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PROJETO ARQUITETÔNICO E COMPUTAÇÃO GRÁFICA UIA 2 | FUNDAMENTOS DO PROJETO ARQUITETÔNICO ! ! ! VERSÃO PARA IMPRESSÃO Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 2 Este material é destinado exclusivamente aos alunos e professores do Centro Universitário IESB, contém informações e conteúdos protegidos e cuja divulgação é proibida por lei. O uso e/ou reprodução total ou parcial não autorizado deste conteúdo é proibido e está sujeito às penalidades cabíveis, civil e criminalmente. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 3 SUMÁRIO ! Aula 7 | Desenho Arquitetônico .................................................................................................. 5! 7.1. Conceitos Fundamentais ................................................................................................................ 5! 7.1.1. Desenho Projetivo Bidimensional ......................................................................................................................... 6! 7.1.2.! Elementos Sem Escala: Escrita, Símbolos Gráficos e Cotas ...................................................................... 8! 7.1.3.! Uso de Escala ............................................................................................................................................................ 9! 7.1.4.! Diferenciação de Penas ..................................................................................................................................... 11! Aula 8 | Projeto de Arquitetura – Conceitos Fundamentais ................................................... 13! 8.1. Etapas do Projeto de Arquitetura ................................................................................................ 13! 8.1.1. Estudos Preliminares e Partido Arquitetônico .............................................................................................. 13! 8.1.2.! Anteprojeto ............................................................................................................................................................ 14! 8.1.3.! Projeto de Aprovação ........................................................................................................................................ 14! 8.1.4.! Projeto Executivo ................................................................................................................................................. 14! 8.1.5.! Projeto Conforme Construído – As Built ...................................................................................................... 15! 8.2. O Projeto de Arquitetura .............................................................................................................. 15! 8.2.1.! Planta de Situação ............................................................................................................................................... 15! 8.2.2.! Planta de Locação ................................................................................................................................................ 17! 8.2.3.! Planta ou Diagrama de Cobertura ou Coberta ......................................................................................... 19! 8.2.4.! Planta Baixa ............................................................................................................................................................ 20! 8.2.5. Cortes ........................................................................................................................................................................... 24! 8.2.6. Fachadas ..................................................................................................................................................................... 26! Aula 9 | Detalhamento – Áreas Molhadas, Esquadrias e Telhados ........................................ 27! 9.1. Ampliações e Elevações Internas ................................................................................................ 28! 9.1.1.! Desenho de Detalhes ......................................................................................................................................... 29! 9.1.2. Ordem e Numeração dos Desenhos e Pranchas .......................................................................................... 35! Aula 10 | Norma Técnica para Representação de Projetos de Arquitetura – NBR 6492/1994 ..................................................................................................................................................... 36! 10.1. Forma de Apresentação ............................................................................................................. 37! 10.1.1. Formato do Papel e Dobramento para Arquivamento e Cópias ......................................................... 37! 10.1.2. Margens e Legenda .............................................................................................................................................. 37! 10.2. Representação – Desenho Arquitetônico ................................................................................. 38! 10.2.1. Escalas ........................................................................................................................................................................ 38! 10.2.2. Escrita ......................................................................................................................................................................... 38! 10.2.3. Simbologia Gráfica ................................................................................................................................................ 39! 10.2.4. Cotagem ................................................................................................................................................................... 42! Aula 11 | Procedimentos Iniciais para Elaboração de Projetos de Arquitetura .................... 43! 11.1. Levantamento de Dados ............................................................................................................ 44! 11.1.1. Dados do Sítio e do Entorno .............................................................................................................................. 44! 11.1.2. Elementos da Legislação .................................................................................................................................... 45! 11.1.3. Dados Socioeconômicos ..................................................................................................................................... 46! 11.2. Definição de Parâmetros ............................................................................................................ 46! 11.2.1. Programa de Necessidades ................................................................................................................................ 46! Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 4 11.2.2. Pré-Dimensionamento Físico ............................................................................................................................ 49! 11.2.3. Acessos e Fluxos .................................................................................................................................................... 50! 11.2.4. Decisões Técnicas .................................................................................................................................................. 52! 11.3. Estudos de Viabilidade ............................................................................................................... 52! 11.3.1. Estudo de ViabilidadeEconômica ................................................................................................................... 53! 11.3.2. Estudo de Viabilidade Técnica .......................................................................................................................... 53! Aula 12 | Noções de Topografia e de Estruturas ...................................................................... 54! 12.1. Conceitos Básicos de Topografia .............................................................................................. 54! 12.1.1. Movimento de Terra ............................................................................................................................................. 55! 12.1.2. Curvas de Nível ....................................................................................................................................................... 56! 12.1.3. Perfil do Terreno e Corte Topográfico ........................................................................................................... 58! 12.1.4. Representação de Elementos Topográficos ................................................................................................ 59! 12.2. Conceitos Fundamentais do Projeto de Estruturas ................................................................. 62! 12.2.1. Concepção Estrutural ........................................................................................................................................... 62! 12.2.2. Uso de Modulação em Projetos de Arquitetura ......................................................................................... 65! 