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PROF. SÉRGIO BRAGA - 11, 18 DE FEVEREIRO DE 2021 MICROBIOLOGIA ORAL INTRODUÇÃO E CONCEITOS EMENTA Introdução ao estudo da Microbiologia Bucal. Importância dos microrganismos no ambiente bucal Microbiota bucal. Infecções bacterianas endógenas da cavidade bucal. Formação do biofilme microbiano bucal. Princípios gerais de esterilização: Conceitos e métodos. Microbiologia oral: Microbiologia da cárie; microbiologia da doença periodontal; candidíase oral e viroses de interesse odontológico. Resistência dos microrganismos às drogas. COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS Conhecer a importância dos microrganismos no ambiente bucal, bem como sua microbiota oral bucal; Estudar as infecções bacterianas endógenas da cavidade bucal, bem como a formação do biofilme microbiano bucal; Caracterizar os princípios gerais de esterilização; Discriminar a microbiologia da cárie, doença periodontal, da candidíase oral e das viroses de interesse odontológico; • Reconhecer os mecanismos de resistência dos microrganismos às drogas. AVALIAÇÃO AV1 e AV2 No decorrer de cada período letivo são desenvolvidas 02 (duas) avaliações por disciplina, para efeito do cálculo da média parcial. A média parcial é calculada pela média aritmética das duas avaliações efetuadas. O aluno que alcançar a média parcial maior ou igual a 7,0 (sete) é considerado aprovado. Abaixo de 7,0, ou seja 6,9, o aluno fará exame final. Não haverá arredondamento de nota! NOTA AV1 + NOTA AV2 = MÉDIA PARCIAL (MP) 2 MP > 7,0 - APROVADO! MP <6,9 - FARÁ EXAME FINAL! PROVA SUBSTITUTIVA NOTA AV1 + NOTA AV2 = MÉDIA PARCIAL (MP) 2 MP > 7,0 - APROVADO! MP <6,9 - FARÁ EXAME FINAL! O discente que não realizar UMA das duas provas (AV1 ou AV2), poderá submeter-se a UMA prova substitutiva a ser realizada ao final do semestre letivo, de acordo com o calendário acadêmico. As notas de trabalhos também valerão para acrescentar à nota da prova substitutiva. São aplicadas avaliações dos tipos: provas teóricas (até 7,0 pontos), seminários, trabalhos individuais ou em grupo e outras atividades em classe ou extraclasse (até 3,0 pontos). Não haverá arredondamento de nota! EXAME FINAL O aluno que não alcançar a média parcial (MP) fará em exame final (EF) onde precisa alcançar média final (MF) maior ou igual a 5,0. Não serão recebidos os trabalhos após o lançamento da média parcial. Haverá uma data específica de entrega de cada trabalho e exclusivamente nesta data o aluno deverá conferir com o professor o recebimento do email. O exame final é, obrigatoriamente, prova escrita. Não haverá arredondamento de nota! NOTA MP + NOTA EF = MÉDIA FINAL (MF) 2 MF > 5,0 - APROVADO MP < 4,9 - NÃO APROVADO BIBLIOGRAFIA APOLONIO, Ana Carolina Morais. Microbiologia bucal e aplicada. São Paulo: Santos, 2018. SEHNEM, Nicole Teixeira. Microbiologia e Imunologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. E-book JORGE, Antonio Olavo Cardoso. Microbiologia e imunologia oral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Bibliografia Complementar • FEJERSKOV, NYVAD, KIDD. Cárie dentária: fisiopatologia e tratamento. 3a Ed. Santos. 2017 • NEWMAN, TAKEI, KLKKEVOLD, CARRANZA. Periodontia Clinica 11a edição. Ed Saunders Elsevier. 13a edição. 2020. • LINDHE, lANG, CARRING. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5a edição. Ed. Guanabara Koogan. ENGELKIRK, Paul G. Burton microbiologia para as ciências da saúde. 9. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. SPOLIDORIO, Denise Madalena Palomari. Microbiologia e imunologia geral e odontológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2013. TORTORA, Gerard J. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2012. MADIGAN, Michel T. Microbiologia de Brock. 10. Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. E-book Microbioma Oral A cavidade oral é constantemente exposta tanto por micro- organismos inalados como ingeridos. Calcula-se que mais de 700 espécies dentre bactérias, arquéias, fungos, vírus e protozoários possam habitar na boca. Dessas apenas 54% já foram cultivadas e identificadas, 14% cultivadas, mas não identificadas e 34% ainda não cultivadas. Microbiologia Etimologia Estudo de organismos não visíveis a olho nu humano “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...” Sun Tzu – A Arte da Guerra • Classificação Biológica - Taxonomia V id a D om ín io R ei no Fi lo C la ss e O rd em Fa m íli a G ên er o Es pé ci e Bactérias • São seres vivos unicelulares, procariontes (desprovidas de núcleo) MORFOLOGIA DAS BACTÉRIAS • MORFO - forma • LOGIA - estudo • Estudo da forma MORFOLOGIA Bactéria Estrutura Cromossomo Ribossomos Cápsula ou glicocálix Parede Celular Membrana celular CitoplasmaPlasmídeo Flagelo Corpúsculo de inclusão Bactérias Gram Positivas Parede celular bacteria Gram positiva Parede celular Membrana plasmática Ácidoteicóico Petptideoglicano Ácido lipoteicóico Proteína De membrana Bactérias Gram Negativas Parede celular bacteria Gram positiva Membrana externa Membrana plasmática Petptideoglicano Ácido lipoteicóico Proteína De membrana Proteína Porina Lipoproteína Parede celular Lipopolissacarídeos (LPS) Fosfolipideo Enzimas e outras substâncias ativas Periplasma COLORAÇÃO DE GRAM Vírus definição • Refere-se a agentes infecciosos que não possuem uma estrutura celular. Ao invés disso, possuem um envoltório protêico (capsídeo) envolvido ou não por um envelope lipídico. Possuem material genético DNA (dupla ou simples) ou RNA, algumas proteínas associadas a sua infecção e/ou replicação. • São parasitas intracelulares obrigatórios VÍRUS • BACTERIÓFAGOS • Virus que contaminam bactérias Vírus - Estrutura capsídeo Genoma e Cerne complexos glicoprotéicos Envelope SARS-COV-2 Glicoproteína “Spike”/Espícula Proteína de Membrana (M) RNA e Proteína Nucleocapsídeo (N) Envelope (E) Membrana Lipídica (L) Fungos de Interesse na Odontologia Candida albicans Paracoccidioides brasiliensis CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS • Eucariotos (presença de envelope nuclear) • Unicelulares (ex. levedos, bolores) ou Pluricelulares (ex. cogumelos) • Presença de parede celular • Não-fotossintéticos • Leveduras são anaeróbios facultativos • Nutrição absortiva produção de enzimas proteolíticas e sacarolíticas • Modos de reprodução • Assexuada e sexuada • Maioria das leveduras se reproduzem assexuadamente por brotamento ou fissão binária (semelhante às bactérias). • Algumas podem por forma sexuada (Saccharomyces spp. e Cryptococcus neoformans) CÉLULA FÚNGICA X BACTERIANA Parede celular Membrana celular Ribossomos Citoplasma Fimbria/pilus Cápsula ou glicocálice Nucleoide/DNA Mesossomo Plasmídeo Septo Aparato de Golgi Peroxissomo Retículo Endoplasmático Núcleo Núcleolo Lisossomo Citoesqueleto Mitocôndria Vacúolo Cicatriz do broto Broto Célula Fúngica/Levedura Célula Bacteriana PAREDE CELULAR DE LEVEDURAS E MEMBRANA CELULAR Membrana celular (ergosterol) Quitina gulcanos Manoproteínas, manose Parede Celular Levedura Integrina Ergosterol - MCQuitina Manoproteínas, manose MEMBRANA CELULAR • Os ácidos graxos que formam a membrana celular no fungos é o ERGOSTEROL , em contrapartida, em células animais (humanas, inclusive) é o COLESTEROL. BROTAMENTO HIFAS • Possuem capacidade de penetrar nos tecidos • Funções • Fixação e digestão extracelular LEVEDURA, HIFA e PSEUDO-HIFA Candidíase (Candida albicans)• A principal infecção fúngica em humanos • Monilíase oral, sapinho (termo popular, deve ser evitado em prontuários, textos oficiais, exames etc.) • Fatores associados à patogenia na cavidade oral: • Em adultos geralmente associado a problemas de higiene bucal, próteses mal-adaptadas, não higienizadas ou que impossibilitam a higiene do paciente. • Hipossalivação. • Em crianças sem imunidade desenvolvida. • Uso crônico