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Reforma Psiquiátrica no Brasil Carolina Pimenta; Cláudio Teixeira; Enzo Brandi; Júlia Perez; Vítor Ameno; Viviane Veloso Salvador, 2021 Objetivos Situar historicamente a Reforma Psiquiátrica Entender os objetivos e anseios da Reforma Psiquiátrica Explicitar as contribuições de Franco Basaglia e Nise da Silveira Explorar os avanços da Reforma Psiquiátrica no Brasil Reforma Psiquiátrica Conceitos Fundamentais Processo político e social Marcada por profundas transformações Composto por atores, instituições e forças de diferentes origens Incide nos mais diversos contextos, incluindo no imaginário social Transformações de práticas, saberes, valores Tem implicações no cotidiano da vida das instituições, serviços, etc. Marcada por impasses, conflitos e desafios em todo seu percurso Institucionalização do Sujeito Paciente visto como objeto de estudo ou de isolamento Intervenções baseadas no internamento Tratamentos radicais Perda de dignidade e identidade pessoal Panorama Histórico da Reforma Inglaterra - 1940 Panorama Histórico da Reforma França - 1940 Panorama Histórico da Reforma EUA- 1960 Panorama Histórico da Reforma Itália -1960 A Experiência da Itália Franco Basaglia (1924-1980) Tentativa de ruptura com o modelo psiquiátrico vigente Utiliza a comunidade terapêutica de Jones como modelo Busca pela desarticulação do manicômio Abertura da Comunidade Terapêutica 1978: Lei 180 Proíbe novos manicômios Abole estatuto de periculosidade mental 9 A Reforma Psiquiátrica no Brasil 1978 Buscava humanizar o tratamento de pacientes com transtornos mentais Criação do MTSM (Movimento dos Trabalhadores da Saúde Mental) Fortemente inspirados em Basaglia Contemporânea à Reforma Sanitária Brasileira Críticas ao modelo manicomial Denúncia às condições dos hospitais psiquiátricos 10 A Reforma Psiquiátrica no Brasil 1978 – Criação do MTSM 1987 – I e II Congressos Nacionais do MTSM 1988 – Constituição Federal e Criação do SUS 1989 – Implantação dos NAPS e Projeto de Lei Paulo Delgado “POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS” Criação do primeiro CAPS (SP) A Reforma Psiquiátrica no Brasil 1978 – Criação do MTSM 1987 – I e II Congressos Nacionais do MTSM 1988 – Constituição Federal 1989 – Criação do SUS e Projeto de Lei Paulo Dekgado 1990 –Declaração de Caracas Reestruturação da assistência psiquiátrica Revisão do papel hegemônicos dos hospitais psiquiátricos Propiciar a permanência no meio comunitário 1992 – Substituição progressiva dos leitos por rede integrada de cuidados 12 A Reforma Psiquiátrica no Brasil 1978 – Criação do MTSM 1987 – I e II Congressos Nacionais do MTSM 1988 – Constituição Federal 1989 – Criação do SUS e Projeto de Lei Paulo Dekgado 1990 –Declaração de Caracas Reestruturação da assistência psiquiátrica Revisão do papel hegemônicos dos hospitais psiquiátricos Propiciar a permanência no meio comunitátio 1992 – Substituição progressiva dos leitos por rede integrada de cuidados 2001 – Sanção da Lei Nº 10.216/2001 Redirecionamento da assistência em saúde mental para os CAPS e NAPS Ausência de mecanismos para extinção de manicômios 2004 – Consolidação da reforma como política governamental oficial Redução progressiva e programada de leitos psiquiátricos 2003 - Criação do programa “De volta para casa” Contribui para a desinstitucionalização, visando a reinserção social Nise da Silveira Contexto histórico Faculdade de Medicina Arte como aliada Oposição aos tratamentos agressivos Nise da Silveira Contexto histórico Manicômios Século XVII Utilização de eletrochoques A partir de 1960 iniciou-se a Reforma Sanitária e Psiquiátrica Lei Paulo Delgado Utilização dos métodos de Terapia Ocupacional Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 15 Nise da Silveira Faculdade de Medicina Única mulher a se formar em uma turma de 158 alunos Pioneira da terapia ocupacional Aversa ao uso de tratamentos agressivos aplicados em pacientes com transtornos mentais Nise da Silveira Oposição aos tratamentos agressivos Isolamentos, lobotomias e camisas de força Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II Movimento Antimanicomial Nise da Silveira Arte como aliada Expressão dos sentimentos e forma de dar voz aos conflitos internos vivenciados pelos pacientes Utilizava pinturas principalmente Expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado em 1952 Ela se tornou uma das principais precursoras das práticas junguianas no Brasil e formou o Grupo de Estudos C. Jung, além de ter escrito Jung: Vida e Obra. "Aquilo que se impõe à psiquiatria é uma verdadeira mutação, tendo por princípio a abolição total dos métodos agressivos, do regime carcerário, e a mudança de atitude face ao indivíduo, que deixará de ser o paciente para adquirir a condição de pessoa, com direito a ser respeitada." Franco Basaglia Faculdade de medicina Realidade dos manicômios Gorizia Histórico O psiquiatra Franco Basaglia dedicou a vida à luta antimanicomial. 