12.2.3. Pré-Dimensionamento em Arquitetura ........................................................................................................ 66! 12.2.4. Representação Gráfica dos Elementos Estruturais .................................................................................... 67! 12.2.5. Interpretação de Projetos de Estruturas ....................................................................................................... 67! Referências ................................................................................................................................. 71! Glossário ..................................................................................................................................... 71! ! ! Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 5 AULA 7 | DESENHO ARQUITETÔNICO Olá, estudante, bem-vindo(a) à segunda Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA). Nesta aula, falaremos dos conceitos fundamentais do desenho arquitetônico, incluindo desenho projetivo bidimensional, elementos sem escala, uso de escala e diferenciação de penas. Boa aula! 7.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS O desenho é a forma de comunicação mais utilizada por arquitetos e começou a ser usado como principal meio de representação do projeto arquitetônico a partir do Renascimento, nos trabalhos de Brunelleschi e Leonardo da Vinci. Nesse contexto, não existiam conhecimentos sistematizados na área, o que tornava o desenho livre e sem normatização. Um dos grandes avanços em desenho técnico se deu com a geometria descritiva de Gaspar Monge (1746-1818), que apresentou um método de representação das superfícies tridimensionais dos objetos sobre a superfície bidimensional do papel, utilizada até hoje para diversos tipos de desenho, como foi estudado na Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA) 1. A partir da Revolução Industrial, os projetos das máquinas passam a demandar mais rigor na representação e os projetistas começam a sistematizar um meio comum para se comunicarem. Dessa forma, a partir do século XIX, instituem-se as primeiras normas técnicas de representação gráfica de projetos. O desenho arquitetônico é, portanto, uma especialização do desenho técnico normatizado, cujo objeto a ser representado é um edifício. Como o edifício ainda não existe, é um projeto, ele precisa ser completamente caracterizado para que possa ser construído. O desenho arquitetônico é, portanto, um código para uma linguagem gráfica padronizada, estabelecida entre o desenhista e os leitores do projeto. Entende-se, assim, o desenho arquitetônico como todo o conjunto de registros gráficos elaborados pelo arquiteto durante o processo de um projeto, que envolve diferentes leitores. Os desenhos de croquis representam as etapas iniciais e intermediárias do processo de concepção da obra arquitetônica. São esboços e desenhos à mão livre, nos quais as primeiras ideias são trabalhadas à medida que tomam uma forma mais técnica. Inicialmente, o projetista é o leitor do seu próprio desenho e visualiza espacialmente suas ideias em um papel. É uma espécie de diálogo de quem projeta consigo mesmo. Esses desenhos iniciais podem também ser compartilhados, e o diálogo passa a envolver outros leitores, que podem ser arquitetos e engenheiros, num trabalho em equipe, ou o professor orientador, nas escolas de Engenharia e Arquitetura. Obra de Filippo Brunelleschi: cúpula da catedral Santa Maria del Fiore, em Florença, construída em 1434. ! Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 6 A partir daí, o arquiteto precisa apresentar suas ideias, em forma de desenhos, para seus clientes, elaborando desenhos que sejam legíveis, inclusive para os leigos, para pessoas que não estudaram o desenho técnico. Nessa fase, os desenhos precisam ter proporções corretas, porém, a representação é menos técnica, podendo ser à mão livre, contendo elementos ilustrativos, como pessoas, móveis e utensílios. Somente após a apreciação e aprovação do projeto pelo cliente é que serão elaborados os desenhos técnicos de acordo com as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Esse conjunto de desenhos irão subsidiar a elaboração dos projetos complementares por parte dos outros profissionais técnicos envolvidos. A partir daí, todos os profissionais precisam “falar” a mesma língua e, por isso, as normas técnicas devem ser respeitadas, e os desenhos devem apresentar o rigor técnico necessário à execução da obra. Podemos perceber que existem diversos tipos de desenhos de arquitetura, a depender da etapa projetual. No entanto, para se cumprir o objetivo de caracterizar um edifício para que seja construído, é necessário adotar padrões técnicos de representação. Algumas normas técnicas estudas na UIA 1 serão aplicadas ao desenho de arquitetura, no entanto, a norma técnica específica para o desenho arquitetônico, a NBR 6492/1994, será discutida na Aula 10. No próximos tópicos, serão apresentados os conceitos fundamentais necessários à compreensão e elaboração do desenho de arquitetura. 7.1.1. DESENHO PROJETIVO BIDIMENSIONAL O desenho arquitetônico tem a mesma base conceitual do desenho técnico e ambos tem seus conceitos básicos fundamentados na Geometria Descritiva e no sistema de projeção mongeano, cuja metodologia foi estudada na UIA 1. Não esqueça que o objetivo central de um projeto de arquitetura é a execução da obra do edifício. E, para que isso ocorra com qualidade, os desenhos devem informar todas as características da edificação, com clareza e sem margens para dúvidas, dentro do padrões recomendados pelas normas. O desenho arquitetônico, assim como o desenho técnico, é um método para representação de objetos tridimensionais numa folha de papel. Em ambos os casos, o objetivo é a caracterização completa de um objeto para que ele possa ser construído. O objeto a ser caracterizado no desenho de arquitetura é um edifício, porém, o método de projeção permanece o mesmo, com as mesmas bases conceituais estudadas até aqui. A partir dos conhecimentos adquiridos na UIA 1, faremos agora algumas analogias das vistas ortográficas com o desenho de representaçãode edificações. Na Figura 1, temos a correspondência entre as vistas ortográficas executadas no 1° diedro e cada uma das vistas de um edifício simples. A vista frontal corresponde à fachada principal da casa, e a vista posterior, à fachada dos fundos. A vista superior corresponde à planta de cobertura, e cada uma das vistas laterais correspondem às fachadas laterais. Na Aula 8, conceituaremos tecnicamente cada um dos desenhos aqui citados, além de alguns cortes, que dão origem a outros desenhos utilizados na representação da arquitetura. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 7 Figura 1: As seis projeções ortográficas no desenho arquitetônico (1) Fonte: MONTENEGRO, Gildo A. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Edgard Blacher, 1997. p. 45. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 8 Figura 2: As seis projeções ortográficas no desenho arquitetônico (2) Fonte: http://drb-assessoria.com.br/3vistasortogonais.htm Na Figura 2, é possível perceber os planos de projeção e a geração da épura, considerando a edificação como o objeto. A posição dos desenhos não é tão importante no desenho arquitetônico, apenas o método para obtenção das vistas permanece o mesmo utilizado no desenho técnico. No link a seguir, você poderá ver um resumo sobre as vistas ortogonais, assistir a uma animação e ver mais detalhadamente cada um dos desenhos resultantes da projeção. Siga até o final da página e clique na figura da casa inserida no cubo. Boa navegação! http://tinyurl.com/oyzzlt7 7.1.2. ELEMENTOS SEM ESCALA: ESCRITA, SÍMBOLOS GRÁFICOS E COTAS Além das linhas que representam o objeto arquitetônico em si, um projeto de arquitetura ou engenharia também é composto por elementos de escrita, por símbolos gráficos e pelas cotas, que especificam de maneira sistematizada as medidas da edificação. Os símbolos gráficos são: indicações do norte, do acesso principal, da nomeação e medidas das esquadrias1, cotas de nível, chamadas diversas para outros desenhos, e tudo que não representar o edifício, que é o objeto da projeção ortográfica. Esses elementos não possuem escala, e sim tamanhos e formas padronizados pela norma técnica. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 Designação genérica de portas, caixilhos, venezianas, etc. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 9 Independentemente da escala utilizada no desenho, esses elementos permanecem com o mesmo tamanho, por isso, são tratados como elementos do desenho que não apresentam variação em escala. Assim também são as margens e o selo das pranchas2. É um erro comum, mesmo com auxílio do computador, que esses os elementos apareçam em projetos com tamanhos equivocados. Por isso, é necessário esclarecer que eles não possuem escala. Suas dimensões são dadas em centímetros ou milímetros. A Figura 3 exemplifica alguns dos elementos sem escala utilizados em planta baixa. Os textos e símbolos gráficos (norte, cotas de nível, títulos de desenhos, chamadas de detalhes, indicação de corte, etc.) devem permanecer com a mesma dimensão caso a escala dos elementos de representação do edifício seja alterada. As dimensões da escrita, a forma e a dimensão dos símbolos gráficos e o critério de utilização de cada um deles serão estudadas na Aula 10. Figura 3: Elementos sem escala – dimensões e forma dadas pela NBR 6492 7.1.3. USO DE ESCALA O uso de escalas em desenho técnico é normatizado pela NBR 8196/1999, que foi estudada na Aula 6 da UIA 1 e é aplicável ao desenho arquitetônico. Porém, algumas peculiaridades sobre a escolha da escala de representação de edifícios serão tratadas aqui. Assim como no desenho técnico, para representar um edifício no papel, a fim de caracterizá-lo, é preciso planejar cada etapa. A escolha da escala é determinante para a qualidade da representação técnica e total caracterização do objeto arquitetônico, de forma que possa ser produzido. A escolha da escala também é determinante para o formato do papel a se utilizar. O nível de detalhe necessário para a compreensão do desenho também é determinante na escolha da escala de !