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Direito Constitucional

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CURSO INTENSIVO II
DIREITO CONSTITUCIONAL
(Marcelo Novelino)
(Data: 09.08.12/Aula 01)
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
1. DISTINÇÕES PRELIMINARES
1.1 FORMAS DE GOVERNO – As principais, atualmente, são: república e monarquia. 
CUIDADO – não se pode confundir com sistema de governo (tema que será visto no tema seguinte). 
	Sobre a república, tem-se a ideia de governo da maioria. Suas principais características são: 
a. Responsabilidade política dos governantes (pode o governante praticar crimes de responsabilidade e por estes será julgado, em separado); 
b. Eletividade (em regra os representantes são eleitos para os cargos do legislativo e executivo);
c. Temporariedade (há alternância de poder).
OBS: o fato de haver reeleição não viola a alternância de poder. 
Em contraposição as características republicanas, na monarquia tem-se a ideia de governo de indivíduos, ou seja, não há a ideia de governo da maioria. Suas principais características são: 
a. Irresponsabilidade política do monarca (não responde o monarca por crimes políticos);
b. Hereditariedade (o poder é adquirido hereditariamente);
c. Vitaliciedade (o monarca permanece no cargo até que sua saúde permita ou até a sua morte).
1.2 SISTEMAS DE GOVERNO – São mecanismos de distribuição horizontal do poder. As formas mais conhecidas são; o presidencialismo e o parlamentarismo.
OBS: Há uma terceira forma, não muito conhecida, o semiparlamentarismo ou semipresidencialismo. 
	O presidencialismo surgiu com a Constituição Americana de 1887, com a finalidade de substituir o monarca. 
No Brasil é adotado desde 1889 (Proclamação da República), sendo que apenas nos períodos de 1961 a 1963 não adotou-se o regime presidencialista, mas sim o parlamentarista. 
Tem como característica fundamental o fato de que a figura do chefe de governo e do chefe de estado estarem reunidas em uma única pessoa (presidente da república). 
Ademais, destaca-se, também como características:
a. Via de regra, o presidente é eleito diretamente;
b. O mandato tem prazo certo de duração (independente da opinião dos demais, somente deixará o cargo quando findado o mandado, salvo os casos de prática de crimes comum – irresponsabilidade penal relativa, art. 86, §4º – ou de responsabilidade). 
O parlamentarismo surgiu na Inglaterra (século XVIII). 
No Brasil, como esposado em linhas pretéritas, foi adotado por um curto período de tempo compreendido entre os anos de 1961 e 1963. 
 Tem como característica principal o fato de que as figuras do chefe de governo e do chefe de estado são distintas, ou seja, o chefe de estado é uma pessoa e o chefe de governo outra. Sendo que a função do chefe de estado dependerá da forma de governo adotada, se republicana, o chefe de estado será o presidente da república (exs.: Alemanha, Áustria, África do Sul, Índia, Coréia do Sul etc); porém se a forma de governo for a monarquia, o chefe de estado será o monarca (exs.: Reino Unido, Japão, Espanha, Holanda, Dinamarca etc). 
Ainda nessa esteira, terá o chefe de governo apenas funções protocolares, ou seja, representará o país no plano internacional apenas, não terá grandes decisões a serem adotadas. E, em geral, será eleito diretamente (depende da determinação constitucional de cada país). 
Já com relação ao chefe de governo, que definirá a política interna do país (“efetivamente mandará”), se trata do 1º ministro, escolhido pelo parlamento. A quem incumbe desempenhar seu papel com a ajuda do gabinete (fazendo analogia, no Brasil, se trataria dos Ministérios), não tendo o mesmo mandato por prazo certo, ou seja, governará enquanto tiver apoio do parlamento (moção ou voto de desconfiança – quando não mais tiver apoio do parlamento, situação que implicará não só na mudança do 1º ministro, como do gabinete). 
Por fim, o semiparlamentarismo ou semipresidencialismo, que surgiu recentemente na França (Constituição francesa de 1958). 
Atualmente é adotado, também, em Portugal, na Polônia, na Colômbia etc. 
	Tem como característica principal o fato de que as figuras do chefe de governo e do chefe de estado são distintas, ou seja, o chefe de estado é uma pessoa e o chefe de governo outra. Sendo que a função do chefe de estado, necessariamente, será o presidente da república e, o chefe de estado será o 1º ministro, que desemprenhará seu papel com a ajuda do gabinete. 
	Abarca ainda como características:
a. A escolha do 1º ministro é feita pelo presidente (diferente do parlamentarismo, onde a escolha incumbe ao parlamento, ou seja, há o fortalecimento da figura do presidente da república);
b. Em regra, o presidente é escolhido diretamente pelo povo;
c. O presidente da república não exerce apenas funções protocolares, como ocorre no parlamentarismo. A ele são atribuídas importante funções políticas, tais como, apresentar projetos de lei, exercer comando das Forças Armadas, conduzir a política externa, submeter leis ao controle de constitucionalidade e escolher o 1º ministro; 
d. A investidura e a permanência do 1º ministro, assim como ocorre no parlamentarismo, dependem do apoio do parlamento (sob pena de incorrer, também, em moção de desconfiança). 
1.3 FORMAS DE ESTADO – São mecanismos de distribuição vertical do poder (distribuição de poder entre o ente central e os entes periféricos). Podendo ser divididas em: simples ou unitária e composto. 
O estado simples ou unitário se caracteriza pelo seguinte:
Existência de apenas um centro de poder sobre a mesma população e o mesmo território (monismo do poder e centralização política). 
OBS: Não existe em sua forma pura, sendo que o modelo mais comum de estado unitário é aquele com descentralização político-administrativa (modelo adotado na França, Espanha e Portugal). 
