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Lesões de Pele e Mucosa

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MANCHA E MÁCULA 
Definic ̧a ̃o: Mancha e mácula são alteraço ̃es de cor da mucosa 
bucal ou da pele sem causar elevaça ̃o ou depressa ̃o no tecido. 
O que diferencia a mancha da mácula é o seu tamanho. As 
manchas sa ̃o maiores e as máculas sa ̃o menores. A cor 
depende do tipo de comprometimento estrutural do epitélio 
ou devido a ̀ presenc ̧a de um pigmento (por exemplo: 
melanina, hemossiderina, depo ́sito de metais pesados (prata) 
etc.). Elas podem surgir sobrepostas a outro tipo de lesa ̃o 
fundamental. A sua cor, tamanho e forma podem ser 
bastante variados. As manchas podem estar associadas a 
diversas causas. Veja abaixo, alguns exemplos: 
• Mancha ou mácula pigmentar: Aumento ou diminuic ̧ão de 
melanina no tecido. 
Exemplos: Vitiligo (Hipocrômica) e Pigmentac ̧ão melânica 
racial (Hipercrômica). 
• Mancha ou mácula vascular: Alteraço ̃es da microcirculaça ̃o 
da pele/mucosa. Nesse caso, uma característica marcante é 
que elas desaparecem quando submetidas a ̀ manobra da 
vitropressa ̃o. 
 
