Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DEFINIÇÃO Mecanismo adaptativo do coração, em resposta a um aumento de sua atividade ou de sobrecarga funcional; Conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão, cuja forma, na maioria das vezes, é a hipertensão essencial. É mais observada no lado esquerdo do coração como resultado de HAS, porém a hipertensão pulmonar (HP) pode provocar cardiopatia hipertensiva; ETIOLOGIA Aumento de necessidade metabólica que impõe um aumento do débito cardíaco; ex: exercício físico, indução hormonal ou anemias; Aumento de carga pressórica ou de volume, observada como adaptação a condições patológicas; ex: HAS, estenose; Resultante de mecanismos intrínsecos de natureza genética; ex: hipertrofias idiopáticas; HIPERTROFIA FISIOLÓGICA x PATOLÓGICA Nos estágios iniciais, a hipertrofia cardíaca está associada à função cardíaca normal ou aumentada e é considerada adaptativa ou fisiológica; entretanto, em estágios posteriores, se o estímulo não for removido, ele está associado à disfunção contrátil e é denominado como hipertrofia cardíaca patológica. É durante a hipertrofia cardíaca fisiológica que a função das organelas subcelulares, incluindo o sarcolema, retículo sarcoplasmático, mitocôndrias e miofibrilas, pode ser regulada positivamente, enquanto a hipertrofia cardíaca patológica está associada à regulação negativa dessas atividades subcelulares. A transição de hipertrofia cardíaca fisiológica para hipertrofia cardíaca patológica pode ser devido à redução do suprimento de sangue para o miocárdio hipertrofiado como consequência da densidade capilar reduzida; Hipertrofia cardíaca fisiológica: ocorre em resposta ao crescimento do corpo, gravidez ou exercício; também por anemia e Tireotoxicose; o Tem leve crescimento cardíaco; o Está associada ao aumento do transporte de Ca2+ do retículo sarcoplasmático (SR) e este transporte pode ser realizado para suportar o aumento da função cardíaca nesta fase da hipertrofia cardíaca. o Há um aumento no número de capilares miocárdicos; Hipertrofia cardíaca patológica: quando está associada à disfunção cardíaca, geralmente ocorre na presença de doença cardiovascular (DCV) e pode contribuir para o desenvolvimento de ICC; o Está associada a um aumento nos hormônios circulantes, sobrecarga hemodinâmica, perda de cardiomiócitos e redução da função sistólica e diastólica; o Densidade capilar miocárdica é diminuída; o Acúmulo e deposição de matriz extracelular excessiva (ECM), que consiste em tecido cicatricial ou fibrose; Contribui para a redução da função sistólica e diastólica e prejudica a condução elétrica, predispondo o coração a arritmias; HIPERTROFIA EXCÊNTRICA x CONCÊNTRICA Surge por aumento da resistência à ejeção ou à sobrecarga de pressão, decorrente de patogêneses como hipertensão e estenose aórtica, ocorre durante a sístole (pós-carga) e produz hipertrofia concêntrica. o Ocorre aumento de massa ventricular decorrente de aumento da espessura da parede e redução dos diâmetros cavitários. o Miócitos: a adição de sarcômeros em paralelo aumenta a secção transversa das células; Em contraste, a sobrecarga de volume, comum em doenças como regurgitação aórtica e regurgitação mitral, ocorre durante a diástole (pré-carga) e produz hipertrofia excêntrica. o Ocorre um aumento de massa ventricular e da espessura da parede ventricular, mas com aumento dos diâmetros cavitários; o Miócitos: adição de sarcômeros em série, permite o aumento de comprimento; o Permite uma fração ejetada maior, mas com redução da capacidade de desenvolver pressão; BENEFÍCIOS x MALEFÍCIOS Benefícios: aumento da capacidade de trabalho ventricular; normalização do estresse da parede; Malefícios: diminuição da complacência ventricular (insuficiência diastólica); indução à insuficiência coronária; diminuição da contratilidade (insuficiência sistólica); CARDIOPATIA HIPERTENSIVA SISTÊMICA (ESQUERDA) CAUSAS Hipertensão arterial; O Estudo de Framingham estabeleceu de modo inequívoco que mesmo a hipertensão leve (níveis apenas um pouco acima de 140/90 mmHg) — se suficientemente prolongada — induz a hipertrofia do ventrículo esquerdo; O controle eficaz da hipertensão pode prevenir a hipertrofia cardíaca ou levar à sua regressão; FISIOPATOLOGIA Definição: é uma resposta adaptativa que possibilita ao coração vencer a sobrecarga de pressão e manter o débito cardíaco; Com a sobrecarga gerada pela hipertensão arterial, surge