de antibióticos e /ou corticóides tópicos/sistêmicos. • Em pessoas com deficiências imunológicas (AIDS, por exemplo). • Estresse (deve-se excluir todas as outras possibilidades e confirmar em histórico do paciente). • Características clínicas • Eritema • Pseudomembrana (desprende-se ao se esfregar gaze levemente) • Leucoplasia (não se desprende) • Úlceras • Na maioria das vezes se apresenta assintomática, porém pode ocorrer prurido, ardência ou mesmo dor em casos mais graves. • Febre quando sistêmica. Candidíase (Candida albicans) Peixoto et al. Candidíase - Uma revisão da Literatura. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research. Vol.8,n.2, 2014. Aspectos Clínicos Candidíase pseudomembranosa Aspectos Clínicos Candidíase atrófica por próteseCandidíase leucoplásica, hiperplásica Aspectos Clínicos Candidíase atrófica, glossite romboidal mediana Candidíase eritematosa Terapia • Antifúngico de primeira escolha: • Nistatina (200.000-600.000 unida), 4x/dia, 14 - 30 dias. • Em alguns casos sistêmicos: Clotrimazol 10 mg, 5x/dia, 14 dias. • Higiene cuidadosa, higiene de próteses, polimento adequado, troca de próteses. • Adaptação de próteses. • Queilite angular: Cremes hidratantes contendo antifúngico, aumento de DVO, preenchimento ac. hialurônico (somente após outros tratamentos, ajuste de próteses e na ausência de sinais e sintomas) • Maioria diagnóstico clínico, biópsia necessária em casos de ausência de remissão, diminuição após 14 dias e em casos de lesão leucoplásica. Queilite angular, perda de dimensão vertical, perda de tônus muscular peribucal Paracoccidioidomicose - PCM (Paracoccidioides brasilienses) • Coloração de Grocott (mais indicada para PCM que HE ou PAS) • Brotamento múltiplo • Brotamento “em cabeça de Mickey” ou “em roda de leme" http://anatpat.unicamp.br/biinflparacoco3.html Paracoccidioidomicose (Paracoccidioides brasilienses) • Clínica • Petéquias ou eritema • Aspecto glomerular (estomatite moriforme) • Ulceras • Diagnóstico diferencial (lesões semelhantes) • Carcinoma espinocelular • Necessário biópsia e/ou citologia esfoliativa! https://www.elsevier.es/en-revista-revista-portuguesa-estomatologia-medicina-dentaria-330- articulo-paracoccidioidomicose-cronica-carateristicas-intraorais-em-S1646289015000679 http://estomatologiaonlinepb.blogspot.com/2015/09/paracoccidioidomicose-e-histoplasmose.html Paracoccidioidomicose (Paracoccidioides brasilienses) • Antifúngico indicado: Itraconazol 200mg/dia por 6 meses. http://estomatologiaonlinepb.blogspot.com/2015/09/paracoccidioidomicose-e-histoplasmose.html http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/49 http://estomatologiaonlinepb.blogspot.com/2015/09/paracoccidioidomicose-e-histoplasmose.html Paracoccidioidomicose (Paracoccidioides brasilienses) ECOLOGIA MICROBIANA EM HUMANOS “Os micro-organismos afetam o hospedeiro assim como o hospedeiro afeta os micro-organismos” Socransky, 2003 A maioria das pessoas estão em equilíbrio na maior parte do tempo Células Inflamatórias / Leucócitos (neutrófilos, linfócitos, macrófagos) em gengiva saudável. DOENÇA X SAÚDE • O quadro de saúde, em relação a uma infecção, compreende o equilíbrio entre a microbiota e um “hospedeiro”. • Há ao todo 10 14 células no corpo humano (100.000.000.000.000 = 100 trilhões) • Apenas 10% são células humanas (10.000.000.000.000 = 10 trilhões) ETIOLOGIA E ETIOPATOGENIA • etio- elem comp (gr., aítios) - Exprime a ideia de causador, responsável, culpado • pato- elem comp (gr., páthos) - Exprime a ideia de doença • -logia suf (gr., logos) - Estudo • -genia suf (gr.) - Produção, origem Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portugues, 2012 REFERE-SE AO FATOR CAUSAL PRIMÁRIO, SEM O QUAL A DOENÇA NÃO OCORRE ETIOLOGIA REFERE-SE A TODO O SISTEMA DE DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA DESDE SEU FATOR ETIOLÓGICO PRIMÁRIO, FATORES MODIFICADORES DA DOENÇA LOCAIS