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VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA Retrovírus (duas fitas idênticas de RNA). Transcriptase reversa (enzima que traduz o material genético em DNA dupla-fita). Capsídeo viral (composto pelo antígeno p24) e envoltório lipoprotéico. AIDS: causada pelo vírus HIV, resultando numa queda progressiva da contagem de linfócitos T CD4+ e, com isso, começam a aparecer diversas infecções oportunistas e neoplasias, com um estado grave de imunodeficiência (Linfócitos T CD4+ abaixo de 350 células/mm3). Transmissão: relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas, materiais perfurocortantes contaminados e não esterilizados e transmissão vertical durante a gravidez, parto e/ou amamentação, quando não tomadas as devidas medidas de prevenção. FISIOPATOLOGIA O vírus HIV compromete os linfócitos T CD4 +, podendo destruir diretamente pela replicação viral ou indiretamente pela resposta imunológica do hospedeiro, que reconhece e agride as células infectadas, quando essa resposta é muito intensa, pode haver disfunção celular ou apoptose. Estruturas virais: - P24: componente capsídeo - P17: presente no capsídeo - GP120 e GP41: localizadas no envelope (ligam-se aos receptores) - Possuem transcriptase reversa e integrase, além do RNA viral. Entrada do vírus no hospedeiro: Via sexual: - O vírus atravessa o epitélio da mucosa e submucosa. - São fagocitadas e seguem para os linfonodos, onde a replicação ocorre de forma intensa. Na fase inicial o GALT (tecido linfóide associado ao intestino) é um dos principais alvos, pela alta concentração de CD4 + ativados. - Do linfonodo segue para os demais tecidos e órgãos. Via sanguínea direta: - Os vírions podem ser, inicialmente, removidos pelo baço, órgão importante para o sistema imune, rico em linfócitos TCD4+ e os passos seguintes se assemelham aos da transmissão sexual. Ação viral: - Ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor específico da superfície celular - Células dendríticas - Macrófagos - Linfócitos, T-CD4 principalmente; - Fusão do envelope do vírus com a membrana da célula hospedeira; - Liberação do "core" do vírus para o citoplasma da célula hospedeira; - Transcrição do RNA viral em DNA complementar, dependente da enzima transcriptase reversa; - Transporte do DNA complementar para o núcleo da célula, onde pode haver integração no genoma celular (provírus), dependente da enzima integrase, ou a permanência em forma circular, isoladamente; - O provírus é reativado, e produz RNA mensageiro viral, indo para o citoplasma da célula; - Proteínas virais são produzidas e quebradas em subunidades, por intermédio da enzima protease; - As proteínas virais produzidas regulam a síntese de novos genomas virais, e formam a estrutura externa de outros vírus que serão liberados pela célula hospedeira; - O vírion recém-formado é liberado para o meio circundante da célula hospedeira, podendo permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas células. QUADRO CLÍNICO Três fases clínicas: infecção primária ou aguda, fase crônica assintomática/latência clínica e AIDS. Infecção primária ou aguda: Síndrome Retroviral Aguda (SRA) → febre, mialgia, cefaléia, faringite, dor ocular, rash cutâneo, astenia, linfadenopatia, náuseas, vômitos, letargia, refletindo a resposta imune contra a viremia inicial, porém essa fase também pode ser assintomática. Nesse momento, bilhões de cópias do vírus circulam pelo hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é muito alto. Esse quadro dura de 3 a 4 semanas e é autolimitado. A sorologia anti-HIV nesse momento costuma ser negativa, sendo importante a pesquisa por RNA viral circulante. Ocorre aumento na contagem de células TCD4+ e resposta imune celular e humoral contra o HIV. - Soroconversão: tempo entre o contágio e o aparecimento de anticorpos anti-HIV. Fase de latência clínica: dura cerca de 10 anos quando não é realizada a terapia. O exame físico pode ser normal, podendo também ser percebida linfadenopatia, Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP), plaquetopenia isolada ou anemia normocrômica e normocítica e/ou discreta leucopenia. Nesse momento, os linfócitos TCD4+ continuam a aumentar, enquanto ocorre redução da carga viral plasmática. Mesmo com ausência de sintomatologia, os vírus continuam a se replicar, principalmente nos CD4 de memória. A imunodeficiência começa então a progredir, com redução na contagem de CD4 e manifestações típicas nos indivíduos imunocompetentes começam a aparecer com maior gravidade e frequência. CD4 < 350: começam a aparecer infecções bacterianas e micobacterianas do trato respiratório (sinusite, pneumonia, tuberculose pulmonar); CD4 entre 200 e 300: as mesmas manifestações supracitadas começam a se manifestar de forma atípica. A Candidíase Orofaríngea é um indicativo de que a AIDS se aproxima, assim como febre persistente, diarréia crônica e leucoplasia pilosa oral. Outras manifestações sistêmicas são: respiratórias (tuberculose, infecção pelo P. jirovecii, pneumonia bacteriana recorrente, sinusite, traqueobronquite, rodococose, pneumocistose pulmonar), dermatológicas (dermatite seborreica, foliculite, psoríase, herpes zoster, Herpes simplex). AIDS: intensa supressão no sistema imunológico do indivíduo, com o surgimento de infecções oportunistas e neoplasias. A progressão da infecção é marcada por febre baixa, sudorese noturna e diarreia crônica. As infecções oportunistas mais comuns pneumocistose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, neurotoxoplasmose, retinite por citomegalovírus, meningite criptocócica; já as neoplasias mais comuns são Sarcoma de Kaposi e, nas mulheres jovens, câncer de colo uterino. 