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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR ORGANIZACIONAL ANYA SARTORI P. RÉVILLION DANIELA MIRANDA OLIVEIRA HORTA Editora Unisinos, 2014 SUMÁRIO Apresentação Capítulo 1 – A sociedade de consumo e o consumidor Capítulo 2 – Influências de consumo socioculturais Capítulo 3 – Influências de consumo situacionais Capítulo 4 – Influências psicológicas no comportamento do consumidor Capítulo 5 – Comportamento do comprador organizacional Capítulo 6 – Tendências de consumo × Estratégias de marketing Referências Informações técnicas APRESENTAÇÃO “Queiramos ou não, vivemos em uma sociedade de consumo.” Benoît Heilbrunn A estabilidade econômica brasileira dos últimos anos aumentou os níveis de emprego, de renda e de poder de consumo, fatores que permitiram que muitas pessoas consumissem produtos e adquirissem bens que antes não tinham acesso. Para as empresas, a estabilidade trouxe melhores condições de planejamento e a realização de investimentos, entre outros benefícios, gerando um ciclo positivo de crescimento econômico a partir da expansão das vendas e resultados. Contudo, os gestores de uma organização não podem tomar por base apenas o cenário econômico na hora de desenvolverem suas estratégias, visto que ele pode ser alterado a qualquer momento por fatores externos (por exemplo: uma crise na Europa ou nos Estados Unidos) ou internos (por exemplo: uma má gestão do poder público). Eles precisam conhecer profundamente todos os fatores que influenciam o comportamento do consumidor individual e/ou organizacional, ao longo das etapas do processo de decisão de compra, para poderem antever oportunidades e identificar ameaças. Esses componentes são o tema deste livro. O Capítulo 1 tem por objetivo apresentar as origens e o desenvolvimento da sociedade de consumo, suas principais características e aspectos críticos. O Capítulo 2 aborda as etapas do processo de decisão e as influências socioculturais do consumidor. O Capítulo 3 apresenta as principais influências situacionais, enquanto o Capítulo 4 apresenta os principais mecanismos e processos que fazem parte das influências psicológicas sobre o comportamento do consumidor. O Capítulo 5 tem como foco o comportamento do comprador organizacional. O Capítulo 6 visa propiciar uma maior compreensão de como as estratégias de produto, preço, praça e promoção são desenvolvidas tendo como base as tendências de consumo. No final de cada capítulo, você encontra uma complementação de estudos, recurso pedagógico para auxiliar a fixar e a aprofundar o tema abordado. Boa leitura! CAPÍTULO 1 A SOCIEDADE DE CONSUMO E O CONSUMIDOR Anya Sartori P. Révillion1 O objetivo deste capítulo é apresentar as origens e o desenvolvimento da sociedade de consumo, abordando suas principais características e aspectos críticos. 1.1 História da sociedade de consumo Conhecer o consumidor tem sido um desafio para as empresas desde a segunda metade do século XIX, quando o desenvolvimento das técnicas de produção e comercialização possibilitou que produtos fossem fabricados, embalados e distribuídos em massa, dando origem à sociedade de consumo. Nesse período, ocorreram significativas mudanças econômicas, demográficas e culturais que transformaram a sociedade, antes essencialmente agrícola, em industrial e urbana. As famílias, até então acostumadas a consumir produtos feitos em casa ou vendidos a granel, precisavam ser orientadas a consumir bens embalados com marcas de fabricantes e difundidos pela propaganda. Como consequência, ocorreram mudanças nas relações sociais e familiares, bem como nas formas de comportamento cotidiano dos indivíduos (Figura 1) que deixaram o campo e passaram a viver em grandes cidades. Figura 1 – Sociedade de consumo. Fonte: Ricardo Yoshio Tokumoto (www.ry otiras.com). Pode-se dizer que o primeiro grande marco do consumo de massa foi a emblemática linha de montagem do Ford T, o primeiro carro fabricado em série, por Henry Ford, em 1908, nos Estados Unidos (Figura 2). Mas essa inovação não foi apenas tecnológica: ela vinha acompanhada de uma visão econômica e social que pode ser resumida na seguinte frase, atribuída a Henry Ford: nossos empregados devem ser capazes de comprar os carros que produzem (WOOD JR., 1992). Por trás dessa ideia aparentemente simples, há duas concepções que revolucionaram a sociedade industrial e moldaram a sociedade de consumo do século XX: primeira, a de que a produtividade das fábricas deveria ser tal que reduzisse os custos dos bens produzidos; segunda, a de que a remuneração dos empregados deveria lhes propiciar um padrão http://www.ryotiras.com de consumo capaz de torná-los, também, consumidores. Essa ideia foi encampada pelo próprio governo norte-americano, gerando um modelo econômico conhecido por fordismo, o qual – em grande medida – viabilizou não só a existência de uma classe média consumidora, bem como a expansão da indústria nos Estados Unidos e, depois, pelo mundo afora (WOOD JR., 1992). Figura 2 – Henry Ford e o modelo Ford T. Fonte: www.suapesquisa.com/biograf ias/henry _f ord.htm. Com o tempo, as linhas de produção (Figura 3), tanto dos carros como as dos demais produtos, foram se tornando cada vez mais sofisticadas, permitindo o desenvolvimento de diversos tipos, marcas e modelos de automóveis que ampliaram muito as possibilidades de escolha individual. A diversificação da oferta de produtos permitiu ao mercado atender aos mais variados gostos e desejos dos modernos consumidores. Mas a linha de montagem e a massificação da produção são apenas os fatos mais facilmente perceptíveis e identificáveis de um http://www.suapesquisa.com/biografias/henry_ford.htm processo que começou muito antes, principalmente na Inglaterra, no final do século XVIII. A assim chamada Primeira Revolução Industrial foi o marco inicial do processo que começou a criar as condições necessárias para o surgimento da sociedade de consumo. A organização da produção em fábricas e o uso das recém-inventadas máquinas a vapor permitiram que as pessoas deixassem de produzir bens apenas para consumo próprio, passando a gerar um grande excedente comercializável (WOOD JR., 1992). Conforme Lipovetsky (2007), a sociedade de consumo se desenvolveu em três fases. Por volta de 1880, a infraestrutura moderna dá início ao primeiro ciclo da era do consumo, que termina, por sua vez, com o término da Segunda Guerra Mundial (1945). Produção em massa, ou seja, produtos padronizados, marketing de massa e consumidor moderno são inventos dessa primeira fase, assim como significativos orçamentos para reforçar as marcas recém-criadas. Durante essa fase, os consumidores perdem sua histórica relação com os varejistas e distribuidores e passam a depositar suas expectativas em um fabricante desconhecido, comprando uma assinatura (marca) no lugar de um objeto. Figura 3 – Linha de produção em massa. Fonte: www.suapesquisa.com/economia/f ordismo.htm. Já em torno de 1950, o mundo ocidental viu florescer a segunda fase de desenvolvimento da sociedade de consumo de massa. O consumo se espalha pelas diferentes camadas da sociedade; dessa forma, produtos tidos como emblemáticos ‒ como automóvel, televisão e aparelhos eletrodomésticos ‒ entram nas possibilidades financeiras de cada vez mais pessoas. Esse ciclo se caracteriza pela combinação da lógica de produção fordista e a lógica da moda, ou seja, ao mesmo tempo em que muitos produtos são ofertados pelo mercado, muitos outros saem de uso, existindo uma redução proposital do tempo de vida das mercadorias (LIPOVETSKY, 2007). Esse é o conceito de obsolescência planejada ou programada. http://www.suapesquisa.com/economia/fordismo.htm Obsolescência programada, também chamada de obsolescência planejada, é quando um produto lançado no mercado se torna inutilizável ou obsoleto em um período relativamente curto de forma proposital, ou seja, quando empresas lançam mercadorias para que sejam rapidamente descartadas e estimulam o consumidor a comprar novamente. Na área tecnológica, a obsolescência programada pode servista com maior frequência. Geralmente, durante o período de garantia, os computadores e notebooks de alguns fabricantes funcionam normalmente. No entanto, após o fim desse prazo, passam a apresentar defeitos como superaquecimento ou esgotamento da bateria. Na quase totalidade dos casos, o preço do conserto é tão alto que não vale a pena, e os consumidores são impelidos a adquirir um produto novo. O início desse fenômeno pode estar vinculado à Grande Depressão de 1929, nos Estados Unidos. Durante a profunda crise econômica que marcou esse período, diante de um mercado consumidor impotente, observou-se que havia muitos produtos industrializados em estoque e que não eram comercializados, diminuindo o lucro das empresas, aumentando o desemprego e, consequentemente, reduzindo o consumo e aumentando a crise. Diante disso, observou-se que produtos duráveis desfavoreciam a economia, pois reduziam o consumo. Entre os economistas norte-americanos, tornou-se popular o jargão “Um produto que não se desgasta é uma tragédia para os negócios”. Existem dois tipos de obsolescência planejada: a obsolescência técnica, quando as condições de uso do produto obrigam uma nova compra; e a obsolescência psicológica, quando o consumidor, mesmo tendo um produto em bom estado de conservação, resolve comprar um novo e descartar o antigo, em função de o design estar ultrapassado ou o modelo estar “fora de moda”. Veja alguns exemplos: Figura 4 – Defeitos de fabricação. Fonte: Instituto Brasileiro de Def esa do Consumidor (www.idec.org.br/consultas/dicas-e- direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia-programada). Portanto, segundo Lipovetsky (2007), essa segunda fase prepara os indivíduos para um novo ciclo que entra em vigor em fins dos anos 1970. Concomitantemente a isso, tem-se também uma reestruturação do sistema capitalista no que diz respeito às técnicas da informação, globalização dos mercados, desenvolvimento de empresas gigantescas com marcas mundiais (corporações multinacionais), novas tecnologias que permitiram a produção personalizada em massa, entre outros acontecimentos que formataram o tipo de mercado e consumo que se tem hoje. A chamada terceira fase, a partir dos anos 2000, traz consigo o consumo experiencial. O consumo ordena-se cada dia um pouco mais em função de gostos e de critérios individuais. Anuncia-se a chegada do hiperconsumo orquestrado por uma lógica mais subjetiva e emocional. Nessa terceira fase, observa-se uma profunda mudança na sociedade de consumo, com o surgimento de uma nova relação emocional entre o consumidor e a mercadoria, ou seja, entre o sujeito e o objeto. Este passa a desejar os objetos de consumo, influenciado mais pelas necessidades individuais, diferenças de idade, gostos personalizados e uma busca pelo prazer pessoal do que pela necessidade de consumir por status, para ostentar ou para exibir. Isso porque, no rastro da extrema diversificação das mercadorias e do acesso ao conforto e lazer, surgem novas aspirações e comportamentos. O avanço das mídias e das tecnologias da informação instrumentalizou o consumidor atual a poder escolher, a exigir http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia-programada.