocional que advém de diversos fatores como, lares conflituosos, desrespeito às normas e regras, afirmações e posições de poder, aceitação social entre outros. 1.4.3 Expectadores ou Testemunhas Os expectadores ou testemunhas são indivíduos que presenciam toda a violência dirigida às vítimas pelos agressores, porém não tomam atitude alguma em relação aos atos violentos, tanto na defesa das vítimas, quanto se juntando os agressores, esses indivíduos assumem uma postura imparcial em situações de Bullying escolar, essa postura advém de diversos motivos, um deles e talvez um dos 15 principais seja por temerem se tornar as novas vítimas dos agressores, o que também ocasiona um posição de omissão em relação às agressões presenciadas (SILVA, 2015). Os expectadores podem adquirir outros comportamentos além da passividade como forma de se esquivar de possíveis agressões, um desses comportamentos pode ser o ato de imitar os agressores, não de forma continua ou com o mesmo grau de perversidade, mas como uma forma de ganhar alguma popularidade ou poder, porém esse comportamento pode torná-lo um agressor em potencial (LISBOA; BRAGA; EBERT, 2009). Dessa forma, entende-se que o Bullying escolar além de seus característicos atos violentos e repetitivos, há também personagens que compõem e caracterizam esse fenômeno, vitima, agressor e expectador que possuem suas particularidades neste fenômeno, independente da sua posição no ambiente escolar estes personagens estão sujeitos a danos físicos e psíquicos em que se deve ter um olhar mais atento aos processos que ocorre com esses indivíduos, considerando seus aspectos internos e externos. Portanto, ao se falar de Bullying escolar, compreendemos que este fenômeno é uma modalidade de violência escolar que se manifesta de diversas formas, mas que está presente em grande parte dos ambientes escolares e em todos os níveis de formação, porém ainda se tratando de pesquisas teóricas acerca do tema, diversos autores fazem diferenciações de comportamentos violentos entre meninos e meninas, essas distinções se pautam em níveis de agressão, incidências de conflitos para ambos os sexos e dados percentuais de envolvimento de cada gênero, sendo assim, no tópico a seguir irá se analisar essas particularidades por sexo no Bullying escolar. 1.5 Bullying Escolar: Distinção entre Meninos e Meninas O Bullying no ambiente escolar se caracteriza pelos atos de violência física e psicológica praticados por ambos os sexos masculino e feminino, sendo que estes ocorrem de forma contínua, intencional contra uma ou mais vítimas. Lisboa (2005) argumentam que as diferenças de gênero em relação a expressão de agressividade já é observada desde a infância, na qual os meninos são mais agressivos que as meninas e se envolvem com maior frequências em conflitos em que se precise usar a 16 força física, os autores ainda discorrem que mesmo consideradas menos agressivas, as meninas apresentam tendência a manifestar verbalmente hostilidades. Mazzon (2009) em suas pesquisas sobre comportamento discriminatório no âmbito escolar, observou que os meninos apresentam atitudes preconceituosas e agressivas com maior frequência do que as meninas, o que permitiu compreender uma maior participação dos meninos em atos de bullying escolar. Neste cenário Mattos e Jaeger (2015) analisam que os meninos praticam mais atos de bullying pelo fato de não demonstrarem receio de ser repreendidos pelas suas práticas de violências. O que já não se enquadra para as meninas, uma vez que a maioria das meninas que afirmaram praticar ou terem praticado em algum momento o bullying sofrerem represálias familiares em função dos comportamentos. Bandeira e Hutz (2012) discorrem que cerca de 50% dos agressores são do sexo masculino, de forma que os ataques femininos são de 18,8%, no entanto, as mesmas atitudes ocasionadas por ambos os gêneros somam 31,2%. Dessa forma, a autora ainda afirma que o sexo feminino dispõe de uma sagacidade ainda mais cruel para ferir suas vítimas deixando-as deprimidas por estarem sendo acusadas de forma a denegrir a sua moral, bem como a sua dignidade, em relação ao sexo masculino sua reação é de completo descontrole tendo um instinto explosivo partindo para as agressões físicas e verbais liberando dessa forma toda a sua ira para com a vítima. A propensão há uma violência mais direta, com agressões verbais e físicas se encontra mais presente entre os meninos praticantes de Bullying, quanto às meninas a incidências de envolvimento maior estão nos comportamentos de exclusão social, dessa forma, compreende-se que os meninos são mais adeptos de uma violência mais clássica e as meninas de uma forma mais astuta, o que não exclui a violência verbal que está presente em ambos os sexos nesse contexto (SOUZA-FERREIRA; FERREIRA; MARTINS, 2014). Para tanto, há também distinção no que refere às reações de empatia em relação aos vitimados, pois as meninas são mais empáticas aos que sofreram com esse tipo de violência disponibilizado aporte moral e emocional, diferentemente dos homens que se retraem á aquele que sofreu bullying, proporcionando neste o sentimento de vitimização, agressividade e de igual modo a vingança sejam construídos em seu sofrimento (BANDEIRA, 2009). É importante para pesquisa pontuar essas diferenças de gênero no fenômeno de Bullying escolar por suas particularidades presentes na forma de como cada sexo 17 se comporta, pode-se ver que o sexo masculino possui propensão maior para violênciaescolar, já o sexo feminino também possui uma incidência, porém em um grau menor e com maiores chances de auto regulação. Dessa forma, pode-se ter uma exatidão maior acerca da análise do Bullying no ambiente escolar e suas manifestações, ainda sobre as suas formas de se manifestar também irá se abordar uma nova modalidade de assedio interligada com o Bullying, sendo essa modalidade o Cyberbullying onde se irá analisar algumas conceituações teóricas a respeito. 