Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CMA III 2021/1 ART Artrite Reumatóide (AR) Conceito A atrite reumatóide é uma dç inflamatória sistêmica, crônica e progressiva, se não tratamos e não mudamos o curso da dç, ela é uma artrite erosiva, uma artrite deformante, então somos obrigados a mudar o curso da dç. Ela compromete primariamente a membrana sinovial, o que primeiro inflama na AR é a membrana sinovial, a membrana que cobre a articulação, posteriormente evoluiu para a articulação e da parte cartilaginosa, pro osso da articulação e pros tecidos periarticulares (tendão e ligamento) ou seja tem destruição óssea e cartilaginosa. O acometimento extra articular é importante sabermos porque temos na cabeça que AR só da artrite, mas não é bem assim, AR da tendinite, da bursite, então o pct as vezes tem bursite de repetição pode sim ser um caso de AR. Além disso é uma dç que causa grande impacto social e econômico, isso porque é uma dç que causa muita limitação, então temos que tratar para mudar o curso da dç. Epidemiologia Tem uma prevalência relativamente alta, de prevalência mundial de 1%, ou seja, a cada 100 pessoas 01 tem AR, então é mais prevalente do que imaginamos e tem variações entre regiões e etnias, tem uma prevalência menor em africanos e asiáticos. É uma dç com maior prevalência em mulheres, assim como o LES que tem prevalência de 10:1, aqui a relação é de 3:1 em norte americanos e europeus, a cada 03 mulheres 01 homem é acometido e na América Latina tem uma relação de 8:1, a cada 08 mulheres, 01 homem é acometido. O dx varia entre 30-50 anos, ou seja, AR é uma dç principalmente de mulher nova, de mulher na 3ª e 4ª década de vida, não é uma dç da 7ª e 8ª década de vida, fazemos diagnóstico? Sim, existe uma entidade que chama artrite reumatoide do idoso, mas não é o comum, é principalmente uma dç de mulher jovem, na América latina a média de dx é aos 40 anos, isso porque na am. Latina existe um atraso no dx da AR, o que faz com que a média seja de 40 anos, ou seja, depois que o pct ta sintomático a muito tempo, então temos que tentar mudar isso. Fatores de risco Quais são os fatores de risco pra um pct tem AR? existem os FR genéticos, sabemos que o fator genético é importante, são vários gens envolvidos, é uma doença poligênica e sabemos que a AR soropositiva tem uma maior influência genética que a AR soronegativa, então é mais prevalentes em AR soropositivos. E quais são esses gens? Tem o HLA DRB1*04, o PTPN22, o CTLA4 são vários gens, mas os 03 principais são esses Os fatores epigenéticos também são muito importantes na AR, a metilação do DNA e aceitação de histonas tem papel importante na produção de neoantígenos, sabemos que os tabagistas ,por ex, tem maior metilação desse DNA e também formam mais neoantígeno, E o evento de transformação de fibroblastos tipo sinoviócitos em fibroblastos ativados, os fatores epigenéticos tornam os fibroblastos ativados e causam uma inflamação local. O sexo é importante, sabemos que mulher é FR e tem maior risco em nulíparas, não sabemos explicar porque, talvez pelo fator hormonal mas o risco é maior em mulher que nunca teve filhos. O tabagismo é muito importante, toda vez que temos um pct com AR tentamos fazer com que ele pare de fumar, orientamos cessar fumo e esse tabagismo é dose dependente, quanto maior a carga tabágica maior é o risco do pct desenvolver artrite reumatóide, além isso, o tabagismo também é associado a maiores índices de atividade, ou seja, se o pct parar de fumar a dç melhora um pouco, ela entra mais em remissão do que o pct que ta fumando, então orientamos o pct a parar de fumar, o tabagismo não é só gatilho, ele Aula digitada Dr. Filipe FAME CMA III 2021/1 ART acaba