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 2 Cada folha de um projeto. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 10 representação. Deve-se dar a preferência para as escalas derivadas do centímetro, pois apresentam maior facilidade de leitura. São elas: 1:100, 1:50 e 1:20 e suas derivações. Veja a seguir algumas recomendações sobre o uso das escalas para cada tipo de desenho. • Escala 1:50 – É a escala mais utilizada em desenho de projetos. É utilizada para desenho de plantas baixas, cortes e fachadas. Possui médio nível de detalhe, permitindo a representação legível das esquadrias e resultando num desenho de proporções adequadas para escrita das informações necessárias ao entendimento do projeto. • Escala 1:100 – Opção para plantas, cortes e fachadas quando é inviável o uso de 1:50. Possui baixo nível de detalhe, demandando uma representação esquemática de esquadrias e resultando num desenho de proporções pouco favoráveis à escrita das informações, principalmente em planta baixa. Pode ser usada para o desenho de plantas de situação e paisagismo e de diagrama de cobertura. É recomendada para desenhos que não necessitem de muitos detalhes. • Escalas 1:75 e 1:125 – Deve ser utilizada apenas em desenhos de apresentação que não necessitem ir para a obra, pois possuem mais dificuldade interpretação por não serem diretamente associadas com o centímetro. A escala 1:75 pode substituir a escala 1:50, em casos que for vantajoso a utilização dela. A escala 1:125 pode ser usada em substituição pela 1:100. • Escala 1:200 – Pode ser usada em plantas ou diagramas de cobertura. Também é adequada para representação geral de edifícios modulares cuja representação integral seja inviável na escala 1:50 ou 1:100. Nesse caso, representa-se em um desenho geral como se dá a disposição dos módulos e, então, esse módulo é desenhado em escala de maior nível de detalhe. A escala 1:250 também é uma opção para esses casos, apresentando a desvantagem de não ser derivada de 1,0 cm. • Escalas 1:20 e 1:25 – São escalas de alto nível de detalhe. Devem ser usadas em ampliações de banheiros, cozinhas ou outros compartimentos. O nível de detalhe do desenho deve justificar o uso da escala, não sendo aconselhável usar escalas de ampliação para representações gerais e esquemáticas. Nessas escalas, já é possível representar detalhes de paginação de piso, encaixes de bancadas e mobiliário fixo e a locação precisa das louças sanitárias, por exemplo. A escala 1:25 apresenta a desvantagem de não ser diretamente associada ao centímetro. • Escalas 1:1, 1:2, 1:5 e 1:10 – Detalhamentos em geral: detalhes de esquadrias, de telhados, detalhes de execução. Figura 4: Esboço – Nível de detalhe do desenho em diferentes escalas Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 11 Os critérios mais importantes para escolha da escala a ser utilizada são a forma e dimensão do projeto, o nível de detalhamento do desenho que se pretende atingir e o formato do papel. Não se deve escolher uma escala de detalhe se não se pretende atingir o nível de representação demandado pela escala. Também não é recomendado usar uma escala de baixo nível de detalhe se o objetivo é uma representação a nível executivo. Cada escala possui suas peculiaridades de representação. Procure pesar seus objetivos, as normas técnicas e os recursos disponíveis para apresentação do projeto,pensando sempre no leitor do projeto e na clareza das informações para a execução da obra. Observe, na Figura 4, os esboços dos diferentes níveis de detalhes a serem adotados nas diferentes escalas. Como será estudado na UIA 3, o desenho assistido por computador não tem escala. O objeto é desenhado em escala natural, e, depois, a escala de impressão é configurada. Portanto, quem determina o nível de detalhamento necessário é o desenhista. Não se recomenda, por exemplo, desenhar os encaixes da madeira da porta na parede em um desenho que será impresso em escala 1:50, pois isso não poderá ser visto na impressão. Somente se deve detalhar aqueles trechos da edificação que de fato aparecerão em um desenho de detalhe, em escala adequada para tal representação. O planejamento é muito importante para um bom resultado final do desenho de um projeto. Figura 5: Níveis de detalhe e elementos gráficos sem escala A Figura 5 mostra dois desenhos produzidos em computador que representam a mesma esquadria em planta baixa, em escalas de representação diferentes. Observe que, quanto menor o desenho, menor o nível de detalhamento que deve ser adotado, do contrário, o desenho dos detalhes se torna inócuo, pois não poderão ser percebidos no desenho impresso em escala. 7.1.4. DIFERENCIAÇÃO DE PENAS A base do desenho arquitetônico é a linha, cuja essência é a continuidade. Em um desenho constituído somente de linhas, a informação arquitetônica transmitida (espaço volumétrico; definição dos elementos Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 12 planos, sólidos e vazios; profundidade, etc.) depende primordialmente das diferenças discerníveis no peso visual dos tipos de linhas usados. Cada linha desenhada representa algo do objeto a ser construído. Nenhuma linha é aleatória ou sem significação técnica no desenho de arquitetura, cuja a essência é a separação dos materiais construtivos. A diferenciação das penas em desenho arquitetônico é uma convenção normatizada que segue uma lógica que não pode ser desprezada, pois é fundamental para a boa compreensão dos desenhos. É comum a percepção equivocada de que se trata de algo opcional, que não altera a leitura do desenho. Ao contrário, o uso adequado das espessuras e tipos de traços é indispensável para o correto entendimento do projeto de arquitetura. Suas bases estão nos conceitos primordiais do desenho arquitetônico, que, por sua vez, tem sua base no desenho técnico. Cabe ressaltar que a normalização dos tipos de traços para representação de edificações não obedece aos mesmos parâmetros do desenho técnico de peças mecânicas, dada sua especificidade. A NBR 6492, norma técnica específica para desenho de arquitetura, especifica os tipos de linhas e os seus critérios de utilização. A diferenciação de penas em desenho arquitetônico deve ser orientada pelos seguintes preceitos fundamentais: • deve haver uma hierarquia visual entre, pelo menos, três espessuras de linha – uma grossa, uma média e uma fina; • a linha mais grossa deve ter aproximadamente o dobro da linha média e não deve ter espessura superior a 0.9 mm, independente da escala. • a linha média deve ter aproximadamente o dobro da linha fina; • os elementos interceptados pelos planos de corte devem ser representados por linhas mais espessas; • elementos interceptados pelo plano de corte que possuem espessuras muito pequenas, como esquadrias ou forros, devem aparecer com a pena média, pois possuem suas espessuras em tão pequenas que inviabilizam o uso da pena grossa; • os elementos não interceptados por cortes sempre serão representados com linhas finas, que podem ficar mais finas à medida que os objetos se afastam do plano de corte; • as linhas tracejadas são usadas para representar elementos fora do plano de corte e sempre são finas e devem ter o mesmo padrão de tracejado, aplicado de maneira uniforme dentro de um mesmo desenho. Os tracejados também devem permanecer com a mesma distância; • as linhas do tipo traço e ponto são usadas nas indicações de cortes e em interrupções; • as linhas de indicação dos cortes são espessas apenas nas extremidades, nos locais onde interceptam a edificação nas paredes externas. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 13 A diferenciação de penas ocorre em qualquer escala, seguindo os mesmos preceitos. Os elementos de texto e simbologia gráfica devem ser desenhados do mesmo tamanho e com as mesmas espessuras de penas, dados pela NBR 6492, independentemente da escala utilizada. Termina aqui nossa primeira aula desta unidade. Introduzimos conceitos que serão importantes ao longo da unidade. Na próxima aula, serão estudados separadamente as definições e a especificidade de cada um dos desenhos que compõem um projeto de arquitetura completo. Esses conceitos servirão de base, inclusive, para o adequado uso de padrões de penas no desenho assistido por computador. Até lá! AULA 8 | PROJETO DE ARQUITETURA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Nesta aula, estudaremos as definições e a especificidade de cada um dos desenhos que compõem um projeto de arquitetura completo. Os conceitos apreendidos aqui têm grande valia para a formação nessa área. Continue estudando! 