1.6 Cyberbullying Na atual sociedade em que vivemos, um dos principais desafios dos profissionais da área escolar é o de desenvolver a educação atrelada às tecnologias presentes na sociedade e em grande da parte das instituições de ensino. Vivencia-se um momento em que as tecnologias, em especial, as de informações fazem parte do dia-a-dia dos indivíduos em casa, no ambiente de trabalho e no ambiente escolar, como parte essencial para construção e organização dos processos nesses ambientes (PEREIRA; ALVES, 2015). Assim como o termo Bullying, o conceito de Cyberbullying possui uma diversidade de conceituações teóricas, mas em grande parte dessas visões, o cyberbullying ou bullying virtual geralmente é caracterizado como a utilização de qualquer plataforma social digital com o objetivo de expressar conteúdos de difamação ou violência psicológica direcionados a um indivíduo ou a um grupo de forma continua (LOPES NETO, 2005). O advento das tecnologias da informação apesar de apresentar um mundo virtual livre de um certo convívio físico, também mostra uma faceta perigosa, que se dá através do anonimato, o que “protege” indivíduos com intenções não benéficas e com objetivo de proporcionar sofrimento à aqueles que se encontram sob seu julgo, dessa forma, abrindo portas para novos de tipos de violência, mas dessa vez, no âmbito virtual (WENDT; LISBOA, 2013). Dessa forma, entende-se o cyberbullying como uma faceta do bullying, no qual os autores se utilizam de plataformas de tecnologia da informação, como facebook, instagram, entre outras redes sociais conhecidas, até mesmo redes privadas que possuem alguma forma de compartilhamento de informações, imagens e diálogos. 18 Freire e Aires (2012) discorrem sobre o anonimato que o Cyberbullying proporciona ao agressor, no qual o indivíduo pode desferir ofensas contra o outro e manter-se em segredo, utilizando apelidos ou outras formas que dificultem a sua identificação. Um fator importante sobre o Cyberbullying é a sua facilidade de instalar-se no ambiente escolar moderno e de até extrapolar este ambiente, atravessando os muros da escola e aumentando ainda mais o sofrimento dos possíveis alvos. Existem algumas diferenças entre o Bullying direto e indireto, no bullying tradicional, a vítima sofre enquanto se encontra presente naquele ambiente em questão, no caso o ambiente escolar, e quando se ausenta deste ambiente a vítima fica em tese longe dessa violência, já no Cyberbullying é mais difícil a vítima se ausentar dessa situação, uma vez que por se utilizar das plataformas digitais e não físicas, o agressor amplia a sua atuação, no qual a repetição constante torna-se mais evidente e a vítima torna-se limitada a se esquivar desses atos (SCHREIBER; ANTUNES, 2015). Podemos então compreender o cyberbullying como uma manifestação indireta do bullying, por não precisar diretamente de um contato ou ambiente físico, sendo assim, o agressor se utiliza de um ambiente virtual para desferir suas ofensas e limitar o espaço de fuga do seu alvo, atormentando-o através do anonimato as sombras da virtualidade. A vítima por outro lado não tem muitas possibilidades de esquivar-se e acaba por vivenciar mesmo em sua zona de conforto agressões e outras formas de violência psicológica. 1.7 Consequências do Bullying Escolar com os Envolvidos Todo e qualquer ato de violência praticado pode deixar suas sequelas, inclusive o Bullying, que se caracteriza por atos de violência física e psicológica de forma repetida e que deixa suas consequências não apenas para as vítimas, mas também para todos aqueles que se encontram envolvidos neste fenômeno. Para Fante (2005) são graves os efeitos para as vítimas dessa pratica, devido à constante pressão e violência a que são submetidos, esses indivíduos apresentam falta de interesse escolar, dificuldades em seu processo de aprendizagem e tentativas de evasão do ambiente de ensino, esses comportamentos podem abrir portas para transtornos 19 psíquicos, doenças psicossomáticas e até mesmo chegando a comportamentos suicidas. Além dos comportamentos supracitados acima, de acordo com Cunha (2009) os alunos ao sofrerem esse tipo de violência sentem-se inseguros em frequentar a escola, com medo de sofrerem bullying de seus colegas, e como alternativa imediata, evitam frequentar os locais de maior incidência desse ato, e quando não se pode evitar tais encontros, gera-se uma probabilidade considerável na aquisição de armas para defender-se. Nota-se que em ambas as reações, a vítima sofre de maneira tão forte ao ponto de degradar a sua saúde mental desorganizando o seu sistema psíquico. Ao perpetuar esses sintomas, o sujeito em sua vida adulta se tornará um indivíduo com baixa autoestima e mais propenso a sintomas de depressão ou ao uso de substancias psicoativas. Souza et al (2019) discorre que grande parte dos adolescentes que vivenciam bullying no ambiente escolar fizeram uso de substancias psicoativas, na condição de vítima são (33,4%), como autor são (26,4%) e como alvo/autor são 10,3%) o que demonstra uma realidade preocupante no não preparo emocional desses adolescentes bem como da instituição escolar nas políticas de enfrentamento no fenômeno Bullying. Compreende-se que o bullying pode ser um grande influenciador para que esses adolescentes venham a ingressar no uso de substancias psicoativas, transformando dessa forma a sua realidade tanto emocional quanto social. As consequências para os agressores dão-se devido o afastamento do processo de aprendizagem ou pela ausência de interesse pelos conteúdos escolares, desse modo, projeta na violência uma forma de buscar a popularidade e a demonstração de poder, a impunidade ou falta de direcionamento em muitos desses casos acarreta a possíveis comportamentos violentos em sua vida adulta (FANTE, 2005). Ainda com os agressores é perceptível o distanciamento nas relações pessoais no ambiente escolar, falta de empatia e comportamentos impulsivos, o que contribui ainda mais para diminuição de produtividade desses indivíduos, e quanto mais se torna evidente as práticas violentas desses indivíduos mais severos esses comportamentos se tornam, podendo levar a um total negativo de produtividade escolar (SANTOS; PERKOSKI; KIENEN, 2015). 