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Odontologia 1 Fernanda Pressoto Módulo 3: Curso de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxifacial. Em alguns casos, embora haja indicação de extração, o procedimento não pode ser realizado devido a situações relacionadas ao dente em questão ou em função de condições de saúde do paciente. Algumas vezes, as contraindicações são relativas, pois mediante alguns cuidados ou tratamentos adicionais, o procedimento pode ser executado. Em outros casos, entretanto, a contraindicação pode ser tão significante que o dente não deve ser removido até que a severidade do problema tenha sido resolvida. Geralmente, as contraindicações são divididas em dois grupos: local e sistêmica. CONTRAINDICAÇÕES LOCAIS Existem várias contraindicações locais as extrações dentárias. A mais importante e crítica é a HISTÓRIA DE RADIOTERAPIA contra câncer. As extrações feitas em uma área de radiação podem causar osteorradionecrose e, portanto, devem ser feitas com extrema cautela. Os dentes que estão localizados dentro de uma área de TUMOR, especialmente um tumor maligno, não devem ser extraídos. O procedimento cirúrgico da extração pode disseminar células malignas e, consequentemente, semear metástases. Os pacientes com PERICORONARITE SEVERA (aumento de volume importante – podendo envolver espaço extrabucal – febre e mal-estar) não devem ter o dente extraído até que o quadro tenha sido atenuado. O tratamento não-cirúrgico prévio a extração deve incluir antibioticoterapia, irrigação e bochecho com clorexidina 0,12% de 12 em 12 horas e, se houverem condições de acesso e de anestesia local, a raspagem/curetagem da placa bacteriana adjacente também deve ser executada, possibilitando que a exodontia possa ser realizada durante um episódio de pericoronarite severa, o risco de complicações aumenta. Por fim, o ABCESSO DENTOALVEOLAR AGUDO. Podemos nos deparar com uma maior dificuldade para extração destes dentes, pois o paciente pode não conseguir abrir a boca o suficiente ou a anestesia local pode não ser tão eficaz. Contudo, isso não significa que não pode realizar o procedimento. Se as condições de acesso e anestesia puderem ser obtidas, o dente pode e deve ser removido o mais cedo possível. Caso contrário, deve ser iniciada antibioticoterapia e a extração deverá ser realizada assim que possível. CONTRAINDICAÇÕES SISTÊMICAS Estas contraindicações se referem ao grupo de condições sistêmicas graves ou não controladas. Entre elas podemos citar: DOENÇAS METABÓLICAS DESCOMPENSADAS E SEVERAS: diabetes não controlada e falência renal com uremia severa podem gerar infecções exacerbadas e dificuldade de metabolização das substâncias aplicadas. LEUCEMIA E LINFOMA NÃO CONTROLADOS: apresentam maior risco de infecção e de sangramento excessivo. DOENÇA CARDÍACA SEVERA E NÃO CONTROLADA: infarto do miocárdio recente e isquemia severa do miocárdio, como angina pectoris instável e ARRITMIAS CARDÍACAS NÃO CONTROLADAS E SEVERAS. HIPERTENSÃO MALIGNA: apresenta maior risco de sangramento persistente, insuficiência aguda do miocárdio e AVC devido ao estresse causado pela extração. Odontologia 2 Fernanda Pressoto COAGULOPATIAS SEVERAS: hemofilia ou distúrbios plaquetários severos, podendo gerar importantes perdas sanguíneas e cicatrização deficiente. USO DE BISFOFONATO ENDOVENOSO: risco aumentado de osteonecrose. MAS E AGORA? FAZER OU NÃO O PROCEDIMENTO? Para todos estes casos, a indicação é aguardar que a condição sistêmica se estabilize para que a exodontia seja realizada é a melhor tomada de decisão. Ou seja, o paciente deverá retornar ao seu médico de referência para tratamento e estabilização. Se houver alguma urgência no tratamento de pacientes com alguma comorbidade citada acima, o mesmo deverá ser realizado em ambiente hospitalar ou até mesmo poderá passar por tratamento paliativo (coronectomia/sepultamento de raízes). CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS A gestação é uma contraindicação relativa as extrações. Pacientes no 1° ou 3° trimestre deve ter suas extrações adiadas, se for possível. Procedimentos cirúrgicos mais extensos que necessitem de medicamentos além dos anestésicos locais devem ser adiados até após o nascimento da criança. Ex) Gravidez; Para finalizar, devemos sempre lembrar da classificação ASA (preconizada pela American Society Anesthesiologists) e das suas recomendações para o tratamento de cada paciente. CLASSIFICAÇÃO ASA E RECOMENDAÇÃO DE ATENDIMENTO ASA I: paciente saudável, sem comorbidade, atendimento normal. ASA II: paciente com doença sistêmica leve ou moderada, sem limitação funcional. Ex) Diabetes tipo 2 controlado, HAS controlada/estágio 1, obesidade, ansiedade, asma, tabagismo, infarto há mais de 6 meses sem sintomatologia, angina estável. Entrar em contato com médico para confirmar situação de saúde. Tratamento eletivo liberado. ASA III: paciente com doença sistêmica severa, com limitação funcional. Ex) HAS estágio 2, diabetes tipo 1 controlado, angina após exercícios leves, asma com crise, obesidade mordida, infarto há mais de 6 meses com sintomatologia. Entrar em contato com médico para confirmar a situação do paciente. Tratamento eletivo pode ser realizado, mas há maior risco. ASA IV: paciente com doença sistêmica severa, representa risco de vida constante. Ex) Angina instável, AVC ou infarto há menos de 6 meses, convulsões não controladas, HAS estágio 3. Adiar o procedimento até que o paciente se torne ASA III. Realizar atendimento de urgência em ambiente hospitalar. ASA V: paciente moribundo com perspectiva de óbito em 24 horas. Procedimentos eletivos estão contraindicados. ASA VI: paciente com morte cerebral, mantido em ventilação controlada e perfusão, para doação de órgãos (transplante). É a remoção da coroa dentária através do uso de brocas, diminuindo assim o trauma cirúrgico da extração.
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