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Didática da Matemática Camilo Misura AULA 1 Introdução à didática da matemática O CONHECIMENTO - CITAÇÃO (D’Ambrósio, Ubiratan) Todo o conhecimento é resultado de um longo processo cumulativo de geração, de organização intelectual, de organização social e de difusão, naturalmente não dicotômicos entre si. • O homem procura dominar o mundo em que vive, e para isso ele usa do conhecimento, tentando, assim, explicar tudo o que existe no mundo. • A matemática apresenta uma parte essencial no desenvolvimento do conhecimento, tanto no campo próprio como ferramenta da lógica e da construção dos teoremas e demais elementos da matemática, como linguagem que traduz fenômenos estudados pelas outras ciências. A DIDÁTICA Segundo o dicionário, a didática: • é arte de transmitir conhecimentos; • técnica de ensinar; • é a parte da pedagogia que trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa, de modo a torná-la mais eficiente. D’Amore, sobre a didática, diz: • “A didática é a parte da ciências da educação que tem por objetivo o estudo dos processos de ensino e aprendizagem em sua globalidade, independente da disciplina em questão, considerando porém a relação institucional[...]”; • “A didática, enquanto ciência da produção, organização e gestão dos bens do sistema de ensino–aprendizagem, conecta-se novamente à questão epistemológica relativa à transformação dos conhecimentos.” • “O indivíduo, sujeito da Psicologia cognitiva ou sócio cognitiva, é, portanto, estudado enquanto aluno diante de uma situação didática e, consequentemente, com um saber específico. [...] Com efeito, no caso da Didática, são analisados os procedimentos cognitivos, os ‘gestos mentais’ dos sujeitos, a emergência de concepções novas, não apenas enquanto produtos dos controles internos que os sujeitos exercem no problema, mas também em função dos controles externos provenientes da situação [...]”. Fonte: Blog Maxi Educa Enquanto professores, buscamos com a didática mediar a construção do conhecimento dos alunos. DIDÁTICA - CITAÇÃO “a didática não consiste em fornecer um modelo para o ensino, mas produzir um campo de conhecimentos e de questões que permitem colocar em prova qualquer situação de ensino e que permita corrigi-la e melhorá-la [...]” (BROUSSEAU, 1989, p. 16). O PROFESSOR COMO AGENTE DO PROCESSO Os professores, como agentes propositores/mediadores do processo de ensino-aprendizagem, possuem conhecimentos, habilidades, competências e capacidades específicas para que possam intervir de maneira produtiva durante as etapas de construção do conhecimento pelo educando. Maurice Tardif elenca os chamados saberes profissionais necessários ao professor, listados a seguir: SABERES DAS DISCIPLINAS • Os conhecimentos técnicos matemáticos são dominados por diversos profissionais, como bacharéis em matemática, engenheiros, cientistas computacionais, físicos e outros profissionais. • O domínio isolado dessas técnicas por parte do profissional não garante que o educando possa construir o conhecimento da maneira apropriada. SABERES CURRICULARES • Existem normas e estruturas destinadas à organização da aprendizagem, tais como os PCN’s, as propostas estaduais e outros documentos que indicam parâmetros mínimos ou momentos apropriados para ensino de certos conteúdos e desenvolvimento de certas habilidades e competências; • O bom professor deve compreendê-los e saber aproveitar bem essas oportunidades. SABERES DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA • A didática, as metodologias de ensino, avaliação, planejamento de aula, planejamento de curso, psicologia e desenvolvimento educacional, todos são elementos que compõe a formação do professor e são necessários para que ele possa fazer escolhas didáticas apropriadas à situação que o aluno está vivenciando. SABERES DA EXPERIÊNCIA • Os saberes aqui citados não são necessariamente profissionais. A experiência referida é sobre vivências em situações de ensino, seja como profissional, seja como educando. • Essa experiência acumuladas em aula, em estágios, projetos e em situações extra escolares que representam momentos de aprendizagem significativa constituem a bagagem necessária desse saber. Fonte: COSTA, Dennis Souza da. MEDRADO, Betânia Passos. QUIRINO, Iana Jéssica Lira. Saberes de sua experiência profissional em sala de aula e na escola Saberes dos programas e livros didáticos usados no trabalho Saberes da formação profissional para o magistério Saberes pessoais dos professores Saberes da formação escolar anterior SABERES DOCENTES ENSINO COMO ARTE - CITAÇÃO (Armella, Moreno) “O ensino como simples processo de instrução, acrescido de hipóteses sobre a capacidade do estudante de absorver aquilo que se diz ‘bem’ para ele, não é uma concepção: é uma ilusão”. ENSINO COMO ARTE • A concepção de ensinar como uma arte é um conceito antigo, que acreditava essencialmente que essas características eram pessoais e intransferíveis, mas que hoje não oferece efetivamente garantia de sucesso. • Esse pensamento esgota a ideia de melhorar o processo de aprendizagem, uma vez que ele é restrito a um conhecimento nato. • Entretanto, não é justo pensar que não existam professores com talento natural. O importante é pensar que a didática, como ciência, possibilita o desenvolvimento de habilidades para o ensino, e que a pesquisa contínua rende frutos valiosos para a formação inicial e continuada dos docentes nos mais diversos níveis e áreas de conhecimento. • Nesse contexto, o professor cria diversos ambientes e atividades favoráveis para que o estudante possa vivenciar seu processo de aprendizagem. • Ampliar as diversas áreas de interação com a matemática proporciona condição de criar situações de aprendizagem que sejam efetivas e