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Aula 9 - Dificuldades de Aprendizagem e suas Patologias

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Suas funções principais são cognitivas, de mo-
tricidade e equilíbrio, sentidos e sensibilidade, bem 
como o controle do meio interno na respiração, cir-
culação, batimento cardíaco e articulação.
Para entender o alcance de suas funções, é im-
prescindível entender como a cognição e a consciên-
cia humanas nascem da atividade do cérebro, assim 
como dominar a sequência, pela qual ocorrem os 
eventos da criança, no seu processo de aprendizagem.
Abaixo, encontramos alguns pré-requisitos para 
que a aprendizagem ocorra baseada nos estudos de 
Piaget e na Psicologia Cognitiva que, hoje, são fru-
tos de investigações neurológicas recentes, sobre o 
funcionamento cerebral. Estes estudos permitem en-
tender o desenvolvimento da criança de forma mais 
abrangente. Vale ressaltar que, até meados do século 
passado, apenas se intuía como o cérebro funcionava.
Pretendemos refletir um pouco sobre esses es-
tudos e descobertas neurocientíficas e levá-las para a 
sala de aula, pois é o pedagogo responsável pela tur-
ma, que irá fornecer o complemento deste trabalho 
com estratégias de ensino. 
3.6.3. Como a emoção interfere no processo 
de aprendizagem?
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Por meio de um tomógrafo, foi observada a re-
lação entre a ativação da amídala (parte importante 
do sistema nervoso do cérebro) e o processo de for-
mação da memória. “Quanto mais emoção contenha 
determinado fenômeno, mais ele será gravado pelo 
cérebro,“ diz Iván Izquierdo, médico, neurologista 
e coordenado do Centro de Memória da Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
O psicólogo Jean Piaget, em seus estudos, já va-
lorizava o termo afetividade como influência positi-
va ou negativa nesse processo, podendo acelerar ou 
atrasar a aprendizagem, como vimos anteriormente.
Os professores, quando adotam uma postura 
de escuta e de acolhimento, ao observar as emoções 
dos alunos, podem perceber como o meio, a escola 
está afetando o dia a dia de seus alunos, e terão opor-
tunidade de reverter um prognóstico negativo, que 
não favoreça a aprendizagem.
3.6.4. Por que precisamos de motivação 
para aprender?
Dopamina no comportamento: procurando 
a recompensa do prazer
A Dopamina é o produto químico que ne-
gocia o prazer no cérebro. É liberada du-
rante situações agradáveis e estimula um 
procurar a atividade ou a ocupação agradá-
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vel. Isto significa que o alimento, o sexo, 
e diversas drogas de abuso são, igualmen-
te, estimulantes da liberação da dopamina 
no cérebro, particularmente nas áreas tais 
como, os accumbens do núcleo e o córtice 
pré-frontal. (www.news-medical.net)
Estudos comprovam que no cérebro exis-
te um sistema dedicado à motivação e à recom-
pensa. Quando o aluno é afetado de forma po-
sitiva por algum fenômeno, a região responsá-
vel pelos centros de prazer produz uma subs-
tância chamada dopamina* que gera sensação 
de bem–estar e mobiliza a atenção reforçando 
seu comportamento em relação ao objeto que 
a afetou.
Por outro lado, tarefas muito difíceis ou muito 
fáceis podem desmotivar e frustrar o cérebro, que 
não se mobiliza plenamente para execução desse 
tipo de atividade, por não obter prazer do sistema 
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de recompensa. Para Piaget, motivação: “é a procura 
das respostas quando a pessoa esta diante de uma 
situação que ainda não consegue resolver”.
A escola deve ser um espaço que motive e não 
se ocupe somente de transmitir conteúdos. As ativi-
dades devem ser preparadas para despertar a criati-
vidade e o interesse dos alunos, para isso precisam 
ser condizentes com suas condições, com sua faixa 
etária etc.. Só, dessa forma, serão capazes de lhes 
despertar a curiosidade e, consequentemente, movê-
-los a realizá-las, a ir além, enfrentando desafios, fa-
zendo perguntas e procurando respostas.
3.6.5. Qual é a importância da atenção para que 
a aprendizagem ocorra?
Diversas pesquisas ligadas à neurociência mos-
tram que o sistema nervoso central só processa 
aquilo para que esteja atento. Quando, por falta de 
interesse e motivação, o desvio de atenção é signi-
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ficativo, a aquisição de habilidades e a memorização 
dos conteúdos sofrem prejuízos.
