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Ana Beatriz Mendes - @_bia.mendes Leishmaniose Ag. Etiológico: Leishmania é um protozoário parasito intracelular obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear. Formas principais: uma flagelada ou promastigota, encontrada no tubo digestivo do inseto vetor, e outra aflagelada ou amastigota, observada nos tecidos dos hospedeiros vertebrados. → Leishmania (Viannia) braziliensis: com ampla distribuição – leishmaniose cutânea frequentemente acompanhada de lesão nasofaringiana destrutiva e desfigurante. → L. (Leishmania) chagasi ou L. (L.) infantum – complexo Donovani: leishmaniose visceral. Hospedeiros: → Vertebrado: ampla variedade de espécies, cães, felinos, suínos, equinos. O homem é acidental. Obs: A infecção canina é considerada importante: - Convívio do cão em estreita aproximação com o homem; - O fato de servir de fonte de repasto para o vetor, atraindo-o para perto do homem; - A alta densidade populacional aliada à susceptibilidade que apresenta à L. (L.) infantum; - O grande número de cães assintomáticos com intenso parasitismo cutâneo → Invertebrado: flebotomíneos da espécie Lutzomyia longipalpis, comumente conhecidos como mosquitos palha, cangalhinha, birigui, tatuquira. Uma das hipóteses a ser considerada seria a participação do carrapato Rhipicephalus sanguineus e da pulga Ctenocephalides felis felis como vetores mecânicos de L. chagasi para a população canina. Ciclo: → Transmissão: quando as fêmeas dos flebotomíneos se alimentam em um hospedeiro infectado, ingerindo macrófagos contendo as formas amastigotas, que sofrem divisão binária no seu intestino, transformando-se em promastigotas. Estas formas se dividem por divisão binária longitudinal, passando por mudanças morfológicas e fisiológicas, e se diferenciam, por fim, em formas longas, que apresentam longo flagelo e alta motilidade, e não mais se dividem, promastigotas metacíclicas, as formas infectantes para o hospedeiro vertebrado. Durante o repasto sanguíneo, os flebotomíneos injetam na pele do hospedeiro, juntamente com a saliva, as formas promastigotas do parasito. As células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) do hospedeiro endocitam estas formas, que se transformam em amastigotas e começam a se multiplicar no interior do fagolisossomo, infectando novas células do SMF quando a célula hospedeira original se rompe, ocorrendo à liberação destas formas. Estas serão fagocitadas por novos macrófagos num processo contínuo, ocorrendo, então, a disseminação hematogênica para outros tecidos ricos em células do sistema mononuclear fagocitário, como linfonodos, fígado, baço e medula óssea. Imunidade: A resposta imune frente à infecção é considerada protetora quando predominantemente mediada por células Th1 com estimulo a produção de citocinas indutoras de atividade anti-Leishmania. Por outro lado, a resposta imune predominantemente mediada por Th2 induz produção de citocinas que estimulam LB com marcada resposta humoral produtora de anticorpos anti-Leishmania, que não tem eficácia protetora contra a infecção. Apresentações clínicas e sinais: → Classicamente, a LV canina é uma doença crônica, mas cursos agudos são descritos na literatura. → Fases distintas para a evolução da infecção de cães por L. infantum: 1- Pré-patente longa, na qual os cães seriam assintomáticos, com pequena expressão de citocinas. 2- Na segunda fase, dita pré-patente curta, os cães ainda seriam assintomáticos, porém haveria aumento significativo da expressão das citocinas INF-g e IL-2. 3- Na terceira fase ou fase patente, os animais apresentariam sintomas da doença e diminuição da expressão de citocinas. → Anticorpos específicos opsonizam algumas amastigotas, levando à sua fagocitose pelos macrófagos, permitindo ao parasita contínua multiplicação dentro dessas células. No entanto, o efeito deletério resultante da hiperglobulinemia é a formação de imunocomplexos circulantes (CIC) que se depositam em vários órgãos e tecidos. → Autoanticorpos também podem ser causadores de alterações autoimunes. → Cães apresentam sintomatologia clínica variada, que vai desde aparente estado sadio até grave estado terminal 1. assintomáticos, aqueles que não apresentassem sinais clínicos; 2. oligossintomáticos, aqueles nos quais se observariam perda de peso moderada, lesões de pele discretas e linfoadenomegalia; 3. sintomáticos, aqueles que também apresentassem vários sinais graves da doença, como dermatopatias (perda de pelos, dermatite furfurácea e úlceras) e onicogrifose (ceratoconjuntivite e rigidez dos membros posteriores). → Alterações