• Mancha hemorrágica: Acontecem por extravasamento de 
sangue e na ̃o desaparecem com a vitropressa ̃o. Sua coloraça ̃o 
varia de vermelho-arroxeado ao amarelado. Ela também se 
altera de acordo com o tempo de evoluça ̃o da lesa ̃o. São 
divididas em: 
• Petéquias: quando em formato puntiformes. 
• Víbices: quando assumem um formato linear. 
• Equimose: quando em formato de placas. 
• Deposic ̧ão pigmentar: Deposição de pigmentos como 
Bilirrubina (icterícia); Corpo estranho (tatuagem); Metálico 
(prata, ouro). 
PLACA 
Definic ̧a ̃o: Placa é uma lesão plana e pouco elevada. Sua 
altura é pequena em relação à extensa ̃o. É uma lesa ̃o em que 
ocorre um espessamento de tecido, o que representa 
clinicamente a elevac ̧ão. A consistência é diferente do tecido 
normal. A superfície pode ser rugosa, verrucosa, ondulada, 
lisa ou apresentar diversas combinaço ̃es desses aspectos. 
A forma, o contorno, o tamanho e a coloração podem variar 
de caso para caso. Outras leso ̃es fundamentais podem estar 
associadas às placas, tais como: manchas, erosões, ulcerac ̧ões, 
fissuras, no ́dulos, etc. 
Exemplos: O exemplo mais clássico de uma placa é a 
leucoplasia, mas outras doenc ̧as também podem se apresentar 
leso ̃es com esse aspecto, tais como: o líquen plano e o 
carcinoma epidermóide. 
PÁPULA, NÓDULO E TUMOR 
Definic ̧a ̃o: sa ̃o leso ̃es so ́lidas que podem ser formadas por 
tecidos epitelial, conjuntivo ou misto. Elas diferem entre si 
pelo tamanho. 
Pa ́pulas: Pequena proeminência achatada, elevada acima 
da superfície epitelial. Medem até 5 mm de dia ̂metro. São 
superficiais e circunscritas. Podem ser únicas ou múltiplas. 
Tem coloraça ̃o e superfícies variadas. Quando múltiplas e 
aglomeradas, elas constituem a chamada placa papulosa. 
A superfície pode ser de aspecto liso, rugoso ou verrucoso. 
Quanto à forma, elas podem ser arredondadas ou ovais e, 
ainda, pontiagudas ou achatadas. 
Exemplos: Gra ̂nulos de Fordyce, estomatite nicotínica, líquen 
plano. 
Nódulos: sa ̃o leso ̃es so ́lidas maiores do que 5 mm e tem até 2 
cm. Podem ser circunscritos e quanto a base de sustentac ̧ão, 
os no ́dulos podem ser pediculados ou sésseis. A consistência à 
palpaça ̃o é muito variada, dependendo do tecido que o 
compõe e do tempo de evoluça ̃o 
Exemplos: Fibroma traumático, hiperplasias fibrosas 
inflamatórias, meta ́stases tumorais, lipoma. 
Dessa maneira, os lipomas sa ̃o nódulos “macios”; os 
granulomas piogênicos sa ̃o fla ́cidos; os fibromas são mais 
consistentes e o to ́rus tem consistência dura e similar ao osso. 
A denominac ̧ão tumor costuma ser utilizada para designar 
no ́dulos com diâmetro superior a 2 cm. Por outro lado, o 
termo tumefação caracteriza um acúmulo de água e 
eletro ́litos no interior das células ou do interstício, o que 
aumenta o volume e proporciona um aumento volumétrico 
difuso de determinado tecido (face, palato, língua). Podem 
ter origem inflamatória, infecciosa ou neoplásica. 
Exemplos: Tumores odontogênicos 
U ́LCERA E ULCERAÇÃO 
Definic ̧a ̃o: Sa ̃o leso ̃es que causam a perda da continuidade 
do epitélio com exposiça ̃o do tecido conjuntivo subjacente. A 
denominac ̧ão úlcera tem caráter cro ̂nico, pois as lesões 
persistem ha ́ semanas ou meses. 
Exemplos: úlceras decorrentes de tumores malignos, pênfigo 
vulgar, entre outras. A ulcerac ̧a ̃o tem caráter agudo e de 
curta duração. 
Exemplos: ulcerac ̧ão aftosa recorrente ou afta vulgar (Figura 
8), leso ̃es trauma ́ticas, gengivoestomatite herpética primária, 
etc. 
As úlceras podem assumir aspectos variados e sa ̃o descritas 
como exulcerações quando envolvem grandes regio ̃es da 
mucosa. Podem ainda aparecer como fissuras quando 
acometem as regiões de pregas e dobras na mucosa e pele. 
VESÍCULA E BOLHA 
Definic ̧a ̃o: Sa ̃o leso ̃es caracterizadas por elevaço ̃es 
circunscritas do epitélio contendo líquido em seu interior. Seu 
revestimento pode ser fino ou espesso, conforme sua 
localização. Diferem-se no tamanho e na quantidade de 
cavidades. 
Vesículas possuem tamanho máximo de 3 mm e várias 
cavidades. Em geral, elas costumam ser múltiplas. 
Exemplos: Herpes recorrente (Figura 9), herpangina, herpes 
zoster, reac ̧o ̃es alérgicas, dermatoses. 
As vesículas que contém pus em seu interior sa ̃o chamadas de 
pústulas. 
Exemplos: Varicela, varíola, impetigo. 
Bolhas são constituídas por apenas uma cavidade e com 
tamanho superior a 3 mm. As bolhas podem ser múltiplas, 
mas frequentemente sa ̃o mais espalhadas. Essas leso ̃es 
raramente sa ̃o encontradas íntegras na boca devido aos 
traumas funcionais, sendo as subepiteliais as mais fa ́ceis de 
serem localizadas em sua plenitude. 
Exemplos: Mucocele, pênfigo, penfigo ́ide bolhoso e rânula 
As leso ̃es vésico-bolhosas podem se manifestar nas seguintes 
doenc ̧as: 
Doenc ̧as viro ́ticas 
•Infecc ̧ões pelo vírus causador do Herpes 
Simples. •Infecc ̧o ̃es pelo vírus 
causador da Varicela- Zoster. 
•Sarampo. 
Condic ̧o ̃es associadas ao sistema imunolo ́gico 
•Pênfigo vulgar. •Penfigo ́ide cicatricial. •Penfigo ́ide bolhoso. 
•Dermatite herpetiforme. 
Leso ̃es reacionais 
•Extravasamento de muco. 
•Cisto de retenc ̧a ̃o de muco. 
•Cisto e pseudocisto de retenc ̧a ̃o do seio 
maxilar. 
EROSÃO 
Definic ̧a ̃o: É uma lesa ̃o caracterizada pela perda parcial do 
epitélio sem haver exposiça ̃o do tecido conjuntivo adjacente. 
Em alguns casos, ela pode estar associada a uma atrofia do 
epitélio. Na ̃o é recoberta por camada de fibrina. O tecido de 
revestimento se torna fino, plano e com aparência frágil. 
Exemplos: Líquen plano, a glossite migratória benigna ou 
língua geográfica. 
Alterac ̧ões morfolo ́gicas descritivas das leso ̃es 
Algumas denominac ̧ões sa ̃o utilizadas na descric ̧a ̃o das 
leso ̃es fundamentais cujos aspectos sa ̃o particulares e 
complementando-as. 
VEGETAÇÃO 
Definic ̧a ̃o: É uma lesa ̃o sólida caracterizada por crescimento 
exofítico constituído por vários elementos agrupados, de 
forma e tamanho variados produzidos por fatores 
traumáticos, tóxicos ou infecciosos. 
As leso ̃es podem ser apresentar agrupadas, salientes, co ̂nicas, 
filiformes ou em couve flor. 
Exemplo: Leso ̃es bucais por tuberculose, 
paracoccidioidomicose, carcinoma espinocelular. 
FÍSTULA 
Definic ̧a ̃o: Sa ̃o orifícios na superfície cutânea ou mucosa e 
representam o término de um trajeto sinuoso que põem em 
contato com o exterior aos focos ou cavidades supurativas 
internas; em fases cro ̂nicas, ela aparece como pequena 
pústula. 
CROSTA 
Definic ̧a ̃o: representa o ressecamento de exsudatos na 
superfície da pele ou semi-mucosa. 
Não ocorre dentro da cavidade bucal devido a ̀ umidade 
presente. Aparecem apenas sobre superfícies relativamente 
secas, como lábios e pele na evolução das leso ̃es ulceradas. 
Podem ser melicélicas quando resultam da dessecac ̧ão de 
exsudato serofibrinoso, purulentas e hemorrágicas. Tipos: 
serofibrinoso, purulenta e hemorrágicas. 
HIPERPLASIA 
Definic ̧a ̃o: Crescimento tecidual de aspecto benigno. É 
caracterizado por um aumento de volume difuso dos tecidos. 
É um termo microscópico que foi agregado à clínica. As 
hiperplasias fibrosas inflamatórias se apresentam 
normalmente como nódulos. 
ABSCESSO 
Definic ̧a ̃o: É uma coleça ̃o purulenta flutuante de localizaça ̃o 
dermo-hipodérmica ou subcutânea. Quando acompanhada 
dos sinais relacionados ao pus é denominado de abscesso 
quente, quando na ̃o, abscesso frio. Os abscessos denta ́rios 
sofrem drenagem esponta ̂nea através da pele contígua e 
podem formar uma fístula cutânea. 
 
