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Impacto Femoroacetabular (IFA) Helen Pereira – Acadêmica de Fisioterapia Definição Contato anormal entre o acetábulo e a cabeça/colo do fêmur durante a mobilização do quadril que pode causar dor inguinal durante ou após atividades físicas. O impacto ocorre por devido a uma incongruencia no quadril nos extremos da ADM, podendo ser responsável pela degeneração do quadril. Fisiopatologia Bloqueio biomecânico da cabeça femoral, causando impacto na borda lateral do acetábulo Forças de compressão e cisalhamento Microtraumatismos Labrum e região anterolateral da cartilagem articular do acetábulo Processo inflamatório Diminuição de proteoglicanos Degeneração da cartilagem Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, 2016. Pincer/ Torquês Normal O acetábulo é antevertido, recobre a cabeça femoral. É causado por uma alteração acetabular, há uma sobrecobertura do acetábulo em relação a cabeça femoral. A sobrecobertura pode ser focal em casos de retroversão acetabular ou global em casos de ângulo centro-borda aumentado. Há esmagamento do labrum entre o colo do fêmur e o rebordo acetabular, o lábio se apresenta degenerado podendo haver cistos intrasubstanciais. Pode ocorrer também lesão por contragolpe, a cabeça femoral é alavancada posteriormente pela parede acetabular anterior, gerando lesão da cartilagem acetabular posterior. IFA- Classificação Misto Cam É causado por uma anormalidade no fêmur, na transição entre a cabeça e o colo femoral, gera perda da esfericidade, necessária para que haja um movimento sem impacto. A lesão do labrum ocorre na transição entre a cartilagem acetabular e o lábio. A medida que o fêmur adentra o acetábulo, a cartilagem é avulsionada por uma força de cisalhamento. IFA- Classificação Apresenta as alterações do tipo came e pincer, é o de incidência mais frequente, em torno de 77% dos casos. Apesar de ser uma associação entre as anormalidades, o paciente apresenta características mais predominantes de uma das morfologias came ou pincer. Sinais e sintomas Redução da rotação medial com o quadril em 90º Mobilidade e força muscular IFA anterior: região púbica, face anterior da coxa, região trocantérica, inicio insidioso, longa duração e piora progressiva, pode ser agudizada em excesso de exercícios físicos DOR Quando há artrose, a dor leva ao abandono das atividades físicas IFA posterior: região glútea, lombossacral ou face posterior da coxa, associadas a extensão e abdução do quadril Redução de flexão e abdução do quadril Redução de FM de adutores de quadril e flexores de joelho Atrofia da coxa acometida VOLPON, 2016; SOUZA, LESSA, MIRANDA, TABET, OLIVEIRA, 2017; Sinais e sintomas Limitação no teste de Fabere Testes Discreta claudicação Marcha Pode possuir marcha de Trendelenburg Pode possuir padrão antalgico Testes de impacto podem ser positivos (88,8% dos casos) Teste de Trendelenburg pode ser positivo British Journal of General Practice, July 2013. Sinais e sintomas – Funcionalidade Dificuldade para sentar ou levantar; Dificuldade para agachar; Dificuldade para abrir as pernas; Dificuldade para realizar movimento após um período de inércia; Avaliação Anamnese, inspeção, palpação, ADM, força muscular, comprimento muscular, testes específicos e exames de imagem. Anamnese Anamnese Inspeção Exame físico EVA Como é a dor? Em quais regiões sente dor? Há algum movimento que piore a dor? Ou melhore os sintomas? A dor se intensifica após atividade física? A dor perturba o sono? Procurar saber quando começaram os sintomas, se há associação de doenças de caráter degenerativo e cirurgias anteriores. Queixa Principal DOR Inspeção Anterior Lateral Posterior Simetria das EIAS, sínfise púbica, posição do joelho (varo/valgo),simetria de MMII, análise da pele, presença de edema e coloração, posicionamento dos pés e alterações posturais. Região trocantérica, alterações de postura, análise da pele, presença de edema e coloração. Simetria de EIPS, posicionamento do sacro, últimas vértebras lombares, posicionamento dos joelhos e pés, análise da pele, presença de edema e coloração e alterações posturais. Fêmur ColunaPelve EIAS, EIPS, sinfise púbica, ligamento inguinal, tuberculo isquiático. Região trocantérica, face articular. Palpar as últimas vértebras lombares e sacro, pois pode haver irradiação da dor. Palpação 1 2 3 Amplitude de movimento - goniometria Flexão do quadril 0 – 130º Extensão do quadril 0 – 30º Abdução do quadril 0 – 45º Adução do quadril 0 – 20º Rotação interna 0 – 40º Rotação interna 0 – 40º Kendall & McCreary Flexores do quadril Iliopsoas, reto femoral, sartório e TFL. Extensores de quadril Glúteo máximo e isquiostibiais. Abdutores de quadril Glúteo médio e mínimo e TFL. Adutores do quadril Adutor magno, adutor longo e curto, grácil e pectíneo. Testes de força muscular Rotadores externos Piriforme, obturador interno e externo, gêmeo superior e inferior, quadrado femoral e glúteo máximo. Rotadores internos Sem movimentos primários. Glúteo médio e mínimo (fibras anteriores), TFL, adutor longo e curto, adutor magno (posteriores) e pectíneo. Kisner & Colbi, 2016. Testes de comprimento muscular Teste de