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Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 1 O exame da cabeça compreende a observação dos seguintes pontos: • Tamanho e forma do crânio • Posição e movimentos • Superfície e couro cabeludo • Exame geral da face • Exame dos olhos e supercílios • Exame do nariz • Exame da região bucomaxilofacial • Exame otorrinolaringológico. Quanto ao TAMANHO as variações mais frequentes são: macrocefalia e microcefalia. Macrocefalia: crânio anormalmente grande, cuja causa mais frequente é a hidrocefalia. Outras causas mais raras são acromegalia e raquitismo. Microcefalia: crânio anormalmente pequeno em todos os diâmetros. Pode ser congênita, hereditária, de causa desconhecida ou ser decorrente de uma doença cerebral (p. ex., toxoplasmose congênita, encefalite viral). Quanto a FORMA, há várias alterações decorrentes do fechamento precoce do crânio (cranioestenose) de uma ou várias estruturas: Acrocefalia ou crânio em torre (turricefalia/hipsocefalia): a cabeça é alongada para cima, pontuda, lembrando uma torre. É a forma mais frequente de cranioestenose. Pode mostrar-se isolada ou associada a outras anomalias esqueléticas. Escafocefalia: levantamento da parte mediana do crânio, conferindo um aspecto de casco de navio invertido. Exame de Cabeça e Pescoço Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 2 Dolicocefalia: aumento do diâmetro anteroposterior, que se torna muito maior que o transverso. Braquicefalia: corresponde ao aumento do diâmetro transverso. Plagiocefalia: é a deformidade que confere ao crânio um aspecto assimétrico, saliente anteriormente de um lado e, posteriormente do outro. Pode ser relacionado a posição de dormir. EXAME GERAL DA FACE Analisam-se a simetria, a expressão fisionômica ou mímica facial, a pele e os pelos. A perda da simetria instala-se em quaisquer tumefações ou depressões unilaterais (abscesso dentário, tumores, anomalias congênitas) (Figuras 15.2 e 15.8). Outra causa de assimetria é a paralisia facial (Figura 15.3). Nesta condição, perde-se completa ou parcialmente a motilidade voluntaria e da mímica de um dos lados. Ao se movimentar o lado sadio (franzir a testa, fechar os olhos, abrir a boca), acentua-se a assimetria. Figura 15.2 Assimetria facial de origem congênita. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 3 Figura 15.3 Assimetria facial por paralisia facial esquerda. O crescimento das parótidas por processo inflamatório (p. ex., caxumba) ou hipertrofia das glândulas salivares (como ocorre em pacientes com megaesôfago) modifica caracteristicamente a configuração facial (Figura 15.4). A expressão fisionômica faz parte da fácies, a qual pode denunciar o estado de humor do individuo, indicando tristeza, desânimo, esperança, desespero, ódio ou alegria. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 4 EXAME DOS OLHOS E SUPERCÍLIOS Os supercílios, bastante variáveis de um indivíduo para outro, podem sofrer queda (madarose), como ocorre no mixedema, hanseníase, esclerodermia, quimioterapia, senilidade e na desnutrição acentuada. Os olhos são de extraordinário valor semiológico, devendo receber a devida atenção com um exame metódico e detalhado. ® PÁLPEBRAS Deve-se verificar se há edema, retração palpebral, epicanto, ectrópio, entrópio, equimose, xantelasma (placas amareladas em alto relevo) (Figura 15.5) ou outras alterações. Um achado importante é a queda da pálpebra (ptose palpebral – Figura 15.5), uni ou bilateral, que ocorre na paralisia do III par (paralisia do músculo da pálpebra superior), na síndrome de Claude- BernardHorner (paralisia do simpático cervical) e na miastenia gravis. O não fechamento dos olhos por paralisia do músculo orbicular das pálpebras (lagoftalmo, sinal de Bell) aparece na paralisia facial periférica. ® FENDA PALPEBRAL Com variações normais de acordo com as raças pode estar normal, aumentada (exoftalmia), diminuída ou ausente (ptose palpebral), ou substituída por uma prega cutânea (mongolismo). ® GLOBO OCULAR No globo ocular podemos encontras as seguintes alterações: § Exoftalmia: protrusão do globo ocular, unilateral (tumores oculares ou retro oculares) ou bilateral (hipertireoidismo). Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 5 § Enoftalmia: globo ocular afundado para dentro da órbita com diminuição da fenda palpebral. Ocorre na síndrome de Claude- BernardHorner (geralmente unilateral) e na desidratação (geralmente bilateral) § Desvios: são observados nos estrabismos. É divergente quando o globo ocular se desvia lateralmente (paralisia do reto medial, paralisia do III nervo) ou convergente com desvio medial por paralisia do reto lateral (VI par) § Movimentos involuntários: o mais frequente é o nistagmo, constituído por abalos do globo ocular e oscilações rápidas e curtas de ambos os olhos. O nistagmo pode ser nos sentidos horizontal, rotatório ou vertical, sendo mais perceptível quando o paciente olha para os lados e para longe. ® CONJUNTIVAS Normalmente são róseas, observando-se a rede vascular, levemente desenhada. Tornam-se pálidas nas anemias, amareladas na icterícia e hiperemiadas nas conjuntivites. A presença de secreções também deve ser investigada. A vermelhidão ocular é uma condição muito comum, e apresenta diferentes causas: traumatismo, infecção, alergia e aumento da pressão intraocular (glaucoma). Crises de tosse ou de vômitos podem ocasionar hemorragia conjuntival. As causas de hiperemia conjuntival são: § Conjuntivite § Infecção da córnea, irite aguda e glaucoma agudo § Hemorragia subconjuntival ® ESCLERÓTICA, CÓRNEA E CRISTALINO Deve-se buscar alterações da cor (escleróticas amareladas na icterícia, arco senil, anel de Kayser Fleischer na degeneração hepatolenticular) e das outras características dessas estruturas. ® PUPILAS Quanto as pupilas devem-se observar: § Forma § Tamanho: MIDRÍASE (pupila dilatada) enquanto MIOSE (pupila contraída), ANISOCORIA (pupilas de tamanho desigual). § Localizacao § Reflexos Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 6 ® MOVIMENTACAO OCULAR É testada solicitando-se ao paciente movimentar os olhos para os lados, para cima e para baixo. Na paralisia supranuclear progressiva (PSP), o paciente tem dificuldade na movimentação ocular, notadamente no sentido vertical. EXAME DO NARIZ À inspeção externa, é possível evidenciarem-se deformidades não patológicas e alterações indicativas de lesões de diversas etiologias, como, por exemplo, no rinofima, em que há espessamento da pele, que se torna brilhante e avermelhada, e desenvolvimento das glândulas sebáceas (Figura 15.7A). A hipertrofia do nariz como um todo é observada na acromegalia e no mixedema. Modificação da forma do nariz. Observa-se ulceração com perda da pele da asa nasal esquerda e ponta do nariz acompanhada de perda da cartilagem do septo nasal. Eritema malar. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 7 EXAME A REGIÃO BUCOMAXILOFACIAL Para o exame intrabucal deve-se utilizar a olfação, a inspeção, a palpação e a percussão. O conhecimento detalhado dos aspectos normais é fundamental para a detecção precoce de alteração na boca. A sequência sugerida é (Figura 15.9): § Semimucosa labial superior e inferior § Mucosa labial superior e inferior § Mucosa jugal (bochecha) direita e esquerda § Palato duro § Palato mole § Orofaringe § Dorso da língua § Lateral da língua § Ventre da língua § Assoalho da boca § Reborda alveolar (dentes e gengivas) § Função das glândulas salivares (“ordenha das glândulas parótida e submandibular” que deve sempre ser realizada quando a anamnese revela queixas associadas e/ou exame físico evidência alterações da quantidade e/ou qualidade da saliva). Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 8 Larissa IrigoyenExame de cabeça e pescoco junho/21 9 EXAME DOS LÁBIOS Os lábios (superior e inferior) devem ser inspecionados e palpados para se averiguar coloração, forma, textura e flexibilidade, assim como presença de lesões. Sua cor, largura e formato variam de acordo com a etnia e as características genéticas herdadas. Pessoas negras tendem a ter lábios mais grossos e largos do que as brancas. Os lábios apresentam uma semimucosa e uma mucosa labial. A semimucosa é também conhecida como “vermelhão do lábio”, sendo a parte da boca exposta diretamente ao meio externo. A mucosa labial é a parte da mucosa bucal que reveste internamente os lábios superior e inferior. A semimucosa labial normal apresenta-se simétrica, de coloração geralmente rosada, lisa, hidratada, sendo comum a presença de sulcos delicados, que podem se tornar acentuados com o aumento da idade ou com a falta dos dentes (Figura 15.10). Não é comum o aumento de volume e a existência de nódulos ou manchas brancas ou escuras. Quanto à cor, investigar se há palidez ou cianose, ambas facilmente perceptíveis. Múltiplas pigmentações melânicas ocorrem na síndrome de Peutz Jeghers. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 10 A afecção mais encontrada no exame da mucosa labial é a estomatite, designação que abrange a maioria dos processos inflamatórios, sendo mais frequentes nessa região a estomatite aftosa e a herpetiforme (Figura 15.11). EXAME DA CAVIDADE BUCAL A cavidade bucal ou oral, propriamente dita, é limitada anteriormente pelos lábios e inferiormente pelo assoalho da boca, no qual repousa a língua, enquanto as regiões jugais representam os limites laterais. Os pilares anteriores e a úvula formam o limite posterior. A cavidade bucal apresenta um conjunto de estruturas banhados pela saliva, desempenhando importantes funções referentes à mastigação dos alimentos e à fonação, tendo flora microbiana própria de grande potencial defensivo (Figura 15.12). Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 11 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 12 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 13 Língua pilosa. Os “pelos” correspondem às papilas filiformes alongadas e a cor varia de amarelada a preta. A causa é frequentemente desconhecida, mas podem ocorrer durante o uso de antibióticos, infecções (especialmente por bactérias cromogênicas) e em tabagistas. Língua geográfica. Esta designação justificase quando se percebem áreas avermelhadas irregulares, nitidamente delimitadas por bordas esbranquiçadas e circinadas, lembrando um mapa geográfico, as quais mudam de localização periodicamente. Em geral, as áreas vermelhas correspondem a atrofia epitelial que reflete mais o conjuntivo, contrastando Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 14 limites esbranquiçados que sugerem ser, equivocadamente, a parte comprometida. Da mesma maneira que a língua saburrosa, esta alteração costuma gerar preocupação em muitos pacientes, mas é desprovida de significado clínico. Estresse emocional pode ser fator desencadeante ou de exacerbação. Língua fissurada. Caracterizase pela presença de sulcos irregulares, podendo estar associada à deficiência de vitaminas do complexo B. Essa condição favorece o acúmulo de saburra, ardência e queimação, principalmente relacionada a ingestão de alimentos ácidos ou condimentados. Língua crenada. Apresenta suas margens marcadas pelo contorno dos dentes, caracterizando pressão exercida pelos limites dentários. Pode estar associada a língua de grandes dimensões em cavidade bucal pequena ou ao hábito de sucção da língua. Macroglossia. Significa aumento global da língua. Hipotireoidismo, acromegalia e amiloidose são as causas mais frequentes. Língua trêmula. É comum a observação de tremor lingual. Pode aparecer em indivíduos normais, porém esse achado deve levantar a possibilidade de hipertireoidismo, alcoolismo e parkinsonismo. Desvio da língua da linha mediana. Para tornar bem evidente o desvio de língua, solicitase ao paciente que a coloque para fora da boca o máximo possível. Pode ser observada na hemiplegia e nas lesões do nervo hipoglosso. Glossite. Inflamação generalizada da língua que se caracteriza basicamente pela vermelhidão. Quase sempre o paciente se queixa de dor espontânea ou desencadeada por alimentos quentes. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 15 Figura 15.16 Assoalho bucal. A. Aspecto normal (paciente portador de aparelho de contenção dentária, após tratamento ortodôntico). B. Rânula. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 16 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 17 Pescoço O pescoço normal tem formato quase cilíndrico, de contorno regular, notando-se em sua face anterior duas leves saliências, obliquamente dirigidas para cima, que correspondem aos músculos esternocleidomastóideos e uma proeminência central que corresponde à cartilagem tireoide (pomo de Adão). O esternocleidomastóideo separa o triângulo anterior do triângulo posterior do pescoço. Apresenta grande mobilidade (ativa e passiva) que lhe permite executar movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralidade. Dentro dos limites normais, apresenta variações de forma e volume em relação com o biotipo. Nos brevilíneos, o pescoço é curto e grosso e, nos longilíneos, alongado e fino. A diferença mais notável em relação ao sexo é a maior proeminência do pomo de Adão nos homens. A estrutura do pescoço é complexa e, do ponto de vista semiológico, destacam-se a pele, a tireoide, a musculatura, os vasos (jugulares e carótidas), os linfonodos e a coluna cervical. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 18 Semiotécnica Faz-se o exame do pescoço por meio de inspeção, palpação e ausculta. A inspeção permite obter dados referentes a: § Pele § Forma e volume § Posição § Mobilidade § Turgência ou ingurgitamento das jugulares § Batimentos arteriais e venosos. EXAME DA TIREOIDE Usam-se duas manobras para a palpação da tireoide: Abordagem posterior: paciente sentado e o examinador de pé atrás dele. As mãos e os dedos rodeiam o pescoço com os polegares fixos na nuca, e as pontas dos indicadores e médios quase a se tocarem na linha mediana (Figura 15.27A). O lobo direito é palpado pelos dedos médio e indicador da mão direita; para o lobo esquerdo, usamos os dedos médio e indicador da mão esquerda (Figura 15.27B e C) Abordagem anterior: paciente sentado ou de pé e o examinador também sentado ou de pé, postado à sua frente. São os dedos indicadores e médios que palpam a glândula enquanto os polegares apoiam-se sobre o tórax do paciente (Figura 15.27D). O lobo direito é palpado pelos dedos médio e indicador da mão esquerda e o lobo esquerdo é palpado pelos dedos médio e indicador da mão direita (Figura 15.27E). Seja qual for a manobra empregada, sempre se solicita ao paciente que faça algumas deglutições enquanto se palpa firmemente a glândula. A tireoide eleva-se durante o ato de deglutir. A flexão do pescoço ou uma rotação discreta do pescoço para um lado ou para o outro provoca relaxamento do músculo esternocleidomastóideo, facilitando a palpação da tireoide. Com a técnica correta podem ser obtidos dados referentes a: § Volume: normal ou aumentado, difuso ou segmentar. Qualquer aumento é designado bócio § Consistência: normal, firme, endurecida ou pétrea § Mobilidade: normal ou imóvel (aderida aos planos superficiais e profundos) § Superfície: lisa, nodular ou irregular Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 19 § Temperatura da pele: normal ou quente § Frêmito e sopro: presente(s) ou ausente(s) § Sensibilidade: dolorosa ou indolor. Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 20 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/2121 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 22 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 23 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 24 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 25 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 26 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 27 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 28 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 29 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 30 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 31 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 32 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 33 Larissa Irigoyen Exame de cabeça e pescoco junho/21 34
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