%20Acesso%20em%2022/9/2013 qualidade, a aliar funcionalidade e beleza. Este é um consumidor que não só tem poder, mas que pode exercê-lo com liberdade e uso das mais variadas ferramentas. 1.2 Papel do consumo na sociedade Lojas de departamentos de vários andares, shopping centers que oferecem todos os tipos de serviços, boutiques finas que servem champanhe aos clientes, pequenas lojas que vendem toda sorte de produtos por menos de R$ 2,00. Há décadas, consumir deixou de ser um simples ato de subsistência para ser identificado com uma forma de lazer, de libertação e até mesmo de cidadania. Homens e mulheres são levados a consumir, mesmo sem necessidade, apenas pelo simples ato de comprar. Uma das lógicas que explica o surgimento e a relevância da sociedade de consumo é desenvolvida por Featherstone (1995), que aborda as três referências como: a. econômica: tem como premissa a expansão da produção capitalista de mercadorias, por meio de bens e locais de consumo; b. sociológica: as pessoas utilizam as mercadorias e os serviços de forma a criar vínculos ou estabelecer distinções sociais; c. psicossociológica: tem como premissa o envolvimento de prazeres emocionais na prática do consumo. Sonhos e desejos, celebrados no imaginário cultural consumista e em locais específicos de consumo, produzem diversos tipos de excitação física e prazeres estéticos. É o chamado consumo experiencial. Holbrook e Hirschman (1982), autores reconhecidos no estudo de experiência e suas ligações com análises psicológicas do consumo, acreditam que a busca do consumidor por sensações mais fantasiosas o aproximam de vivenciar emoções mais sólidas e que, consequentemente, permitem uma maior absorção dos conceitos de experiência. Dessa forma, as características de experiência do consumidor são aproximadas de questões hedônicas, simbólicas, fantasiosas, sentimentais, sensitivas e divertidas. Tudo isso para efetivamente proporcionar ao consumidor uma atmosfera de experiência de consumo. Featherstone (1995) usa a expressão cultura de consumo para acentuar um mundo em que as mercadorias tangíveis e intangíveis são centrais para a estruturação da sociedade contemporânea. Embora o ato de consumir acompanhe o homem ao longo de sua história, os pressupostos se tornaram diversos de qualquer outro momento. O consumo, nesse sentido, deixa de ser ato meramente instintivo de satisfação de necessidades para se converter em fundamento das relações sociais. Já na visão de Durand (2003), quatro processos simultâneos contribuíram para a formação da sociedade de consumo: a. a produção industrial em larga escala, que possibilitou a expansão do consumo de bens padronizados; b. a distribuição em massa de produtos industrializados, que garantiu o acesso da população aos diversos tipos de bens; c. a oferta de crédito ao consumidor, que viabilizou a aquisição dos bens de consumo; d. a população, que passou a consumir produtos industrializados pela influência das mensagens publicitárias e das estratégias mercadológicas, as quais educavam as pessoas sobre os benefícios dos novos produtos que chegavam às lojas. Ainda segundo o sociólogo Alain Touraine (2002), o processo de produção em massa foi fundamental para que os valores sociais passassem a ser fortemente baseados no consumo, em um modelo no qual nos distinguimos e nos identificamos com os outros a partir do que consumimos. Os indivíduos passam a ser vistos, muitas vezes, pelo que vestem, pelo que comem, pelos lugares que frequentam. 1.3 Características da sociedade de consumo Para Campbell (2001) a sociedade de consumo caracteriza-se, antes de tudo, pelo desejo socialmente expandido da aquisição do supérfluo, do excedente, do luxo. Do mesmo modo, estrutura-se pela marca da insaciabilidade, da constante insatisfação, na qual uma necessidade preliminarmente satisfeita gera quase automaticamente outra necessidade, em um ciclo que não se esgota, em um continuum no qual o final do ato consumista é o próprio desejo de consumo. Já na visão de Durand (2003), a sociedade de consumo caracteriza-se pela presença de quatro condições: a. a maior parte da população consome acima de suas necessidades básicas; b. a maior parte das necessidades é satisfeita pelo mercado e não pela produção caseira ou pelo escambo; c. as práticas de comprar e consumir são socialmente aprovadas e aceitas como fonte de satisfação e prazer; d. as identidades de indivíduos e grupos são construídas cada vez mais com base nos estilos de vida definidos pelo consumo diferencial de certos bens e serviços. A sociedade de consumo se caracteriza pelo rápido crescimento de despesas individuais, dentre elas serviços realizados por outros para benefício particular. Tais serviços ou objetos não se associam meramente a uma utilidade prática, mas a um amálgama de signos deconforto e status que invadem a vida. A procura pelo consumo, assim, fundamenta-se na busca de diferenciação em uma sociedade marcada pela massificação tecida no modelo de produção industrial (BAUDRILLARD, 1991). Cabe ao sistema econômico nessa lógica intensificar o individualismo do consumidor, a partir de necessidades socialmente definidas, a fim de satisfazer as necessidades de diferenciação. Em síntese, a busca de diferenciação – este sim objetivo maior do consumo – se baseia em símbolos, não nos bens em si e nos seus valores de uso e de necessidades específicas, mas na qualidade que personaliza o indivíduo por trás do consumidor. Outra faceta a abordar na sociedade de consumo é que a expectativa de satisfação passa a ter tanta importância quanto a satisfação em si. Em decorrência, a economia volta-se para esses objetos e para o oferecimento de serviços obedecendo a tais pressupostos básicos, de curto prazo. “Uma das características centrais da cultura de consumo é a disponibilidade de uma vasta série de mercadorias, bens e experiências para serem consumidas conservadas, planejadas e desejadas pela população em geral” (FEATHERSTONE, 1995, p. 160). Produtos e serviços são dirigidos para satisfação imediata, com o compromisso de não ultrapassar determinado tempo previsto, abrindo espaço para outra experiência, que realimenta e mobiliza o ciclo. A sociedade de consumo envolve o esquecimento em lugar da aprendizagem, tornando os consumidores “acumuladores de sensações” (TOURAINE, 2002, p. 91). Em síntese, a sociedade consumidora moderna valora, sobretudo, o movimento, a novidade e a instabilidade, entendida como natural ao processo de consumo. O estímulo à percepção de que nenhuma necessidade é ou deve ser inteiramente satisfeita e nenhum desejo percebido como o último mantém-se na mente do consumidor (BAUMAN, 2001). Os parâmetros da sociedade de consumo contribuem para o enfraquecimento da tradição e o fortalecimento do papel das organizações como fornecedoras dos meios para a permanente satisfação de (novas) necessidades dos indivíduos. O consumo gera combustível para a manutenção de um sistema economicamente dinâmico e abre caminho para índices cada vez maiores de rentabilidade das empresas. Esse novo modelo, que gerou nossa atual sociedade de consumo, foi bem-sucedido como incentivo ao crescimento econômico, à inovação tecnológica e à ampliação da oferta de bens e serviços. Mas também trouxe diversos impactos negativos que certamente não eram esperados. Hoje, esses impactos são evidentes e precisam ser considerados para que exista um equilíbrio entre o consumo e a capacidade de a natureza prover as matérias-primas, a água e a energia necessárias para a produção de todos os bens e serviços disponíveis à humanidade. O consumo é considerado, por alguns economistas, como a “mola propulsora” da economia mundial. Consumir geraria demanda, que, por sua vez, geraria maior produção por parte das indústrias, estimulando o surgimento de novos empregos, o aumento de salários e até mesmo o investimento em novas tecnologias para aprimorar a produção. Isso significaria mais trabalhadores, com salários melhores, que também seriam levados a consumir, formando um ciclo que manteria a economia aquecida e contribuiria para o desenvolvimento dos países. Por muito tempo, essa foi uma corrente de pensamento econômico predominante nos países capitalistas. Mas esse modelo neoliberal, que tem os Estados Unidos como seu principal representante, está sendo cada vez mais questionado, como veremos a seguir. 