Se trata de um modelo muito parecido com o modelo de federação e, sua descentralização é feita por um poder central. 
No que tange a descentralização política, são abrangidos dois aspectos: descentralização com relação ao governo (escolha dos membros do executivo e do legislativo pela população diretamente interessada) e a descentralização legislativa (elaboração de leis próprias). 
ATENÇÃO – O Brasil foi um estado unitário nos períodos de 1500 a 1889 (Brasil Colônia e Brasil Império), ou seja, até a proclamação da república. 
	
	Já sob o prisma do estado composto, não serão vistas todas as suas formas, dando-se destaques apenas às modalidades de federação e de confederação.
	A federação (foedus ou foederis – aliança, pacto ou união) surgiu, de acordo com a maioria da doutrina. com a Constituição Norte Americana de 1787. Todavia, segundo Karl Loewenstein, nos séculos XIV e XV, já havia formas de estado federal ainda que em países de pouca expressão. 
	Para se analisar as características da federação, há que se destacar, a priori, o fato de que as confederações tendem a ser tornar federações (exs.: Estados Unidos e Suíça).
	Sendo assim, observe-se o quadro abaixo que elenca e diferencia as principais características de cada uma delas:
	FEDERAÇÃO
	CONFEDERAÇÃO
	· Os Estados são unidos por uma constituição;
· Os Estados membros são dotados apenas de autonomia;
· É vedado o direito de secessão (união indissolúvel – não tem direito de optar pela separação – sob pena de intervenção federal, art. 34, I);
· O estado é voltado para a realização de atividades internas e externas;
· Os cidadão possuem uma única cidadania ou nacionalidade;
· O poder central é dividido em legislativo, executivo e judiciário.
	· Os Estados são unidos, em regra, por um tratado internacional (podem existir confederações em que os Estados se liguem por uma constituição);
· Os Estados mantém a sua soberania;
· É permitido o direito secessão; 
· O estado confederal, em regra, fica responsável por assuntos externos (relações exteriores – comércio exterior, política monetária – adoção de uma moeda única, defesa contra agressões estrangeiras e segurança interna);
· Os cidadãos possuem a nacionalidade dos estados aos quais pertencem;
· O único órgão comum a todos os estados é o Congresso Confederal;
· A natureza jurídica dependerá doslaços firmados – se assemelham a organizações internacionais e, também a estado federal (quando possuírem laços mais estreitos).
OBS: a confederação tem personalidade jurídica, mas sua capacidade no plano internacional, em regra, é limitada. Ou seja, a confederação tem uma personalidade jurídica (pode p.ex., celebrar tratados internacionais com outros estados), mas não tem as mesmas capacidades que o estado unitário possui. Não há uma capacidade internacional tão ampla, pois os estados que compõem a confederação, costumam reservar para si algumas competências também no âmbito internacional. 
2. CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ESTADO FEDERAL (ESTADO BRASILEIRO) – O estado federal tem três características essenciais que o diferenciam dos demais modelos de estados (confederal e unitário), quais sejam:
A. DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA CONSAGRADA NA CONSTITUIÇÃO – É a constituição que tem que estabelecer essa descentralização. Pois poderá haver uma descentralização feita pelo próprio poder central (estado unitário).
Quando o próprio poder central o descentralizador, o mesmo pode revogar a lei que determinou a descentralização e trazer de volta, para si, a competência. 
Já no estado federal a descentralização não pode ser modificada. No Brasil se trata de uma cláusula pétrea (o que não significa dizer que as competências são imodificáveis, salvo nas hipóteses de retirada de competência precípua de um ente de modo a enfraquecê-lo). 
B. PARTICIPAÇÃO DAS VONTADES PARCIAIS NA FORMAÇÃO DA VONTADE NACIONAL (PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO) – Os entes que formam a federação participam e contribuem para a formação da vontade nacional, através do Senado (no caso do Brasil).
OBS: Na constituição anterior o território era tratado como ente federativo, na atual tem a natureza de mera autarquia territorial (não tem território no Brasil). 
Os Estados e o DF participam e contribuem para a formação da vontade nacional e, portanto, elegem senadores (em número igual de 3, por Estado), porém no que se refere aos municípios (que não elegem senadores), apesar de serem considerados, no Brasil, entes federativos, não participam da formação da vontade nacional. E este é um dos argumentos utilizados por José Afonso da Silva para sustentar que o município não é ente federativo. 
C. CAPACIDADE DE AUTO-ORGANIZAÇÃO – Os entes federativos se auto organizam através de suas próprias constituições.
A União se auto organiza através da Constituição Federal (organiza todo o Estado brasileiro e possui partes específicas que trata apenas dela), os Estados se auto organizam através de constituições estaduais, o DF se auto organiza através de Lei Orgânica (a natureza da lei orgânica do DF é equivalente a das constituições estaduais. Existe inclusive a possibilidade de controle concentrado abstrato exercido pelo TJDF tendo como parâmetro a LODF), e o mesmo ocorre no caso dos municípios (no entanto, a lei orgânica municipal, segundo a doutrina majoritária não tem a natureza de uma constituição municipal). 
OBS: Alguns autores diferenciam constituição nacional (a parte da constituição que se refere a todo estado brasileiro, p.ex., arts. 19 e 37) e constituição federal (constituição que trata, em parte, especificamente dos interesses da União, p.ex., art. 59 e seguintes).
2.1 REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEDERAÇÃO (ALGUNS AUTORES OS COLOCAM COMO CARCATERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO) – São eles:
a. Rigidez constitucional
b. Imutabilidade da forma federativa de estado
c. Controle de constitucionalidade
3. DIFERENÇAS ENTRE SOBERANIA E AUTONOMIA
Soberania é o poder político supremo (na ordem jurídica interna) e independente (internacionalmente). 