dermatológicas: as mais comuns, atribuídos à presença das formas amastigotas, que, por sua vez, alcançaram a pele por via hematógena. Alopecia simétrica bilateral, especialmente na cabeça, e graus variáveis de seborreia seca, hiperqueratose ortoqueratótica, dermatose Ana Beatriz Mendes - @_bia.mendes ulcerativa (deposição de CIC nos vasos, o que determinaria vasculite necrótica), no qual os cães examinados apresentavam ulcerações evidentes nos membros, principalmente sobre as articulações, dermatite nodular e pustular. → Linfoadenopatias: linfoadenomegalia localizada ou generalizada. → Alterações nas unhas: onicogrifose marcante (ação do parasita na matriz ungueal) e onicorrexia. → Alterações oculares: blefarite, conjuntivite, ceratoconjuntivite seca e uveíte (presença das formas amastigotas e do infiltrado leucocitário quanto pela consequência de depósitos de CIC nos vasos oculares). → Sinais inespecíficos: perda de peso (resultante de grave desequilíbrio proteico, que desencadearia a hipoalbuminemia) e a atrofia da musculatura das fossas temporais. → Espleno e hepatopatias: hepatomegalia e esplenomegalia (com hiperplasia de polpa branca e congestão da polpa vermelha, com dilatação dos vasos e dos seios venosos). → Nefropatias: consequências da deposição de complexos antígenos/ anticorpos nas estruturas renais, glomerulonefrite mesangioproliferativa, focal ou difusa, com pronunciada hipertrofia e hiperplasia das células e alargamento da matriz mesangial; espessamento da membrana basal glomerular com depósitos eletrodensos subendoteliais e em sua espessura; nefrite intersticial intertubular crônica com exsudação de plasmócitos e macrófagos e degeneração tubular, devido ao intenso infiltrado inflamatório plasmocitário. Diagnóstico da LVC: 1. Parasitológico: demonstração do parasita, tanto em esfregaços de material obtido por aspiração quanto em esfregaços por aposição de fragmentos de tecido, os aspirados de medula óssea e linfonodos são os mais usados. 2. Sorológicos: se baseia na detecção de anticorpos anti-Leishmania circulantes. Os animais doentes desenvolvem resposta imune humoral e produzem altos títulos de IgG anti-Leishmania. RIFI- elevadas taxas de sensibilidade, utiliza como antígeno promastigotas de Leishmania. ELISA- indicada como triagem para posterior confirmação pela RIFI. SNAP Leishmania: TR-DPP® (Teste rápido DPP): teste de triagem imunocromotográfico de uso único para detecção, em cães, de anticorpos específicos para Leishmania, em soro, plasma ou sangue total venoso. 3. Moleculares: PCR e PCR em tempo real. 4. O xenodiagnóstico: técnica utilizada para detecção e isolamento do patógeno usando seu vetor artrópode. Embora não possa ser utilizado como técnica diagnóstica de rotina, é um instrumento para resolução de questões epidemiológicas sobre o estado clínico do animal e relativas ao tratamento do cão infectado. Tratamento: Leishmaniose tegumentar americana A denominação leishmaniose tegumentar americana (LTA) refere-se à forma cutaneomucosa (LCM), e leishmaniose cutânea (LC) refere-se às formas exclusivamente cutâneas. → Nas lesões cutâneas: hiperplasia histiocitária, edemae infiltração celular e hipertrofia do epitélio. Frequentemente, a inflamação cutânea evolui para necrose, formando uma úlcera rasa ou profunda, de bordos salientes e duros (úlcera leishmaniótica). Pode ocorrer contaminação bacteriana → Nas lesões mucosas: metástases na mucosa nasal, formação de nódulos. A úlcera pode progredir, determinando destruição das cartilagens e do osso do nariz e da região palatina, podendo acometer faringe e laringe → Nos cães: lesões ulcerativas nas orelhas ou em outras áreas da pele, lesões mucocutâneas erosivas e linfadenomegalia. Hiperqueratose de coxim com onicogrifose. Controle: 1. Medidas conjuntas devem ser adotadas: diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos, redução da população de mosquitos do gênero Lutzomyia, eliminação dos reservatórios infectados e atividades de educação em saúde 2. A leishmaniose canina é mais resistente à terapia do que a humana, porém alguns cães podem responder ao tratamento e serem curados da doença clínica 3. Os cães soropositivos podem apresentar-se assintomáticos e esse fato, associado à baixa confiabilidade dos testes de diagnóstico, leva à resistência dos donos em eutanasiar os animais Ana Beatriz Mendes - @_bia.mendes 4. São usadas como forma de prevenção a coleira repelente do inseto vetor e a vacina contra leishmaniose para os cães, mas medidas profiláticas conjuntas devem ser sempre adotadas.
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