amigáveis (amigável aqui como termo moderno de informática para facilidade de compreensão, uso e acesso.) DIDÁTICA DA MATEMÁTICA Didática Matemática é o estudo das relações de ensino e aprendizagem de Matemática. Está na fronteira entre a Matemática, a Pedagogia e a Psicologia. Desde o início do século XX, professores de matemática se reúnem para pensar o ensino dessa matéria nas escolas. A partir da década de 50, a Unesco organiza congressos sobre educação matemática, e, a partir da década de 70, surge, inicialmente na França, a Didática da Matemática enquanto campo para a sistematização dos estudos acerca do ensino da matemática. Fonte: João Batista Carneiro de Araújo DIDÁTICA DA MATEMÁTICA - CITAÇÃO A didática da matemática estuda as atividades didáticas, ou seja, as atividades que têm como objeto o ensino, evidentemente naquilo que elas têm de específico para a matemática. Neste domínio, os resultados são cada vez mais numerosos, e dizem respeito aos comportamentos cognitivos dos alunos, mas também aos tipos de situações utilizadas para lhes ensinar e a todos os fenômenos aos quais a comunicação do saber dá lugar. A produção ou o melhoramento de meios de ensino encontra nestes resultados muito mais do que objetivos ou meios de avaliação, encontra neles um apoio teórico, explicações, meios de previsão e de análise, sugestões, e mesmo dispositivos e métodos. (Brousseu, 1996, p.35) Há diferentes abordagens para a didática da matemática aceitas hoje: • A divulgação das ideias, fixando a atenção na fase do ensino; • Como pesquisa empírica, fixando atenção na fase da aprendizagem. • A escolha do primeiro consiste no foco no conceito. Essa abordagem busca adequar o discurso para que ele seja mais próximo à realidade do aluno. • Por esse modelo, o aluno é o centro da atenção e o professor age sobre o conteúdo, moldando-o e buscando a melhor abordagem dentro do contexto inserido. • Para esse caso, é possível a escolha da história da matemática como instrumento didático. • Esse paralelo apresenta uma concepção de que, como o conhecimento matemático foi desenvolvido ao longodo tempo, o aluno passará por esse mesmo processo, e assim conseguirá atingir um grau de maturidade matemática. • Outra abordagem da história é mostrar que, mais que uma coleção de conhecimentos, a matemática é mutável. A busca da humanidade por conhecimento, a resolução de problemas da física, da química, da biologia e de outras ciências mostra a aplicabilidade da matemática, suscita a discussão da resolução de problemas e da finalidade de algumas áreas da matemática como a modelagem, a estatística e a análise de dados. • A história também serve para humanizar a matemática e criar empatia por ela. Grandes matemáticos possuem histórias comuns, como Gauss resolvendo a soma de uma PA aos 8 anos de idade. Todo e qualquer misticismo sobre a dificuldade de aprender matemática deve ser trabalhado, e assim pode ser superado. O aluno pode ter contato com essa “má fama” em experiências ruins nos primeiros anos da sua formação, nas relações familiares e sociais, e esse ainda é um dogma que a aprendizagem da matemática carrega. • A abordagem da matemática como pesquisa empírica passa por uma etapa, que é entender a Epistemologia (ramo da Filosofia que estuda a maneira pela qual o conhecimento científico de certas áreas especializadas são constituídos e caracterizados). • Sugerimos então que, para além da organização do planejamento, o conhecimento seja desenvolvido em função de um núcleo, de hipóteses, da heurística da resolução de problemas, da previsão, da experimentação, da análise e da conclusão. REFLEXÕES FINAIS • O conhecimento é objeto de necessidade da humanidade e está em constante construção. Para tanto o humano age sobre ele, buscando compreendê-lo e o interiorizar. • A didática surge como ciência voltada ao estudo de como propagar o conhecimento, considerando as diversas técnicas, métodos, modelos e ferramentas disponíveis. Quando aproxima-se da psicologia e de outras ciências cognitivas, o seu desenvolvimento amplia-se. • O professor, mediador do processo de ensino e aprendizagem, passa a ser objeto de estudo da pedagogia. • Pelas particularidades que o ensino de matemática enfrenta, um grande grupo se debruça sobre o processo de aprendizagem da matemática, criando a linha da Didática da Matemática, com muitas teorias que acabaram influenciando outras áreas de ensino. Algumas das áreas que podemos destacar e serão estudadas ao longo desse curso: • Transposição Didática; • Situações Didáticas; • Campos Conceituais; • Contrato Didático; • Obstáculo Epistemológico; • Registro de Representação Semiótica; • Engenharia Didática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROUSSEAU, Guy. Fundamentos e Métodos da Didáctica da Matemática. In: Didáctica das Matemáticas. Org. Jean Brun. Lisboa: Horizontes Pedagógicos. 1996. p. 35-113. D’AMORE, B. Elementos de didática da matemática. (Trad. de Maria Cristina Bonomi). São Paulo: Livraria da Física, 2007. (capítulo 13) PAIS, L. Didática da matemática: uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. (p.9 – 38) PARRA, Cecília. Didática da matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. (capítulo 2) TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. QUER SABER MAIS? Nesta parte, você poderá estudar um pouco mais sobre as referências usadas em nossa aula. • https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3524069/mod_resource/content/1/Did%C3% A1tica%20da%20Matem%C3%A1tica%20Francesa%20e%20%C3%81lgebra.pdf • https://www.youtube.com/watch?v=JAznq0BrQ0A • https://www.youtube.com/watch?v=Uy4lagZYzXI https://www.youtube.com/watch?v=JAznq0BrQ0A https://www.youtube.com/watch?v=Uy4lagZYzXI
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