inflamando e incentivando durante o curso da dç, então é importantíssimo parar de fumar. Os materiais particulados são fatores de risco também, sabemos que quem trabalha com sílica, asbestos e fibra de vidro tem maior chance de ter AR que o resto da pop geral. A microbiota tem fator de risco importantíssimo na AR, vamos ver que a AR é uma dç sistêmica que começa no pulmão e a microbiota tem fator desencadeante importante na AR, principalmente uma bactéria que se chama porphyromonas gingivalis, ela causa dç periodontal, na gengiva, então o pct que tem dç periodontal, uma qualidade de dentes ruins tem maior chance de risco de ter AR, a bactéria actinomyces tem concomitância. A microbiota intestinal é também um fator importante na AR, devido a mudança e a translocação das bactérias. A obesidade é FR, não é fator protetor, e a condição sócio-econômica também é FR, sabemos que a dç é mais prevalente, quanto menor a condição sócio-econômica do pct mais prevalente é a dç, porque? Principalmente porque vimos por ex a dç periodontal, tabagismo, vemos esse fator com frequência, quanto pior a condição sócio-econômica, mais difícil de tratar e mais prevalente é a dç. Aqui tem um resumo dos fatores, então é uma mistura de fator genético, hormonal e ambiental, é uma associação de fatores que causa a AR Patogênese Então temos esses fatores de risco, os principais a P. Gengivalis, o intestino, o tabagismo e os fatores genéticos tudo isso causa um ambiente propício para a citrulinização da arginina, a arginina é um aminoácido que temos no organismo e ela é citrulinada pela Peptidil arginina deaminase > PAD 4, a citrulina funciona como um neoantígeno, não temos citrulina no organismo, mas através da PAD nós fazemos conversão pós translacional de arginina em citrulina, e ai a citrulina funciona como neoantígeno, formando anticorpos, os principais anticorpos é o anti-CCP (anti peptídeo citrulinado) e o Aula digitada Dr. Filipe FAME CMA III 2021/1 ART fator reumatóide. Então nos citrulinizamos a arginina e onde ocorre a citrunilização? Principalmente no pulmão, então a AR é uma dç que começa no pulmão. Sabemos que a P. Gengivalis é uma bactéria que tem importante ação na citrulinização. Então aqui tem um sistema simplificado em que no pulmão tem a citrunilização da arginina, pela PAD4 e consequente depois a formação de autoanticorpos a ativação da imunidade celular e da imunidade inata e inflamação sistêmica e, principalmente, inflamação articular. Na articulação os sinoviócitos são ativados e a partir daí é ativada uma cascata inflamatória que resulta em produção das IL e várias outras citocinas inflamatórias, que acaba inflamando a articulação. História natural da doença E qual a história natural da dç, inicialmente temos um pct com susceptibilidade p/ AR, uma história genética importante, um pct que fuma, um pct que tem infecção por P. Gengivalis. Posteriormente ele começa a produzir autoimunidade, ou seja, começa a produzir anticorpo, começa a produzir anti-CCP e fator reumatoide, porém nessa fase da dç (proclinical RA) ainda não tem sintomas, chamamos de fase pré-clínica da dç, temos anticorpos circulantes e esses anticorpos ainda não estão causando a dç. Depois (Early Aula digitada Dr. Filipe FAME CMA III 2021/1 ART RA) passamos a ter uma artrite indiferenciada, começamos um quadro de artrite inespecífica e acaba virando uma AR estabelecida. Então temos a queda da tolerância imunológica, a ativação aberrante da resposta imune inata e adaptativa, a formação de autoanticorpos a ativação de osteoclastos, condrócitos e fibroblastos e a sinovite crônica, e tudo ocorre devido a sinovite crônica. A sinovite é a inflamação a sinóvia, a sinovite crônica forma o “pannus",que é o tecido inflamatório da AR. Então aqui ta a membrana sinovial inflamada, ela fica espessada, gera uma hiperplasia e uma hipertrofia dessa membrana e chamamos isso de “pannus”, que seria nada mais nada menos que a membrana inflamada e hipertrofiada, quando palpamos, por ex, uma artrite na interfalangiana proximal, que vemos que ta espessado e que tem um tecido embaixo, mais mole e borrachudo é o “pannus”, o tecido inflamado, a sinóvia inflamada. Quadro clínico A AR pode cursar comsintomas gerais como astenia, fadiga, mal estar, febre e mialgia, como qualquer dç inflamatória. E tem os sintomas articulares, a artrite da AR é uma poliartrite aditiva simétrica com edema e rigidez articular. Acometimento inicial ,principalmente, de interfalangiana proximal (IFP), metacarpofalangiana (MCF), punhos, ombros e joelhos e metatarsofalangianas (MTF). Então é uma artrite simétrica e de pequenas articulações, podendo pegar também grandes articulações. Com a evolução da dç qualquer articulação do corpo pode ser acometida, a tendência é que evolua para tornozelo (TNZ), interfalangiana proximais dos pés (IFPS) e esternoclaviculares, podendo acometer até ATM. Aula digitada Dr. Filipe FAME X CMA III 2021/1 ART Manifestações articulares Aqui tem uma mão típica reumatoide, quais são as deformidades típicas? Tem o desvio ulnar dos dedos, o dedo fica viradinho pro lado, pode ter um polegar em “z”, tem as deformidades tipo pescoço de cisne, que nada mais é que a flexão da distal e a extensão da interfalangiana proximal. E tem a mão em dorso de camelo que é quando temos a atrofia da musculatura interóssea. Também tem as deformidades em botonier que ao contrário do pescoço de cisne, é a flexão da proximal e a extensão da distal. E podemos ter edema interfalangiano nas proximais e metacarpofalangianas, formando esses dedos em fuso. Pode acometer grandes articulações, pode pegar TZN, pode pegar pé, pode causar uma destruição da arquitetura do pé, com queda do arco plantar medial e lateral. A atrofia da musculatura pode ocorrer, aqui temos uma atrofia principalmente de quadríceps, são deformidades articulares importantes. Manifestações oculares E as manifestações extra articulares, a AR como as outras dçs autoimunes é uma dç sistêmica, não é uma dç articular, então pode acometer outros orgãos que não as articulações. No olho a AR pode causar ceratoconjutivite sica, episclerite e esclerite. A episclerite e esclerite é um quadro muito dolorido, o pct queixa muito de dor correto, pct fala que tem uma dor insuportável no olho e essa esclerite ela pode até necrosar a esclera. Aqui na imagem tem uma necrose da esclera perfurando o olho, então é um quadro que tem que ser prontamente tratado. Manifestações cutâneas E as manifestações cutâneas, na pele a AR pode causar os nódulos reumatoides principalmente em áreas de atrito e esses nódulos guardam relação com atividade da doença, ou seja, quando temos nódulos reumatoides a dç tende a estar em atividade, cerca de 30% dos pcts pode desenvolver os nódulos reumatoides, O pct pode evoluir também com púrpuras cutâneas e a presença de úlceras na pele que são as vasculites reumatoides, a vasculite reumatoide ela acontece normalmente na dç de longa data e na dç fator reumatoide positivo, na AR soropositiva, não é tão comum de vermos não. Aula digitada Dr. Filipe FAME z CMA III 2021/1 ART Manifestações pulmonares E no pulmão o que preocupa é o pct que tem AR que começa com sintomas pulmonares, a AR no pulmão pode causar fibrose intersticial com predomínio em bases. Aqui na imagem é possível ver a presença de vidro fosco, é muito parecido com o COVID, mas aqui é a fibrose causada pela AR. No pulmão a AR também pode causar nódulos