20 A probabilidade dos agressores ingressarem em crimes violentos e serem condenados ultrapassa os 50% dos casos, pois nos estudos já realizados, foi observado que esses alunos que praticaram bullying na escola, em sua maioria foram condenados por um ou mais crimes na vida adulta, o que pode advir de uma família desestruturada, mídias tendenciosas à violência e a inércia do ambiente escolar (CUNHA, 2009). Em meio a essa ótica, Cunha (2009) ainda menciona as vítimas agressoras, que surgem como uma resposta ao bullying sofrido, alterando a sua posição frente ao problema enfrentado, pois quando a vítima é extremamente exposta ao constrangimento mas toma a atitude de se defender e o faz com êxito, acaba por proporcionar uma forte confiança em si ao revidar o seu agressor, impondo-se com autoridade aquele que antes lhe causava dano. Albuquerque et al (2013) trazem uma problemática muito preocupante para com os espaços escolares em que temas como o bullying são poucos trabalhados, contudo, os alunos que nelas estão matriculados obtém pouca clareza sobre a problemática, tornando-se sujeitospropensos a cometer atos severos e persistentes aos seus pares, como no caso de Realengo no Rio de Janeiro, em que um ex-aluno entrou em sua antiga escola aonde sofria bullying, o mesmo matou 11 alunos e deixou 13 feridos, em seguida tirou a sua própria vida. Diante dessas informações, entende-se que o não trabalhar desta temática no ambiente escolar é um terreno fértil para desenvolver sentimentos de vitimização, angustia, desamparo e o desejo de revidar que pode ser voltado tanto para a instituição quanto para com seus colegas. Em casos como estes Lopes Neto (2005) argumenta que as vítimas estão sofrendo de maneira tão intensa ao ponto de desejarem acabar com a sua dor, ferindo aquilo que lhe representa tanta indignação, dessa forma, este acaba cometendo os mais terríveis atos de violência chegando a ceifar a vida de outros, no entanto, a finalidade era de ferir a instituição escolar. Portanto, é observado que o papel do agressor e da vítima pode ser alterado, a vítima ocupa o papel de agressor enquanto aquele que agride se torna o vitimado, nessa nova configuração o agressor se torna mais voraz do que seu antecessor por estar mais propenso a sentimentos negativos de violência contra aquele que o feriu, ocasionando assim tragédias que podem marcar sua história e de seus familiares. 21 No entanto, Cunha (2009) argumenta a respeito dos expectadores que contribuem de forma significativa à posição de poder dos agressores, pois observam de forma tão omissa tais agressões para com as vítimas eximindo-se de qualquer oferta de auxilio em favor das mesmas. Vemos que para esse público torna-se conveniente não oferecer ajuda as vítimas por não desejar tornar-se a próxima, porém essa mesma atitude traz consigo um sentimento de solidão para as vítimas, pois elas veem as pessoas ao seu redor presenciando o ato de bullying, mas não tomam atitude alguma para evitar ou interromper a violência. Podemos compreender que os repetitivos atos de violência geram consequências físicas e psíquicas devastadoras para os indivíduos, mesmo aqueles que participam ou se encontram neste processo de forma indireta, o fenômeno Bullying afeta a todos do ambiente escolar, tais comportamentos adquiridos por via desses atos refletem por toda a vivencia do indivíduo e podem ser determinantes para seus comportamentos futuros, sendo assim, o Bullying escolar torna-se muito mais do que apenas um fenômeno escolar, mas sim um transformador social prejudicial. CAPITULO 2: Atuação do Psicólogo no Contexto de Bullying Escolar Como visto anteriormente, o Bullying é um fenômeno que tornou-se característico no ambiente escolar, muito difícil de se identificar devido se mostrar presente entre os alunos e por sua essência ser de hostilidade repetitiva para com o outro, consequências físicas e psíquicas e em muitos casos a inércia do ambiente escolar acaba por ser um desafio ao profissional de psicologia escolar. Porém a literatura acerca do tema é bem enfática sobre a atuação do psicólogo no contexto de Bullying escolar, desse modo, neste capitulo irá se identificar como se procede essa atuação com o intuito de elevar o arcabouço teórico e prático do psicólogo escolar. 2.1 O Psicólogo Escolar Valle (2003) compreende a Psicologia Escolar como um dos campos de atuação do psicólogo, no qual o profissional faz a utilização de aspectos teóricos e práticos da psicologia no ambiente escolar, este trabalho tem por objetivo o 22 aperfeiçoamento do processo educativo dos sujeitos, considerando aspectos psíquicos, sociais, culturais, educacionais, institucionais dentre outros, o trabalho da psicologia escolar se faz dentro e fora do ambiente educacional. No princípio da construção da psicologia com a área educacional, o trabalho do psicólogo que ainda não era denominado de psicólogo escolar, atuava exclusivamente com testes psicológicos, assumindo a função de psicometrista no contexto escolar, no qual tinha o objetivo de quantificar fenômenos psíquicos presentes no processo de aprendizagem escolar, mensurando esses processos e intervindo de forma clínica e individual para com o aluno (DIAS; PATIAS; ABAID, 2014). Porém com o passar dos anos, das mudanças que ocorriam no universo escolar brasileiro e as discussões acerca da pratica, a atuação do psicólogo no ambiente escolar foram tomando novos ares. Houve uma insatisfação com os resultados obtidos que advinham somente da testagem psicológica, sem levar em consideração outros aspectos dos alunos e do ambiente escolar. No final da década de 1970 houve muitas reverberações acerca da pratica do psicólogo que até então assumia um caráter remediativo acerca dos problemas de aprendizagem escolar, isso causou uma certa insegurança acerca da atuação do psicólogo na escola, uma vez que seus instrumentos e analises já não diagnosticavam com exatidão determinados problemas escolares (BARBOSA; MARINHO-ARAUJO, 2010). Entre as discussões sobre a atuação do psicólogo na escola e seus fatores, viu-se a necessidade de analisar o aluno além do que era psicopatologizado pelo trabalho de psicometria e pelas influencias no modelo medico e tratamento individual, causando uma hipertrofia da psicologia no contexto educacional, sendo assim, viu-se a necessidade um olhar coletivo que hoje compreende-se como interdisciplinaridade, essa coletividade com outros profissionais do ambiente ampliava mais as reflexões acerca da atuação (ANTUNES, 2008). Portanto, compreende-se que em um primeiro momento a atuação do psicólogo no ambiente escolar se dava de forma psicométrica e voltada a análise individual do sujeito escolar, psicopatologizando problemas de aprendizagem e comportamentos escolares, mas conforme as mudanças no ambiente escolar, esse modelo de atuação foi logo alvo de críticas e reformulações por especialistas da area , abrindo assim um espaço maior para outras formas de se conciliar a psicologia com a educação. 