Thomas: avaliar contratura dos flexores do quadril. Teste de Ely: avaliar contratura do reto femoral. Teste de Ober: contratura de abdutores. Teste do Ângulo Poplíteo: comprimento de IQT. Thomas modificado: reto femoral. Testes Específicos Teste de Faduri: avaliar impacto anterior. Positivo se paciente relatar dor. Teste de Patrick-Fabere: avaliar patologia na articulação. Positivo se relatar dor na região inguinal. Testes Específicos Teste de descompressão de Ribas: aliviar a pressão na articulação. Positivo se houver diminuição da dor. Teste de impacto posterior: avaliar impacto e lesão de labrum. Teste de Trendelenburg: avaliar força de glúteo médio. Positivo se a pelve contrária desabar ao movimento avaliado. Radiografia do quadril A radiografia é fundamental para a definição do diagnóstico e tratamento dos pacientes com IFA. É um método simples, barato, rápido e amplamente disponível. Achados radiográficos Pincer: acetábulo anormal. Cam: cabeça e colo femoral anormais. Tratamento Cirúrgico ● Tem como princípio corrigir as deformidades anatômicas , desbridar e/ou reinserir o labrum e remover a cartilagem degenerada. CLOHISY; MCCLURE, 2005. Tratamento Cirúrgico – IFA tipo CAM Luxação cirúrgica do quadril (padrão ouro) - Ganz et al, 1991. ● Permite abordagem de todos os componentes patológicos; ● É feita a condro-osteoplastia e desbridamento da cartilagem, que não deve ser exagerada, pois pode ocorrer fratura; ● O labrum deve ser desbridado e reinserido, quando for irrecuperável, pode ser feita a inserção por meio de substitutos (fáscia lata, flexores do joelho ou ligamento redondo); ● Desvantagem: demanda treinamento e experiência, maiores complicações em relação a osteotomia do fêmur; Tratamento Cirúrgico – IFA tipo CAM Artroscopia e artrotomia por miniacesso anterior – Clohisy e McLure, 2005. ● Primeiro se faz o inventário artroscópico do quadril, desbridamento do labrum e da cartilagem articular; ● É feito uma incisão anterior (Smith-Petersen), abre-se a cápsula articular e faz uma osteoplastia; ● A melhora e treinamento da artroscopia, o acesso aberto será esquecido; ● Desvantagem: incidência significativa de lesão do nervo cutâneo lateral da coxa; Tratamento Cirúrgico – IFA tipo CAM Tratamento artroscópico ● Bastante utilizado, com sucesso entre 67% a 90% dos casos; ● Realizada somente pela via artroscópica, é possível fazer o desbridamento do labrum e a cartilagem articular, remover o excesso de osso e recuperar o formato típico da cabeça femoral (coxa rotunda); ● Desvantagem:possível lesão do nervo cutâneo lateral da coxa e paresia do ciático; Tratamento Cirúrgico – IFA tipo Pincer Osteotomia perciacetabular ● Acesso de Smith-Petersen modificado, tomando cuidado para preservar os músculos abdutores; ● Visa aumentar a sobrevida do quadril e evita a artroplastia precoce; ● Estudos apontam que a força do quadril pode ser diminuída em até dois anos após cirúrgia; ● Difícil execução, exige treino e experiência; Ganhar/ aumentar de mobilidade Aumentar FMDiminuir/ evitar processo inflamatório e promover analgesia Tratamento fisioterapêutico no PO de IFA 1 2 3 4 Melhorar equilíbrio e propriocepção 5 Treinar marcha e atividades funcionais Referências Bibliográficas o VOLTON, B. J. Impacto Femoroacetabular. Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. 2016; 51(6): 621-629. o DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. o Geraint ER Thomas, Antony JR Palmer, Antonio J Andrade, Thomas CB Pollard, Camdon Fary, Parminder J Singh, John O’Donnell and Sion Glyn-Jones. Diagnosis and management of femoroacetabular impingement. British Journal of General Practice 2013; 63 (612): e513-e515. o SILVA, A. M.; NAKATAKE, M. F. NEVES, M. C. A.; ALVES, V. L. S.; POLESELLO, G. C. Aspectos clínicos e radiográficos de pacientes com síndrome do impacto femoroacetabular: Há diferença entre quadril sintomático e assintomático? Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Vol. 55 No. 2/2020. Referências Bibliográficas o EJNISMAN, L.; JÚNIOR, W. R.; QUEIROZ, M. C.; VICENTE, J. R. N.; CROCI, A. T.; POLESELLO, G. C. Impacto femoroacetabular e lesão do lábio acetabular – Parte 1: Fisiopatologia e biomecânica. Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Vol. 55 No. 5/2020. o KISNER, C.; COLBY, L. Exercícios Terapêuticos – Fundamentos e Técnicas. 6 ed. São Paulo: Manole, 2016. o HEEREY, J.; RISBERG, M.; MAGNUS, J.; MOKSNES, H.; ODEGAARD, T.; CROSSLEY, K.; KEMP, J. Impairment-based Rehabilitation Following Hip Arthroscopy: Postoperative Protocol for the HIP ARThroscopy International Randomized Controlled Trial. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 48, N. 4. April, 2018. Referências Bibliográficas o FRASSON, V.; MORALES, A.; TORRESAN, A.; CRESTANI, M.; FORTES, , P.; TELOKEN, M.; VAZ, M. Fisioterapia no pós-operatório de correção artroscópica do impacto femoroacetabular. Ciência&Saúde, 2015;8(3):156-168. o GUEDES, J.; MAREK, A.; PIVA, D. Efeitos de um programa de reabilitação fisioterapêutica após videoartroscopia de impacto femoracetabular. FisiSenectus, Unochapecó Ano 4, n. 1 - Jan/Jun. 2016 p. 42-50.
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