1.4 Críticas ao consumo Para a socióloga Valquíria Padilha, as relações sociais escravizaram-se pelo dinheiro e pelo poder de consumo. A socióloga explica que o cidadão foi reduzido a consumidor por meio de uma série de estratégias que construíram o capitalismo e o neoliberalismo. Como parte dessa estratégia, o Estado liberal foi deixando ao mercado responsabilidades que deveriam ser suas, como fornecer saúde, lazer, educação e infraestrutura de qualidade. A consequência disso é um número cada vez maior de pessoas, principalmente de classe média, pagando, além dos impostos, planos de saúde privados, escolas privadas, pedágios e segurança privada (PADILHA, 2006). Dessa forma, o consumo acabou se tornando um fator importante de construção de representações sociais. Ao comprar, não apenas se adquire um produto ou um serviço, mas define-se o status, e mesmo a identidade, de um indivíduo. É o compro, logo existo, uma forma do indivíduo se posicionar – e se diferenciar – dentro da sociedade a partir do que consome. Os impactos psicossociais dessa lógica de vida são bastante complicados, porque o valor do ser humano é reduzido ao seu poder de compra (PADILHA, 2006). Não é preciso apenas consumir para existir, mas é preciso consumir para ser feliz. Nessa lógica, vale tudo para se realizar um sonho de consumo: fazer horas-extras ou prestações a perder de vista. Assim, busca-se a realização pessoal e a felicidade por meio do consumo. A sociedade de consumo vende a satisfação dos desejos individuais, mas desperta nos consumidores a cada momento novos desejos a serem satisfeitos, fazendo-os querer (e consumir) sempre mais. Para compreender a dimensão do consumo na vida moderna, é preciso vê-lo como uma prática social e cultural complexa e importante. O acesso aos bens de consumo é parte das lutas pela equidade e das lutas pela qualidade de vida, em especial, as lutas pelo direito de escolha do tipo de vida que queremos viver (BUENO, 2008). Para a socióloga Fátima Portilho, consumo e cidadania são inseparáveis, já que ambos criam e fortalecem sentimentos de pertencimento a um grupo social. A partir dessas considerações, não é mais possível pensar o consumidor como uma simples vítima manipulada pela propaganda, ou como uma pessoa superficial e alienada. Ao contrário, a tendência atual é que o consumo seja, cada vez mais, associado ao desejo de participar da vida e dos problemas coletivos. Para Portilho, ninguém quer apenas sobreviver biologicamente consumindo produtos indispensáveis, mas viver, ou seja, ter prazer, ter uma identidade, escolher, se expressar. O consumo é indispensável e cumpre diversas funções sociais, mas, nos níveis e padrões atuais, e em expansão, precisa ser modificado em direção a formas mais sustentáveis, tanto do ponto de vista social quanto ambiental (PORTILHO, 2005). O modelo da sociedade de consumo está tão enraizado na sociedade contemporânea que alguns pesquisadores já chegaram a afirmar que ele é irreversível. Porém, o primeiro e mais importante limite dessa cultura do consumo, que estamos testemunhando hoje, são os próprios limites ambientais. O planeta não suportaria se cada habitante tivesse um automóvel (PADILHA, 2006). Porém, apesar de estar sendo colocada em cheque, ainda é preciso muita discussão e reflexão para se mudar a sociedade de consumo. Esse modelo possui uma estrutura complexa e precisaria da ação de vários atores para se alcançar uma mudança significativa. É preciso trabalhar em vários níveis – do consumidor, da empresa e do Estado – para que haja uma alteração no sistema. Os consumidores precisam ser informados e conscientizados, buscando promover uma mudança de hábito que controle os efeitos do consumo desenfreado. As empresas, igualmente, devem procurar agir rumo a uma produção sustentável. E o Estado, por meio da promoção de políticas públicas, deve exercer diversas funções regulatórias, inclusive com as chamadas políticas de consumo sustentável, como estratégias de estímulo ao uso do transporte coletivo (BUENO, 2008). Apesar de ainda não existir um modelo alternativo forte que possa substituir a sociedade de consumo, existem caminhos diversos que podem ajudar a torná-la mais sustentável. A alternativa parece ser uma tendência à consideração tanto do papel dos diversos atores (Estado, empresas, consumidores individuais, mídia, ONGs) que interagem no mercado quanto da redução das desigualdades de poder entre eles, em especial o consumidor, que nada mais é doque o cidadão nas relações com o mercado em expansão. Assim, embora não seja possível atribuir toda a responsabilidade pela resolução dos problemas ambientais a um só lado da equação (o consumidor), a atividade de consumo pode oferecer importantes possibilidades de ação política e exercício da cidadania (PORTILHO, 2005). As empresas também vêm se mostrando envolvidas com o desenvolvimento de novos modelos de gestão que se adaptem a essa busca de uma sociedade de consumo mais equilibrada. Um exemplo disso é o capitalismo consciente, um movimento liderado pelo indiano Rajendra Sisodia, professor de marketing da Bentley University, nos Estados Unidos. Criado em 2007, esse modelo de gestão baseia-se na ideia de que as empresas devem se mover com uma motivação maior que a simples busca da lucratividade. Esse movimento está apoiado em quatro pilares conforme a Figura 5: Figura 5 – Os quatro pilares do capitalismo consciente. Fonte: IstoÉ Dinheiro (10/5/2013). O paradoxo do capitalismo consciente é que, ao não visarem exclusivamente ganhar dinheiro, as companhias que o seguem têm um desempenho melhor do que seus pares que não o adotam. De acordo com uma pesquisa feita pelo professor Sisodia, de 128 empresas norte- americanas que colocaram em seu dia a dia os preceitos de sua filosofia de gestão, mais da metade delas (77) teve suas ações valorizadas acima da média das bolsas dos Estados Unidos em que eram cotadas. É o caso da Whole Foods; fundada na década de 1980, a empresa especializou-se em vender produtos naturais e orgânicos. Quando foi criada, a Whole Foods, hoje a maior rede mundial de produtos orgânicos, tinha como propósito mudar a maneira como as pessoas pensam sobre comida. O objetivo não era apenas vender alimentos e ganhar dinheiro. Eles se importam com a saúde dos clientes e buscam ensiná-los a ter uma vida mais saudável. Fazendo isso, a empresa consegue melhorar a qualidade de vida dos consumidores (MACKEY; SISODIA, 2012). Complementação de Estudos Para saber mais sobre o desenvolvimento da sociedade de consumo e conhecer outros exemplos do processo de obsolescência planejada, assista ao documentário espanhol “Comprar, Tirar, Comprar: la historia secreta de la Obsolescencia Programada” (em português, Comprar, Jogar Fora, Comprar), com direção de Cosima Dannoritzer. O documentário é de 2010, mas foi lançado em 2012 nos Estados Unidos com o título The Light Bulb Conspiracy, e pode ser visto na íntegra no YouTube, com legendas em português, no link <http://www.youtube.com/watch?v=q97DdVViqLg>. http://www.youtube.com/watch?v=q97DdVViqLg __________ 1 Anya Sartori P. Rév illion. Doutora em Administração, ênfase em Marketing Estratégico pela UFRGS; mestre em Administração, ênfase em Marketing, pela UFRGS; especialista em Marketing pela ESPM; bacharel em Publicidade e Propaganda pela UFRGS. Graduada em Information et Communication pela Université de Nancy (França). Durante quatro anos, atuou como assessora de marketing em empresas da área de organização de eventos e promoções. Foi coordenadora do curso de Especialização em Comunicação Integrada e Marketing na UNISINOS, além de professora e coordenadora do curso de graduação em Publicidade e Propaganda na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e na UNISINOS. Desde 1997, é docente na UNISINOS nos cursos de graduação: Publicidade e Propaganda; Produção Fonográfica; Gestão Financeira; Design; Administração e Comunicação Digital, bem como na Especialização em Arquitetura Comercial. Também atua como professora responsável pela UNICON – Empresa Júnior UNISINOS. CAPÍTULO 2 INFLUÊNCIAS DE CONSUMO SOCIOCULTURAIS Daniela Miranda Oliveira Horta2 Este capítulo visa apresentar as cinco etapas do processo de decisão de compra do consumidor e as principais influências socioculturais (cultura, subcultura, classe social, grupos de referências e família), bem como o impacto de cada uma no processo de decisão de compra do consumidor e do comprador organizacional. 2.1 Processo de decisão de compra do consumidor Independentemente do valor (monetário ou psicológico) que envolve a aquisição de um produto, o processo que envolve a decisão de uma compra é extremamente complexo. Isso ocorre pelo fato de que os seres humanos nem sempre agem racionalmente, muitas vezes, o cérebro, reagindo ao risco, às incertezas e às preferências, toma decisões antes de termos consciência (CAMARGO, 2013). Por exemplo, você saberia explicar todos os elementos que fizeram com que você comprasse um prego ou, então, uma lata de tinta em um determinado dia? Por isso, uma forma de compreender como uma decisão é tomada é analisando o comportamento do consumidor ao longo das etapas do processo de decisão de compra, sendo que, cada uma dessas etapas sofre constantemente as influências do ambiente e dos fatores psicológicos. Observa-se, na Figura 6, que o comportamento do consumidor é formado por camadas. A de cima compreende as influências externas: os estímulos de marketing (também conhecidos como 4P´s – praça, produto, preço e promoção) e os estímulos do ambiente (ambientes: natural, político e legal, econômico, tecnológico, social. competitivo). Entre as camadas encontra-se uma parte do processo de decisão de compra: (a) reconhecimento da necessidade; (b) busca de informação; (c) avaliação das alternativas (produto e compra); e (d) decisão de compra. Já a camada de baixo se refere à compra e às respostas ou reações do consumidor aos produtos e serviços adquiridos. Figura 6 – Comportamento do consumidor: modelo genérico. Fonte: adaptada pela autora com base em Schif f man e Kanuk (2000, p. 37). Nesse processo, uma etapa conduz à outra. Mas, conforme o grau de envolvimento do consumidor, ele pode demandar maior quantidade de tempo e de energia a cada uma das etapas. Por exemplo, alguns produtos como apartamentos ou automóveis têm um alto valor econômico e simbólico e tendem a ter um alto envolvimento, por isso, uma pessoa pode passar meses ou anos em busca do imóvel ideal. Por sua vez, produtos de