23 Dentre os objetivos da atuação do psicólogo escolar estão o incentivo aos educadores (incluindo os próprios psicólogos) na tomada e planejamento de decisões políticas-pedagógicas da instituição escolar, estimular a escolha deliberada e conscientemente assumida de uma atuação pautada em teorias psicológicas, cuja visão contemple o sujeito por completo, em suas múltiplas determinações e Histórico- sociais, prestar acessória a instituição escolar no desenvolvimento de uma concepção de educação, na compreensão e amplitude do seu papel, limites e possibilidades, utilizando os saberes da psicologia e desenvolver um enfoque preventivo: trabalhar relações interpessoais na escola, com o objetivo de proporcionar a reflexão e conscientização de funções, papeis e responsabilidades dos envolvidos (CASSINS et al, 2007). Existem muitos outros objetivos a serem a atingidos pelo psicólogo escolar em sua área de atuação, porém se deu ênfase a esses objetivos citados por serem essenciais no trabalho da psicologia escolar, neste ambiente o trabalho do psicólogo se dá através de uma atuação que vise o individual e o coletivo, em conjunto com a instituição e suas estratégias e métodos educacionais. No cenário atual, o psicólogo escolar procura se especializar e dialogar com diversas áreas de atuação dentro universo educacional, desenvolvendo um trabalho que atenda tanto os educandos em todos os seus aspectos quanto a todos aqueles que participam ou influenciam no processo de educação, analisando o processo de ensino-aprendizagem levando em consideração o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e de convivência social, também estuda a estrutura curricular, espaços físicos necessários para influenciar o aprendizado e trabalha com professores e família, desde a educação infantil até o ensino superior (JOLY, 2000). Diante disso, entende-se que o trabalho do psicólogo escolar envolve uma atuação interdisciplinar,dialogando com todos os personagens do ambiente escolar, como os professores, coordenação pedagógica, serviços gerais e merendeiras, onde se promoverá um melhor ambiente de ensino-aprendizagem e relações interpessoais para com os discentes. Para Andrada (2005) o psicólogo escolar em seu trabalho com a instituição educacional deve estar consciente de suas práticas de atuação e precisa colher dados concretos sobre a instituição e suas políticas de ensino, que podem ser realizada através de um diálogo inicial com a equipe pedagógica, não deixando de frisar o papel do psicólogo e como se dá a sua visão de sujeito, como compreende os processos de 24 aprendizagem e estratégias que atendam tanto as demandas individuais quanto coletivas dos personagens escolares. A família vem como um fator determinante para a progressão escolar e vivência dos sujeitos, considerado como um fator extraescolar por se processar fora do ambiente escolar, mas que acarreta consequências para o mesmo, é importante que desenvolva um trabalho informativo e educativo com os familiares dos alunos, proporcionando a visão de importância que a família possui neste processo (MOREIRA; OLIVEIRA, 2016). O Psicólogo escolar ao traçar o seu diagnostico em investigação aos comportamentos violentos de Bullying se utiliza de diversas estratégias com validação cientifica, essas estratégias podem ser desde a observação direta do universo escolar e suas áreas, como também a utilização de instrumentos de avaliação psicológica como questionários e escalas, sendo aplicadas tanto individualmente quanto coletivamente, possibilitando uma avaliação objetiva em curto período de tempo e com baixo custo (ALCKMIN-CARVALHO et al, 2014). Através desses resultados, torna-se possível que a escola juntamente com o psicólogo possa trazer reflexões acerca de comportamentos violentos e convivência escolar, o desenvolvimento de estratégias de prevenção fazem parte desse trabalho. Outro ponto apontado em estratégias de prevenção e combate a violência seria transformar a temática da violência escolar, o Bullying como parte da matriz curricular dos educandos, através de revisão bibliográfica o educador pode lecionar sobre a violência escolar e seus fenômenos (CÔRTES et al, 2011, GOMES; SOUZA, 2011). Em algumas instituições que não desenvolvem políticas de intervenção na saúde mental escolar, por vezes não dão a devida atenção aos problemas de convivência escolar ou possuem uma visão superficial acerca da temática, sendo assim, limitando a atuação dos profissionais especializados em lidar com essas situações, colocando a responsabilidade apenas no educador em sala, devendo ele elabora estratégias de convívio escolar saudável e resolução de conflitos (ZUCOLOTO et al, 2019). A família como elemento de extrema importância na vida do educando e das vítimas e agressores de Bullying, devido aos muitos comportamentos positivos e negativos se nela se originam, torna-se importante investigar para compreender a dinâmica familiar dos educandos envolvidos em violência escolar, as características familiares permanecem pôr a vivencia do indivíduo, sendo assim, o psicólogo e a 25 equipe escolar devem desenvolver um ambiente de acolhimento e compartilhamento de educandos com os profissionais (TEIXEIRA, 2018). Em seu diálogo com a família, o psicólogo escolar deve realizar um trabalho de escuta com os familiares, coletando informações sobre o educando assim como suas demandas psíquicas e sócias, analisando a sua relação familiar e conscientizando os familiares sobre a importância do seu papel na vida do educando, dessa forma, realizando um trabalho que vai além dos muros da escola (LOURENÇO; SENRA, 2012). Portanto, percebe-se que a atuação do psicólogo escolar em conjunto com a família se dá de uma forma mais direta, uma vez que este profissional entra em contato com os familiares, realizando uma coleta de informações sobre o contexto familiar do aluno e através desse processo, elabora estratégias de intervenção e prevenção de possíveis comportamentos que venham a interferir em seu processo de ensino. Porém a atuação do psicólogo escolar no contexto de violência escolar se dá através da prevenção e promoção a saúde mental neste ambiente, no qual veremos como se desenvolve no tópico a seguir. 