Prévia do material em texto
PIS e COFINS: apuração e escrituração contábil APRESENTAÇÃO Compreender o real significado do PIS (Programa de Integridade Social) e da COFINS (Contribuição para o Programa de Integridade Social) é imprescindível para garantir a ordem no gerenciamento da empresa, principalmente perante o Fisco. Apesar desses dois tributos federais terem sido instituídos em épocas diferentes e ainda terem destinações diferentes, ambos incidem sobre o faturamento das empresas. Deste modo, justifica- se um estudo conjunto sobre essas contribuições. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai aprender sobre o PIS e a COFINS, a partir de seus conceitos, base de cálculo, alíquotas, contribuintes, apuração e escrituração contábil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a base de cálculo, de alíquotas e de contribuintes do PIS e da COFINS.• Identificar os fatos geradores da incidência do PIS e da COFINS.• Realizar a apuração e a escrituração contábil do PIS e da COFINS.• DESAFIO Uma empresa industrial do setor de informática que é tributada pelo regime do Lucro Real e pela não cumulatividade na apuração do PIS e da COFINS, obteve os seguintes registros no mês de julho de 2016: Descrição Valores (em R$) Receita de vendas de produtos. 1.320.000,00 Receita de vendas de ativo não imobilizado. 400.000,00 Despesas do mês de aluguéis de imóveis utilizados no processo produtivo pagos à pessoa física. 47.8000,00 Aluguéis de imóveis utilizados no processo produtivo pagos à pessoa jurídica. 168.000,00 Aluguéis de máquinas e de equipamentos utilizados nos processos produtivos pagos à pessoa jurídica. 96.700,00 Energia elétrica consumida no período. 109.000,00 Insumos utilizados diretamente na produção. 421.000,00 Considerando as informações e os valores apresentados, você foi desafiado a apresentar o cálculo e o valor do PIS e da COFINS. INFOGRÁFICO O PIS e a COFINS são contribuições com impacto social, uma vez que buscam recursos para os programas desta natureza. Dado a similaridade existente entre ambos, é possível um estudo conjunto que contemple as informações sobre eles, considerando que, embora suas alíquotas sejam diferentes, incidem sobre a mesma base de cálculo (faturamento), apresentam os mesmos contribuintes, bem como o mesmo regime de apuração (cumulativo e não cumulativo). Considerando tais informações sobre o PIS e a COFINS observe o infográfico a seguir com os principais elementos de ambos os tributos. CONTEÚDO DO LIVRO O PIS estabelecido por meio da Lei Complementar de nº 07/1970, já a COFINS, foi constituída pela Lei Complementar de nº 70/1991. O objetivo principal destas contribuições é o Governo financiar benefícios a curto e médio prazo para trabalhadores, como o seguro-desemprego e o abono salarial no caso do PIS e assegurar direitos e benefícios a longo prazo para o trabalhador, através da Previdência Social, saúde, e assistência social como ocorre com a COFINS. Para tanto, realize a leitura a partir do capítulo PIS e COFINS: apuração e escrituração do livro "Contabilidade tributária". CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Ramon Alberto Cunha de Faria Neste texto, você aprenderá a definir os conceitos das contribuições so- ciais PIS e COFINS, seu arcabouço lógico, como e quem deve pagar essas contribuições, a base de cálculo, o faturamento, as alíquotas e o produto da destinação arrecadatória desses tributos. Essas contribuições sociais desem- penham um papel fundamental em nossa sociedade, pois sua arrecadação é destinada às políticas de programas sociais, colaborando com isso em assis- tências sociais, pagamento de professores públicos, manutenção e garantia do seguro desemprego, auxílio aos considerados menores de idade e sistemas de saúde – como postos de saúde, hospitais e toda assistência médica adequada, entre outras finalidades sociais. Você está diante de dois tributos que têm extrema importância nos dias atuais sobre as atividades sociais básicas, como moradia, educação, saúde, segurança e trabalho. Esses tributos são contribuições nas quais o produto de sua arrecadação tem uma finalidade específica, fazendo com que o governo não possa investir este dinheiro de maneira diferente da que foi estabelecida. O propósito dessas contribuições é acabar com as desigualdades sociais e es- tabelecer padrões básicos de necessidade pública, para que todos os cidadãos tenham uma vida com dignidade, educação, saúde e paz. O PIS é um tributo cuja espécie tributária é denominada como “contribuições sociais”, uma vez que sua destinação arrecadatória tem um vínculo com um gasto governamental, ou seja, a União, ao arrecadar o valor do PIS, tem por obrigação constitucional destinar esses valores de maneira direta a um fundo de amparo ao trabalhador (FAT), para custear o seguro-desemprego e o abono salarial e uma outra parte que se destina a programas de desenvolvimento econômico. A COFINS, da mesma forma que o PIS, é um tributo classificado como “contribuições sociais”, devido a sua destinação arrecadatória com finalidade especifica. Essa finalidade é custear e aprimorar o