conveniência, como refrigerantes ou pães, podem demandar um envolvimento menor, visto que são compras rotineiras. Além disso, mesmo que o consumidor opte por experimentar uma nova marca de refrigerante e venha a não gostar dela, o risco envolvido é menor, devido ao preço do produto. Agora vamos conhecer cada uma das etapas do processo de decisão de compra. A primeira etapa é o reconhecimento da necessidade (ou problema) que o consumidor deseja sanar. Ele pode ocorrer devido a estímulos internos ‒ estados físicos ou psicológicos (por exemplo, sentir fome ou ter o desejo de ser reconhecido pelo grupo); ou estímulos externos – oriundos de indução da sociedade (por exemplo, médicos recomendando o consumo de produtos orgânicos). O reconhecimento de necessidades pode ser classificado em três tipos: de reposição, funcional e emocional (SEMENIK; BAMOSSY, 1996). A necessidade de reposição envolve a aquisição de produtos de baixo custo, comprados com frequência, e que precisam ser reabastecidos (por exemplo: pasta de dente, sabonete, papel higiênico). A necessidade funcional envolve produtos de custo mais alto e vida mais longa. Ela surge quando um consumidor está em busca de uma solução para uma exigência específica e importante, como: quando ocorre a quebra ou a obsolescência de um produto ou uma mudança significativa na vida do consumidor (por exemplo: devido a uma mudança de cargo na empresa, uma pessoa pode ter que trocar a marca do carro ou do aparelho celular). A necessidade emocional envolve a aquisição de produtos que atendam a questões emocionais diversas, como: obter status, fazer parte de um grupo, sentir segurança etc. Um produto pode começar como uma necessidade de reposição (por exemplo, água mineral) e, com o tempo, se transformar em um produto de necessidade (por exemplo, se o consumidor trocar a sua marca de água mineral por uma marca francesa como a água mineral Perrier). A segunda etapa é a busca de informação. Assim que o consumidor define a necessidade ou problemaque quer sanar, ele começa a reunir informações sobre produtos que possam atender aos seus desejos. Para isso, ele pode recorrer a informações internas ou externas (SAMARA; MORSH, 2005, p. 30). As informações internas consistem em experiências passadas e nas informações relevantes que estão armazenadas no cérebro do consumidor. Já as informações externas são aquelas que, com o passar tempo, formarão as internas, em geral emitidas pela mídia (rádio, televisão, jornal), pelos amigos etc. Existem diversos tipos de comportamento de compra em relação à busca de informação e ao envolvimento (Figura 7). Figura 7 – Tipos de comportamento de compra em relação à busca de informação e envolvimento. Fonte: Samara e Morsch (2005, p. 26). a. Busca de informação extensa e de alto envolvimento (racional). Esse tipo de decisão acontece em circunstâncias em que um produto é comprado com pouca frequência e tem um preço alto. Por exemplo, nas compras de carros, imóveis e viagens. b. Busca de informação escassa e de alto envolvimento (lealdade). Nessa decisão, o ego do consumidor está envolvido na decisão, embora ele dedique pouco ou nenhum tempo na busca de informação. A busca de informação é escassa devido à frequência de compra e à fidelidade à marca. Por exemplo, na compra de creme dental, xampu e desodorante. c. Busca de informação mediana e de alto envolvimento (curiosidade). Acontece quando o consumidor deseja muito um produto e tem poucas informações sobre o mesmo, gerando uma compra que leva à experimentação por curiosidade. d. Busca de informação extensa e de baixo envolvimento (desinteresse). Ocorre quando há muita informação sobre o produto e pouca necessidade ou desejo por parte do consumidor. Por exemplo, leitores não leem o caderno de imóveis de um jornal, pois já tem sua casa própria e não tem interesse em uma nova aquisição. e. Busca de informação mediana e de baixo envolvimento (inexpressivo). Aqui, há um comportamento de compra voltado pela busca de variedade. Trata-se de compras habituais, de risco baixo, em que predomina a mudança de marcas. Por exemplo, salgadinhos e gasolina. f. Busca de informação escassa e de baixo envolvimento (inércia). Há muita informação disponível e pouco desejo ou necessidade do produto pelo consumidor A terceira etapa engloba a avaliação das alternativas (produto e serviços) que satisfaçam à necessidade ou ao problema detectado na primeira etapa. Essa satisfação pode levar em conta três critérios: as características funcionais identificadas no produto (por exemplo: o design, o consumo de energia, o tamanho, a capacidade de produção); os benefícios que a posse do produto proporcionará (por exemplo, se ele irá proporcionar um aumento do tempo disponível), e a satisfação emocional percebida no produto (por exemplo, se ele demonstra a elevação do status) (SAMARA; MORSH, 2005). A quarta etapa é a decisão de compra, ou seja, é a fase de concretização da compra. Uma vez que o consumidor incorporou o conhecimento obtido nas etapas anteriores e optou: o que comprar, onde comprar, quando comprar e como irá pagar. A quinta, e última etapa, costuma ser a mais ignorada pelas empresas e envolve o comportamento pós-compra. Contudo, esse erro pode ser problemático para as organizações, uma vez que conquistar novos clientes custa entre cinco e sete vezes mais que manter os já existentes (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Existem dois tipos de comportamento pós-compra (SEMENIK; BAMOSSY, 1996). O primeiro diz respeito à busca de informações adicionais. Quando a compra teve um alto grau de envolvimento, o consumidor pode buscar informações adicionais que reforcem a sua decisão e diminuam a ansiedade em relação à sua escolha. Por exemplo, após a compra de um apartamento em um determinado bairro, o consumidor pode pesquisar novas vantagens em relação a essa aquisição, como: valores de outros apartamentos que foram comercializados, novos negócios que estejam sendo instalados próximos ao imóvel e que possam valorizar a região etc. Já o segundo tipo de comportamento pós-compra envolve a aquisição de produtos relacionados. Uma compra pode demandar outros produtos ou serviços que a complementam. Por exemplo, após adquirir um computador, o consumidor pode necessitar de um plano de acesso à internet ou comprar softwares específicos, também pode perceber que irá necessitar de uma impressora, que, por sua vez, irá demandar papel e cartucho de tinta. Como já foi dito anteriormente, essas cinco etapas do processo de decisão de compra sofrem diversas influências, entre elas as socioculturais. 2.2 Influências socioculturais Ainda na barriga da mãe, a criança sofre influências sociais e essas influências vão se intensificando ao longo de sua vida adulta. As principais influências socioculturais são: a cultura, a subcultura, a classe social e os grupos de referências (entre eles a família). 2.2.1 Cultura A cultura “diz respeito aos significados compartilhados pela maioria das pessoas em um grupo social. Abrangem respostas efetivas comuns, cognitivas (crenças) típicas e padrões de comportamento característicos” (PETER; OLSON, 2009, p. 280). “A cultura fornece aos indivíduos um senso de identidade e uma compreensão do comportamento aceitável dentro da sociedade” (SAMARA; MORSH, 2005, p. 55). Ela pode ser abstrata ou formada por elementos materiais. Abstrata envolve valores, ideias, atitudes, personalidade e religião. Por exemplo, na sociedade brasileira, um forte elemento da cultura é a versatilidade. Já os componentes materiais tangíveis abrangem, por exemplo, livros, obras de arte, edifícios etc. A natureza da cultura é aprendida por meio da socialização quando observamos os elementos e ações ao nosso redor. Ela também é incutida, visto que nos são ensinados valores desde o berço, como mostra a Figura 8. Figura 8 – A cultura incutida. Fonte: Samara e Morsch (2005, p. 59). Finalmente, a cultura também é de natureza adaptável, uma vez que as necessidades da sociedade se modificam ao longo do tempo, o que pode alterar alguns valores e normas. O que era considerado como padrão no século XIX pode não ser mais hoje, no século XXI. Essa questão afeta ao consumo e, consequentemente, as estratégias de marketing das empresas. Por exemplo, na década de 1950, muitas mães davam leite condensado dissolvido em água para os seus bebês, contudo, essa prática não é mais vista com bons olhos pela sociedade atual. Por isso, se antes a marca Nestlé tinha como foco alertar as mães com bebês em fase de amamentação do papel da marca leite moça na alimentação infantil, hoje o foco é mostrar aos pais como a marca é versátil na hora de criar uma sobremesa para a família. Observe-se que escrevi pais e não mães, uma vez que as famílias mudaram, surgindo novos papéis e configurações, tema que é abordado na Seção 2.2.4, Grupos de referência. Vendo na prática O leite condensado é um produto de origem francesa, patenteada por norte-americanos e expandida para outros países por meio da marca suíça Nestlé. Foi criado, primeiramente, para ser uma bebida de fácil armazenamento em tempos de crise e de guerras. Algo prático que, dissolvido em água, virasse leite! E então, com a guerra civil americana ‒ iniciada em 1861‒ o leite condensado atingiu um enorme sucesso. A partir de 1880, foi ganhando o mundo. Atualmente, ele continua sendo bastante requisitado, entretanto, com as diversas restrições alimentares que surgiram no último tempo, entre elas a intolerância à lactose, outras marcas lançaram uma versão do leite condensado à base de soja, entre elas a Soymilke da Olvebra. 