2.2 Prevenção ao Bullying e Promoção a Saúde mental no Ambiente Escolar Para Fante (2005) a temática da violência tornou-se prioridade na maioria das instituições educacionais no Brasil, são desenvolvidos inúmeros projetos e programas que tem por objetivo diminuir a incidência da violência escolar, no entanto, a escassez de notícias e resultados desses programas deixam ainda a deriva planejamentos e estratégias mais eficazes no combate ao Bullying escolar. Em se tratando de prevenção ao Bullying escolar, Freire e Aires (2012) discorrem que é preciso compreender o bullying como um fenômeno social, dessa forma, as estratégias de prevenção a esse tipo de violência devem estar em plena comunhão com a realidade onde ela ocorre, englobando medidas institucionais, pedagógicas e preventivas levando em consideração questões sociais, psicológicas, econômicas e outros fatores que possam influenciar esses comportamentos, procurando evitar medidas como punições e outras formas de tradicionais de enfrentamento. Dessa forma, compreende-se que as estratégias de prevenção a violência escolar, mais especificamente ao Bullying se dão em consonância com a realidade 26 institucional em que este profissional atua, através de programas e projetos de intervenção que visem a prevenção e conscientização dessa modalidade de violência escolar e suas consequências. O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente definiu garantias e medidas de proteção, com o objetivo de resguardar o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes. É considerada por muitos especialistas como uma lei de parâmetros avançados, não apenas pela garantia de direitos desse público, mas também pela proteção integral garantida que seu art. 1° dispõe (ISHIDA, 2013). Ainda no contexto de proteção integral, a criança e o adolescente deverão receber atenção prioritária da família, sociedade e do estado, com tratamento em absoluta prioridade, com o intuito de se desenvolverem adequadamente, livres de qualquer tipo de agressão, dessa forma, de acordo com o ECA os interesses da criança e do adolescente devem preceder a qualquer outro, sendo tratados em primeiro lugar (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2017). Com base nesses princípios do ECA, Paranahiba (2013) afirma que o Bullying escolar não pode ser negligenciado, levando em consideração os danos físicos e psíquicos que esse comportamento ocasiona não apenas na fase escolar, mas na vivencia adulta do sujeito, deixando inúmeras sequelas, a autora ainda pontua princípios constitucionais, como a constituição federal que veda a pratica de qualquer tipo de violência tanto no âmbito familiar, ambiente de trabalho e outros ambientes, como dito anteriormente, se o Bullying for negligenciado suas consequências refletirão por toda a vida do indivíduo. Ainda sobre legislação, em 2015 o Congresso Nacional aprovou a Lei n° 13.185/2015 que dispõe sobre os comportamentos de bullying, definindo-o como uma intimidação sistêmica no qual compõe agressões físicas e psicológicas e outros tipos de descriminação, caracterizando o cyberbullying e ditando formas de prevenção e combate a esta modalidade de violência (CAMPOS et al, 2019). Diante do exposto, os direitos de proteção de integridade da criança e do adolescente são garantidos por lei, dessa forma, garantindo que esses direitos não sejam negligenciados no ambiente escolar, pois tal negligencia acarreta consequências em todo processo escolar e vivencia dos indivíduos após esse processo. O trabalho desenvolvido pelo psicólogo escolar juntamentecom outros profissionais da educação transforma a escola em local referência na prevenção a 27 doenças e a determinados comportamentos que se manifestam durante o período de convivência escolar, é preciso que o psicólogo escolar desenvolva uma relação cada vez mais conjunta com a educação e seus fatores, podendo assim intervir tanto de forma direta quanto indireta (ANTUNES, 2007). Senra (2012) Defende a importância da aplicação de projetos de intervenção no contexto de prevenção a violência escolar, destacando que esses programas devem ser bem planejados e acentuados, tanto em âmbito institucional quanto no familiar, pois dessa forma a intervenção dota um maior alcance em suas atividades e tornando-se mais eficaz em sua prevenção e promoção a saúde mental no ambiente escolar. Pesquisas internacionais sobre programas de combate ao Bullying mostram resultados mais positivos quando focalizam suas estratégias no âmbito da prevenção, ao proporcionarem a discussão sobre o assunto na escola, proporcionando a autorreflexão dos alunos e seus comportamentos, assim como auxilia na identificação dos personagens que compõe essa modalidade de violência (MARTINS; FAUST, 2018). Rodrigues et al (2008) afirma que a promoção a saúde mental deve ser uma estratégia fundamental no ambiente escolar, buscando o desenvolvimento global de seus sujeitos, que vise a estimulação de competências e a integração com a comunidade, dessa forma, as atividades de promoção a saúde na escola almejam diminuir a incidências de problemas futuros e também possibilita a proteção a vida desses indivíduos. O período escolar é muito importante na promoção a saúde, desenvolvendo ações para a prevenção de doenças e no fortalecimento dos fatores de proteção, sendo assim, compreende-se o ambiente escolar como um aliado importante na deliberação de ações de promoção a saúde mental, no fortalecimento das capacidades dos indivíduos, tendo uma participação ativa em um ambiente que possa promover qualidade de vida e o respeito ao próximo, construindo uma cultura de saúde escolar (MINISTERIO DA SAUDE, 2002). No ambiente escolar, os profissionais precisam de uma orientação para identificar, diagnosticar e encaminhar os casos de forma correta, compreendendo que o ambiente escolar participa de forma constante no desenvolvimento da personalidade dos alunos e que atos violentos podem causar interferências negativas no processo 28 de vivencia escolar, portanto, o profissional da saúde mental deve planejar estratégias de prevenção juntamente com a comunidade escolar (SANTOS; GONÇALVES, 2016). Portanto, analisa-se que a promoção a saúde mental no ambiente escolar é um trabalho desenvolvido em conjunto com todos no organismo escolar, no qual se tem por objetivo promover uma qualidade de vida dos educandos e dos profissionais. Neste processo o psicólogo escolar torna-se de fundamental importância, pois através de seu trabalho investigativo detecta e elabora planos para o combate ao bullying, promovendo assim uma melhor qualidade de ensino e convivência com os alunos e os profissionais que ali se encontram, como também para as relações que se encontram fora do ambiente escolar. 