sistema da seguridade so- cial do país. A seguridade social é um programa de políticas públicas, destinada ao bem comum dos cidadãos do país. O amparando em sua velhice, em sua saúde, e segurança, tanto profissional como pessoal. Os contribuintes ou sujeitos passivos de pagar as contribuições sociais do PIS e da COFINS, no caso de direito privado, são as pessoas jurídicas que, de modo geral, obtenham faturamento, bem como as entidades sem fins lucrativos. Entidades sem fins lucrativos são instituições que obtém renda ou fatura- mento, porém sua finalidade final é de algum benefício social, ou seja, é para a sociedade em geral que essas instituições existem e não para dar lucros. Alguns exemplos de entidades sem fins lucrativos são: Templos de qualquer culto (igrejas, sinagogas, mesquitas, centro espi- ritas, terreiros, entre outras denominações de templos religiosos). Partidos políticos. Sindicatos e suas federações e confederações.Conselho de fiscalização de profissões regulamentadas, como Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Ordem dos Advogados do BRASIL (OAB), entre outras categorias de interesses de classes profissionais. Assistência social, entendidas como as que amparam, com medidas so- ciais de saúde, segurança e educação, às pessoas com baixa renda fami- liar, os menores de idade, os hipossuficientes, entre outras classes sociais. Instituições de educação, como escolas públicas, creches e outras. Serviços sociais por iniciativa autônoma, em que se caracterizam di- versas entidades que se prontificam a prestar serviços de ajuda comu- nitária de maneira gratuita e benéfica a sociedade. Há algumas outras classes de entidades sem fins lucrativos, mas essas são as principais. Há uma peculiaridade no PIS/PASEP que o distingue da COFINS: sua in- cidência sobre a folha de pagamento paga ou creditada a funcionários de enti- dades sem fins lucrativos. Essa é a única diferença na apuração desses dois tri- butos, pois os restantes das situações ensejam base de cálculo igual para ambos. O princípio da cumulatividade para o PIS e a COFINS implica dizer que a incidência para esses tributos será em uma única fase, sem ter direitos a se creditar de operações anteriores. Essa incidência em uma única fase deno- mina-se tributação em cascata, por fazer incidir de uma só vez e em diversas operações subsequentes. Tributa-se pelo faturamento mensal ou receita bruta como alguns doutrinadores costuma dizer. Este princípio da não cumulatividade se aplica ao regime tributário do lucro presumido, no qual não é permitida a manutenção de créditos por parte do contribuinte. A base de cálculo no regime cumulativo e também o fato gerador do PIS e da COFINS é o faturamento mensal das pessoas jurídicas em geral, assim enten- dido, como o produto da venda de mercadorias ou prestação de serviços. Hoje, o Supremo Tribunal Federal (STF) define como faturamento mensal a receita bruta para fins de incidência tributária. Mas, o que esse conceito muda? Esse conceito, praticamente, alarga a margem da base de cálculo, incluindo também as receitas financeiras, obtidas por meio de juros ativos, atualização monetária, variação cambial ativa, entre outras. Você pode, assim, perceber que o conceito de receita bruta aumenta o montante da base de cálculo, one- rando ainda mais o contribuinte por questão de interpretação jurídica. Podem ser deduzidos do faturamento ou base de cálculo os seguintes valores: Vendas canceladas. Descontos incondicionais concedidos. ICMS pago por substituição tributária. IPI. Receita de venda do ativo permanente, etc. As alíquotas pelo regime cumulativo serão as seguintes: 0,65% - PIS. 3,00% - COFINS. 1% PIS/PASEP sobre a folha de pagamento No regime de apuração pela não cumulatividade aplica-se a manutenção dos créditos de PIS e COFINS, ou seja, permite o aproveitamento de crédito destes em operações anteriores. Somente podem aderir a não cumulatividade as pessoas jurídicas optantes pelo regime tributário do lucro real. São contribuintes obrigados pelo regime da não cumulatividade do PIS/CO- FINS as pessoas jurídicas que optam pelo pagamento do IRPJ no regime tri- butário lucro real. A base de cálculo é a receita bruta mensal, entendida como o produto da venda de mercadoria e ou a prestação de serviços. Deduzindo os valores com as vendas canceladas, descontos incondicionais, ICMS por substituição tributária, IPI e etc. Incluem-se na base de cálculo os valores com receitas financeiras. As Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 tratam dos aspectos tributário do PIS e da COFINS, nelas você irá encontrar a base para apropriação dos créditos de PIS e COFINS, a qual poderá abater da base de cálculo os créditos com: Bens adquiridos para revenda. Bens e serviços considerados como insumos para fabricação de pro- dutos e ou serviços. Energia elétrica. Despesas com alugueis de bem imóvel sede da empresa. Bens incorporados ao ativo imobilizado, etc. As alíquotas pelo regime não cumulativo serão as seguintes: 1,65% - PIS. 7,60% - COFINS. Utilizando a apuração acima, e sem considerar a apropriação de créditos, fa- remos a escrituração em razonete dos valores da COFINS a pagar. Lançamento efetuado pelo reconhecimento da receita de vendas e pelo direito ao recebimento do valor na conta clientes. Lançamento efetuado como débito pela apropriação do COFINS s/fatura- mento, que representa uma despesa para a empresa, e como crédito de COFINS a recolher representando um valor a recolher demonstrado no passivo circulante. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O vídeo traz informações como fatos geradores, contribuintes, base de cálculo, alíquotas das contribuições PIS e COFINS em operações de importação, bem como situações de extravios de bens importados. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual o fato gerador do PIS (Programa de Integração Social) e da COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social)? A) O desembaraço aduaneiro de mercadorias de origem estrangeira. B) O lucro obtido pela organização. C) O faturamento do período. D) As receitas obtidas ressalvadas as exclusões, as isenções, ou outros benefícios. E) A prestação de serviços. 2) Em relação ao PIS (Programa para a Interação Social), assinale a alternativa correta: A) São contribuintes apenas as pessoas jurídicas de direito privado e as que são a estas equiparadas. B) As alíquotas da contribuição para empresas optantes pelo lucro real são fixadas em 0,65%. C) As empresas cujo regime tributário é o lucro presumido a alíquota de incidência da contribuição varia de acordo com o faturamento dos últimos 12 meses. D) É de competência dos Estados. E) Um de seus objetivos é o financiamento do pagamento do seguro-desemprego. 3) Sobre a COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) marque a assertiva correta: A) Assim como o PIS é um tributo com regime exclusivamente não cumulativo. B) Integram à sua base de cálculo as receitas não operacionais como a venda de ativo permanente. C) Foi criado pela Lei Complementar no 70/1991, estando relacionado com a ordem social. D) Não há incidência do tributo em decorrência de operações de importação. E) Todas as empresas que recolhem a COFINS podem gerar créditos de COFINS. 4) Considerando as informações abaixo, marque a resposta correta quanto ao valor da contribuição a ser recolhida: Faturamento da Empresa: R$ 90.000,00; Descontos Incondicionais: R$ 2.500,00; Vendas Canceladas: R$ 7.500,00. A) COFINS pelo regime não cumulativo: R$ 7.400,00. B) PIS pelo regime não cumulativo: R$ 1.320,00. C) COFINS pelo regime cumulativo: R$ 2.700,00. D) PIS pelo regime cumulativo: R$ 469,30. E) O total de PIS e COFINS pelas duas sistemáticas (cumulativa e não cumulativa) R$ 469,30. 5) Qual das alternativas apresenta um lançamento correto de PIS e COFINS? A) Contabilização do pagamento dos tributos: Débito - Caixa/bancos ( ativo circulante ) Crédito - PIS/COFINS a recolher ( passivo circulante ). B) Contabilização das entradas dos tributos na sistemática da cumulatividade: Débito - PIS/COFINS ( ativo ) Crédito - PIS/COFINS a recolher ( passivo circulante ). C) Contabilização das entradas dos tributos na sistemática da não cumulatividade: Débito - PIS/COFINS sobre vendas ( conta de resultado ) Crédito - PIS/COFINS sobre vendas ( ativo circulante ). D) Contabilização da apuração das contribuições na sistemática da não cumulatividade: Débito - PIS/COFINS a recolher ( passivo circulante ) Crédito - PIS/COFINS a recuperar ( ativo circulante ). E) Apropriação do PIS e da COFINS sobre vendas: D - PIS/COFINS s/ vendas ( conta de resultado ) C - PIS/COFINS a pagar ( passivo circulante ). NA PRÁTICA Acompanhe como pode ocorrer uma possível fusão entre as contribuições PIS e COFINS. O PIS é um Programa de Integração Social, enquanto a COFINS é uma Contribuição que financia a Seguridade Social. Os dois possuem a mesma base de cálculo e o mesmo fim social. Portanto, a unificação de pagamento desses tributos, tal qual é realizado no Simples Nacional em que todos os tributos são recolhidos em uma única guia, seria uma excelente opção. COMO SERÁ FEITA A UNIFICAÇÃO? De acordo com a Receita Federal, a unificação ocorrerá de modo gradativo, iniciando com o PIS, a partir de teste durante um ano. Posteriormente, entrará em vigor o novo PIS e por fim, a unificação das duas contribuições em um único tributo. O modo gradativo serve para além de outras funções, ser parâmetro para análise de alterações, como os valores das alíquotas compensando os créditos tributários. Cabe ressaltar que a reforma do PIS/COFINS elevará as alíquotas como meio de compensação dos créditos estendidos. É possível ainda uma elevação da inflação que seria impactada pelo o aumento da carga tributária do setor de serviços e em consequência a elevação dos preços dos serviços em torno de 4,3%. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Brasil, Lei nº10.865 de 30 de abril de 2004. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Tributos Federais - PIS/COFINS - Parte 1 Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! PIS e COFINS - Cálculo e regras gerais - Regime Cumulativo e Não Cumulativo Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!