OBS: a independência significa que o Estado não tem de acatar, no plano internacional, normas que nã sejam voluntariamente aceitas e, ainda, que está em pé de igualdade com os demais estados. 
	A soberania é una, indivisível, inalienável e imprescritível. 
OBS: O estado, a República Federativa do Brasil tem soberania, os estados, a União, etc, têm, tão somente autonomia. 
	Mas atenção, quem exerce a soberania em nome do estado brasileiro é a União. 
	Já a autonomia (auto – próprio, nomus – norma) em sentido originário quer dizer: elaboração de normas próprias. Mas há que observar certos limites, sob pena de incorrer na verdade em soberania.
	Costuma ser dividida em quatro tipos:
a. Organização (auto organização através de constituições estaduais);
b. Legislativa;
c. De governo (escolha de prefeitos, vereadores, governadores e deputados estaduais);
d. Administrativa. 
4. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS – O modelo de repartição de competências adotado pela Constituição de 1988 é o mesmo adotado na maioria das federações contemporâneas.
De acordo com o princípio da predominância do interesse, informar-se-á a repartição das competências da CF/88. Se os assuntos forem de interesse de relevância geral, será competente a União; se os assuntos forem de interesse regional, serão competentes os Estados; e, se o assunto for de interesse predominantemente local, serão competentes os municípios. 
(Data: 30.08.12/Aula 02)
	São adotados quatro critérios de repartição de competência, veja-se:
4.1 CAMPOS ESPECÍFICOS DE COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E LEGISLATIVAS – Dentro desse campo específico alguns poderes são enumerados, ou seja, a Constituição enumerará as competências da União (arts. 21 e 22 – competências administrativas e legislativas respectivamente), dos Municípios (art. 30) e do Distrito Federal (art. 32, §1º - em regra são as mesmas competências atribuídas aos Estados e aos municípios). 
Os Estados membros não tiveram seus poderes enumerados pela Constituição, sendo que os poderes que lhes foram atribuídos são chamados de poderes remanescentes ou residuais (art. 25, §1º). 
OBS: Quando a Constituição consagra diretamente uma competência administrativa, em regra, ela atribui ao mesmo ente a competência legislativa (e vice e versa). 
ATENÇÃO – A técnica legislativa utilizada pelo poder constituinte originário a partir do modelo norte americano não é adequada ao federalismo brasileiro uma vez que surgiu por segregação e não por agregação. Vale dizer, os Estados membros não possuíam competências originárias e ficaram reservadas a estes critérios. 
	
4.2 POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS – Prevista no art. 22, parágrafo único. 
A União pode delegar certas competências em relação aos Estados, diferentemente dos municípios, a quem não poderão ser delegados pela União. Nesse sentido vale ressaltar que o DF, por ter as mesmas competências dos Estados, implicitamente recebe competências delegadas da União. 
	A delegação é feita pela União através de lei complementar. 
4.3 COMPETÊNCIAS COMUNS – São atribuídas a mais de um ente federativo, ou seja, não são atribuídas com exclusividade.
4.4 COMPETÊNCIAS CONCORRENTES – São atribuídas a mais de um ente federativo, ou seja, não são atribuídas com exclusividade.
As competências concorrentes abarcam algumas regras principais, quais sejam:
No art. 24 há uma repartição vertical de competências não cumulativas (p.ex. norma feita pelo Estado tem que obedecer a norma feita pela União).
Mas atenção, nos campos específicos, p.ex. no que se refere as leis estaduais, federais e municipais, não há uma repartição vertical, pois não há ordem hierárquica entre elas, mas tão somente uma repartição horizontal. Há que se analisar, em face da Constituição, se alguma delas invadiu competência de outra, sob pena de ser declarada inconstitucional. 
Alexandre de Moraes e André Ramos Tavares diferenciam a competência complementar e a competência suplementar. A competência complementar ocorre quando a competência depende da prévia existência de lei federal a ser especificada (art. 24, §2º) e a competência supletiva é aquela que surge em virtude da inércia da União para editar normas gerais (art. 24, §3º). 
Nesse sentido, vale destacar ainda que a CF/88 só adota a expressão suplementar. 
CUIDADO – Em termos técnicos a revogação só pode ocorrer quando os atos são emanadosde um mesmo poder que possuem a mesma densidade normativa (p.ex. uma lei federal não pode revogar uma lei estadual, pois enquanto uma foi editada pelo Congresso Nacional a outra foi editada pela Assembleia Legislativa). 
Nesse mesmo sentido, emenda constitucional não revoga lei federal, trata-se, tão somente, de hipótese de não recepção e não de revogação (uma é editada pelo poder constituinte originário enquanto a outra é editada pelo Congresso Nacional). 
No caso de leis emanadas por órgãos diferentes ocorrerá a suspensão da eficácia da lei no que lhe for contrário (lei federal e lei estadual). 
Na hipótese de criação de lei estadual que venha a ser suspensa por norma geral da União e, na hipótese desta ser revogada, poderá ocorrer o efeito represtinatório tácito da lei estadual. 
Observe-se o quadro abaixo com as diferenças entre as quatro competências:
	COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
	COMPETÊNCIA PRIVATIVA
	COMPETÊNCIAS COMUNS
	COMPETÊNCIAS CONCORRENTES
	Segundo parte da doutrina são aquelas que ao contrário das privativas não admitem delegação nem competência suplementar. 
	São aquelas que admitem delegação. Ex. art. 22.
	São competências administrativas (art. 23). São diretamente administrativas e indiretamente gerarão competências legislativas.
São atribuídas a todos os entes da federação, sem exceção.
	São competências legislativas (art. 24). São diretamente legislativas e indiretamente gerarão competências administrativas.
São atribuídas apenas a União, aos Estados e ao DF.