20 Franco Basaglia Histórico 1924 1940 1949 1958 1960 1961 Faculdade de medicina Entrou Gorizia Nasceu em Veneza em 1924 Entrou na faculdade de medicina em 1940 Formou-se em 1949 1958 obteve livre docência em psiquiatria 1960 percebeu o atraso da psiquiatria italiana 21 Franco Basaglia Faculdade de medicina Contato com grupo de estudantes antifascistas Entrada na Resistência Experiência: 6 meses na prisão Família reconhecia Estado Fascista Movimento militar e político Revolta contra o sistema de asilos Franco Basaglia Realidade dos manicômios Pacientes classificados por doenças e classes sociais de origem Clínicas universitárias Manicômios Casos de interesse científico Pacientes perigosos e segregados “O primeiro contacto com a realidade do asilo tem imediatamente realçado as forças em jogo: o internado, em vez de aparecer como um homem doente, é objeto de uma violência institucional que atua em todos os níveis ... O nível de degradação, objetivação, aniquilação total, que se observa, não é a pura expressão de um estado de morbidade, mas sim o produto de uma ação destrutiva de uma instituição cujo objetivo era a proteção das pessoas saudáveis contra a loucura” Basaglia, 1968, p.128 Franco Basaglia Gorizia Mudanças instituídas por Franco Proibir eletrochoque Retirar as grades da janela Remover as camisas de força Deixar de usar batas brancas Reuniões conduzidas por pacientes Poder e hierarquia Gorizia foi a primeira comunidade terapêutica criada dentro de um manicômio italiano A realidade que encontrou naquele hospital era desumana e intolerável. Esse primeiro período foi marcado por uma profunda angústia existencial, muita miséria e marginalização 24 Franco Basaglia “A oposição do paciente ao médico, à organização e à autoridade hospitalar é apenas o primeiro passo para o fortalecimento do seu ego enfraquecido, de forma que possa encarar a realidade e suas contradições” Opinião pública conservadora e tradicionalista exerciam oposição e resistência ao movimento de Basaglia República dos loucos libertados Comunidade Terapêutica Implementação, na Itália, das comunidades terapêuticas em hospitais psiquiátricos Sem estruturas externas para acolher os pacientes que saíam do manicômio Lei Basaglia, de 1978: decretou o encerramento dos hospitais psiquiátricos (manicômios) na Itália e está vigente até o presente momento República dos loucos libertados: pacientes aprisionados por toda a vida podiam agora esperar ser livres O primeiro departamento a ser aberto, denominado Comunidade Terapêutica Para Basaglia, a comunidade terapêutica era apenas uma maneira mais sofisticada de impor o controle sobre os pacientes. A fim de realmente mudar as coisas, a comunidade terapêutica precisava desenvolver uma única função útil: ajudar a realçar as contradições do sistema, causando rebeliões e revolta das pessoas oprimidas 25 Lei Nacional- 2001 LEI FEDERAL 10.216 Redireciona a assistência em saúde mental Privilegia o oferecimento de tratamentoem serviços de base comunitária Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais Não institui mecanismos claros para a progressiva extinção de manicômios Novo impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil Lei Nacional - 2001 LEI FEDERAL 10.216 A Reforma Psiquiátrica depois da lei Nacional MS: Linhas específicas de financiamento para serviços abertos e substitutivos ao hospital psiquiátrico Novos mecanismos para a fiscalização, gestão e redução programada de leitos psiquiátricos no país Rede de atenção diária à saúde mental: expansão III Conferência Nacional de Saúde Mental-2001 Reafirmou os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira; Comemoração da promulgação da Lei 10.216; Necessidade de aprofundamento da reorientação do modelo assistencial em saúde mental; Reestruturação da atenção psiquiátrica hospitalar; Expansão da rede de atenção comunitária (participação efetiva de usuários e familiares). Desafios da Reforma Psiquiátrica Acessibilidade e equidade Formação de Recursos Humanos Debate cultural: estigma, inclusão social, superação do valor atribuído modelo hospitalocêntrico, papel dos meios de comunicação O debate científico: evidência de valor Referências 4. DE MESQUITA, JOSÉ FERREIRA; NOVELLINO, Maria Salet Ferreira; CAVALCANTI, Maria Tavares. A Reforma Psiquiátrica no Brasil: Um novo olhar sobre o paradigma da Saúde Mental. Abepo, v. 1, p. 9, 2010. 1. BORGES, Camila Furlanetti; BAPTISTA, Tatiana Wargas de Faria. O modelo assistencial em saúde mental no Brasil: a trajetória da construção política de 1990 a 2004. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 2, p. 456-468, 2008. 7. PAULIN, Luiz Fernando; TURATO, Egberto Ribeiro. Antecedentes da reforma psiquiátrica no Brasil: as contradições dos anos 1970. História, ciências, saúde-Manguinhos, v. 11, n. 2, p. 241-258, 2004. 3. DA COSTA MELO, Anastácia Mariana. Apontamentos sobre o processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, v. 4, n. 10, p. 201-213, 2012. 6. MACEDO, João Paulo et al. A regionalização da saúde mental e os novos desafios da Reforma Psiquiátrica brasileira. Saúde e Sociedade, v. 26, p. 155-170, 2017. 5. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil. Conferência Regional da Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas, Brasília, 2005. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005 Obrigado pela Atenção!