500 cels/mm ² Síndrome retroviral aguda - Meningite asséptica - Guillain-Barré - Candidíase vaginal - Linfoadenopatia generalizada 200-500 cels/mm ² Tuberculose pulmonar cavitária - Pneumonias frequentes - Herpes Zoster - Candida orofaríngea - Linfoma de célula B - Linfoma de Hodgkin - Pneumonia intersticial linfocítica 100-200 cels/mm ² Pneumocistose (P. jiroveci) - Histoplasmose disseminada - Tuberculose miliar - Miocardiopatia - Demência - Encefalopatia 50-100 cels/mm ² Herpes simples disseminada - Neurotoxoplasmose - Criptococose - Microsporidiose - Esofagite por cândida <50 cels/mm ² Citomegalovirose - Micobacteriose (complexo avium) - Linfoma SNC DIAGNÓSTICO Elisa Primeira geração - Detectam apenas IgG - Menos sensíveis do que os ensaios de gerações posteriores. - Janela de soroconversão: 6 a 8 semanas - Formato indireto. Segunda geração - Formato indireto (porém, utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV). - Janela de soroconversão: 28 a 30 dias. Terceira geração - Formato “sanduíche” (ou imunométrico). A característica deste ensaio é utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. - Detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG. - Janela de soroconversão: 22 a 25 dias. Quarta geração - Detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV. - Formato de “sanduíche”: detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160. - p24: latente e crônica - Janela diagnóstica: 15 dias, dependendo do ensaio utilizado. Testes rápidos (TR) - Imunoensaios (IE) simples, resultados em até 30 minutos, em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral. - Vários formatos de TR, e os mais frequentemente utilizados são: dispositivos (ou tiras) de imunocromatografia de fluxo lateral, imunocromatografia de duplo percurso (DPP) e imunoconcentração. Testes complementares Estão incluídos nessa categoria: western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoensaios em linha (LIA, do inglês line immunoassay), incluindo o imunoblot rápido (IBR) e imunofluorescência indireta (IFI) e testes moleculares (TM). Carga viral: Mais adequado para monitoramento da resposta terapêutica aos antirretrovirais. Recomendaçõespara o diagnóstico de infecção aguda pelo HIV-1 TRATAMENTO Terapia antirretroviral (TARV): diminuir a morbidade e mortalidade, melhorando a qualidade e a expectativa de vida das pessoas que vivem com HIV/ AIDS. O início precoce da TARV eleva as chances de se alcançar níveis elevados de LT-CD4 + , além de promover redução significativa da morbimortalidade e da transmissão do HIV. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (PCDT) traz novas recomendações de esquemas antirretrovirais (ARV) considerando princípios básicos como eficácia, toxicidade e comodidade posológica. Situações de priorização de atendimento pelos serviços da rede de assistência à PVHIV, para início da TARV Iniciar TARV com celeridade: - PVHIV sintomática. - LT-CD4+ < 350 céls/mm3. - Gestante. - Tuberculose ativa. - Coinfecção HBV ou HCV. - Risco cardiovascular elevado (> 20%). Importante: na impossibilidade de obter contagem de LT-CD4+, não se deve adiar o início do tratamento. Sintomáticos: - TB ativa: para LT-CD4 + < 200, iniciar TARV na segunda semana após o início do tratamento de TB. Para LT-CD4 + > 200, iniciar TARV ao final da oitava semana. Manifestações clínicas atribuídas diretamente ao HIV: - Nefropatia associada ao HIV. - Alterações neurológicas. - Cardiomiopatia associada ao HIV. Imunodeficiência avançada (doença definidora de AIDS) ou moderada. Classes de antirretrovirais: Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos (ITRN/ITRNt): - AZT = Zidovudina. - ABC = Abacavir. - TDF = Tenofovir. - 3TC = Lamivudina. Inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNN): - EFZ = Efavirenz. - ETR = Etravirina. - NVP = Nevirapina. Inibidores da protease reforçados com ritonavir (IP/r): - ATV/r = Atazanavir/ritonavir. - DRV/r = Darunavir/ritonavir. - LPV/r = Lopinavir/ritonavir. Inibidores da integrase: - DTG = Dolutegravir. - RAL = Raltegravir. Inibidores de entrada: - Inibidores de Fusão: T20 (Enfuvirtida). - Inibidores do co-receptor CCR5: MVQ (Maraviroque). O esquema terapêutico recomendado atualmente pelo PCDT para terapia inicial consiste na associação de ITRN/ITRNt + Inibidor da Integrase. Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir Tuberculose troca Dolutegravir por Efavirenz PrEP Medicamentos para prevenção do HIV OMS: uso de quimioprofilaxia através de uma combinação de antirretrovirais para tentar diminuir a transmissão do HIV entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), transgêneros femininos, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e pessoas que estejam em privação de liberdade no sistema prisional. A profilaxia seria feita com a combinação dos antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina, unidos em uma única pílula. Os pacientes submetidos a esse tratamento deveriam tomar diariamente um comprimido da medicação ao dia, por tempo indeterminado. Todos têm que ser avaliados periodicamente a fim de rastrear possíveis efeitos adversos da medicação. Ainda não se sabe a longo prazo todos os efeitos adversos que esse tratamento pode acarretar. Apesar de se mostrar eficaz na redução da contaminação pelo vírus HIV, outros métodos de profilaxia, como o uso de preservativo, devem ser sempre muito estimulados. PEP Profilaxia Pós-Exposição de Risco É uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), que consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio: - Violência sexual; - Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha); - Acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). Consiste no uso de medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco de infecção em situações de exposição ao vírus. Trata-se de uma urgência médica, que deve ser iniciada o mais rápido possível (preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas). A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde. Recomenda-se avaliar todo paciente com exposição sexual de risco ao HIV para um eventual episódio de infecção aguda pelos vírus das hepatites A, B e C.
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