2.2.2 Subcultura “Subculturas são grupos distintos de pessoas de uma sociedade que compartilham significados culturais comuns com relação a respostas afetivas e cognitivas (respostas emocionais, crenças), comportamentos (costumes, rotinas) e fatores ambientais (localização geográfica, condições de vida)” (PETER; OLSON, 2009, p. 312). Entre os tipos de subculturas estão: etárias, religiosas, raça, os níveis de renda, a nacionalidade, o sexo,o tipo de família, a ocupação, a área geográfica e a comunidade, como mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Tipos de subcultura Características Exemplos Etária Crianças, adolescentes, adultos, jovens, meia-idade, idosos. Religião Católicos, judeus, protestantes, muçulmanos. Raça Negros, orientais, europeus, latinos. Níveis de renda Ricos, classe média, baixa renda. Nacionalidade Italianos, espanhóis, japoneses, portugueses. Sexo Homem, mulher Tipo de família Mãe/pai solteiro, grandes, pequenas, divorciados. Ocupação Médico, advogado, administrador, professor. Região geográfica Norte, Nordeste, Sul, Sudeste. Comunidade Rural, subúrbio, cidade pequena, cidade grande. Fonte: Samara e Morsch (2005, p. 62). 2.2.3 Classe social Quase todas as sociedades, ao longo da história humana, possuíram alguma forma de estrutura organizada por meio de classes sociais. Isso ocorria e ainda ocorre devido ao fato de a classe social definir a posição de um indivíduo dentro de sua comunidade. As classes sociais podem ser compreendidas como “divisões ordenadas e relativamente permanentes de uma sociedade cujos membros possuem valores, interesses e comportamentos similares” (SAMARA; MORSH, 2005, p. 66). Existem diversos fatores que costumam ser utilizados para identificar uma classe social, entre eles: a escolaridade, ocupação, área em que reside, tipo de residência e fonte de riqueza. Geralmente, observa- se a junção de dois ou mais fatores, sendo que a renda nem sempre é relevante, uma vez que os rendimentos não definem claramente a que classe social uma pessoa pertence. No Brasil, os gestores costumam utilizar dois diferentes estudos no momento de delimitar suas estratégias de segmentação: o Critério de Classificação Econômico Brasil, também conhecido como Critério Brasil, e o Mosaic Brasil. O Critério Brasil organiza as classes sociais em: A, B1, B2, C1, C2, D e E. Ele é baseado na posse de bens (por exemplo: microcomputador, lava-louças, micro-ondas, motocicleta e secadora de roupas), acesso a serviços (por exemplo, água encanada e rua pavimentada) e escolaridade, atrelando a cada item uma quantidade de pontos (Figura 9). Figura 9 – Algumas variáveis do Critério Brasil. Fonte: ABEP (2014). Ele é um instrumento de pesquisa elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) e pode-se dizer que “é um estimador padronizado da capacidade de consumo dos domicílios brasileiros. É uma ferramenta que permite a comparação entre estudos realizados em diferentes regiões do país, por diferentes empresas e em diferentes momentos” (IBOPE, 2013a). Já o Mosaic Brasil é uma pesquisa da empresa Serasa Experian considerada a maior e mais completa base de dados socioeconômicos, demográficos e comportamentais do Brasil. A versão brasileira do Mosaic (Figura 10) classifica os consumidores do país em 10 grupos e 39 segmentos, sendo os grupos: ricos, sofisticados e influentes; prósperos moradores urbanos; assalariados urbanos; empreendedores e comerciante; aspirantes sociais; periferia jovem; envelhecendo na periferia; aposentadoria tranquila; envelhecendo no interior; Brasil rural. Figura 10 – Mosaic Brasil. Fonte: Serasa (2014). Quer saber mais? Então, consulte: Critério Brasil ‒ disponível em: <http://www.abep.org/new/criterioBrasil.aspx>. Mosaic Brasil ‒ disponível em: <http://www.serasaexperian.com.br/mosaic/index.html>. 2.2.4 Grupos de referência Os indivíduos podem se envolver com diversos tipos de grupos ao longo de sua vida, denominados grupos de referência. Esses grupos compõem-se de “uma ou mais pessoas que são utilizadas como ponto de referência por outras pessoas para desenvolverem reações afetivas e cognitivas” (PETER; OLSON, 2009, p. 339). Os grupos de referência podem ser: formal/informal; http://www.abep.org/new/criterioBrasil.aspx http://www.serasaexperian.com.br/mosaic/index.html primário/secundário; afiliação, aspiracional e dissociativo, como mostra o Quadro 2. Quadro 2 – Tipos de grupos de referência Tipos de grupos de referência Principais distinções e características Formal/informal Formal = tem uma estrutura claramente definida por cargos ou normas (presidente, policial etc.). Informal = sem estrutura claramente definida. Primário/secundário Primário = interações diretas, face a face. Secundário = sem interações diretas, face a face. Afil iação As pessoas se tornam membro do grupo por meio de união. Aspiracional As pessoas se tornam membro do grupo por possuírem sonhos e desejos comuns. Dissociativo São grupos desagregadores. Fonte: Peter e Olson (2009, p. 339). Existem três razões pelas quais um consumidor pode utilizar um grupo de referência (SOLOMON, 2006): Influência informativa: quando o consumidor precisa de uma informação mais qualificada e consulta uma pessoa que ele considera especialista em um determinado assunto. Por exemplo: consultar o gerente do banco para saber como investir. Influência utilitária: quando a decisão de compra tem por objetivo satisfazer um indivíduo com quem o consumidor se relaciona. Dessa forma, o consumidor adquire um produto e serviço que seja bem visto ou adequado a essa pessoa. Influência expressiva de valor: quando a compra visa promover a imagem do consumidor perante outros membros da sociedade. Para isso, ele observa o que esse grupo utiliza e passa a adquirir produtos e serviços iguais. Essas influências podem aparecer em conjunto ou de forma isolada e, geralmente, servem de base para divulgação de marcas para públicos diversos, de jovens aos integrantes da terceira idade. Sendo que um importante grupo de referência é a família, definida “como a unidade social na qual as pessoas são ligadas pelo sangue e/ou casamento” (SAMARA; MORSH, 2005, p. 73). O processo decisório de compra familiar costuma ser complexo, pois o comprador final (pai/mãe) pode ser distinto do consumidor real (filho). Além disso, uma compra malfeita pode comprometer todo o orçamento, ou seja, afetar a todos. Por isso, ela costuma ser debatida entre os membros da família. Esse ponto sinaliza para outra questão: o forte papel que os filhos estão desempenhando no consumo, decidindo compras complexas, como um automóvel ou menos complexas como um notebook. Alguns estudos, inclusive, apontam que essa influência chega até 80% de todas as decisões de consumo da família. Ciente disso, o governo elaborou o projeto de lei 5921/2001, que proíbe a propaganda voltada para crianças até 12 anos na televisão, rádio e internet entre 5h e 22h. Estão entre as regras a proibição do uso dos imperativos “compre”, “peça para seus pais”; de conteúdos que desvalorizem a família, escola, vida saudável; ou que contenha algum tipo de preconceito. Também é proibido apresentar produtos que substituem as refeições e encorajar o consumo excessivo de alimentos e bebidas. Complementação de Estudos Você bebe a água da torneira ou compra água de uma distribuidora? Se você respondeu que compra, saiba que não está sozinho(a) nessa prática. A porcentagem de consumo de água mineral no Brasil cresce dois dígitos a cada 12 meses há mais de cinco anos. Dados da Associação Internacional de Águas Engarrafadas indicam que o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de produtores. Consumimos mais água engarrafada que países como Itália, Alemanha, França e Espanha, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, México (que crescem, em média, 8,5% ao ano) e da China, cuja demanda aumenta 17,5% a cada ano. Por outro lado, essa prática parece ser um pouco incoerente, uma vez que a água da torneira, fornecida pelas concessionárias, segue rígidas normas de qualidade imputadas pelo Ministério da Saúde, normas essas que são mais rígidas do que as aplicadas em empresas que engarrafam água mineral. Ficou curioso para entender quem está influenciando quem nesse cenário? Assista ao documentário “A História da Água Engarrafada”, escrito por Annie Leonard, Jonah Sachs e Louis Fox, em <http://vimeo.com/10751409>. http://vimeo.com/10751409 __________ 2 Daniela Miranda Oliv eira Horta. Doutora em Administração,ênfase em Estratégias Organizacionais pela UNISINOS; mestre em Administração, ênfase em Marketing, pela PUCRS; especialista em Comunicação Integrada e Marketing pela UNISINOS; bacharel em Publicidade e Propaganda pela UNISINOS. Durante 12 anos, atuou em agências de publicidade e propaganda, na área de criação (como redatora e depois como diretora de criação). Foi coordenadora de ações mercadológicas da Sadia e gerente de inovação e desenvolvimento da unidade acadêmica de graduação da UNISINOS. Desde 2001, é docente na UNISINOS nos cursos de graduação: Publicidade e Propaganda; Comunicação Digital; e Administração, bem como nos MBAs em: Marketing Estratégico; Gestão do Social; Gestão da Responsabilidade Social; Gestão de Postos de Combustíveis. Também atua como consultora e palestrante. CAPÍTULO 3 INFLUÊNCIAS DE CONSUMO SITUACIONAIS Anya Sartori P. Révillion Neste capítulo, serão abordadas as principais influências situacionais sobre o comportamento do consumidor, entre eles o ambiente físico, ambiente social, tempo disponível para a compra, definição de tarefa e estados antecedentes do consumidor. 3.1 Papel das influências situacionais As influências situacionais consistem nos fatores temporários do ambiente que formam o contexto dentro do qual ocorre a atividade de compra e consumo do consumidor (Figura 11). Figura 11 – A atividade de compra e o ambiente. Fonte: why att.com.au/cartoons/. O ambiente refere-se a todas as características físicas e sociais do mundo externo do consumidor, incluindo os objetos físicos (produtos e lojas), as relações espaciais (a localização das lojas e dos produtos dentro das lojas) e o comportamento social de outros consumidores (PETER; OLSON, 2009). Os profissionais de marketing estão particularmente interessados no ambiente interpretado que também é chamado de ambiente funcional ou percebido, visto que é isso que influencia as ações dos consumidores. Pelo fato de cada consumidor ter um conjunto único de conhecimentos, significados e crenças, o ambiente percebido será de certa forma diferente para cada um deles. Nesse caso, é necessário tentar identificar percepções e interpretações do ambiente que sejam consensuais e http://whyatt.com.au/cartoons/ compartilhadas por um grupo de consumidores. 