pulmonares, eles podem ser únicos ou múltiplos e quando temos a associação de nódulo pulmonar + pneumoconiose, ou seja, asbestose e silicose, chamamos de Síndrome de Caplan, a S. de Caplan nada mais é que os nódulos pulmonares da AR mais a pneumoconiose. Derrame pleural da AR cursa com glicose muito baixa, um LDH aumentado e um predomínio de linfócitos, não é tão frequente quanto no LES, mas pode acontecer, tende a ser bilateral como no LES. Manifestações cardíacas E no coração o que a AR pode dar? Pode dar derrame pericárdico tb não é tão frequente, quando ele acontece, normalmente é laminar e é pequeno, pode dar pericardite, miocardite, pode dar nódulos reumatóide no miocárdio, ou seja, esses nódulos reumatóide que surgem na pele e no pulmão, eles também podem surgir no miocárdio causando distúrbios de condução e arritmia. Pode causar tb a dç arterial coronariana (DAC), sabemos que o pct com AR tem um risco cardiovascular muito aumentado, como la no LES, por ser uma dç inflamatória sistêmica, quando vamos calcular o RCV de um pct na escala de framingham nós multiplicamos o risco por 1,5, ou seja, o pct com AR tem um risco 50% maior do que a pop geral, então temos que tratar as comorbidades do pct com AR. Manifestações hematológicas As manifestações hematológica, o que pode ocorrer no sangue de um pct com AR? Podemos ter uma anemia hipo/micro, que é o achado mais frequente e pode ter tb uma anemia normo/normo, uma anemia de dç crônica. Pode ter uma trombocitose, diferente la do LES, que temos uma trombocitopenia, aqui temos uma trombocitose, por ser uma dç inflamatória crônica as plaquetas funcionam como um marcador de inflamação e acabam aumentando. Pode ter tb uma linfadenopatias. Outras manifestações Outras manifestações, por ex, no rim a AR pode cursar com amiloidose renal, AR não da glomerulonefrite, mas uma AR de longa data, inicia proteinúria maciça, somos obrigados a desconfiar que evoluiu para uma amiloidose renal. Pode ocorrer neuropatias compressivas periféricas como a S. do Túnel do Carpo S. do Canal de Guyon, mononeuro multiplas… Osteoporose é muito comum no pct com AR, por ser uma inflamação crônica já cursa com risco maior de osteoporose e devido ao tto com o uso de corticoides acabamos usando o corticoide por um tempo maior e o uso do corticoide predispõe a osteoporose. Existe também a S. de Felty, nada mais é que uma AR + esplenomegalia + leucopenia + ulceras em membros, uma presença de vasculites, quando tem a AR + a tríade chamamos de S. de Felty. Aula digitada Dr. Filipe FAME CMA III 2021/1 ART As manifestações extra articulares são mais comuns em dçs graves com fator reumatoide em altos títulos, ou seja, as manifestações extra articulares são mais comuns na AR soropositiva, anti-CCP positivo e fator reumatoide positivo. Exames Laboratoriais Quais são os exames laboratoriais que pedimos para fazer o dx da AR? A AR pode cursar com o aumento de provas inflamatórias, então vamos ter um aumento de VHS e PCR estes aumentos normalmente não são muito exagerados, se tiver muito aumentado, vamos desconfiar de infecção associada, como la no LES. O fator reumatoide, o que é o fator reumatoide? é uma IgG, IgM ou IgA contra fração Fc de IgG, ou seja, é um anticorpo contra um anticorpo. Ele tem uma sensibilidade de 70 a 80%, ou seja, é um exame muito sensível, então pcts que não tem dç podem ter fator reumatoide positivo, sabemos que os idosos, por ex, cerca de 20 a 30% dos idosos s/ dç, tem um fator reumatoide positivo, então ele não é marcador de dç, ter fator reumatoide positivo não significa ter AR. O anti-CCP(ACPA) tem uma sensibilidade de 70-80%, parecida com a do fator reumatoide, porém ele tem uma especificidade muito alta de 90 