Para Piaget, prestamos atenção desde que o que 
nos está sendo apresentado, tenha um significado 
para nós e represente uma novidade. Em síntese, se 
há um desafio e se for possível estabelecer alguma 
relação entre o elemento novo e o que já se sabe, a 
atenção é despertada.
Os educadores podem conquistar melhores re-
sultados nas atividades escolares, na medida em que 
conseguem ter uma visão autocrítica de seu trabalho 
pedagógico, ou seja, conseguem desvincular a falta de 
atenção de seus alunos, com o rótulo de desinteresse, 
ou como sinônimo de indisciplina. A falta de atenção 
comumente pode ser decorrência de um ambiente de-
sestimulante e inadequado. A indisciplina escolar pode 
estar relacionada diretamente a propostas de atividades 
completamente desprovidas de desafio e significado. 
3.6.6. Como favorecer a fixação de novos co-
nhecimentos na memória dos alunos?
A fixação de um novo conhecimento na me-
mória ocorre mais efetiva e naturalmente, quando 
a nova informação é associada a um conhecimento 
prévio. Nesse sentido, é fundamental perceber e va-
lorizar o meio cultural dos alunos e sua experiência.
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A ativação de circuitos neurais se dá parte por 
sequência de associações: uma rede é ativada por 
outra e, assim, sucessivamente. Quanto mais fre-
quentemente isso acontece, mais estáveis e fortes 
tornam-se as conexões sinápticas, tornando mais 
fácil a recuperação das informações pela memória. 
Todo esse movimento cerebral dá-se por repetição 
da informação ou, pela associação do novo dado a 
conhecimentos, já adquiridos. 
Aprender não é só memorizar informações, é 
se apropriar delas. Fazer com que as informações 
se tornem suas. Para isso, é preciso saber relacio-
nar uma informação nova com uma já conhecida, 
adaptá-las, ressignificá-las e refletir sobre elas. Cien-
te, dessa forma, do funcionamento do cérebro, o 
professor na sua prática pedagógica pode conquistar 
bons resultados, encorajando seus alunos e dando-
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-lhes condições para que possam construir para si 
um sentido sobre o tema a ser aprendido.
3.6.7. O que é plasticidade cerebral?
O cérebro modifica-se com o meio durante 
toda a vida, chamamos isso de plasticidade cerebral.
A interferência do meio, no sistema nervoso, 
causa mudanças anatômicas e funcionais no cérebro, 
desenhando e redesenhando uma complexa rede 
conectiva. Assim, a quantidade de neurônios e as 
conexões entre eles, as chamadas sinapses, mudam 
incessantemente ao longo da vida de acordo com as 
experiências pelas quais a pessoa passa. 
Em seus estudos, Piaget mostra que a influência 
do meio tem importância, na medida em que “para 
um estímulo provocar certa resposta, é necessário 
que o indivíduo e seu organismo sejam capazes de 
fornecê-la, não basta ter um meio que provoque, se 
a pessoa não participar dele e interagir”.
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“Causar emoções, controlar a temperatura do nosso 
corpo, a pressão arterial, a respiração. Receber e ge-
renciar milhares de informações vindas das emoções, 
dos sentidos, do sistema imunológico. Controlar o 
andar, o correr, o falar, o dançar, o raciocinar, o so-
nhar, o imaginar. Registrar memórias e usá-las para 
planejar o futuro. Todas essas tarefas e muitas outras 
mais são tarefas controladas pelo cérebro.” (Neuroci-
ência na Educação, direção Carlos Cavalheiro Filho 
– Cedic – 2010)
Na escola, os alunos devem ter papel ativo no 
seu processo de aprendizagem. Para isso, cabe aos 
professores a tarefa desafiadora de orientar e forne-
cer condições para que as crianças e jovens exerçam 
e desenvolvam suas potencialidades.
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1. Quais são as contribuições da Neurociência 
para a aprendizagem?
2. Explique a afirmação: “Para que o conhecimento 
possa ser elaborado, é necessário que seja compre-
endido nos aspectos que variam, e nos aspectos que 
se mantêm constantes”.
3. Cite exemplos que já vivenciou/observou paracada fase do desenvolvimento estudado por Piaget.
4. Segundo Piaget, quando o sujeito tem noção de 
conservação? Exemplifique.
5. Que dificuldades pode apresentar na escola uma 
criança de 6 a 7 anos com dificuldades para reali-
zar provas de conservação (quantidade descontínua 
com pequenos conjuntos)?
Questões
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