OBSERVAÇÕES:
I. A CF/88 não consagrou em seu texto a distinção entre competências privativa e exclusiva, p.ex. no art. 48, que trata de competência privativa do Senado, apesar de se tratar de hipótese prevista como competência privativa, não pode a mesma ser delegada. 
II. Apesar de não estar elencado no art. 24 os municípios possuem competência suplementar (art. 30, II), o que autoriza o trato de certas matérias desse dispositivo quando houver lei federal e estadual. 
A competência suplementar atribuída aos municípios não pode ser exercida em relação a competências privativas ou exclusivas. 
5. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA DO ESTADO – Prevista nos art. 18 e no art. 1º, da Constituição. 
Vale destacar que o art. 1º consagra o princípio da indissolubilidade do pacto federativo (negativa ao direito de secessão – impossibilidade de um Estado membro deixar a federação sob pena de intervenção federal dos Estados – art. 34, I).
5.1 ESTADOS-MEMBROS – No que tange aos Estados-membros há que se ressalvar alguns limites que, segundo José Afonso da Silva são divididos em três grupos:
a. Princípios constitucionais sensíveis – São aqueles referentes a essência da organização constitucional da federação brasileira. 
No art. 36, III, há uma espécie de ADI interventiva ou representação interventiva, sendo que o legitimado para propô-la é o PGR. 
	A Lei 1.070 trata como crime de responsabilidade o não atendimento pelo Presidente de solicitação do STF. 
	Destaca-se ainda o previsto no art. 34, V. 
b. Princípios constitucionais extensíveis – São aqueles referentes a União e que devem ser estendidos aos Estados. Podendo ser ainda expressos (exs.: art. 27, §§ 1º e 2º, art. 28, art. 75 etc) ou implícitos (exs.: requisitos para criação de CPI – art. 58, §3º). 
Vale dizer que tratam-se de normas de observância obrigatória, p.ex. o processo para emenda constitucional ser aprovada deve observar o quórum de 3/5 e, contrariando o dispositivo constitucional, um Estado definiu em sua constituição que o quórum de emenda seria de 4/5. Ao avaliar esta questão o STF julgou inconstitucional tal dispositivo, sob o fundamento de que os princípios constitucionais extensíveis são normas de observância obrigatória. 
Ainda a exemplificar, destacam-se abaixo alguns exemplos de ações julgadas pelo STF no sentido de evidenciar a necessidade de observância obrigatória dos princípios constitucionais extensíveis no que tange a saída de governantes de território estadual e nacional, veja-se:
Na ADI 1.652/DF discutiu-se dispositivo que autorizava que governador se ausentasse por mais de 15 dias do DF com autorização da Assembleia sem se mencionar, no entanto, a possibilidade de perda do cargo – autorização, segundo o STF, foi exigida para a saída do território do DF.
ADI 738, ADIMC 678, ADI 703 e ADI 743 (referem-se a saída do território nacional). 
c. Princípios constitucionais estabelecidos – Encontram-se espalhados de forma assistemática pela Constituição, referindo-se expressa ou implicitamente a autonomia organizatória dos Estados membros. Ou seja, não são extensíveis os tratamentos, mas estabelece-se limites entre a organização do Estado.
Os princípios estabelecidos expressos podem ser exemplificados através dos artigos 37 e 19, e os princípios estabelecidos implícitos podem ser exemplificados através dos artigos 22 e 30. 
5.2 DISTRITO FEDERAL – Trata-se de território neutro que serve como sede do governo federal.
A natureza jurídica do DF foi discutida em sede de ADI 3756 (responsabilidade e limites de gastos com pessoal) que resultou no entendimento do STF de que o ente não seria Estado nem munícipio, pois trata-se de uma unidade federada autônoma com competência parcialmente tutelada pela União. Porém ressalvou-se que a estrutura do DF é mais próxima a estrutura do Estado.
As competências do DF, no que se refere a organização judiciária, Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar e Bombeiro Militar, são a cargo da União. ATENÇÃO – Com o advento da EC 69/2012 a competência da Defensoria Pública do DF passou a ser de competência do próprio DF (art. 21, XIII e XIV, art. 22, XVII e art. 48, IX).
5.3 MUNICÍPIOS – Há uma divergência na doutrina sobre este ser ou não ente federativo. Segundo José Afonso da Silva os municípios não são entes federativos basicamente por duas razões: não existem federações de municípios e, por isso, se o município for considerado ente federativo seria uma espécie de Estado-membro de segundo grau; os municípios não participam da formação da vontade nacional. Segundo este autor os municípios seriam meras autarquias territoriais. 
O posicionamento acima esposado é minoritário, pois a grande maioria da doutrina entende que a Constituição elevou o município a categoria de ente federativo (arts. 1º e 18). 
(Data: AULA ONLINE /Aula 03)
1. TIPOS DE FEDERALISMO E SUAS DIVERSAS FORMAS DE CLASSIFICAÇÕES
Podem ser classificados quanto aos seguintes:
0. QUANTO AO SURGIMENTO OU ORIGEM DO ESTADO FEDERADO
Estão relacionadas a maneira como o federalismo se originou e pode ser classificado em federalismo por agregação ou federalismo por segregação, veja-se:
1. Federalismo por agregação – É aquele que surge quando estados soberanos cedem uma parcela de sua soberania para formar um ente único. Ou seja, há uma agregação de estados que antes eram independentes e que resolveram se agregar para formar um novo estado único. O novo estado passa a ter a soberania e os estados que antigamente eram soberanos deixam de ser soberanos para ser apenas autônomos. 
Exs.: Estados Unidos e Suíça (confederações que passaram a ser uma federações).
	MOVIMENTO CENTRÍFUGO X MOVIMENTO CENTRÍPETO
No movimento centrípeto o poder é transferido para um ente central. Vários estados que transferem o poder para um ente central (centralização de poder).