a 98%, ou seja, um pct com ACPA possivelmente tem AR. Exames Radiográficos Na radiografia quando estamos desconfiando de uma AR nos vamos radiografar as mãos e os pés do pct, no mínimo, mais as outras áreas acometidas. O que nós podemos ver nas radiografias? Podemos ver um aumento das partes moles normalmente ocorre na fase inicial da dç, podemos ver uma osteopenia periarticular os ossos, ali próximo a articulação, eles podem estar mais rarefeitos, vemos com frequência as erosões ósseas e cistos ósseos e ai temos que ficar muito atentos, pois essas erosões são discretas, muito diferente das erosões ósseas da gota, por exemplo, que são erosões grosseiras em saca bocados. Aqui as erosões são discretas, bem pequenas, é até difícil de visualizar as vezes. Podemos ver uma redução do espaço articular e pode ter a presença de deformidades e subelevações. Aqui tem uma erosão da AR, olha na seta 1 como é uma erosãopequena, na seta 3 já tem uma erosão grosseira nos ossos do carpo. A seta 2 mostra a presença de cistos ósseos dentro da MTF. Na seta 4 tem uma erosão bem pequena rompendo a cortical do osso, na seta 5 tem a presença de subluxações, na 6, 7 e 8 a presença de cistos ósseos, e na 9 uma erosão bem pequena, a erosão do processo estiloide da ulna é altamente sugestivo de AR. Aula digitada Dr. Filipe FAME 1 2 3 4 5 6 7 8 9 CMA III 2021/1 ART Na seta 10 e 11 cistos ossos, na seta 12 erosão mínima. Seta 13 indica erosão, 14 a presença de subluxações e 15 presença de erosão discreta. 16 presença de erosão, 17 cisto ósseo e 18 erosões. Então a AR é uma dç que acomete pé e mão. Diagnóstico (Dx) Existem os critérios diagnósticos, mas eles são usados para nortear estudos, não foram criados em si para dx, foram criados para homogeneizar uma amostra, vocês verão que na prática clínica não ficamos muito apegados a esses critérios dx, mas eles existem e as vezes pro clínico facilita. Lá em 1987 surgiram os critérios do ACR e nestes critérios o pct teria que ter pelo menos dos 4 critérios para fechar o dx de AR. E quais seriam esses critérios? A presença de rigidez matinal, artrite de 3 ou mais áreas articulares, artrite de articulações das mãos, artrite simétrica, nódulos reumatoide, fator reumatoide positivo e alterações radiográficas. O que acontecia era o seguinte, quando chegava a ter 4 destes sintomas e sinais, o pct já estava muito acometido pela AR, então, houve a necessidade de criar critérios dx mais sensíveis pra fazer o dx de forma mais precoce da AR. A presença de alterações radiográficas já significa que teve um atraso do dx, já erodiu a articulação, e se erodiu a articulação, já tem sequela. Então, os novos critérios, foram criados em 2010 e mudaram um pouco para aumentar a sensibilidade. Segundo esses critérios, se o pct fizer 6 ou mais pontos, fechamos o dx para AR. Esses critérios são pontuados, por exemplo, artrite que dura menos de 6 semanas, ganha 0 pontos, uma Aula digitada Dr. Filipe FAME 12 10 11 13 14 15 17 18 16 CMA III 2021/1 ART artrite que dura mais de 6 semanas, ganha 01 ponto, uma artrite pegando uma grande articulação ganha o pontos, 2 a 10 articulações grandes, ganha 01 ponto, mas uma artrite que pega mais de 10 articulações e pelo menos uma pequena, já ganha 05 pontos, se o fator reumatoide é positivo e o anti-CCP negativo, ganha 0 pontos, se tem fator reumatoide positivo e um anti-CCP positivo em baixos títulos vai ganhar 02 pontos, se você tem um fator reumatoide positivo e um anti-CCP positivo em altos títulos vai ganhar 03 pontos. Com 6 ou mais pontos se tem o dx da AR. Nós não ficamos presos aos critérios dx, no ambulatório vocês vão ver que não dependemos deles critérios pra fazer dx de AR. Dx diferencial Quais são os