hipertrofia concêntrica, inicialmente do ventrículo esquerdo, no qual as fibras cardíacas sofrem aumento da espessura devido a aumento em paralelo do número de sarcômeros. A hipertrofia do coração constitui uma reação do miocárdio para vencer a pressão sistêmica aumentada. A espessura aumentada da parede do ventrículo tende a normalizar a tensão sistólica sofrida pelos miofilamentos. O indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por anos ou décadas, apesar da HAS; nesse período, é a fase compensada da cardiopatia hipertensiva, o Pode ser assintomática, com evidencias apenas eletrocardiográficas ou ecocardiográficas. Por causa do aumento progressivo da espessura da parede, a complacência do ventrículo esquerdo diminui (surge sobrecarga do átrio esquerdo) e aumenta a necessidade de oxigênio, o que contribui para a isquemia miocárdica e faz com que surjam focos de fibrose intersticial. As células miocárdicas hipertróficas são mais suscetíveis a isquemia, porque, além de terem exigências metabólicas aumentadas, a distância entre o interior das células e o capilar que as nutre é maior, ocasionando dificuldade para difusão de O2. Se a PA não é controlada, chega um momento em que o miocárdio não consegue se hipertrofiar mais nem se manter. O débito cardíaco não é mais mantido, resultando em sobrecarga de volume diastólico e dilatação da cavidade, caracterizando insuficiência cardíaca. Esta constitui a fase descompensada da cardiopatia hipertensiva. Os critérios patológicos mínimos para o diagnóstico de CH sistêmica são: 1. Hipertrofia do ventrículo esquerdo (geralmente concêntrica) na ausência de outra doença cardiovascular, e 2. História clínica ou evidência patológica de hipertensão em outros órgãos (p. ex., no rim). ASPECTOS MORFOLÓGICOS Há um espessamento concêntrico acentuado da parede do ventrículo esquerdo que causa redução no tamanho da luz; A espessura da parede do VE pode exceder 2 cm, e o peso do coração pode exceder 500 g; Com o tempo, a espessura aumentada da parede do ventrículo esquerdo, muitas vezes associada ao D E aumento do tecido conjuntivo intersticial, confere uma rigidez que prejudica o enchimento diastólico, frequentemente levando ao aumento do átrio esquerdo. ASPECTOS HISTOLÓGICOS Hipertrofia das células cardíacas – formação de novos sarcômeros; As fibras miocárdicas estão muito aumentadas de volume – aumento do diâmetro transversal dos miócitos; Há também aumento do volume do núcleo nas hipertrofia, devido a poliploidia; Visualiza-se também fibrose intersticial; CONSEQUÊNCIAS Com a insuficiência cardíaca esquerda, aparecem congestão e edema pulmonares, que se manifestam por tosse e dispneia; quanto mais grave, aparecem hipoperfusão renal e encefálica (encefalopatia hipóxica). Quando há insuficiência cardíaca direita, surgem congestão sistêmica (p. ex., hepatomegalia) e edema, inicialmente nos membros inferiores. De maneira geral: dilatação cardíaca, aumentos na incidência de IC, arritmias ventriculares, morte após infarto do miocárdio, diminuição da fração de ejeção do VE, morte cardíaca súbita, dilatação da raiz aórtica e um quadro cerebrovascular evento; IC: caso não haja controle da PA; Com a descompensação cardíaca, ocorre dilatação da cavidade do ventrículo esquerdo, diminuição da espessura de sua parede e aumento do coração como um todo. o Com a dilatação do ventrículo esquerdo, ocorre dilatação do anel da valva mitral, resultando em insuficiência desta. o Aumento da sobrecarga e dilatação do átrio esquerdo, o que favorece a fibrilação atrial; o Pode surgir também congestão pulmonar, que, se prolongada, resulta em hipertensão pulmonar; o Se o estado hipertensivo for mantido, ocorre sobrecarga do VD, que sofre hipertrofia concêntrica de sua parede, na tentativa de manter o fluxo sanguíneo pulmonar. o Após certo tempo, o VD também entra em descompensação, por mecanismos semelhantes aos do VE, resultando em dilatação da sua cavidade e do anel da valva tricúspide; com isso, ela se torna insuficiente e permite o refluxo de sangue para o átrio direito, que logo se dilata. o O coração como um todo, portanto, torna-se aumentado de volume. TRATAMENTO Em geral, a redução da pressão arterial com anti- hipertensivos, perda de peso ou restrição dietética de sódio diminui a massa cardíaca em pacientes com HVE, incluindo pacientes com diabetes. A regressão da HVE está relacionada tanto à resposta anti-hipertensiva quanto, até certo ponto, ao