As federações por agregação surgem através de um movimento centrípeto. 
OBS: Os estados resultantes da extinção de estados soberanos costumam ser denominados de estados perfeitos ou por associação ou por aglutinação.
1. Federalismo por segregação – É aquele que surge com a descentralização político administrativa, de um estado unitário, fixada pela Constituição. Ou seja, havia um ente único que passa a ser dividido em vários entes. Trata-se de descentralização que deve estar prevista na Constituição.
	MOVIMENTO CENTRÍFUGO X MOVIMENTO CENTRÍPETO
O federalismo por segregação, diferentemente do que ocorre no federalismo por agregação, tem seu surgimento condicionado movimento centrífugo. 
OBS: Os estadosresultantes do surgimento de entes são chamados de estados imperfeitos ou por dissociação.
Exs.: Brasil, Bélgica e Áustria. 
0. QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Estão relacionadas a maneira como a Constituição os dividiu e, ter-se-ão três tipos de federalismo, veja-se:
1. Federalismo dualista – Caracteriza-se pela repartição horizontal de competências constitucionais entre a União e os estados membros. Ou seja, há uma relação de coordenação entre a União e os estados (divisão igualitária de competências). 
É geralmente adotado nos estados liberais (intervenção mínima do Estado nas relações laborais, econômicas e sociais das pessoas). 
Ex.: Estados Unidos até o ano de 1929. 
1. Federalismo por integração – Tem como nota característica a sujeição dos estados membros à União. Ou seja, há uma repartição vertical de competências constitucionais entre a União e os estados membros, há uma relação de subordinação entre eles. 
Ex.: Brasil durante as Constituições de 1967 e 1969. 
1. Federalismo cooperativo – Consiste em uma tentativa de reduzir as dificuldades advindas da repartição de competências e de estabelecer uma fórmula geral para a melhor cooperação entre os entes federados. 
Ou seja, a Constituição estabelece algumas competências que são repartidas de forma horizontal (umas da União outras dos estados membros – exs.: competências privativas da União nos arts. 21 e 22; competências privativas dos estados membros no art. 25, p. 1º; competências privativas do Distrito Federal no art. 32, p. 5º; competências privativas dos Municípios no art. 30) e, também, competências repartidas de forma vertical (onde algumas competências ficarão sobre a tutela da União). 
Exs.: Brasil atual, Estados Unidos e Alemanha. 
0. QUANTO À CONCENTRAÇÃO DO PODER
Estão relacionados a concentração central ou periférica do poder, veja-se:
1. Federalismo centrípeto ou centralizador – Caracteriza-se pelo fortalecimento excessivo do poder central decorrente da predominância de atribuições conferidas à União. Ou seja, o ente central terá competência excessiva com relação aos demais entes federativos. 
Ex.: Federalismo adotado no Brasil (CF/88). 
1. Federalismo centrífugo – É aquele resultante de uma reação ao fortalecimento excessivo da União com a finalidade de assegurar o poder atribuído aos estados membros. Ou seja, o poder não é tão concentrado na União como no federalismo centrípeto.
Ex.: Estados Unidos (p. ex. matéria penal não é de competência da União, mas sim dos Estados e, por isso, alguns estados adotam a pena de morte e outros não, alguns disciplinam aborto outros não etc). 
1. Federalismo de equilíbrio – É aquele no qual se busca uma relação mais harmoniosa e equânime por meio de uma repartição equilibrada de competências entre o ente central e os entes periféricos. 
Ex.: Alemanha. 
0. QUANTO À HOMOGENEIDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
A análise do federalismo nessa ótica é feita sob o ponto de vista interno ao Estado, ou seja, analisar-se-á o Estado por dentro. 
E nesse sentido há duas formas de se analisar o federalismo simétrico. Através da simetria fática e da simetria jurídica, veja-se:
1. Simetria fática – É aquela relacionada aos fatos, à situações fáticas, a realidade (relação de poder na realidade, na sociedade).
Em outros termos, se revela a simetria fática quando há a ocorrência de uma homogeneidade na realidade subjacente ao ordenamento jurídico (homogeneidade com relação a aspectos da realidade – cultura, língua etc).
Ex.: Estados Unidos. 
1. Simetria jurídica – É aquela relacionada ao tratamento jurídico conferido aos fatos (como o direito trata os dados da realidade).
Em outros termos, ocorre quando se verifica a existência de um equilíbrio na distribuição de competências entre entes federados de mesmo grau. Ou seja, ocorre quando há simetria nas competências entre os diferentes estados membros e, no caso do Brasil, entre os diferentes municípios. 
	Ex.: Brasil (de maneira geral há simetria jurídica entre os municípios e estados).
	Quando se adota a simetria jurídica o federalismo é denominado de federalismo simétrico ou homogêneo e, em contraposição, há também o federalismo assimétrico ou homogêneo. Nesse sentido, vale destacar que a assimetria se revela em oposição ao conceituado linhas acima com relação a simetria fática e jurídica.
	Observe-se:
1. Federalismo simétrico ou homogêneo 
1. Federalismo assimétrico ou heterogêneo – É aquele em que as competências são repartidas de forma assimétrica a fim de adaptar o tratamento jurídico a diversidade socioeconômica e cultural. 
Ex.: Canadá e Suíça. 
No Brasil adota-se o federalismo simétrico, no entanto a Constituição consagra algumas regras assimétricas que reconhecem diferenças e buscam a diminuição de desigualdades regionais. Algumas regiões tem tratamento diferenciado em razão do tratamento econômico. 