dx diferenciais, quais doenças siulam a AR? Dçs virais, entre elas parvovirus B19, HIV, Hepatite B e C, Zika vírus e Chikungunya (CKNV), a CKNV causa uma artrite muito parecida com AR, então as vezes solicitamos sorologia de CKNV, hepatite B e C pode dar um quadro de atrite também mto parecida com AR, por isso sempre solicitamos sorologia para HIV, HB e HC. O LES pode dar uma artrite parecida com AR, porém essa artrite normalmente é não erosiva. A SSJ é uma dç que simula muito AR, a pseudogota que seria a condrocalcinose e artrite psoriásica, mas já estudamos que artrite psoriásica pega principalmente IFD, por ser uma espondiloartrite pega grandes articulações de maneira assimétrica, do que a a AR, e artrite enteropática. Prognóstico O prognóstico depende de alguns fatores, sabemos, em geral que a AR tem fator reumatoide positivo, anti-CCP positivo e a presença de nódulos reumatoides tem um pior prognóstico do que AR soronegativa. Então um pct que tem fator reumatoide positivo, anti-CCP positivo em altos títulos e presença de alterações radiográficas importantes é considerado um pct de pior prognóstico. Avaliação de atividade E com avaliamos a atividade da dç? Quem roda no ambulatório vê que temos um carimbo articular e nesses carimbos a gente marca a presença de artrite(vermelho), de dor articular (azul) e a presença de aumento articular (preto). Nesse carimbo levamos em consideração as articulações acima do joelho, pra calcular o DAS 28, que é o índice de atividade, porque acima do joelho se AR pega pé também? Consideramos acima do joelho porque em teoria a AR é uma dç simétrica que pega a parte superior do corpo e inferior de uma maneira muito parecida, então levamos em consideração só a parte superior do corpo. Se pegou mão em teoria pegaria pé, então acabamos descartando as articulações do pé e levamos em consideração só da parte superior. Dessas 28 Aula digitada Dr. Filipe FAME CMA III 2021/1 ART articulações, nós contamos e marcamos as dolorosas, as aumentadas e as com artrite. Então jogamos no CDAI, ou o DAS 28, que são índices de atividade, junto com a escala de dor do pct e a avaliação do PCR e VHS, com isso conseguimos saber se o pct ta em atividade ou não, calculamos um índice. Se no índice, por ex, DAS 28 deu menor que 2,6 esse paciente ta em remissão, ou seja, a dç ta inativa, mas se o índice dele deu maior que 5,1 ele tem uma atividade de AR alta. Se deu maior que 3,2 e menor que 5,1 consideramos atividade moderada, entre 2,6 e 3,2 consideramos atividade leve, isso no DAS 28. No SDAI e no CDAI esses índices mudam. Não precisa saber esses valores de referência, usamos o aplicativo e o app já fala se está em atividade alta, moderada ou baixa. Tratamento(tto) Para tratar o pct com AR existem as drogas de 1ª linha, 2ª linha, 3ª linha… Entre as drogas de 1ª linha estão os DMARDS que são drogas modificadoras de dç sintéticas, quais são? A sulfassalazina, o metotrexato, a leflunomida e a hidroxicloroquina. Existem também os DMARD-B, que são os biológicos, são as drogas modificadoras de dçs biológicas, tem o anti-TNF alfa, quais são eles? O Etanercept, adalimumabe, infliximabe, golimumabe e o certulizumabe. Tem anti-IL6, o tocilizumabe, hoje em dia tem se falado muito dela no tratamento do COVID. Tem o anti-CD80-86, que é o anti CLTA4, que é o abatacepte e tem o anti-CD20 que é o rituximabe. Tem também o DMARD sintético alvo específico que age na via de sinalização intracelular causando uma imunossupressão, devido a inativação dessa via intracelular. São os anti-JAK que é o Tofacitinib, Baricitinib e o Upadacitnibe. Aqui tem um exemplo de como funciona cada medicação, os anti-JAK, por exemplo, agem na enzima janus kinase intracelular Aula