8.1. ETAPAS DO PROJETO DE ARQUITETURA As normas que tratam dos projetos de edificações trazem conceitos, procedimentos e descrevem os produtos técnicos típicos a serem apresentados em cada etapa do projeto de arquitetura. A NBR 13532 – Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura fixa as condições exigíveis para a elaboração de projetos de arquitetura para a construção de edificações. Essa norma é aplicável a todas as classes (ou categorias) tipológicas funcionais das edificações e a todas as classes (ou categorias) tipológicas formais das edificações. Deve-se consultar também a NBR 13531 – Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas – Procedimento. As normas devem ser consultadas e as peculiaridades de cada projeto devem ser consideradas no processo de elaboração dos projetos de edificações. Nos tópicos a seguir serão abordados os conceitos de cada etapa de um projeto de arquitetura. 8.1.1. ESTUDOS PRELIMINARES E PARTIDO ARQUITETÔNICO Os estudos preliminares se caracterizam por representar o estágio inicial do processo projetual, quando se analisa o problema, para a determinação da viabilidade de um programa e do partido a ser adotado. A partir dos estudos preliminares, são definidas as condicionantes do projeto, que deverão ser respeitadas em qualquer uma das soluções adotadas para a edificação (ODEBRECHT, 2006). São todos os estudos, que antecedem a concepção do objeto arquitetônico, que darão suporte para as decisões técnicas a serem tomadas durante a elaboração do projeto, tais como: • Levantamento de dados do terreno, da legislação, aspectos socioeconômicos dos usuários e do cliente. • Elaboração do Programa de necessidades. • Dimensionamentos físicos dos compartimentos conforme a função. • Estudos de fluxos. • Estudos de viabilidade técnica e financeira. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 14 Na Aula 11, abordaremos, de maneira aprofundada, os estudos iniciais necessários à elaboração do projeto de arquitetura. A partir do levantamento e análise dos dados, elabora-se estudos da forma, a volumetria e as estratégias para locação do edifício no lote e localização dos acessos. O partido arquitetônico é a ideia preliminar do edifício projetado, apresentada em forma de croquis, diagramas e desenhos mais expressivos. Após aprovação do cliente, a ideia será desenvolvida na forma de anteprojeto, ganhando cada vez mais rigor técnico na representação. 8.1.2. ANTEPROJETO Corresponde ao detalhamentodo partido arquitetônico com as medidas absolutas. Depois de lançada a ideia, o projeto necessita ser representado, com rigor, pelas normas do desenho técnico. Nessa etapa, as dimensões já têm mais precisão, a estrutura do edifício é lançada de modo preliminar e os sistemas construtivos são decididos. Nessa etapa do projeto, os desenhos são apresentados aos profissionais encarregados da elaboração dos Projetos Complementares, como de estruturas, instalações, entre outros. Nessa fase do projeto, os outros profissionais envolvidos devem fazer suas ressalvas e adequações para viabilizar a obra. A partir do anteprojeto, serão elaborados com mais rigor técnico os projetos de aprovação e o projeto executivo. 8.1.3. PROJETO DE APROVAÇÃO Segundo o IAB (2008), o projeto de aprovação é uma sub-fase ao anteprojeto, desenvolvida concomitante ou posteriormente a ele. Constitui a configuração técnico-jurídica da solução arquitetônica proposta para a obra, considerando as exigências contidas no programa de necessidade, o estudo preliminar ou anteprojeto aprovado pelo cliente e as normas técnicas de apresentação e representação gráfica emanadas dos órgãos públicos (em especial, Prefeitura Municipal, concessionárias de serviços públicos e Corpo de Bombeiro). Nos casos especiais, em que não haja necessidade de aprovação do projeto pelos poderes públicos, essa sub-fase deixa de existir. As regras para aprovação de um projeto variam de cidade para cidade e de acordo com o órgão a qual o projeto é submetido. As peculiaridades devem ser tratadas caso a caso, e já devem ser estudas antes do início da elaboração dos projetos. Não deixe de acessar o material “Roteiro para desenvolvimento do projeto de arquitetura da edificação”, disponível no link a seguir e no acervo da disciplina. http://tinyurl.com/mtweeu9 8.1.4. PROJETO EXECUTIVO O projeto da execução ou projeto executivo é o conjunto de documentos técnicos (memoriais, desenhos e especificações) necessárias à licitação e/ou execução (construção, montagem, fabricação) da obra. Constitui a configuração desenvolvida e detalhada do anteprojeto aprovado pelo cliente e revisado pelos profissionais envolvidos na elaboração dos projetos complementares. É importante ressaltar que os projetos complementares devem ser compatibilizados com o projeto de arquitetura e vice-versa, durante todo o processo de elaboração do projeto. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 15 8.1.5. PROJETO CONFORME CONSTRUÍDO – AS BUILT As built é uma expressão inglesa que significa “como construído”. Na área da Arquitetura e Engenharia, a expressão as built é encontrada na NBR 14645-1, elaboração de “como construído” ou “as built” para edificações. Os desenhos do projeto executivo são revisados com base no levantamento de todas as medidas existentes nas edificações. O projeto as built ou como construído deve representar a atual situação de dados e trajetos de instalações elétricas, hidráulicas, estrutural, etc. Esse projeto tem como objetivo facilitar a manutenção, assim como as futuras intervenções. Dessa forma, é importante que se tenha um registro das alterações ocorridas no projeto executivo durante a obra para elaboração do projeto as built. 8.2. O PROJETO DE ARQUITETURA Nos tópicos a seguir, serão abordadas os conceitos e as peculiaridades de cada um dos desenhos que compõem um projeto de arquitetura completo a nível de projeto executivo. Essa é a etapa final do projeto de arquitetura, na qual o rigor técnico e os desenhos apresentados objetivam a execução da obra. Nesse caso, para que um projeto seja considerado completo, devem ser apresentados, no mínimo, os seguintes desenhos: planta de situação; planta de locação; planta ou diagrama de cobertura; plantas baixas dos pavimentos; dois cortes, sendo um transversal e um longitudinal; as quatro fachadas; ampliações de locais de exijam detalhamento especial e detalhes em geral. Antes de partirmos para os tópicos de cada desenho, trataremos de esclarecer uma expressão muito comum em projetos de arquitetura. A expressão “planta” pode fazer referência a diversos tipos de desenho utilizados em projetos de arquitetura e engenharia, tais como planta de situação, planta de cobertura, planta de locação e planta baixa. São diferentes representações do objeto arquitetônico, mas com uma coisa em comum: todas são representações no plano horizontal. De maneira geral, as vistas em planta estão associadas diretamente à vista superior do objeto, com exceção das plantas baixas, que são vistas resultantes de cortes horizontais (de topo) da edificação, a aproximadamente 1,50 m de altura do piso de cada pavimento. É importante para o profissional ser cauteloso ao se referir à nomenclatura de um projeto da maneira correta. Um projeto envolve um processo de concepção e um conjunto de desenhos, não somente uma “planta”, como é comum se ouvir as pessoas falarem. Seja cuidadoso com o vocabulário técnico, usando adequadamente as expressões para se referir a cada um dos vários elementos que compõem um projeto de arquitetura. 8.2.1. PLANTA DE SITUAÇÃO Esse é o desenho que informa onde está situado o empreendimento para o qual o projeto é elaborado. Trata-se da vista ortográfica superior do terreno e dos arredores onde a obra será executada. Tem como finalidade básica identificar o formato, as dimensões e a localização do lote (em zona urbana) ou da terra (em zona rural). Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994) é a planta que compreende o partido arquitetônico Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 16 como um todo, em seus múltiplos aspectos. Pode conter informações específicas em função do tipo e porte do programa, assim como para a finalidade a que se destina. Segundo o roteiro do IAB (2008), no projeto executivo, a planta de situação/locação define detalhadamente a implantação da obra no terreno locando e dimensionando todos os elementos arquitetônicos, acessos, vias, áreas livres, muros, piscinas, quadras e outros, variáveis caso a caso. Indica afastamentos, cotas gerais e parciais e níveis de assentamento. A planta de situação também é chamada de planta de localização ou de implantação do projeto. É uma representação esquemática do terreno na quadra, contendo o entorno, lotes vizinhos e as principais vias de acesso, indicação do norte, números dos lotes, quadras. A planta de situação poderá conter informações sobre lotes vizinhos, quando necessário, e também informações topográficas, quando forem de extrema importância para o entendimento do projeto. O importante é que ela informe de maneira clara e objetiva aquilo que é importante ao entendimento do projeto. As informações e a escala da planta podem variar de acordo com as dimensões e complexidade da edificação e do terreno. Também existem variações locais sobre a exigência de informações que devam constar na planta de situação a depender do estado ou município onde serão elaboradas. Sempre consulte as recomendações dos órgãos públicos locais que examinarão o projeto para aprovação e execução. Para as plantas de situação em zona urbana, consideradas as dimensões médias dos lotes e construções, a escala mais conveniente, geralmente, é 1:1000. Em zona rural, a escolha da escala depende das dimensões da gleba3, podendo variar de 1:100 até 1:50.000. É comum a indicação de escala gráfica em plantas de situação, pois ela fornece ao leitor do desenho a noção de distância imediata sem a necessidade do uso de instrumento de medição. A orientação geográfica do lote ou gleba é um elemento indispensável ao desenho e deve ser indicada conforme recomendação da ABNT. Você verá mais detalhes na Aula 10, que trata das dimensões e formas dos elementos de simbologia gráfica de acordo com a NBR 6492. A Figuras6 ilustra um exemplo de planta de situação, na qual o lote aparece destacado com hachura e os elementos do entorno aparecem desenhados com linhas estreitas. As linhas de contorno dos limites do lote podem aparecer, por vezes, ligeiramente mais espessas que as demais, com o intuito de levar à leitura mais imediata da sua localização. Perceba que a escala que está escrita (1:1000) não corresponde à impressão do desenho, pois a cópia sofreu redução. Mesmo assim, a escala gráfica pode ser usada como referência dimensional para cálculo das distâncias. O tamanho da escrita, das cotas, da indicação do norte estão proporcionais à impressão do desenho na escala correta. Aqui aparecem reduzidos, porém, no limite da legibilidade. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 3 Área de terra não urbanizada. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 17 Figura 6: Planta de Situação – sem escala definida 8.2.2. PLANTA DE LOCAÇÃO A planta de locação também consiste em uma projeção ortográfica no plano horizontal, ou seja, uma vista ortográfica superior da edificação inserida no lote. A representação deve ser esquemática e possuir baixo nível de detalhe, já que a escala recomendada para desenho manual ou impressão é 1:200, ou 1:100. Em caso de inviabilidade de desenho ou impressão nas escalas derivadas de 1,0 cm, usa-se a escala de 1:125. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 18 Figura 7: Planta de Locação – sem escala definida Observe na Figura 7 que a representação técnica é esquemática. O objetivo central desse desenho é locar, com precisão, os limites da área edificada. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 19 A área hachurada representa a projeção da área edificada, enquanto a linha tracejada corresponde à projeção do contorno do beiral, o prolongamento do telhado para além das paredes da construção. As linhas são todas estreitas, da mesma espessura. As indicações de norte e acesso ao lote estão proporcionais à escala planejada para impressão do desenho, 1:200. Na figura, a imagem sofreu redução e não é mais 1:200, neste material impresso, porém as cotas continuam servido como referência das medidas. As cotas podem fornecer os dados para cálculo da escala inexata do desenho e, porventura, encontrar medidas faltantes, usando o método de análise de proporções que foi estudado na UIA 1. Esse desenho serve de base para a locação inicial do edifício no terreno no momento da obra. Por isso, deve ser preciso, e todas as medidas necessárias devem ser fornecidas. O profissional deve verificar in loco as medidas do terreno, para evitar erros e eventuais problemas durante a obra. 8.2.3. PLANTA OU DIAGRAMA DE COBERTURA OU COBERTA A planta de cobertura é uma vista superior esquemática da edificação. Nela, são mostrados detalhes da cobertura da construção, como: sentido da queda d’água, encontro das águas que formam a cobertura, disposição de rufos, calhas, inclinação e tipo de telha utilizada entre outros detalhes técnicos que se mostrarem pertinentes. Como a planta de coberta é uma vista externa à edificação a partir de um plano horizontal situado acima, ela evidencia, em primeiro plano, a cobertura em detrimento da construção, cujo contorno aparece em linhas tracejadas, já que está em um plano distinto do plano observado. É comum a representação em um único desenho das plantas de locação e cobertura, que, nesse caso, deve ser chamado de planta de locação e cobertura ou planta de locação e coberta. Na diferenciação de penas, deve-se adotar o critério do afastamento dos planos, usando sempre penas inferiores a 0.5 mm, ou seja, somente linhas médias e finas, já que nenhum elemento foi interceptado pelo plano de observação. Somente o contorno do telhado e as cumeeiras devem aparecer com a linha média. Os locais e dos cortes verticais devem ser indicados nas plantas de cobertura. Não é necessário representar as telhas em vista superior, já que se trata de um diagrama, uma vista superior esquemática e não realista da construção. Pode-se aplicar hachura de linhas paralelas finas à inclinação do telhado. Como esse desenho não está previsto na NBR 6492 (ABNT, 1994), por convenção, os profissionais costumam representá-lo com os seguintes elementos gráficos: • contorno da cobertura; • elementos sobrepostos à cobertura (caixa d’água, chaminé e outros); • aberturas ou vãos para iluminação ou ventilação (quando houver); • limites da edificação em linhas tracejadas; • cotas de comprimento e largura dos elementos ou vãos existentes; • cotas de comprimento e largura totais da cobertura e da construção; • cotas dos beirais; • divisão do telhado e indicação do seu caimento; • título do desenho e escala utilizada; • indicação da direção do norte magnético (NM); • indicação dos cortes aplicados. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 20 Figura 8: Planta de cobertura – sem escala definida 8.2.4. PLANTA BAIXA Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994), planta de edificação é a “vista superior do plano secante horizontal, localizado a aproximadamente 1,50 m do piso de referência.” Há controvérsias sobre a altura exata a ser considerada no plano de corte que dá origem ao desenho da planta baixa, porém, deve-se considerá-lo sempre em uma altura suficiente para que as janelas sejam cortadas por ele, acima da altura dos peitoris. Assim, podemos entender que a planta de edificação, também conhecida como planta baixa, é um desenho obtido por cortes feitos em cada pavimento da edificação através de planos horizontais imaginários, situados numa altura entre a verga4 da porta e o peitoril5 da janela (FERREIRA, 2011). As Figuras 9 e 10 ilustram a intercepção do plano de corte em uma edificação de um pavimento. Em edifícios de mais de um pavimento, repete-se esse corte em cada um dos pavimentos da edificação. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 4 Pequena viga na parte superior das portas e janelas. 5 Parte inferior da janela. Altura na qual a janela está assentada. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 21 Figura 9: Planta baixa – altura do plano de corte horizontal Figura 10: Planta baixa – elementos interceptados pelo plano de corte horizontal Em um projeto completo, é obrigatória a representação de todos os pavimentos, desde os pavimentos em subsolo até cobertura, que corresponde à vista superior do objeto. Quando houver, em edificações Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 22 em altura, plantas idênticas, representa-se na forma de pavimento-tipo, que recebe o título de planta baixa do pavimento-tipo, indicando em quais pavimentos ela é utilizada. A diferenciação de penas deve respeitar a separação de materiais, e os elementos interceptados pelo plano de corte aparecem em pena mais espessa. Os elementos que não foram interceptados pelo plano de corte obedecem ao critério de afastamento dos planos. As linhas ficam mais finas conforme se afastam do plano de corte. A escala recomendada é 1:50. Quando houver impossibilidade de uso dessa escala, recomenda-se a escala 1:75. São escalas também utilizadas para plantas baixas as escalas 1:100 e 1:125. Porém, por serem escalas de baixo nível de detalhe, é importante a ampliação de áreas molhadas6, mobiliário fixo e esquadrias. Além desses, outros itens necessários para a correta interpretação do projeto devem ser ampliados. Não esqueça que a compreensão dosprocessos e detalhes construtivos é um item essencial para a boa execução da obra. A escala 1:200 somente poderá ser utilizada para uma visão geral da planta da edificação, onde são indicados os trechos-tipo que serão representados em escala 1:50. A Figura 11 ilustra uma planta baixa elaborada para impressão em escala 1:50. Os seguintes itens devem constar numa planta baixa, na forma descrita na NBR 6492: • Em cada um dos ambientes: nome, área e indicação da cota de nível7. • Indicação dos locais, nomes/número da prancha e sentido de visualização dos cortes verticais. • Indicação do Norte. • Portas sempre abertas, janelas sempre fechadas. • Bancadas fixas, louças sanitárias e chuveiro. • Indicação, nomeação e dimensões das esquadrias. • Indicação nomes/número da prancha das fachadas. • Indicação do acesso principal. • Representação em linhas tracejadas finas, dos beirais ou outros elementos de cobertura, que estejam acima do plano de corte, ou ocultos abaixo de bancadas. • Cotagem fora do desenho. • Cotas de largura e comprimento de paredes e compartimentos. • Cotas de larguras e comprimento totais da edificação. • Cotas dos beirais e outros elemento de cobertura acima do plano de corte. • Título/numeração do desenho e escala utilizada. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 6 Diz-se das áreas laváveis de um edifício. 