Exs.: Art, 3º, III (objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil – redução de desigualdades sociais e regionais – p.ex. cotas e Zona Franca de Manaus); art. 43 (estabelecimento de determinadas áreas de atuação da União a fim de fomentar desenvolvimento regional); art. 151, I (possibilidade de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio econômico do desenvolvimento socioeconômico entre as regiões).
0. QUANTO ÀS CARACERÍSTICAS DOMINANTES
A análise do federalismo nessa ótica é feita sob o ponto de vista externo ao Estado, ou seja, analisar-se-á o federalismo comparando-o com outros países. 
Nesse sentido, há também a classificação de federalismo simétrico e federalismo assimétrico, assim como o é no caso de classificação quanto a homogeneidade, diferindo-se daquele em razão da análise que é feita, repita-se, sobre o ponto de vista externo do Estado, veja-se:
(Raul Machado – UERJ)
a. Federalismo simétrico – Pressupõe a existência de características dominantes frequentemente encontradas nessa forma de Estado. 
Exs.: Intervenção Federal nos estados membros; poder judiciário dual (órgãos judiciários federais e estaduais); poder legislativo bicameral (Senado + Câmara = Congresso); poder constituinte originário na elaboração da constituição nacional e poder constituinte decorrente na elaboração da constituição dos estados etc. 
b. Federalismo assimétrico – É aquele em que há um rompimento com as linhas tradicionais do federalismo simétrico. Ou seja, é aquele em que o país adota o federalismo que foge do federalismo padrão. 
OBS: A doutrina diverge quanto ao modelo de federalismo brasileiro, principalmente pela questão do município ser considerado ente federativo. Nesse sentido há dois posicionamentos, quais sejam:
1. O adotado por Kildare Carvalho no sentido de que o Brasil adota um federalismo simétrico, mas faz algumas concessões ao federalismo assimétrico.
1. O adotado por José Tarcísio de Almeida Melo no sentido de que a federação brasileira é considerada um federalismo assimétrico. 
0. QUANTO ÀS ESFERAS DE COMPETÊNCIA
De acordo com essa classificação há duas formas de federalismo, veja-se:
1. Federalismo de 2º grau ou típico ou bipartite – Caracteriza-se pela existência de duas esferas de competência: a esfera central (União) e a esfera regional (estados membros).
Ex.: Praticamente todos os países que adotam a federação com exceção do Brasil (EUA, Suíça, Alemanha).
1. Federalismo de 3º grau ou atípico ou tridimensional ou tripartite – Caracteriza-se pela existência de três esferas de competência: a central (União) a regional (estados) e a local (municípios).
ATENÇÃO – No que tange ao DF, por ser considerado também ente federativo, não trata-se de caso de adotar no Brasil um federalismo de “4º grau” (por se tratarem de 04 esferas de competência), pois não existe uma esfera de competência própria do DF (este acumula as esferas federal e local).
Nesse sentido, Manoel Gonçalvez Ferreira Filho classifica o federalismo brasileiro como sendo de 2º grau por considerar que o poder de auto organização dos municípios se subordina às constituições estaduais e à Constituição Federal (Pedro Lenza). 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES- INTRODUÇÃO
CLÁUSULA DA RESERVA DE PLENÁRIO – REGRA DA FUKK BENCH
Está consagrada no art. 97, da CF, “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. 
A maioria absoluta corresponde a mais de 50% dos membros (maioria relativa é mais de 50% dos presentes); os membros poderão ser os membros do tribunal (plenário do tribunal) ou membros do órgão especial (previsto no art. 93, XI – tribunal com mais de 25 membros pode criar um órgão especial que poderá ter entre 11 e 25 membros para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno); somente aos tribunais incide a cláusula de reserva de plenário, ou seja, não se aplica aos juízes singulares (estes podem sozinhos afastar a aplicação de uma lei que entenda ser inconstitucional, não incidindo sobre este a cláusula referida); somente a inconstitucionalidade será protegida pela cláusula em comento, situação que impedirá o julgamento do processo e através de acórdão submeter-se-á a questão ao pleno, que analisará a constitucionalidade da lei ou do ato normativo, não julgando o processo (como se fizesse o controle abstrato dentro do controle concreto). Mas na hipótese do tribunal entender pela constitucionalidade da lei ou do ato, após analisadas, não seguia a regra da reserva, julgará através de acórdão e julgará o processo.
Ou seja, no que tange à análise de inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo, há uma divisão funcional de competências que se não for observada gera a nulidade absoluta da decisão. 
Questões de concurso – Turmas recursais de Juizados Especiais precisam observar a reserva de plenário???
Não, pois turma recursal não é tribunal e, só incidirá aquela no âmbito dos tribanais.
E o Tribunal de Contas???
Apesar de ser tribunal não se trata de órgão do Poder Judiciário e, portanto, não necessitará observar a cláusula de reserva de plenário. 
Repetindo, para se declarar a constitucionalidade não há que se observar a cláusula de reserva de plenário, somente quando for para declarar a inconstitucionalidade. Nesse sentido, quando uma norma tem mais de um significado e há necessidade de que se exclua um deles para se assegurar as normas previstas na Constituição (princípio da interpretação conforme).
No controle abstrato, o STF entende que a interpretação conforme sem redução de texto e o princípio da interpretação conforme são equivalentes. E, em razão do positivado na súmula vinculante nº 10 – Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de que tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público afasta sua incidência no todo ou em parte – pairava dúvida quanto a observância da cláusula de reserva de plenário quanto aos casos de interpretação conforme. No entanto, resta positivado que a cláusula não necessita ser observada na hipótese (RE 579.721).
Em suma, declaração de constitucionalidade e interpretação conforme não observam a cláusula de reserva de plenário. 
Nessa mesma esteira, vale dizer que as normas pré-constitucionais (hipótese de não recepção e não de inconstitucionalidade) foram levadas a plenário por meio do AgI 838.188 para que se decida sobre a necessidade de se observar ou não a cláusula de reserva de plenário. Apesar de ter jurisprudência anterior a respeito, em função do STF ter determinado a incidência de repercussão geral, a hipótese ainda não foi decidida.