 
Defeitos do desenvolvimento: 
 
Grânulos de Fordyce: 
Os grânulos de Fordyce são pequeninos pontos amarelados ou 
esbranquiçados, que podem surgir nos lábios. 
Esses grânulos, que são glândulas sebáceas, podem surgir em 
qualquer idade, mas são mais 
frequentes na puberdade devido às alterações hormonais. 
Variação anatômica normal: 80% da população 
-Glândulas sebáceas na mucosa oral: 
Estruturas dérmicas anexas; Ectópicas: Fora do 
posicionamento correto; 
• Características clínicas: 
Múltiplas pápulas amareladas ou branco-amareladas; 
Assintomáticas... Paciente sente apenas uma leve rugosidade. 
• Características histopatológicas: 
Semelhantes às glândulas sebáceas da pele, mas sem o 
folículo piloso; 
Lóbulos acinares logo abaixo da superfície epitelial, podendo 
se comunicar com a superfície através de um ducto central; 
Células sebáceas: forma poligonal; núcleo localizado 
centralmente; citoplasma abundante. 
• Tratamento: 
Desnecessário; 
Prognóstico: Podem hiperplasiar; formar pseudocistos 
preenchidos por ceratina; e formar 
tumores (raramente). 
 
 
Leucoedema: 
 
Condição comum da mucosa oral; 
Variação da normalidade; 
Causa desconhecida; 
Ocorre em cerca de 70% da população negra; 
A pigmentação da mucosa parece deixar a alteração 
edematosa mais visível; 
Tabagistas* 
• Características clínicas: 
Aparência difusa, opalescente, branco acinzentada, cremosa; 
Superfície pregueada: Rugosidades esbranquiçadas; Lesões 
não destacáveis; 
Geralmente na mucosa bucal, mas pode estender-se para a 
mucosa labial. Raramente acomete assoalho bucal e tecidos 
palato faríngeanos; 
Geralmente bilateral; 
Um elemento clínico extremamente importante no 
diagnóstico do leucoedema é o fato de que 
ao se distender a mucosa jugal (eversão da mucosa), a lesão 
desaparece, retornando quando deixamos de exercer a 
tração. 
• Características histopatológicas: 
Aumento da espessura epitelial; 
Edema intracelular proeminente na camada espinhosa; 
Células vacuoladas aumentadas; 
Núcleos picnóticos; 
Superfície frequentemente paraceratinizada; 
Cristas epiteliais amplas e alongadas. 
De forma resumida: paraceratose e edema intracelular da 
camada espinhosa. 
• Tratamento e prognóstico: 
O leucoedema não tem significado patológico e por isto não 
requer tratamento. 
Por apresentar um aspecto clínico característico, a biópsia é 
desnecessária. 
 