3.2 Ambientes de compra e consumo O ambiente pode ser analisado em dois níveis: macro e micro. O macroambiente engloba fatores amplos e de grande escala como condições econômicas, ambiente tecnológico, político-legal e sociocultural. O microambiente refere-se aos aspectos físicos e sociais mais tangíveis do ambiente imediato de uma pessoa, ou seja, o chão sujo de uma loja, o calor em um determinado dia, o vendedor prolixo. São esses fatores microambientais que serão abordados neste capítulo. Segundo Mowen e Minor (2003), as situações de consumo são episódios de prazo relativamente curto e devem ser distinguidas de fatores do ambiente cujo prazo é mais longo (como os efeitos da cultura), bem como dos fatores pessoais que tem uma característica mais duradoura (como a personalidade do consumidor). São exemplos de situações de consumo: a. Ambiente físico: os aspectos físicos e espaciais concretos do ambiente que envolve uma atividade de consumo. b. Ambiente social: os efeitos que outras pessoas provocam sobre um consumidor durante uma atividade de consumo. c. Tempo: os efeitos da presença ou ausência de tempo nas atividades de consumo. d. Definição de tarefa: as razões que geram a necessidade de os consumidores comprarem ou consumirem um produto ou serviço. e. Estados antecedentes: os estados psicológicos e de espírito temporários que um consumidor traz para uma atividade de consumo. 3.2.1 Ambiente físico O ambiente físico influencia as percepções do consumidor por meio dos mecanismos sensoriais de visão, audição, paladar, olfato e tato. O ambiente tem importância especial para os varejistas, os quais precisam administrar o ambiente físico a fim de influenciar comportamentos, atitudes e crenças dos consumidores da maneira desejada. Por exemplo, se o varejista deseja apresentar uma imagem sofisticada é essencial que o ambiente da loja corresponda a essa imagem. Várias pesquisas foram realizadas para investigar o impacto que o ambiente físico exerce sobre percepções e comportamentos do consumidor em diversas áreas de comércio, analisando de que forma a música, o aproveitamento do espaço interno da loja, sua localização e atmosfera afetam os consumidores. 3.2.1.1 Efeitos da música Em um estudo realizado nos Estados Unidos aleatoriamente foram tocadas músicas de fundo de ritmo lento e de ritmo acelerado nas noites de sextas-feiras e sábados durante oito fins de semana consecutivos, em um restaurante de porte médio. Quando a música tinha ritmo lento, os clientes levavam em média 56 minutos para terminar o jantar. Em contrapartida, quando a música tinha ritmo agitado, eles levavam 45 minutos até o fim da refeição. Passar mais tempo no restaurante não teve impacto estatisticamente significativo na venda de refeições; contudo, a venda de bebidas alcoólicas aumentou significativamente. A maioria das pesquisas indica ainda que a música é mais eficaz quando tem alguma relação com o contexto situacional geral da compra. Ou seja, o tipo de música deve combinar com o contexto do produto ou serviço. Music Branding3 é a gestão musical de uma marca ‒ processo que envolve desde a criação de sua identidade sonora, passando pelo posicionamento e indo até a implantação de ações e soluções em diversas mídias. A ideia central é aproximar marca e público, tendo como principal elemento a música, estabelecendo laços mais estreitos e afetivos. Quando uma marca utiliza a música como elo com seu público, ganha infinitas possibilidades para explorar novos canais, mídias, plataformas e tecnologias. O resultado é evidente: a marca passa a estar mais presente na vida dessas pessoas, não apenas no ato do consumo, mas também no dia a dia, e melhor: associada à música ‒ sinônimo de emoção. E quando uma marca passa a ser adorada, há o inevitável aumento da fidelização e, por consequência, do consumo. A marca então conquista mais do que clientes, conquista fãs. Conheça mais a seguir sobre essa técnica. 3.2.1.1.1 Construção de marcas no embalo da música Uma vertente do marketing praticada hoje no mundo todo, mas ainda pouco explorada no Brasil, é o Music Branding, uma estratégia que utiliza a música e sua influência sobre os seres humanos para a geração de negócios e construção de marcas. Hoje, cada vez mais profissionais de marketing estão descobrindo que as marcas que criam uma conexão emocional com os consumidores são muito mais fortes que aquelas que não o fazem. Um Music Branding eficiente estabelece uma autêntica ligação afetiva com uma marca, estimula e catalisa as experiências vividas pelos consumidores e as utiliza como fator preponderante nos processos de decisão de compra em vários aspectos, como, por exemplo, na redução de custos psíquicos (percepção de custos de tempo e esforço) e estimulação de consumption dreams. O marketing se aproxima da música como meio de agregar valor às marcas. O uso da experiência sensorial tem crescido após estudos comprovarem que a utilização da música correta deixa o consumidor mais à vontade para comprar e mostra a ele que a identificação daquela marca é personificada de acordo com seu perfil. Ou seja, a natureza emocional da música agrega atributos sentimentais à marca, como nenhuma outra ação de marketing. Mais que isso, o Music Branding é parte do processo de humanização de uma marca, na qual a mesma é tratada como uma pessoa, com personalidade e preferências bem definidas. Estudos dizem que os fatores que influenciam no processo de decisão de compra são: pessoais (idade, classe social, estilo de vida), individuais (fatores culturais, sociais, psicológicos) e ambientais (música, temperatura, cheiro etc.), em que estes últimos estão ligados de alguma maneira à vontade de uma pessoa permanecer por mais tempo em determinado ambiente de compras.E para que um Music Branding tenha sucesso, a ponto de um cliente saber de olhos fechados em qual loja está, é preciso seguir uma linha bem definida de trabalho e ter alguns cuidados. As músicas escolhidas para uma programação musical devem ser especialmente selecionadas de acordo com o perfil da marca e de seus clientes. Fortalecer os atributos de uma marca, potencializar sua estratégia de experiência de compra e estimular o consumo emocional são os objetivos do Music Branding. Para que isso aconteça, é necessário ter em mãos as músicas certas para quaisquer ocasiões, que darão voz, personalidade e sentimento à marca. Também é preciso ter por trás profissionais apaixonados por música com ouvidos apurados, forte capacidade de percepção e sólido conhecimento da música, sua estrutura, composição, origem e influência sobre o ser humano, pois o equívoco em um destes pontos faz, literalmente, a música entrar por um ouvido e sair pelo outro. Fonte: Alexandre Casanova. Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (2/4/2012). Disponível em: <http://www.cndl.org.br/mostra_entrevista.php?id=50>. Acessado em: 18/11/2013. 3.2.1.2 Efeitos da localização da loja Tanto a distância real como a distância percebida podem influenciar a escolha da loja pelo consumidor. Pesquisas têm mostrado que os consumidores possuem mapas cognitivos da geografia de uma cidade. Curiosamente, os mapas de localização das lojas de varejo percebidas pelos consumidores podem não coincidir com a real localização das mesmas. Fatores como a disponibilidade de estacionamento, a qualidade dos produtos e a facilidade de vias de acesso podem fazer com que a distância pareça menor ou maior do que realmente é. A logística do consumidor é a velocidade e facilidade com as quais o consumidor se movimenta no processo de compra no varejo – desde o momento em que sai de casa em direção à loja até o instante em que leva os produtos para casa (BLACKWELL et al., 2005, p. 147). A logística do consumidor contém sete estágios: a. Preparação para a compra: estão incluídos aspectos como as percepções do consumidor sobre a loja, a elaboração de uma lista de compras, o planejamento da rota de viagem, o contato com mensagens publicitárias e promocionais, a pesquisa de produtos e preços na internet, entre outros. b. Chegada à loja: estão incluídos aspectos como o ambiente ao redor da loja, estacionamento, segurança, sinalização e condições meteorológicas. c. Entrada na loja: estão incluídos aspectos como receber as boas- vindas, encontrar carrinho ou sacola para colocar os produtos, presença de câmeras de segurança, conforto com o tamanho da loja e familiaridade com a loja. d. Movimento pela loja: estão incluídos aspectos como disposição http://www.cndl.org.br/mostra_entrevista.php?id=50 (layout) dos produtos, tamanho dos corredores, sinalização das seções, iluminação, música, pessoal de atendimento, mecanismos de assistência (como as leitoras de preços, por exemplo), qualidade e variedade dos produtos, merchandising no ponto de venda, avaliação de marcas e preços e perfil dos clientes que circulam pela loja. e. Pagamento: estão incluídos aspectos como tempo de espera na fila, número de pessoas na fila, políticas de desconto, condições de pagamento. f. Volta para casa e armazenamento do produto: estão incluídos aspectos como colocar e retirar os produtos do carro, definir onde guardar os produtos em casa, definir a necessidade de descarte de produtos. g. Avaliação dos estoques: estão incluídos aspectos como reiniciar ou não o processo e avaliar a satisfação ou insatisfação com a marca e a loja. 3.2.1.3 Efeitos do layout da loja As lojas são projetadas para facilitar a movimentação do cliente, auxiliar na apresentação dos produtos e na criação de uma atmosfera específica. O objetivo geral é maximizar os lucros com base no aumento de vendas proporcionado por um projeto que apresente um bom custo- benefício. O layout da loja pode influenciar as reações e o comportamento de compra do consumidor. Por exemplo, a posição dos itens e das categorias de produtos em relação ao fluxo do tráfego de pessoas pode influenciar o nível de vendas de maneira significativa. Segundo Blackwell et al. (2005, p. 147), os materiais de ponto de venda como cartazes e mostruários podem aumentar as chances de capturar a atenção dos consumidores e, consequentemente, estimular a compra e aumentar as vendas. Pesquisas indicam que entre 70% e 85% das decisões de compra são feitas nos pontos de venda, frequentemente incentivadas pelo estímulo de displays e outras ferramentas de merchandising. Para Blessa (2006), merchandising no ponto de venda é qualquer técnica, ação ou material promocional usado no ponto de venda que proporcione informação e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com o propósito de motivar e influenciar as decisões de compra dos consumidores. É um meio de comunicação destinado a identificar, controlar, ambientar e promover as marcas, produtos e serviços nos pontos de vendas, sendo responsável pela apresentação dos produtos nas lojas, criando espaço e visibilidade, de maneira que acelere sua rotatividade. Um exemplo de merchandising de ponto de venda é a proposta da campanha de Festa Junina da Yoki: ilha de produtos, ponta de corredor e gôndola (Figura 12). Figura 12 – Proposta de merchandising de ponto de venda. Fonte: So Much Mídia! (2011). 