7 Cota correspondente ao nível de um compartimento em relação a um ponto de referência de uma edificação. É indicada em desenho técnico de um edifício em plantas e cortes, acompanhada de simbologia específica em cada um dos compartimentos. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 23 Figura 11: Planta baixa – aspecto geral de uma planta baixa, de acordo com ABNT – sem escala definida As dimensões e regras de aplicação dos textos, cotas e simbologia gráfica, recomendadas na NBR 6492, serão detalhadas e sistematizadas na Aula 10. A norma completa deverá ser consultada em casos controversos. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 24 8.2.5. CORTES Figura 12: Plano de corte vertical São obtidos quando passamos por uma construção um plano de corte e projeção, vertical, normalmente paralelo às paredes, e retiramos a parte frontal, mais um conjunto de informações escritas que o complementam. Assim, neles encontramos o resultado da interseção do plano vertical com o volume. Os cortes são os desenhos em que são indicadas as dimensões verticais. Normalmente, faz-se no mínimo dois cortes, um transversal (plano de corte na menor dimensão da edificação) e outro longitudinal (na maior dimensão) ao objeto cortado, para melhor entendimento. Podem sofrer desvios, sempre dentro do mesmo compartimento, para possibilitar a apresentação de informações mais pertinentes. A quantidade de cortes necessários em um projeto, porém, é de exclusiva determinação do projetista, em função das necessidades do projeto. Recomenda-se sempre passá-lo pelas áreas molhadas (banheiro e cozinha), pelas escadas, rampas e poço dos elevadores. Os cortes devem sempre estar indicados nas plantas para possibilitar sua visualização e interpretação – indicar a sua posição e o sentido de visualização. A indicação dos cortes em planta baixa tem uma simbologia específica, dada pela NBR 6492, que será estudada na Aula 8. O sentido de visualização dos cortes deve ser indicado em planta, bem como a sua localização. É comum encontrarmos diversas formas de indicação de cortes distintas da recomendada pela ABNT, Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 25 principalmente por conta do advento do desenho assistido por computador. Nota-se que cada empresa pode adotar padrões diferentes para essa indicação, porém, ela deve ser facilmente visualizada na planta, em dimensão que permita sua interpretação com clareza. Os cortes devem ser desenhados sempre na mesma escala das plantas baixas, preferencialmente na escala 1:50. Figura 13: Diferenciação de penas, cotas e simbologia gráfica em corte No desenho dos cortes verticais, devem ser indicadas cotas de níveis e a denominação dos ambientes cortados. Outras informações julgadas importantes podem ser discriminadas (impermeabilizações, capacidade de reservatórios, inclinação telhados, informações relativas a escadas, rampas e poços de elevador). São representadas exclusivamente as cotas verticais, de todos os elementos de interesse em projeto e principalmente: • pés direitos (altura do piso ao forro/teto); • cotas das lajes e vigas existentes; • alturas de patamares de escadas e pisos intermediários; • altura de empenas e platibandas; • altura de cumeeiras; • altura de reservatórios (posição e dimensões); • não se cotam os elementos abaixo do piso (função do projeto estrutural); • para as regras de cotagem, utilizam-se os mesmos princípios utilizados para cotas em planta baixa. O elementos estruturais interceptados por planos de corte podem aparecer com penas ligeiramente mais espessas que as paredes de alvenaria. Podem ser aplicadas hachuras nos elementos em concreto que Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 26 apareçam cortados. A lógica da diferenciação das penas obedece ao mesmo critério das plantas baixas, que também é um corte. Figura 14: Representação da estrutura em concreto – uso de hachura Os cortes devem abranger verticalmente toda a edificação e todos os níveis devem ser cotados. Quando for inviável, por conta das dimensões do papel, a representação do corte na mesma escala das plantas baixas, pode-se recorrer a representação do corte com interrupção. Esse recurso é utilizado principalmente em projetos de edifícios em altura que apresentem pavimento-tipo, como mostra a Figura 15. Isso viabiliza o desenho dos cortes na mesma escala da planta baixa, para que possam caber nos formatos de papel padrão. Quando essa representação é adotada, as cotas de todos os pavimentos devem ser dadas em um desenho menor, em outra escala e nível de detalhe, por exemplo, 1:100, 1:125 ou 1:200. Figura 15: Desenho de corte com interrupção – edifício com pavimento-tipo Fonte: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/130/artigo298751-1.aspx 8.2.6. FACHADAS Segundo a norma técnica NBR 6492 (ABNT, 1994), as fachadas são “representações gráficas de planos externos da edificação”. Para Rezende e Gransotto (2007), são desenhos planificados que representam as vistas externas da edificação. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 27 Os desenhos das fachadas usualmente não devem ter cotas e, neles, podem ser incluídos elementos de humanização, como árvores, arbustos, pessoas e carros. É comum indicação de materiais de acabamentos nos desenhos de fachadas, por meio de legendas ou hachuras do materiais em vista. As esquadrias podem ser indicadas com os códigos/nomes adotados na planta baixa. Os elementos a serem detalhados também podem ser indicados com o código do detalhe e a prancha onde se encontra o desenho. A marcação dos eixos deve ser feita em projetos de grande porte, podendo aparecer nas plantas baixas e nas fachadas. A diferenciação das penas é feita com o critério de afastamento dos planos de observação, ficando as linhas cada vez mais finas à medida que se afastam do plano de corte, que é externo à edificação. Por esse motivo, a linha do chão é desenhada em pena mais espessa, já que o plano de corte vertical intercepta o solo. Figura 16: Exemplo de desenho de fachada Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-df/A Figura 16 ilustra um trecho do desenho da fachada que contém a marcação dos eixos modulares da estrutura, chamadas para desenhos em detalhe, elementos de humanização e indicação dos códigos das esquadrias. Finalizamos, dessa forma, o estudo dos desenhos básicos do projeto executivo de arquitetura. Na Aula 9, serão estudados os desenhos de detalhes do projeto, tais como ampliação das áreas molhadas, elevações internas, detalhamento de esquadrias e de coberturas e telhados. ! AULA 9 | DETALHAMENTO – ÁREAS MOLHADAS, ESQUADRIAS E TELHADOS Como vimos, a adequada representação dos elementos da edificação é essencial para evitar problemas de execução da obra. Por isso, quanto mais detalhado um projeto, maior a possibilidade do edifício se materializar com qualidade. Nesta aula, focaremos nosso estudo no processo de detalhamento. Boa aula! Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 28 Conforme recomenda a ABNT, deve-se ampliar em escala de maior nível de detalhe todos os compartimentos laváveis do edifício, assim como os encaixes do telhado, soluções de impermeabilização de lajes e as esquadrias. 9.1. AMPLIAÇÕES E ELEVAÇÕES INTERNAS As áreas molhadas, que possuem revestimento no piso e nas paredes, devem ser ampliadas para melhor visualização de detalhes. A precisa localização das louças e metais sanitários, do mobiliário fixo – como bancadas –, e dos pontos de instalações elétricas e hidrossanitárias devem ser desenhados em escala de detalhe, em planta baixa e elevações – cortes parciais em alto nível de detalhe – das quatro paredes do compartimento. As escalas recomendadas para esses desenho são 1:20 ou 1:25. As Figuras 18 e 19 são respectivamente as ampliações de um sanitário em planta baixa e em corte (elevação). Perceba que o nível de detalhamento do desenho é bem mais sofisticado que da escala 1:50, usada na planta baixa da edificação. Os eixos das louças sanitárias são marcados e cotados, e o desenho das paredes cortadas deve diferenciar os materiais utilizados. Deve-se numerar os sanitários diferentes e indicar, na planta da edificação, o nome/número da prancha em que se encontra o desenho em ampliação, como mostra a Figura 17. O círculo indica o nomeação e o número da prancha onde está o desenho em detalhe. Os desenhos em escala de detalhe são muito importantes para a que a execução da obra aconteça conforme planejado. Todas as peças e acabamentos devem ser especificados nos desenhos em ampliação. Figura 17: Chamada para detalhamento do sanitário na planta baixa da edificação. Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-df/ Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 29 Figura 18: Ampliação área molhada em escala de alto nível de detalhe – planta baixa sem escala definida Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-df/ Figura 19: Ampliação área molhada em escala de alto nível de detalhe – Corte parcial ou elevação sem escala definida Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-df/ 9.1.1. DESENHO DE DETALHES 9.1.1.1. DETALHES CONSTRUTIVOS GERAIS Detalhes construtivos gerais do edifício devem ser desenhados em escalas de ampliação. Elementos de cobertura, tratamento de desníveis, bancadas fixas, escadas, guarda-corpos, corrimãos, canteiros de jardim, elementos impermeabilizados, entre outros itens que exigem mais rigor nos encaixes dos Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 30 materiais, devem ser selecionados, indicados e nomeados nos desenhos da edificação – cortes ou plantas –, e desenhados em escalas como 1:5, 1:2 ou 1:1. O detalhamento do projeto pode evitar muitos problemas na execução da obra, principalmente quando ela não é acompanhada pelo mesmo profissional ou equipe que elaborou o projeto. A Figura 20 traz um exemplo de detalhe de uma calha, representado em corte vertical. Figura 20: Exemplo de detalhe de calha elaborado para impressão em escala 1:2 Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-df/ 9.1.1.2. TELHADOS E COBERTURAS – CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS Entre as funções primordiais de uma edificação, a mais importante é de abrigar as pessoas do sol e da chuva. Para que um edifício tenha qualidade, não deverá haver vazamentos de água ou infiltrações. Quando as questões de impermeabilização e/ou elementos de telhados encontram-se bem solucionadas no projeto e as manutenções periódicas necessárias são realizadas, dificilmente a cobertura apresentará qualquer problema ao longo de sua vida útil. Por isso, é importante constar no projeto de arquitetura todos os detalhes dos elementos da cobertura, respeitadas as especificações dos fabricantes dos produtos e peças para telhados. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 31 Lajes Impermeabilizadas Impermeabilizar é o ato de isolar e proteger os materiais de uma edificação da passagem indesejável de líquidos e vapores, mantendo, assim, as condições de habitabilidade da construção. É uma técnica que consiste na aplicação de produtos específicos com o objetivo de proteger as diversas áreas de um imóvel contra a ação de águas que podem vir da chuva, de lavagem, de banhos ou de outras origens. A falta ou uso inadequado da impermeabilização compromete a durabilidade da edificação, causando prejuízos financeiros e danos à saúde. A água infiltrada nas superfícies e nas estruturas afeta o concreto, sua armadura, as alvenarias. O ambiente fica insalubre devido à umidade, fungos e mofo, diminuindo a vida útil da edificação, sem falar no desgaste físico e emocional do proprietário ou usuário que sofre com a má qualidade de vida causada pelos problemas existentes no imóvel. De acordo com Moraes (2002), os principais problemas apresentados em lajes de cobertura impermeabilizadas podem ser evitados com o detalhamento dos elementos de impermeabilização durante o projeto e o acompanhamento técnico especializado da execução da obra. As especificações recomendadas pelos fabricante, assim como as normas técnicas pertinentes, devem ser consultadas para elaboração dos detalhes de impermeabilização das coberturas. As manutenções periódicas também são essenciais para um bom desempenho da solução de impermeabilização. Figura 21: Detalhe de impermeabilização de laje Fonte: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2708/000375437.pdf?...1 Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 32 Engradamento em Madeira A função principal de um telhado é proteger a casa da chuva. Por isso, todo telhado precisa ter um caimento para escoar a água da chuva. Entende-se por caimento a inclinação do plano da água do telhado. Quanto mais forte for o caimento, mais inclinado será o telhado. Causa uma boa impressão estética, mas um telhado com grande caimento consome mais telhas, mais madeira e também dificulta a manutenção. Um telhado com inclinação abaixo da recomendada pelo fabricante não permite o adequado escoamento da chuva, provocando vazamentos. A escolha da solução de cobertura, inclusive da inclinação, deve ser criteriosa durante o projeto e os elementos de telhado devem ser detalhados conforme as especificações do fabricante. Os encaixes, tamanhos da peças e disposição das calhas, rufos, cumeeiras devem ser desenhados em escala de alto nível de detalhe. As chamadas para esses desenhos devem aparecer nos cortes verticais gerais e na planta de cobertura. Figura 22: Detalhamentode telhado em madeira Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 33 O link a seguir contém várias informações sobre telhados, inclusive um roteiro para se fazer um bom telhado tradicional em madeira, apresentadas em forma de aula interativas. http://tinyurl.com/kq54gye! Engradamento em Aço Os engradamentos de telhados em aço são realizados de forma semelhante aos engradamentos em madeira, apresentando algumas vantagens em relação ao uso da madeira. Destaca-se a durabilidade, rapidez na montagem, leveza e a ausência de ataques de insetos. Os detalhes construtivos devem ser especificados, de acordo com as normas técnicas, cálculo estrutural e orientações técnicas do fabricante. Figura 23: Engradamento de telhado em aço galvanizado Assista ao vídeo disponível no link a seguir para entender melhor o processo de instalação do engradamento de aço. http://tinyurl.com/nc243rf Detalhes de Esquadrias As esquadrias também devem ser ampliadas e ter seus detalhes de fixação e materiais que a constituem desenhado com maior rigor técnico. Mesmo se tratando de esquadrias industrializadas, o projeto deve ser compatibilizado com o catálogo da indústria que as produz. Esse conjunto de desenhos das esquadrias em detalhes também pode ser apresentado em um caderno à parte, denominado de mapa de esquadrias. As esquadrias são desenhadas em planta, corte e vista em escalas de alto nível de detalhe, como 1:25 ou 1:20. Os detalhes padrão de fixação devem ser ampliados de fixação em escalas como 1:5 ou 1:2. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 34 A Figura 24 contém um desenho de detalhamento de esquadria em planta, corte e vista, planejado para impressão em escala 1:20. A Figura 25 traz um detalhe geral de fixação dos portais e dos acabamentos de uma porta de madeira. Figura 24: Detalhamento de esquadria em planta, corte e vista elaborado em escala 1:20 Fonte: http://mdc.arq.br/2012/03/18/casa-fuke/ Figura 25: Exemplo de detalhe de calha elaborado para impressão em escala 1:2 Fonte: VALLADARES, P.; MATOSO, D. Apostila de Projeto Executivo e Detalhamento. Belo Horizonte: Escola de Arquitetura; UFMG, 2002. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 35 9.1.2. ORDEM E NUMERAÇÃO DOS DESENHOS E PRANCHAS Nesse tópico, sugere-se uma metodologia para ordenação, nomeação e numeração de desenhos e pranchas para que a consulta e controle de revisões seja mais eficiente. Denomina-se de prancha cada uma das folhas do projeto, que deverão ser, preferencialmente do mesmo formato. As pranchas devem numeradas respeitando a seguinte ordem dos desenhos: 1. Planta de situação 2. Planta de locação 3. Planta de cobertura 4. Planta baixas dos pavimentos, desde o subsolo 5. Cortes 6. Fachadas 7. Ampliação de áreas molhadas 8. Detalhes construtivos gerais 9. Detalhes de esquadrias As áreas ampliadas, sanitários, cozinhas, entre outras, devem receber numeração/nomeação que devem constar na planta baixa, na forma de chamada para detalhes, contendo o numero/código da área e indicação da prancha onde se encontra o desenho. Em projeto de grande porte, deve-se elaborar uma tabela com os nomes e conteúdos de todas as pranchas. Veja na Tabela 1 e 2 um exemplo de organização de um projeto de grande porte. O exemplo da Tabela 1 traz a organização do projeto até a prancha 27, que incluem apenas os desenhos básicos típicos de um projeto de arquitetura. A Tabela 2 ilustra a sequência das pranchas de detalhamento das áreas molhadas. Perceba que cada sanitário recebeu um nome/número que deve estar indicado na planta baixa, juntamente com n numero da respectiva prancha onde se encontram os desenhos. Tabela 1: Ordem e nomeação das pranchas – Arquitetura Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 36 Fonte: https://revistamdc.files.wordpress.com/2011/02/parte-01.pdf Tabela 2: Ordem e nomeação das pranchas – detalhamento Fonte: https://revistamdc.files.wordpress.com/2011/02/parte-01.pdf Finalizamos esta aula com um link para uma publicação que contém um projeto executivo completo de um edifício de grande porte. Após o final do texto explicativo do projeto, encontram-se os links para o projeto executivo da Fundação Habitacional do Exército, em Brasília, de autoria do escritório MGS Associados. Em concurso, a Fundação Habitacional do Exército (FHE) escolheu essa proposta para a realização de sua sede, com aproximadamente 30 mil metros quadrados de área construída. Salve os projetos no seu computador para poder abrir as pranchas e explorá-las em alta resolução. Observe que o projeto de arquitetura contém mais que 230 pranchas! Fica aqui a reflexão de que, sem sistematização, pode ficar muito complicado trabalhar com projetos! Acesse o link disponível a seguir e faça a atividade sugerida relacionada ao projeto da sede da Fundação Habitacional do Exército. http://tinyurl.com/ms9l8n7 Na próxima aula trataremos da norma técnica sobre representação de edificações, a NBR 6492/1994, e também sobre a metodologias para sistematização, ordem e numeração de desenhos e pranchas, que visam facilitar a leitura do projeto. Até lá! AULA 10 | NORMA TÉCNICA PARA REPRESENTAÇÃO DE PROJETOS DE ARQUITETURA – NBR 6492/1994 Nesta aula, serão expostos alguns pontos essenciais da NBR 6492, que fixa as condições exigíveis para representação gráfica de projetos de arquitetura, visando à sua boa compreensão. Continue os estudos desta disciplina e boa aula! A NBR 6492/1994 não abrange critérios de projeto e de procedimentos para a sua aprovação, que são objetos de outras normas ou de legislações específicas de municípios ou estados. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 37 Aqui serão destacados os pontos principais abordados na norma, para sua consulta imediata, porém, casos controversos e específicos devem ser analisados à luz dos textos normativos completos. Essa norma serve de base para o desenho manual, mais comum no âmbito acadêmico, e para o desenho assistido por computador, já que ainda não foi editada a norma específica sobre o tema. 10.1. FORMA DE APRESENTAÇÃO 10.1.1. FORMATO DO PAPEL E DOBRAMENTO PARA ARQUIVAMENTO E CÓPIAS Devem ser utilizados os formatos de papel da série “A”, conforme NBR 10068, formato A0 como máximo e A4 como mínimo, para evitar problemas de manuseio e arquivamento. As pranchas devem ser dobradas de acordo com as recomendações da NBR 13142/1999 – Dobramento de cópias, que fixa as condições exigíveis para o dobramento de cópia de desenho técnico, que foi estudada na Aula 5 da UIA 1. 10.1.2. MARGENS E LEGENDA De acordo com a NBR 6492 legenda deverá conter todas as informações necessárias para identificação do empreendimento. No mínimo, deve destacar as seguintes informações: a) identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto; b) identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento; c) título do desenho; d) indicação sequencial do projeto (números ou letras); e) escalas; f) data; g) autoria do desenho e do projeto; h) indicação de revisão Deve ser reservado espaço para texto em cada uma das pranchas, conforme ilustra a Figura 26. Nesse espaço, podem ser incluídas legendas de especificações de materiais, orientações executivas gerais, plantas de localização do trecho representados na prancha, entre outras informações pertinentes para o entendimento do projeto. Figura 26: Espaço para texto e legenda ou carimbo Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica| UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 38 10.2. REPRESENTAÇÃO – DESENHO ARQUITETÔNICO 10.2.1. ESCALAS Segundo a NBR 6492, a escala de representação da edificação deve ser escolhida de acordo com o porte do programa, devendo ser igual ou superior a 1/100, podendo ser menor, nos casos de edifícios de grande porte, com ampliações setoriais. Nas aulas anteriores, especificamos as escalas usuais na conceituação de cada um dos desenhos que compõem o projeto. Para escolher as escalas de cada desenho, observe as recomendações já abordadas nas aulas anteriores. Lembre-se de planejar as pranchas levando em consideração os níveis de detalhe adequados para cada desenho e a padronização do formato do papel. Cada folha de desenho ou prancha deve ter indicada em seu título as escalas utilizadas nos desenhos, ficando em destaque a escala principal. Além disso, cada desenho terá sua respectiva escala indicada junto dele, abaixo do título do desenho, conforme recomenda a NBR 6492. 10.2.2. ESCRITA Toda a escrita de um projeto deve ser sistematizada e seguir os padrões recomendados na NBR 6492. Deve ser executada com caligrafia técnica e possuir tamanho que garanta sua leitura e a clareza das informações. O alfabeto técnico deve ser usado nos desenhos à mão livre ou executados com instrumentos ou com auxílio de computador. Mesmo com o uso do computador, deve-se optar por uma fonte simples, similar à caligrafia técnica. Esse tipo de letra deve ser utilizado em todo o texto do projeto, incluindo as informações da legenda e dos textos das observações, títulos dos desenhos e indicação da escala, chamadas para outros desenhos e também na cotagem. A altura do texto deve ser de 3 mm e as letras recomendadas são em caixa alta. Os nomes dos desenho tem altura de 5 mm. Não esqueça que o tamanho da escrita, da simbologia gráfica e das cotas da não deve variar de acordo com a escala utilizada, permanecendo na mesma altura em desenhos em diversas escalas e níveis de detalhes. Observe que nos desenhos elaborados com computador, que são desenhados em escala natural, as alturas dos textos devem ser pensadas para permanecerem inalteradas na impressão em escala. Por isso, é necessário planejar os textos para resultado impresso que se pretende. Voltaremos a essa questão na UIA 3, que abordará o desenho arquitetônico em ambiente CAD 2D. A Figura 27 traz um modelo de caligrafia técnica que deve ser adotada em toda a escrita do projeto. Figura 27: Caligrafia Técnica Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 39 A orientação dos textos deve ser feita conforme a Figura 28, de forma a garantir a legibilidade. Isso também se aplica às cifras das cotas. Deve-se evitar as posições de textos indicadas como incorretas na figura. Figura 28: Posições corretas da escrita 10.2.3. SIMBOLOGIA GRÁFICA Na Aula 7, foram discutidos as peculiaridades dos elementos sem escala e como devem ser utilizados aqueles elementos que não representam a edificação, tais como indicação do norte, cotas de nível, acesso, entre outros. Nesse tópico, detalharemos as formas e dimensões de cada um desses elementos, de acordo com as recomendações da NBR 6492. Indicação do norte magnético Seu objetivo é demonstrar a orientação do terreno e da construção em relação ao sol, que interfere no conforto térmico da edificação; além de auxiliar na orientação geográfica do terreno. Deve ser incluído em todas as representações em planta, a saber: planta de situação, planta de locação, planta de coberta e plantas baixas dos pavimentos. A norma técnica não especifica o tamanho do símbolo, entretanto, recomenda-se que seu diâmetro seja entre 12 mm a 20 mm. Figura 29: Indicação do Norte Magnético Cotas de nível As cotas de nível devem ser indicadas nas plantas baixas dos pavimentos e nos cortes. Os símbolos devem ser desenhados conforme orienta a Figura 30, sendo que N.A. corresponde ao nível acabado8, e N.O. corresponde ao nível em osso9, ou seja, o nível encontrado após a execução das lajes, sem !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 8 Cota de nível com o material de acabamento. 9 Cota de nível sem o acabamento. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 40 considerar as espessuras dos materiais de acabamento. Nos pavimentos diferentes do térreo, deve ser indicado, abaixo da cota, o pavimento a qual ela corresponde. O diâmetro do círculo do símbolo usada em plantas corresponde a 5 mm, que deve ser o mesmo tamanho do símbolo representado em corte. A escrita deve ter altura de 3 mm e as cotas de nível sempre devem ser fornecidas em metros, a partir de um ponto de referência arbitrado no pavimento térreo, de nível 0,00. As cotas de nível sempre devem ser indicadas em metros. Figura 30: Indicação das cotas de nível – corte e planta Título do desenho e indicação da escala Cada um dos desenhos de um projeto deve receber uma numeração, título e ter sua escala indicada da forma a seguir. Segundo a NBR 6492, o diâmetro do círculo deve ser de 12 mm. A escrita deve seguir a caligrafia técnica, sendo que o número e o título do desenho devem ter altura de 5 mm e a indicação da escala deve ter 3 mm de altura. Essa simbologia deve aparecer, preferencialmente, abaixo, com alinhamento à esquerda de cada desenho. Figura 31: Titulo do desenho e escala utilizada Indicação do acesso principal Os acessos principais devem receber indicação na forma descrita a seguir. Esse símbolo deve aparecer na planta baixa do nível do térreo e nas plantas de cobertura e locação. Perceba, na Figura 32, que a seta se encontra inscrita num círculo de 12 mm de diâmetro. O círculo é apenas um elemento de construção do desenho e deve ser apagado. Figura 32: Indicação do norte magnético Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 41 Indicação dos cortes verticais Os locais e o sentido de visualização dos cortes verticais aplicados deverão ser indicados nas plantas baixas de todos os pavimentos e na planta de cobertura. Também pode-se indicá-los nos cortes e nas fachadas. A simbologia deve ser como ilustra a Figura 33. Observe que a linha deve seguir o padrão traço ponto espessa nas extremidades da indicação. No caso de corte com desvios, os locais do desvio também devem receber esse tipo de linha. A indicação do corte deve atravessar a edificação toda, e as setas do sentido de visualização devem ser indicadas nas extremidades. No interior da planta baixa a linha deve ter espessura fina, para não atrapalhar a leitura do desenho. Veja as Figuras 8 e 11, na Aula 8, como se dá a indicação dos cortes verticais na planta baixa e na planta de cobertura. O diâmetro do círculo tem 12 mm. O texto do nome do corte deve ter 5mm de altura, enquanto que a indicação da folha onde se encontra o desenho tem altura de 3 mm. Figura 33: Indicação dos locais e sentidos de visualização dos cortes Indicação das fachadas Na planta baixa do térreo, deve constar a indicação das fachadas, que devem ser numeradas. O símbolo recomendado pela ABNT é um triângulo equilátero inscrito em uma circunferência de 16 mm de diâmetro, conforme ilustra a Figura 34. Na parte superior, deve ser inserido o número de fachada e, abaixo, o número da prancha onde se encontra o desenho. Figura 34: Indicação das fachadas Chamadas para outros desenhos em ampliação Os desenhos de detalhes devem ser indicados como exemplifica a Figura 35, com simbologia similar a da indicação dos cortes. Projeto Arquitetônico e Computação Gráfica | UIA 2 | Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 42 Figura 35: Chamadas para detalhes
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