Língua pilosa negra 
Caracteriza-se por acúmulo acentuado de ceratina nas 
papilas filiformes do dorso lingual, conferindo a mesma um 
aspecto peludo. 
Rara: 0,5% dos adultos. 
Causa incerta, mas percebe-se que há uma relação com 
pacientes tabagistas crônicos, pacientes higiene oral 
deficiente e histórico de radioterapia em região de cabeça e 
pescoço; 
• Características clínicas: 
Mais comum na linha média anterior às papilas 
circunvaladas; 
Espalha-se para as margens lateral e anterior; 
A coloração escura (preta, marrom, verde ou amarela) 
resulta do acúmulo de detritos, bactérias ou leveduras, 
pigmentos do tabaco. 
Assintomática, mas o paciente pode apresentar náusea, gosto 
desagradável na boca e halitose. 
Afeta a aparência estética da língua; 
Biópsia desnecessária; 
• Características histopatológicas: 
Alongamento pronunciado e hiperparaceratose das papilas 
filiformes; 
Freqüentemente, observa-se o crescimento de várias bactérias 
na superfície epitelial. 
• Tratamento e prognóstico: 
Condição benigna sem seqüelas relevantes; 
Fatores predisponentes (tabaco, antibióticos, antissépticos) 
devem ser eliminados; 
Orientações de higiene e raspagem periódica com limpador 
de língua. 
Anquilogrossia: 
Aparecimento de um freio lingual curto ou inserido muito 
próximo à ponta da língua, de aspecto fibroso, que limita os 
movimentos da língua; 4x mais comum em meninos, 
afetando cerca de 1,7 a 4,4% dos recém nascidos; 
A anquiloglossia grave é relativamente rara. 
• Características clínicas: 
Variam de casos leves e graves; Em casos graves, a língua pode 
estar totalmente fusionada ao assoalho bucal. 
Ocasionalmente o freio insere-se no ápice lingual, formando 
uma discreta fenda. 
Identifica-se uma relação casual envolvendo a associação de 
anquiloglossia e dificuldade na amamentação em recém-
nascidos, quando a anquiloglossia está associada à 
alterações de sucção pode interferir no aleitamento materno 
ou na fala. 
Pode contribuir para o aparecimento de mordida aberta 
anterior, porque a incapacidade da língua de elevar-se até o 
palato impede a deglutição normal; 
• Tratamento e prognóstico: 
Maioria dos casos não necessita de tratamento; 
Recém-nascidos com dificuldades de amamentação: 
Frenotomia (corte ou liberação do freio); 
Crianças ou adultos com dificuldades funcionais: 
Frenectomia (liberação do freio com reparo plástico); 
Conforme a criança cresce, a língua torna-se mais alongada 
e fina no ápice, muitas vezes diminuindo a extensão da 
anquiloglossia. Provavelmente, a condição é corrigida 
espontaneamente em muitos casos, por isso, é menos comum 
em adultos. 
 
Exostoses: 
Exostoses, conhecidas também como tórus, são crescimentos 
ósseos benignos que acometem as corticais ósseas. Alguns 
autores denominam exostose quando esse crescimento é 
localizado nas faces vestibulares de mandíbula e maxila, 
assim como os tórus seriam o mesmo crescimento pela face 
lingual e/ou no palato. 
O tratamento cirúrgico das exostoses somente ocorrem 
quando elas afetam a dicção, deglutição, a confecção de 
próteses, a estética e, em alguns casos, quando esses tórus são 
muito acentuados e há a necessidade de se entubar para 
alguma cirurgia. 
 
Cisto Ósseo de Stafne: 
O defeito ósseo de Stafne também chamado de cisto ósseo de 
Stafne, cisto ósseolatente ou cisto ósseo estático foi descrito 
como uma lesão radiolúcida assintomática, localizada 
próximo ao ângulo da mandíbula. 
O cisto ósseo de Stafne não precisa ser tratado por cirurgia e 
que os pacientes devem ser acompanhados com estudos 
radiológicos para o tratamento da depressão óssea, porque 
essa é uma condição anatômica, e não uma entidade 
patológica. 
 
Cisto Globulomaxilar: 
Desenvolve-se entre o canino e o incisivo lateral superior, 
radiograficamente aparece como uma lesão 
radiotransparente unilocular bem circunscrita entre o ápice 
dos dentes em forma de pêra invertida. Tratamento é a 
enucleação. 
 
Cisto do ducto nasopalatino: 
Na região mais anterior do assoalho da cavidade nasal, 
os canais incisivos unem-se, tendo seu trajeto pelo canal 
nasopalatino até desembocar no forame incisivo; o forame 
incisivo localiza-se na face palatina ou bucal da pré-maxila, 
em região de linha média, posteriormente aos incisivos 
centrais inferiores. 
O tratamento consiste na enucleação e curetagem, com 
baixas taxas de recidiva. 
 
Cisto epidermóide: 
O cisto epidermóide é um raro tumor benigno que pode 
desenvolver-se em qualquer região do corpo humano. Cerca 
de 7% destes cistos ocorrem em região de cabeça e pescoço. 
O tratamento de escolha é a remoção cirúrgica completa da 
lesão através da enucleação de toda a cápsula cística.

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