digitada Dr. Filipe FAME SMOLEN, J. et al 2018. CMA III 2021/1 ART e inibe a ativação do linfócito. O anti-CD20 o rituximabe age nos linfocitos B e causa apoptose desses linfócitos, reduzindo a população de linfócitos CD20 com consequente diminuição da produção de auto anticorpos, então aqui tem um resuminho de como funciona cada uma dessas medicações. Pra tratar AR usamos o treat to target, que seria a terapia alvo específica, ou seja, esperamos que o pct em 6 meses entre em baixa remissão ou remissão completa da dç. Se em 6 meses de tto, o pct não atingiu a baixa remissão ou a remissão completa, já estamos autorizados a trocar o tto do pct, porque? O tto alvo, queremos evitar, que o pct perca a articulação, que ele fique sequelado, então nós mudamos o tto de uma maneira muito rápida. A primeira droga que usamos são os DMARDS sintéticos, de escolha temos o metotrexato, pct com dx de AR, começamos o MTX pra ele, falhou, não respondeu em 6 meses, não entrou em baixa atividade ou remissão completa da dç, estamos autorizados a trocar o MTX pelo leflunomida ou associar a leflunomida ao MTX. Em 6 meses faz-se a reavaliação, se entrou em inatividade, então vamos manter o tto e assim vai ficar, se não entrou em baixa atividade ou remissão, estamos autorizados a mudar o tto, e aivamos iniciar ou um DMARD-B ou DMARD sintético alvo específico. Antigamente inicialmente usávamos o anti-TNF alfa, depois a IL6, depois o anti- CTLA4 e posterior o anti- CD20. Hoje em dia não existe mais essa ordem, pode usar qualquer um, pode usar o anti-IL6, o anti- CTLA4, ou um inibidor da JAK, vamos passar o que o pct possa se adaptar melhor. Por exemplo, o golimumabe, é aplicado uma vez por mês no subcutâneo, o infliximabe é aplicado a cada 2 meses, porém ele é venoso, então tem que ir no hospital ou clinica de infusão p/ aplicar, o adalimumabe é subcutâneo a cada 14 dias, então quem vai escolher o tto é o conjunto médico e paciente, vamos ver qual o pct se adapta melhor e começar o tto pra ele. Qual o tto é melhor? Qual tem maior eficácia? Não existe, a eficácia de todos é comprovadamente igual, o que muda é a vida de aplicação e adaptação do pct., Tem um detalhe, se o pct tem fatores de risco importante, AR soropositiva em altos títulos, anti- CCP em altos títulos, presença de nódulo reumatoide, já estamos autorizados a não iniciar um 2º DMARD sintético, podemos pular direto pro DMARD-B. Aula digitada Dr. Filipe FAME SMOLEN, J. et al CMA III 2021/1 ART E ai vamos avaliando de 3 em 3 meses, e em 6 meses o pct tem que ter reduzido pra inatividade ou atividade leve, se não vamos mudando o tto dentre todas as drogas que falei pra vocês. Agora se o pct atinge atividade leve ou inatividade, mantemos o tto pra ele. Não tem tempo de tto específico, na maioria dos casos o tto é pro resto da vida, começamos o tto e o pct esta a 2-3 anos em inatividade, estamos autorizados a reduzir o tto, se entrou em atividade de novo voltamos com o tto. Monitoramento O especialista é muito importante, um pct com AR deve ser acompanhado por especialista, para calcular nem todo clínico vai saber calcular esses índices de atividade, que usa o treat to Target então o pct com AR deve acompanhar com reumatologista. Corticoide isolado não trata a doença, acabamos entrando com o corticoide com 5-10 mg de prednisona, mas é para tirar sintoma, é para parar de doer, o corticoide isolado não previne que a dç progrida, pode não estar tendo sintoma mas a dç vai ta progredindo, então nunca passamos corticoide isolado no tto da dç. As consultas e exames periódicos, são a cada 03 meses e a principal complicação do tto da AR é a osteoporose devido ao uso do corticoide. Aula digitada Dr. Filipe FAME
Compartilhar