Questão de concurso – Quando o STF julga um Recurso Extraordinário precisa observar a cláusula de reserva de plenário???
De acordo com o STF, no RE não se aplica a cláusula de reserva de plenário (RE 361.829-ED), pois de acordo com o art. 102, III, o RE por sua natureza já trata de causa de inconstitucionalidade de um ato, ou seja, se for necessário observar a cláusula aludida o RE “perderia seu sentido” (turmas não poderiam mais analisar o RE).
	Por fim, o Código de Processo Civil, em seu art. 481, parágrafo único, há duas exceções a cláusula em análise, quais sejam: 
1. Quando o STF, através de pleno, já tiver analisado a questão e declarado inconstitucionalidade, não há necessidade de que o órgão fracionário submeta novamente a questão ao seu pleno para analisá-la. Ou seja, poderá declará-la inconstitucional de pronto.
1. Quando o pleno ou órgão especial do próprio tribunal já tiver analisado a questão.
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DE LEI PELO SENADO FEDERAL
O referido tema só ocorre no controle difuso, pois o efeito da decisão é apenas inter partes, ou seja, só afeta as partes envolvidas e, para que a decisão proferida pelo STF possa valer para todos o Senado Federal editará uma resolução suspendendo a execução da lei (Regimento Interno do STF, art. 178). 
De acordo com art. 52, X, “compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF”. 
Veja-se algumas características do ato em análise:
1. O entendimento adotado pelo STF e pelo próprio Senado Federal é de que o ato de suspensão de execução de lei pelo Senado é no sentido de que se trata de um ato discricionário (somente suspende se quiser e quando quiser). 
1. O efeito da suspensão é controverso, segundo José Afonso da Silva tem efeito ex nunc, já segundo Gilmar Mendes o efeito é ex tunc.
1. O STF entende que a suspensão não pode ocorrer no caso de normas pré constitucionais (normas anteriores a Constituição – hipótese de não recepção e não de inconstitucionalidade).
1. A resolução do Senado deve se ater aos exatos limites da decisão do STF, ou seja, quando o STF declarar que toda a lei é inconstitucional, não poderá o Senado suspender apenas uma parte da lei (lembrando que se trata de ato discricionário – mas não pode nem ir além nem aquém daquilo que o STF decidiu). 
1. O Senado pertence ao Congresso que é órgão do poder legislativo federal e, por isso, poderá suspender a execução de leis federais, estaduais e/ou municipais. Não há violação ao princípio federativo porque ao exercer essa competência ele está atuando como um órgão nacional (está relacionado aos interesses de todo Estado brasileiro) não apenas como um órgão federal (está relacionado à União). 
E a legitimidade para atuar como órgão nacional e federal, diferente da Câmara, se deve ao fato de ser composto por representantes do Estado. 
(Data: 20.09.12/Aula 04)
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
PODER LEGISLATIVO
1. COMISSÕES PARLAMENTARES DE INNQUÉRITO – CPI 
1.1 Aspectos introdutórios
As CPIs foram supervalorizadas quando do advento da CF/88 em função da diversidade de matérias e necessidade de conhecimento especializado (comissões temáticas que tratam de temas específicos). 
1.1.1 Objetivos – São três objetivos principais, quais sejam:
II. Auxiliar na atuação legiferante, ou seja, fazer com que a investigação feita pelos parlamentares tragam-lhes informações úteis para que estes desenvolvam leis de maneira eficaz;
III. Servir de instrumento de controle do governo e da opinião pública, ou seja, auxiliar na fiscalização do governo e da Administração Pública (o Poder Legislativo tem duas funções típicas – legislar e fiscalizar a atuação do Poder Executivo);
IV. Servir como instrumento de informação para a opinião pública, ou seja, levar à opinião pública conhecimento de determinados fatos que sejam importantes e que tenham interessa geral e nacional. 
	A CPI são os olhos e ouvidos do parlamento (através dela o parlamento tem notícia de vários fatos importantes).
1.1.2 Investigados – A CPI poderá investigar o Poder Executivo, pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou instituições ligados a gestão da coisa pública ou que de alguma forma tenham que prestar contas sobre dinheiro, bens ou valores públicos. 
Não é a natureza da pessoa que determina que esta possa ser investigada ou não, mas sim a relação que há entre o indivíduo e a pessoa pública, ou seja, que tenha esta relaçãocom a gestão pública ou que tenha que prestar contas.
OBS: A CPI é um órgão do Congresso Nacional e, portanto, estará aquela sempre adstrita a competência deste. Ou seja, os limites de competência fiscalizatória da CPI são os mesmos que fazem parte da competência do Congresso Nacional. 
1.2 CPI federal
1.2.1 Requisitos para sua criação – São normas de observância obrigatória no âmbito estadual e no âmbito federal (ADI 3619). 
Os requisitos estão previstos no art. 58, §3º, da CF/88, “ As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.”
Em suma, são eles:
a. Requerimento de 1/3 de seus membros.
Nesse sentido, vale ressaltar que, quanto à sua formação poderá ser:
CPI exclusiva – Dos membros da Câmara dos Deputados (1/3) OU do Senado Federal (1/3);
CPI mista – 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados + 1/3 do Senado Federal.
No Brasil, em atendimento ao preconizado pela Constituição de Weimar, as CPIs são direitos das minorias (MS 26.441 – retirada de assinatura depois de feito requerimento de CPI – entendimento do STF de que esta exigência deve ser examinada no momento do protocolo do pedido perante a mesa da Casa Legislativa, não sendo necessária posterior ratificação).