tipo de terapia utilizada; Escolha de medicamentos: a regressão foi relatada com IECAs, BRAs, alguns BCC (particularmente diltiazem , verapamil e amlodipina), alguns diuréticos (particularmente clortalidona e indapamida ) e alguns agentes simpatolíticos (incluindo metildopa e alfa- bloqueadores) ; Em contraste, a regressão pode ser menos pronunciada com DIU e BBs e está ausente com vasodilatadores diretos (como hidralazina ou minoxidil ) e alguns BCC, apesar do controle adequado da pressão arterial. Função cardíaca após a regressão da HVE - A regressão da HVE está associada à melhora do desempenho sistólico, aumento do volume sistólico e nenhum aumento no risco de descompensação se a pressão arterial aumentar; CARDIOPATIA HIPERTENSIVA PULMONAR (DIREITA) CAUSAS Alterações cardíacas secundárias à hipertensão arterial pulmonar causada por doença própria do parênquima pulmonar ou de sua vasculatura. https://www.uptodate.com/contents/diltiazem-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/verapamil-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/amlodipine-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/chlorthalidone-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/indapamide-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/methyldopa-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/hydralazine-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/minoxidil-drug-information?search=hipertrofia+card%C3%ADaca&topicRef=3846&source=see_link As causas típicas do cor pulmonale crônico são os distúrbios dos pulmões, especialmente doenças parenquimais crônicas como o enfisema, e a hipertensão pulmonar primária Também deve-se lembrar que a hipertensão pulmonar ocorre normalmente como uma complicação da cardiopatia do lado esquerdo. FISIOPATOLOGIA ACH pulmonar isolada, ou cor pulmonale, se origina da sobrecarga de pressão do ventrículo direito. O cor pulmonale crônico é caracterizado pela hipertrofia do VD, dilatação e, potencialmente, insuficiência direita. Nas fases iniciais da hipertensão pulmonar, o VD sofre hipertrofia progressiva da parede; com a cronicidade da elevação pressórica no território arterial pulmonar e na câmara ventricular direita, esta dilata-se progressivamente. Surge hiperemia passiva crônica sistêmica, sobretudo no fígado, que apresenta o típico aspecto em noz moscada (áreas centrolobulares de congestão e colapso do parênquima), e no baço, que mostra consistência aumentada e aspecto de endotelização dos sinusoides. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Encontra-se aumentado de volume e tem forma globosa, devido à proeminência do ventrículo direito, particularmente da sua via de saída. O ventrículo direito está bem dilatado e apresenta espessamento da parede livre e hipertrofia das trabéculas. A forma do ventrículo esquerdo (à direita) foi deformada pelo alargamento do ventrículo direito. No corte transversal, o ventrículo direito, que possui uma forma normal de crescente, exibe um formato ovoide dilatado. No cor pulmonale crônico, a parede do ventrículo direito espessa-se, às vezes, até 1 cm ou mais CONSEQUÊNCIAS Algumas vezes, o ventrículo direito hipertrofiado comprime a câmara ventricular esquerda ou leva à regurgitação tricúspide com espessamento fibroso desta valva. Referências: -Robins, Bogliolo - OLDFIELD, C. J., DUHAMEL, T. A., DHALLA, N. S. Mechanisms for the transition from physiological to pathological cardiac hypertrophy. Canadian journal of physiology and pharmacology, v. 98, n.2, p.74–84, 2020. https://doi.org/10.1139/cjpp-2019-0566. -YOU, J. Differential cardiac hypertrophy and signaling pathways in pressure versus volume overload. American journal of physiology. Heart and circulatory physiology, v.314, n.3, 2018. https://doi.org/10.1152/ajpheart.00212.2017. - MCCULLOUGH, Peter A., MD, MPH. Clinical implications and treatment of left ventricular hypertrophy in hypertension. UpToDate, 2019. OLDFIELD, Christopher J. et al. Mechanisms for the transition from physiological to pathological cardiac hypertrophy. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology. Vol.98, n. 2, p.74- 84. https://doi.org/10.1139/cjpp-2019-0566 https://doi.org/10.1139/cjpp-2019-0566 https://doi.org/10.1152/ajpheart.00212.2017 https://www.uptodate.com/contents/clinical-implications-and-treatment-of-left-ventricular-hypertrophy-in-hypertension/contributors https://doi.org/10.1139/cjpp-2019-0566
Compartilhar