3.2.1.4 Efeitos da atmosfera O ambiente de uma loja transmite uma mensagem aos consumidores, como, por exemplo: “essa loja vende produtos sofisticados”. Atmosfera é um termo mais amplo do que layout da loja; refere-se à combinação entre o projeto da loja, o espaço interior, a disposição dos corredores, a textura das paredes, as cores, formas, aromas e sons vivenciados pelos clientes dentro de um espaço comercial. O objetivo de planejar a atmosfera é projetar espaços de compra que produzam no consumidor efeitos emocionais específicos e que aumentem a probabilidade de realização de uma compra. O estado emocional consiste em dois sentimentos dominantes: prazer e excitação. A combinação desses dois elementos leva o consumidor a passar muito ou pouco tempo dentro da loja (BLACKWELL et al., 2005). Em geral, as características das lojas de varejo moldam a experiência de compra de um produto ou serviço. No caso de serviços, o ambiente físico e social podem se tornar parte do próprio serviço. Por exemplo, as características de um show musical ou de uma peça de teatro são moldadas, em grande parte, pela iluminação, cenário, som e pelas características e reações das outras pessoas que estão vivenciando a mesma experiência. Para Solomon (2006, p. 243), “atmosfera é o design consciente do espaço e suas várias dimensões para evocar determinados efeitos nos compradores”. Essas dimensões incluem cores, aromas e sons. Muitos elementos do design da loja podem ser controlados de modo inteligente para atrair clientes e produzir os efeitos desejados nos consumidores. Cores claras proporcionam uma sensação de espaço e serenidade, enquanto cores fortes e vivas provocam excitação. Saiba mais a seguir sobre o efeito que a iluminação pode exercer no comportamento dos consumidores. Iluminação certa eleva as vendas Tão importante quanto às promoções, identidade com o público-alvo e o layout, a iluminação também influencia nas vendas do varejo. Se for bem planejada e alinhada à estratégia da loja, ela torna-se uma poderosa ferramenta de marketing. Bem iluminado, um produto atrai os olhares. Uma luz errada, ao contrário, distorce cores e afasta seu cliente da gôndola. O ideal é que a luz usada nos diferentes espaços do supermercado reproduza o mais próximo possível as cores e texturas reais daquilo que se pretende vender. Para Georges Blum, gerente técnico da Empalux, quanto menos sombra houver, mais confortável o cliente se sentirá e mais tempo permanecerá dentro do estabelecimento. “A iluminação hoje tem poder quase cênico em uma loja”, afirma Kátia Bello, arquiteta e diretora da Opus Design, empresa que realiza projetospara o varejo. Por isso, é importante levar em conta o perfil do consumidor que frequenta a loja na hora de pensar na iluminação. Para o arquiteto Claudio Yoshimura, da Yoshimura Arquitetura de Varejo, a iluminação pode ter maior ou menor identificação com determinados públicos. “A iluminação é fundamental na caracterização do ponto de venda com sua proposta competitiva: aconchego ou vibração; tradição ou modernidade; conforto ou praticidade; qualidade superior ou preço baixo: todos são atributos facilmente transmitidos pelo resultado da iluminação conjugado com o projeto geral do supermercado”, afirma. Uma loja que se proponha a vender produtos de maior valor agregado, por exemplo, deve valorizá-los com luminárias que foquem os rótulos e deem mais vida às embalagens, reproduzindo melhor a cor, sem irritar o olhar do cliente. Um projeto assim custa mais caro? Seguramente. Mas, na visão de Yoshimura, o investimento maior nesse caso é compatível com a proposta da loja, com seu público. “Já um supermercado voltado para as classes C e D deve criar um ambiente festivo e promocional, utilizando uma iluminação geral mais intensa e estimulante. Ela fará parte de um grande pacote de características para identificar o estabelecimento com seu público potencial, o que evita confundir o cliente com mensagens contraditórias entre imagem e preço”, explica. Fonte: Patrícia Bull. Supermercado Moderno (1/7/2008). Disponível em: <http://www.sm.com.br/Editorias/Gestao/Iluminacao- certa-eleva-as-vendas-62.html>. Acessado em 20 out. 2013. A atmosfera torna-se cada vez mais importante na medida em que a concorrência aumenta, as diferenças de produto e de preço decrescem entre os concorrentes e o mercado torna-se segmentado quanto ao estilo de vida e diferenças de classe social dos consumidores. A atmosfera de uma loja de varejo pode ser usada como uma ferramenta para diferenciar um varejista de outro e para atrair grupos específicos de consumidores que buscam os sentimentos que derivam dessa atmosfera. Nesse sentido, as lojas conceito4 oferecem um espaço experimental com uma atmosfera única que transmite a força da marca, no qual o consumidor e o público em geral podem conhecer e dar retorno direto sobre todas as linhas e produtos produzidos por determinada empresa. Um exemplo disso é a marca Havaianas, cujo exemplo pode ser visto a seguir. Espaço Havaianas: o único lugar do mundo onde você encontra qualquer modelo das legítimas As mundialmente conhecidas sandálias Havaianas possuem uma loja conceito com 300 m² no luxuoso endereço da rua Oscar Freire, em São Paulo. O espaço assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld é amplo, contemporâneo e reúne todas as linhas de frente da marca em setores, com destaques para dois: Barraca de Feira, em homenagem à origem popular das Havaianas e Customização, com as inúmeras possibilidades de combinações entre solas, tiras e pins. O balcão de customização é um dos pontos mais frequentados da loja, ali se podem combinar as cores da sola com a tira, além de inserir bandeiras, broches e tachas. Um detalhe importante: depois http://www.sm.com.br/Editorias/Gestao/Iluminacao-certa-eleva-as-vendas-62.html de customizado, o modelo é fotografado e catalogado, para que não haja repetições. Ou seja, a peça vira exclusiva de fato. O visitante encontrará toda a linha das sandálias, desde a mais simples (que custa em torno de 15 reais), até uma customizada com cristais Swarovski, que custa 250 reais. Além da recém-lançada coleção de bolsas e também toalhas, chaveiros e meias. Aproveite e faça um tour virtual pela loja da Havaianas acessando o seguinte endereço: http://br.havaianas.com/pt-BR/stores/concept/ Fonte: Dantas (2009). 3.2.2 Ambiente social O estudo do ambiente social trata de como outras pessoas afetam um consumidor em uma situação de consumo. Por exemplo, a presença de um grupo de colegas ou amigos pode ter como consequência pressões de conformidade sobre um consumidor para que compre determinadas marcas ou tipos de produtos. Segundo Peter e Olson (2009), os consumidores podem interagir com outras pessoas tanto diretamente (trocar ideias com o vendedor) http://br.havaianas.com/pt-BR/stores/concept/ quanto indiretamente (observar as roupas que outras pessoas estão vestindo). Essas interações sociais podem exercer forte influência sobre o conhecimento e os sentimentos dos consumidores em relação a produtos e lojas e sobre o seu comportamento de consumo. Por exemplo, estudos realizados pelo antropólogo Paco Underhill5 mostram que duas mulheres comprando juntas gastam, no mínimo, oito minutos dentro de uma loja. Se uma criança estiver junto, o tempo é reduzido para sete minutos. Na companhia de um homem e de sua falta de paciência, o tempo é reduzido para menos de quatro minutos. Muitas vezes, os motivos sociais explicam por que as pessoas saem às compras. Comprar pode ser uma experiência social importante para os consumidores em determinados momentos. Para Blackwell et al. (2005), o tipo de pessoa que compra em uma loja afeta a intenção de compra dos consumidores em razão da tendência de compatibilizar a autoimagem com a imagem da loja. Alguns consumidores podem também evitar algumas lojas porque não querem ser associados com elas. Por exemplo, pessoas jovens podem evitar certas lojas por perceber que são frequentadas por pessoas mais velhas e vice versa. Uma das estratégias utilizadas por alguns hotéis é justamente não aceitar crianças menores de 14 anos, visando atrair casais que querem desfrutar de alguns momentos de sossego. Outro aspecto do ambiente social são os efeitos da aglomeração sobre os consumidores. Uma aglomeração ocorre quando uma pessoa percebe que seus movimentos estão restritos por causa do espaço limitado. Isso pode resultar do excesso de pessoas, de uma área física limitada ou da combinação das duas coisas. Para Solomon (2002), a presença de um grande número de pessoas em um ambiente aumenta os níveis de excitação do consumidor, de modo que sua experiência subjetiva do local tende a ser mais intensa. Esse