3. METODOLOGIA 3.1 Caracterização do Estudo A pesquisa em psicologia possui uma grande importância no processo de formação acadêmica, pois o pesquisador/acadêmico tem a possibilidade de estudar uma realidade fora da sala de aula, e a desenvolver questionamentos e pontos discursivos sobre o material produzido acerca de seu objeto de pesquisa, dessa forma, ampliando seus conhecimentos e práticas e a desenvolvendo a pratica da pesquisa que se mostra recorrente na pratica profissional (ZANELLA; SAIS, 2008). O método de Pesquisa Bibliográfica foi caracterizado pela elaboração de pesquisas com materiais secundários, como livros, monografias e artigos científicos, teve como principal finalidade colocar o pesquisador em contato com tudo que foi produzido e escrito sobre seu objeto de estudo, concedendo acesso as variedades de pensamentos e formulações de outros pesquisadores (MARCONI; LAKATOS, 2007). Dessa forma, ao se delimitar o objeto de pesquisa, o pesquisador reuniu o máximo de arcabouço teórico possível acerca da temática, a analisar todo o material produzido acerca de sua temática alvo, uma vez que a pesquisa de revisão bibliográfica tem por principal característica ser uma pesquisa de cunho qualitativo, sendo assim, o pesquisador ganha acesso a uma grande quantidade de material teórico produzido. 29 3.2 Universo e Amostragem Foram utilizadas 59 obras para a construção dessa pesquisa incluindo artigos científicos e livros atrelados a temática da psicologia escolar e o Bullying no universo escolar, conceituando as teorias e vinculando com a sua importância na sociedade como um todo, visto que a pesquisa em psicologia escolar engloba fatores coletivos e educacionais a realidade social. 3.3 Critérios de Inclusão e Exclusão • As fontes de pesquisas utilizadas foram: artigos científicos, livros e publicações em universidades públicas e privadas nacionais, dessa forma, proporcionando uma maior estrutura teórica e mais adequado a realidade nacional. • As publicações em universidades foram monografias de graduação e pós- graduação, dissertações de mestrado e/ou teses de mestrado, doutorado e pós-doutorado. • Os artigos encontrados pertencem as redes científicas: Pepsic, Scielo, MEC. • Os artigos apresentaram as seguintes palavras chaves: Psicologia escolar, Violência escolar, Bullying no ambiente escolar, cyberbullying, consequências do Bullying Escolar, Saúde mental no ambiente escolar, atuação do psicólogo no ambiente escolar. • Todas as fontes foram prioritariamente da psicologia, pois a temática alvo da pesquisa se norteia pelos aspectos teóricos da psicologia escolar. • As obras pesquisadas foram delimitadas entre os anos 1990 a 2019, pois de acordo com as pesquisas e leituras realizadas, as publicações com maior profundidade e relevância no conteúdo nacional da pesquisa foram lançadas dentro deste limite temporal (VIEIRA et al, 2019). • Foram descartadas todas as fontes bibliográficas que não atenderam aos critérios anteriormente citados. 3.4 Coleta, analise e Interpretação de Dados 30 O método utilizado para a execução desta pesquisa, foi a metodologia de análise de conteúdo do autor Joseph Bardin (2016) que se definem a partir de três fases: • Pré-analise: Se caracteriza como a fase inicial, a de organização do material de pesquisa, neste caso serão pesquisados e analisados os artigos, livros, textos em psicologia escolar com procedimentos já bem definidos, entretanto flexíveis. Esta primeira fase, já envolve o procedimento que é chamado de leitura flutuante, que é o primeiro contanto com as fontes e que são submetidas a análise, escolhas e formações de hipóteses e objetivos. Neste sentido, inicia-se a pesquisa escolhendo o material que será analisado. (BARDIN, 2016). Dentro desta fase, existem quatro objetivos que foram concluídos para a realização da pesquisa, sendo eles a leitura flutuante, seleção de documentos, formulação de hipóteses e objetivos, identificação de indicadores da pesquisa e a preparação do material selecionado. - Leitura Flutuante: É o contato inicial com o material da pesquisa na qual foi a primeira atividade desenvolvida pelos pesquisadores, consistiu em realizar uma leitura livre sobre a temática alvo da pesquisa, buscando ter uma familiaridade com o tema e seus conceitos, discussões e aplicações teóricas. - Formulação de Hipóteses e Objetivos: Esta etapa se caracterizou pelo desenvolvimento das hipóteses que são possíveis respostas a problemática da pesquisa e a formulação de objetivos que irão nortear a pesquisa, dessa forma, aqui os pesquisadores desenvolveramafirmações provisórias acerca da temática, sobre o que possivelmente responde a sua problemática de pesquisa, já os objetivos traçados foram metas a serem atingidas na pesquisa, nos quais foram construídas a partir das primeiras atividades dos pesquisadores para nortear o trabalho. - Identificação de Indicadores da Pesquisa: Nesta fase é selecionado os indicadores que filtrarão a busca pela pesquisa, sendo assim, os pesquisadores selecionaram as palavras chaves como Bullying Escolar, Ambiente escolar, Atuação do Psicólogo escolar e saúde mental no ambiente no ambiente escolar. - Preparação do Material: Nesta última etapa da fase de Pré análise, uma vez que se entrou em contato com o material de pesquisa e através de sua seleção, a preparação do material consistiu na reunião de todo o material pesquisado e 31 selecionado para a edição final dos pesquisadores, onde foi dado os primeiros passos para escrita do novo material. • Fase de exploração do Material: Na segunda parte, de acordo com Bardin (2016), consistiu nas escolhas de fontes levando em consideração as quantidades, o recorte, as seleções, como, quais se tornam cruciais para o desenvolvimento da pesquisa. Nesta etapa, tornou-se importante estabelecer um procedimento eficaz de exploração de material, no que tange obras relacionadas a temática precisou-se de uma atenção redobrada para que a exploração do material selecionado esteja condizente com a temática alvo. • Fase de Tratamento de Dados: Esta fase, se relaciona com a inferência e a interpretação. As análises provenientes da psicologia escolar aqui, devem ser calcados em resultados brutos, segundo Bardin (2016), a terceira fase se caracterizou em tornar os resultados significativos e válidos. Tal interpretação para os pesquisadores foi além do conteúdo pesquisado, deve estar visível o conteúdo latente, isto é, o que se encontrou em mais significativo do que será apresentado, no qual o pesquisador irá aplicar a sua interpretação acerca do material selecionado e tratado. Sendo assim, através dos procedimentos citados acima foi possível realizar uma pesquisa de forma mais refinada acerca da temática escolhida, uma vez que tais procedimentos são muito categóricos no tratamento da pesquisa. A pré-analise como o contato inicial com a temática, procurando reunir a maior quantidade de arcabouço teórico possível, logo após com a fase de seleção do material reunido de forma bem seletiva com recortes e seleções cruciais para o desenvolvimento da pesquisa e por último e mais importante o Tratamento de Dados, onde os pesquisadores puderam realizar suas análises acerca do material selecionado, com interpretação dos temas e produção teórica. 