E SISTÊMICAS ATÉ AS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS DO INDIVÍDUO. ETIOPATOGENIA VIRULÊNCIA MICROBIANA Aderir-se a uma superfície Multiplicar-se Competir com outras bactérias Lograr e/ou desorganizar o SI do hospedeiro Exprimir fatores patogênicos específicos Capacidade de um vírus ou bactéria em se desenvolver e causar uma doença FATORES DE VIRULÊNCIA E PRODUTOS PATOGÊNICOS ADESINAS ENZIMAS - Proteases, colagenases,hialuronidase, metaloproteinases, neuroaminidase ENDOTOXINAS (Gram negativas)- Lipopolissacarídeos - LPS, lipo- oligossacarídeos - LOS EXOTOXINAS - Ácidos teicóicos, necrotoxinas, leucotoxinas FATORES DE VIRULÊNCIA E PRODUTOS PATOGÊNICOS ÁCIDOS - Ácido láctico, ácido sulfídrico (H2S) BACTERIOCINAS AÇÚCARES EXTRACELULARES METABÓLITOS FINAIS- indol, escatol, aminas, amônia, etc. Outras toxinas - CSV’s - Metilmetamercaptano; COV’s - putrescina, cadaverina MICROBIOTA INDÍGENA • O ser humano é desde o parto colonizado por inúmeros micro- organismos (arquéias, bactérias, fungos, vírus, protozoários). • Esses colonizadores, em todo o organismo (cavidade oral, pele, sistema gastrointestinal, vias aéreas superiores, cavidade vaginal, etc.), irão compor a futura microbiota indígena do indivíduo até sua maturação. • A maioria das bactérias são benéficas ao corpo humano. • Animais sem contato com micro- organismos (germ-free) são mais propensos a processos alérgicos. Infecção Adquirida Micro-organismos estranhos ao indivíduo, adquiridos por contágio Exs.: Treponema palidum (Sífilis); Mycobacterium tuberculosis (tuberculose); Clostridium tetani (tétano); Vibrio cholerae (Cólera); Bacillus anthracis (Carbúnculo) Infecção EXÓGENA http://www.sepeap.org/index.php?menu=documentos&id=30&id_doc=440&show=1 Opisthotonus - Charles Bell (1809) Tétano Sífilis secundária Infecção EXÓGENA Microbiota Indígena Micro-organismo indígena se desloca de seu habitat natural para regiões anatômicas não usuais Ex.: Streptococcus epidermidis em infecções cardíacas e em próteses valvares; Nisseria menigitidis ou Streptococcus pneumoniae em meningites. Infecção ENDÓGENA Infecção OPORTUNISTA Microbiota Indígena Micro-organismo indígena dentro de seu habitat natural alteram crescimento e/ou expressão de genes de virulência devido a alterações do ecossistema e/ou queda da imunidade do hospedeiro. Ex.: Propionibacterium acnes em foliculites e acnes; Escherichia coli ou Clostridium difficile em disenterias. http://major-diseases2011.blogspot.com/2011/05/types-of-major-skin-diseases-acne.html Infecção OPORTUNISTA MICROBIOTA HUMANOS SAUDÁVEIS BACTÉRIAS EM HUMANOS SAUDÁVEIS Aproximadamente 42 gêneros bacterianos • Streptococci (S. mitis, S. oralis, S. salivarius, S. sanguinis) 12% a 66% do microbioma dependendo da região • Neisseria (N. subflava), Prevotella (P. melaninogenica) e Haemophilus (H. parainfluenzae e H. haemolyticus) de 6 a 29% • Rothia (R. dentocariosa) e Actinomicetaceae 4% a 24% Gêneros de Fungos em Cavidade Bucal de Humanos Saudáveis • Candida albicans • 60% da população possui • Apenas alguns desenvolverão doenças Ordens de Vírus mais Comuns em Cavidade Bucal de Humanos Saudáveis • Maioria bacteriófagos (Caudovirales) • Herpesvirales (Herpesviridae) MICRO-ORGANISMOS BENÉFICOS • Habilidade em prevenir que o sistema imune do hospedeiro seja ativado • Desenvolvimento de tolerância por meio de células T supressivas e presença de citocinas inibitórias; • A distinção entre bactérias benéficas e patogênicas provavelmente está no antígeno apresentadoaos linfócitos T no sistema imune de mucosas; Feng & Weinberg, 2006 • Não desenvolver e produzir fatores de destruição tecidual além do tolerado pelo hospedeiro; • Evitar ou modular o crescimento de outros micro- organismos com conseqüente estabelecimento de homeostasia tecidual e do biofilme. Feng & Weinberg, 2006 MICRO-ORGANISMOS BENÉFICOS
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