aumento, no entanto, pode ser positivo ou negativo – a experiência depende da interpretação desse estado de excitação feita pelo consumidor. Por esse motivo, é importante distinguir entre densidade e aglomeração. O primeiro termo refere-se ao verdadeiro número de pessoas que estão ocupando um espaço, enquanto o estado psicológico da aglomeração só existe se um estado afetivo negativo ocorrer como resultado dessa densidade. Por exemplo, cem alunos amontoados em uma sala de aula projetada para 75 estudantes resulta em uma situação desagradável para todos, mas o mesmo número de pessoas em uma festa ocupando uma sala do mesmo tamanho poderia contribuir para a animação. Quando os consumidores se veem em meio a uma aglomeração pode ocorrer uma série de reações diferentes. Os consumidores podem reagir reduzindo seu tempo de compra ou comunicando-se menos com os funcionários. A aglomeração na loja pode aumentar a ansiedade do cliente, diminuir a satisfação com o ato da compra e afetar de maneira negativa a imagem da loja. 3.2.3 Tempo Para Solomon (2006), o tempo é uma variável econômica, ou seja, um recurso que deve ser dividido entre as diversas atividades do consumidor. Os consumidores tentam maximizar a satisfação distribuindo o tempo em uma combinação apropriada de tarefas. Obviamente as decisões de distribuição diferem bastante, dessa forma as prioridades de um indivíduo determinam seu estilo de tempo. Atualmente, muitas pessoas acreditam estarem sendo mais pressionadas pelo tempo do que há algumas décadas, uma sensação chamada de escassez de tempo. Essa sensação de escassez de tempo tornou os consumidores muito receptivos a inovações de marketing que lhes permitem poupar tempo, como os restaurantes fast food e a internet banking. Segundo Mowen e Minor (2003), o tempo pode ser analisado a partir de três perspectivas diferentes: (1) diferenças individuais na concepção de tempo; (2) o tempo como um produto; (3) o tempo como uma variável situacional.No âmbito pessoal, os consumidores usam seu tempo de quatro maneiras diferentes: trabalho, necessidades básicas (dormir, comer), afazeres domésticos e lazer. A maneira como as pessoas escolhem usar seu tempo e distribuí-lo entre as diversas atividades diz muito a respeito do estilo de vida delas. Por exemplo, a presença ou ausência de filhos pequenos pode influenciar fortemente a maneira como o tempo é gasto pelos casais. O tempo também pode ser considerado um produto. Muitas compras são feitas a fim de se “poupar” tempo. Eletrodomésticos como forno de micro-ondas e lavadoras de roupas existem, em parte, com o propósito de economizar tempo. As lojas de autosserviço se desenvolveram a partir da premissa de proporcionar compras rápidas, sem perda de tempo. Finalmente, a característica situacional de tempo que influencia os consumidores é sua disponibilidade. O tempo que um consumidor tem disponível para realizar uma tarefa como comprar um produto influenciará a estratégia empregada para selecionar e comprar esse produto. A busca de informações também é bastante influenciada pela disponibilidade de tempo. Por exemplo, o uso de informações disponíveis diminui e dá-se mais importância a informações negativas ou desfavoráveis quando as pressões de tempo são mais fortes (MOWEN; MINOR, 2003). 3.2.4 Definição de tarefa Afinal, as pessoas adoram ou detestam comprar? Depende da situação. A maioria dos consumidores pode ser segmentada em termos de sua orientação de compra, ou atitudes gerais em relação ao ato de comprar. Essas orientações podem variar dependendo das categorias específicas de produtos e serviços e dos tipos de lojas considerados. Por exemplo, alguém pode detestar comprar roupas, mas adorar comprar eletrônicos. Para Solomon (2006), em geral, os compradores podem ser classificados nas seguintes categorias: comprador econômico: racional, com metas definidas, que está essencialmente preocupado em maximizar o valor de seu dinheiro; comprador personalizado: aquele que tende a formar fortes laços com as equipes das lojas (compra onde sabem quem ele é); comprador ético: valoriza aspectos como responsabilidade social e sustentabilidade. Por exemplo, prefere comprar em pequenos estabelecimentos locais em vez de em grandes redes multinacionais; comprador apático: aquele que não gosta de comprar e vê a compra como uma tarefa necessária, mas desagradável; comprador recreativo: aquele que vê a compra como uma atividade social divertida e um modo agradável de passar o tempo livre. As razões pelas quais as pessoas compram e consomem produtos e serviços variam. Esses propósitos de compra formam o que se chama de definição de tarefa, ou seja, as razões situacionais para se comprar ou consumir um produto ou serviço em um determinado tempo e lugar. Por exemplo, a razão para tomar um café pode ser desde um hábito diário até uma maneira de relaxar ou manter-se acordado. Intimamente relacionada à definição de tarefa está a situação de uso. As situações de uso formam o ambiente no qual um produto é utilizado e influenciam as características que o consumidor procura em um produto. Por exemplo, o vinho espumante é uma bebida muito associada ao período das festas de fim de ano. Para estimular o consumo em outras épocas o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho)6 lançou uma campanha de comunicação com o conceito “O clima sempre é bom”, com o objetivo de estimular o consumo do espumante brasileiro durante todo o verão. Um ritual importante na maioria das sociedades é o de dar e receber presentes. Os presentes refletem status (joias), denotam ritos de passagem (como formaturas) e influenciam a socialização de crianças por meio da formação de papéis sociais segundo o gênero (por exemplo, meninos ganham bolas e meninas ganham bonecas). O ato de presentear tem fortes características simbólicas, assim as pessoas que dão presentes administram significados que o presente transmite a respeito da pessoa que dá, da pessoa que recebe e da natureza da relação entre as duas. Por exemplo, existe uma tendência de comprar presentes mais caros e de maior qualidade para eventos importantes e que ocorrem com pouca frequência, como casamentos. Já para eventos que ocorrem com maior frequência, como aniversários, os presentes costumam ser mais tradicionais e de valor mais acessível (SOLOMON, 2006). 3.2.5 Estados antecedentes Para Mowen e Minor (2003), estados antecedentes são aqueles estados de espírito e fisiológicos temporários que acompanham um consumidor em uma situação de consumo. São exemplos de estados antecedentes condições temporárias como fome, sede, sono e estado de espírito. Estados de espírito são variações temporárias na maneira como as pessoas se sentem. Essas variações vão da felicidade até sentimentos negativos. Por exemplo, consumidores que vão ao supermercado com fome tendem a comprar mais itens de alimentos supérfluos, por impulso. Já na visão de Solomon (2006), o humor ou a condição psicológica de uma pessoa no momento da compra pode ter um grande impacto sobre o que é comprado e também afetar o modo como os produtos são avaliados. O humor do consumidor pode ter um grande impacto sobre as decisões de compra. Por exemplo, o estresse pode dificultar o processamento de informações e as habilidades para resolução de problemas. Duas dimensões, o prazer e a excitação determinam se um comprador reagirá positiva ou negativamente a um ambiente de consumo. Diferentes combinações de níveis de prazer e excitação resultam em uma série de estados emocionais, conforme o Quadro 3 a seguir: Quadro 3 – Dimensões dos estados emocionais do consumidor Estimulante Entediante Excitante Melancólico Agradável Desagradável Relaxante Angustiante Fonte: adaptado pela autora com base em Solomon (2006, p. 238). Um estado de espírito é uma combinação de prazer e excitação. Por exemplo, uma determinada situação pode ser sentida como angustiante ou animadora dependendo se o contexto é positivo ou negativo (uma briga de rua versus um festival ou um desfile de rua). A manutenção de um sentimento estimulante em um contexto agradável é um fator que está por trás do sucesso de diversos parques temáticos, como a DisneyWorld, que procuram fornecer doses substanciais de estímulo cuidadosamente calculado aos visitantes, conforme vemos a seguir. Segundo a Revista Travel and Leisure, mais de 17 milhões de pessoas do mundo inteiro visitam o Magic Kingdom a cada ano, tirando fotos de Mickey Mouse e do icônico castelo da Cinderela e se divertindo em atrações como Piratas do Caribe e Space Mountain. Coração dos quatro parques que formam o complexo de Walt Disney World, em Orlando, nos Estados Unidos, o Magic Kingdom tem desfiles de personagens todas as tardes, seguidos de queima de fogos de artifício. Fonte: Kelleher (2012). Complementação de Estudos Leia mais sobre o impacto da atmosfera da loja no comportamento do consumidor acessando os artigos: 1. “Análise sobre a Relevância da Atmosfera da Loja no Varejo de Moda”, dos autores Marconi Freitas da Costa e Neilza Oliveira de Queiroz, disponível nos Anais do XI Semead – Seminários em Administração (FEA/USP): http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/15.pdf 2. “Atmosfera de loja como um elemento da estratégia varejista”, dos autores Beatriz Cavalcante Chamie, Ana Akemi Ikeda e Juracy Parente, disponível na RAD ‒ Revista Administração em Diálogo da PUC/SP: http://revistas.pucsp.br/index.php/rad/article/view/10178/7644 __________ 3 Fonte: <http://www.teclamusic.com/play>. Acessado em: 30 out. 2013. 4 Lojas que quebram a cadeia do varejo e abrem um canal direto entre a indústria e o consumidor, sem depender de intermediário. Fonte: <http://www.varejista.com.br/artigos/tendencias/794/atracao-retencao-e-fidelizacao-o- papel-das-lojas-conceito>. Acessado em: 22 out. 2013. 5 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/060202/entrevista_integra.html>. Acessado em: 12 nov. 2013. 6 Disponível em: <http://www.ibravin.org.br>. Acessado em 23 nov. 2013.
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