32 3.5 CRONOGRAMA ATIVIDADES JUL AGOS SET OUT NOV DEZ JAN FEV Leituras de artigos científicos, publicações de universidades e livros Encontros com orientador da pesquisa Preparo da fundamentação teórica da pesquisa Coleta de dados Tabulação e análise dos dados Escrita da apresentação de resultados Discussão dos resultados Preparo para defesa da pesquisa Defesa da pesquisa 33 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste tópico, serão apresentados, as análises e discussões, dos resultados referentes a temática da pesquisa, no qual, se elucidará a atuação do psicólogo no ambiente escolar, e no combate ao Bullying, bem como, a categorização do estudo, através da tabulação dos números de obras contidas neste trabalho, associada a temática e palavras chaves. No estudo sobre a atuação do psicólogo no ambiente escola, e no combate ao Bullying, foram lidas 75 obras, das quais 59 atendiam aos critérios de inclusão, e exclusão da metodologia da pesquisa. No capítulo 1, sobre o Bullying no ambiente escolar, foram utilizadas 39 obras, enquanto no capitulo 2, sobre a atuação do psicólogo no ambiente escolar, e na prevenção ao Bullying, foram utilizadas 18 obras. A hipótese da pesquisa, que pautava a atuação do psicólogo no contexto de Bullying escolar de forma preventiva, e em conjunto com a equipe do ambiente escolar, desenvolvendo programas de prevenção a violência, e promoção a saúde mental, foi comprovada. Pois, através da coleta de dados, e interpretações na pesquisa, chegou-se à conclusão que, essa atuação no ambiente escolar, se desenvolve em prol de estratégias de prevenção a violência escolar, e promoção a saúde mental, dentro ou fora do ambiente escolar. Mediante a isso, iremos apresentar as informações teóricas colhidas sobre a atuação do psicólogo no ambiente escolar e no contexto de Bullying. Com o intuito de facilitar a compreensão acerca do material, apresenta-se, o quadro 1 com a organização dessas obras, sendo este primeiro referente as obras relacionadas ao Bullying escolar. 4.1 Consequências do Bullying Escolar O Bullying presente em grande parte dos ambientes escolares, possui diversas formas de ser praticada, e com inúmeras consequências físicas, e psicológicas, sendo vivenciada por todos os seus personagens. Neste tópico, irá se apresentar, informações acerca das consequências desse tipo de violência escolar. Notadamente, aqui, organizou-se a categorização dos referenciais teóricos, por ano de publicação. 34 N° Plataforma Titulo Autor Ano 01 Scielo Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes Lopes Neto 2005 02 Verus Editora Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz Cléo Fante 2005 03 Scielo Violência interpessoal nas escolas do Brasil: Características e correlatos Cunha 2009 04 Scielo De Columbine a Virgínia tech: Reflexões com base empírica sobre um fenômeno em expansão Vieira; Mendes e Guimarães 2009 05 MEC Bullying escolar: discriminação e questões de gênero Mazzon 2009 06 Scielo Contribuições da Psicologia escolar no enfrentamento ao Bullying Freire e Aires 2012 07 Pepsic Bullying: Prevalência, Implicações e Diferenças entre gêneros Bandeira e Hutz 2012 08 Revista PsiLogos Bullying nas escolas: Tipologias de bullying e diferenças entre gêneros Souza-Ferreira 2014 09 UFRGS Bullying e as relações de gênero presentes nas escolas Mattos e Jaeger 2015 10 Pepsic Cyberbullying: do virtual ao psicológico Schreiber e Antunes 2015 11 Revista de Psicologia Psicologia Educacional: A importância do psicólogo nas escolas Santos e Gonçalves 2016 12 Ciência et práxis Impactos do Bullying na saúde mental do adolescente Vieira et al 2020 Em relação ao Bullying escolar presente entre meninos e meninas, nota-se, que há uma diferença na prevalência da pratica, sendo que, as meninas se encontram com maior frequência na posição de vítimas, e os meninos na posição de agressores. Essa diferença, decorre devido a imagem construída a partir dos gêneros, dos quais, se normalizam papeis pré-estabelecidos a meninos e meninas. Já os meninos, têm por característica, violência física, e comportamentos preconceituosos, tanto racial quanto por gênero. Os autores ainda pontuam que, mesmo com esses traços marcantes por gênero, ainda é muito difícil identificar esses comportamentos em um primeiro momento (MAZZON, 2009, MATTOS; JAEGER, 2015). Bandeira e Hutz (2012) discorrem sobre a prevalência, e frequência de Bullying escolar, sendo que 50% dos agressores são do sexo masculino, e um pouco mais de 18% representam o sexo feminino, percebe-se a diferença gritante entre os gêneros. Em relação ao tipo de violência praticada, os meninos possuem uma propensão maior a uma violência mais direta, voltada a agressões verbais, e físicas. já as meninas, se caracterizam por comportamentos de exclusão social, e agressões indiretas, com o 35 objetivo de ocasionar mais danos psicológicos.Dessa forma, compreende-se que, ambos os sexos se dividem em agressões diretas e indiretas, com características peculiares (SOUZA-FERREIRA; FERREIRA; MARTINS, 2014). Bandeira (2009), pontua outra distinção em relação as agressões praticadas por ambos os sexos, sendo que, as meninas possuem uma relação empática maior para aqueles que também são vítimas de bullying, podendo até disponibilizar um aporte moral, e emocional. Já os meninos, são mais retraídos, menos envolvidos emocionalmente para com as vítimas, abrindo espaço para uma construção de sentimentos negativos, relacionados a exclusão social, e vingança para com seus agressores. Diante do exposto, compreende-se que, existem diferenças entre gênero no bullying, como também nos papeis exercidos nesse fenômeno, essas diferenças se dão na forma de como são praticados os atos violentos. Sendo os meninos praticantes de agressões mais físicas, e injuria racial, já as meninas, se caracterizam por agressões no âmbito mais psicológico, como comportamentos de exclusão, e agressões indiretas, ocasionando mais danos psíquicos as vítimas, do que físicos. Ainda como consequência dos atos de Bullying escolar vivenciados, o uso de substancias psicoativas torna-se frequente no cotidiano desses indivíduos como pontua Souza et al (2019), a quantidade de usuários de substancias psicoativas na condição de vítima são (33,4%), como autor são (26,4%) e como alvo/autor são 10,3%). Cunha (2009), também discorre que, além do uso de substancias ilícitas, a probabilidade que indivíduos personagens de Bullying escolar cometam crimes são mais de 50%, em especial, aos vitimados, por serem mais agredidos nesse processo. A vista disso, analisa-se que, existe uma porcentagem alta de uso de substancias psicoativas, com personagens de bullying escolar, sendo que, as vítimas, são uma parte considerável dos que fazem uso de alguma dessas substancias, e que possuem propensão maior a cometerem crimes no ambiente escolar. O Cyberbullying como uma violência virtual que, também se desenvolve dentro e fora do ambiente escolar. Freire e Aires (2012,) discorrem sobre o anonimato, como principal característica do Cyberbullying, esse anonimato protege os agressores, que uma vez não identificados podem tornar as agressões ainda mais hostis, em relação a vítima. Schreiber e Antunes (2015), classificam esse tipo de violência como indireta, uma vez que, as agressões se dão em âmbito virtual, e não físico. O que por sua vez 36 dificulta eventuais esquivas dessas agressões, o ambiente virtual pode estar presente dentro e fora da escola, e está muito presente em nosso cotidiano. Essa intimidação sistêmica, prejudica drasticamente o processo de aprendizagem daqueles envolvidos na violência do Bullying escolar, esses personagens, tanto agressores, quanto vítimas, perdem o interesse pelos conteúdos lecionados, as vítimas não mais frequentam o espaço escolar devido as agressões que são impostas, e agressores tornam-se cada vez mais improdutivos, e rebelados as autoridades escolares (SANTOS; GONÇALVES, 2016). Por conta desse anonimato proporcionado pelo universo virtual, os agressores possuem maior liberdade para cometer esses tipos de violência, como mencionado acima. Sendo a agressão indireta como principal marca dessa modalidade de bullying. Como consequência as vítimas perdem o interesse em conteúdos e atividades escolares, dentro e fora da escola. As consequências do bullying escolar, como compreendido, são severas para todos os envolvidos. Eventos hostis que ocorreram dentro do espaço escolar, conhecidos como “School Shooting”, esses eventos são, caracterizados por atos de violência com armas de fogo, no qual possíveis vítimas de violência sistêmica se organizam e invadem escolas procurando fazer o máximo de vítimas possíveis, como forma de represália pela violência sofrida. Há um histórico grande desses eventos ao redor mundo. O massacre de Columbine, em 1997, Realengo no Brasil, em 2011 e o mais atual em Suzano, no ano 2019, são exemplos desses eventos (VIEIRA; MENDES; GUIMARAES, 2009, GUIMARÃES SALES, 2020). Na maioria dos casos, as vítimas vivenciam de forma tão intensa os ataques de violência, que passam a desejar qualquer forma de amortização desses efeitos, que vão desde a não participação nas atividades escolares e em casos ainda mais severos, praticam eventos como tiroteios na escola, com o objetivo de ferir os agressores ou a instituição, pelo possível desamparo por parte da mesma, assim demonstrando que, o Bullying escolar não depende apenas de conscientização, mas também de acompanhamento desses indivíduos, dentro e fora da escola, se possível (LOPES NETO, 2005). Portanto, compreende-se que, as consequências do Bullying escolar, são devastadoras, independente da instancia onde são praticadas, virtual ou física, podendo gerar consequências cada vez mais severas, como no exposto, onde as 37 vítimas de bullying realizam atentados contra a instituição, e seus personagens, com intuito de vingança ou amortização do sofrimento proporcionado naquele ambiente. 4.2 Atuação do Psicólogo no Ambiente Escolar: BULLYING Neste tópico apresenta-se discussões acerca da atuação do psicólogo no ambiente escolar em relação ao contexto de Bullying escolar, as discussões apresentadas são amparadas através de referencial teórico voltado a temática da pesquisa, dessa forma, reuniu-se o arcabouço teórico suficiente para o embasamento cientifico da pesquisa. Ainda sobre o exposto, chegou-se à comprovação da hipótese da pesquisa que versava sobre a atuação do psicólogo no ambiente escolar em contexto de Bullying de forma preventiva a esse tipo de violência escolar e atuando com todos neste universo e na promoção a saúde mental de seus personagens, diante disso, confirmou-se que esta atuação se desenvolve em caráter de prevenção não apenas em estratégias do psicólogo, mas em um trabalho que envolve a instituição por completo, dessa forma, o trabalho de prevenção e promoção a saúde mental tem a possibilidade de alcançar todas as instancias educacionais da instituição. Para a fundamentação da hipótese, na tabela a seguir apresenta-se um compilado de todas as obras utilizadas para evidenciar a resposta ao problema da pesquisa, a tabela foi categorizada por ordem de publicação, sendo iniciada pela publicação mais antiga até a mais atual, com o propósito de facilitar a compreensão da escalada teórica das pesquisas sobre a temática. N° Plataforma Titulo Autor Ano 01 Editora Alínea Habilidades envolvidas na atuação do psicólogo escolar/educacional Del-Prette 1996 02 Scielo Formação do Psicólogo escolar e a educação no Terceiro Milênio Joly 2000 03 Unesco Estratégias educativas para a prevenção da Violência Ortega e Del-Rey 2002 04 Unesco Violência nas escolas Abramovay e Rua 2002 05 Scielo Atuação do Psicólogo escolar: multirreferencialidade, implicação e escuta clinica Martins 2003 06 Scielo Novos paradigmas na pratica do psicólogo escolar Andrada 2005 38 07 Verus Editora Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz Cleo Fante 2005 08 CRP-PR Manual de Psicologia Escolar Cassins et al 2007 09 Editora Alínea Formação em Psicologia Escolar: Realidades e Perspectivas Marinho-Araújo 2007 10 Faculdade Alfredo Nasser Violências nas escolas: Causas e Consequências Mirian Souza 2008 11 Scielo Psicologia Escolar e possibilidades na Atuação do Psicólogo Barbosa e Martinho-Araújo 2010 12 Scielo Educação, psicologia escolar e inclusão Gomes e Souza 2011 13 Scielo Contribuições da Psicologia escolar no enfrentamento ao Bullying Freire e Aires 2012 14 ATLAS ECA – Doutrina e Jurisprudência Ishida 2013 15 Ministério Público do Paraná ECA – Anotado e Interpretado Digiácomo e Digiácomo 2013 16 Ministério
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