Nesse sentido vale ressaltar a composição da CPI.
O critério que informa a composição da CPI está previsto no art. 58, §1º, da CF/88, qual seja, a proporcionalidade da representação (proporcional aos partidos e representações coligadas), veja-se: “Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.”
Ou seja, o partido que tem maioria ou a coligação que tenha maioria terá maior composição dos membros da CPI.
b. Apuração de fato determinado – Na inicial da CPI há a obrigatoriedade de que exista a delimitação do objeto, ou seja, há necessidade de se informar os fatos que serão investigados na mesma.
O objeto sempre tem que estar relacionado a competência fiscalizatória do Congresso Nacional e, há ainda que se ter interesse público envolvido. 
Nesse sentido, vale dizer que a CPI federal não pode investigar qualquer fato de interesse público, podendo investigar apenas fatos de interesse exclusivamente federal (interesses da União) ou fatos de interesse nacional (interesses de todo Estado brasileiro – União, estados, DF e municípios). 
Quando se tratar de interesse exclusivo do estado, DF ou município, compete a CPI estadual, distrital ou municipal a sua fiscalização. 
Quando surgem fatos novos que sejam conexos com sua investigação pode haver a apuração – imagine-se a criação de uma CPI para investigar fato X, mas no decorrer de sua investigação surgem fatos novos não conhecidos no momento de sua instauração (Inquérito 2245 – CPI dos Correios e Mensalão).
Em razão de novos fatos há necessidade de que a inicial seja aditada para que estes possam ser também investigados. 
c. Prazo certo de duração.
Nesse sentido, vale ressaltar que, quanto à sua duração poderá ser:
CPIs permanentes – São aquelas que não se extinguem com o término da legislatura (ex.: CCJ – Comissão de Constituição e Justiça). 
CPIs temporárias – São aquelas que se extinguem com o término dos trabalhos ou com o fim do prazo estabelecido ou com o fim da legislatura. 
OBS: Nenhuma comissão temporária pode passar de uma legislatura para outra, esse é o ponto de diferenciação entre esta e a comissão permanente. 
Quanto ao prazo de duração há dois tratamentos, o do Regimento Interno do Senado Federal (art. 145, §1º - O prazo é estabelecido no momento de criação da CPI, ou seja, o prazo é determinado na inicial de criação da CPI podendo variar conforme a complexidade do caso) e o do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 35, §3º - O prazo é de 120 dias prorrogável pela metade).
OBS: O Regimento Interno do Congresso Nacional não fixa prazo para duração da CPI, geralmente utiliza-se, subsidiariamente, dos regimentos do Senado ou da Câmara. 
1.2.2 Poderes – São previstos no Regimento Interno e poderes próprios de autoridades judiciais que têm natureza instrumental, ou seja, não são um fim em si mesmo, não existem por si próprios, são meios para atingir determinados fins. 
Para a CPI investigar lhe foram atribuídos poderes próprios de autoridade judicial. O que não quer dizer que o Poder Judiciário tenha poder investigatório, mas sim o contrário, a CPI tem poder de autoridade judicial.
Mas atenção, esses poderes são apenas os poderes instrutórios. Não tem a CPI poder geral de cautela. 
São eles:
a. Quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados (exs.: declaração de imposto de renda, extratos bancários, dados de informática a depender da localização do computador, acesso ao registro das ligações feitas que não se confunde com grampos telefônicos/interceptação);
b. Busca e apreensão de documentos (desde que esses documentos não estejam protegidos constitucionalmente, p.ex. documentos dentro de asilo inviolável);
c. Condução coercitiva para prestar depoimento (pode determinar a condução coercitiva da pessoa, mas não pode obrigar-lhe a falar, p.ex.);
Questão de concurso – A CPI pode determinar a condução coercitiva de índio???
De acordo com o STF a CPI não pode exigir a presença do indígena no Congresso Nacional, o que não impede de ouvi-lo dentro de sua própria comunidade – Respeito a cultura indígena (STF HC 80.240).
d. Realização de exames periciais (ex.: perícias contábeis). 
OBS: Para que os poderes da CPI não sejam eivados de nulidade a fundamentação da decisão deve ser contemporânea e adequada, ou seja, não pode p.ex. apresentar fundamentação que justifique a quebra em momento posterior a esta e, não pode a CPI ser fundamentada em indícios abstratos (p.ex. noticiário televisivo), tem que haver indícios concretos que justifiquem a violação dos direitos e garantias individuais. 
1.2.3 Limites
I. Cláusula da reserva de jurisdição – Algumas matérias são reservadas ao Poder Judiciário. 
A CPI tem alguns poderes que os juízes possuem, nesse sentido os seguintes poderes não são extensíveis àquela:
a. Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI) – Não pode a CPI determinar a busca e apreensão de documentos em locais que estejam protegidos pela inviolabilidade de domicílio.
b. Interceptação telefônica (art. 5º, XII) – O sigilo das comunicações telefônicas, que se trata do diálogo no momento em que é realizado, não pode ser interceptado pelas CPIs sem que haja autorização judicial.
c. Prisão (art. 5º, LXI) – Não pode ser determinada pela CPI, salvo hipótese de flagrante delito. Do contrário, por ordem escrita e fundamentada, somente a autoridade judicial poderá fazê-lo. 
d. Sigilo imposto a processo judicial (art. 5º, X c/c LX) – Quando um órgão do Poder Judiciário determinar que um processo tramite em segredo de justiça não poderá a CPI determinar a quebra de sigilo. 
II. Direitos e garantias individuais específicos – Todos os direitos e garantias individuais, se forem pertinentes, devem ser observados pela CPI, ou seja, todos servem como limites à CPI, no entanto, por fins meramente didáticos mencionam-se os seguintes: 
a. Direito a não auto incriminação (art. 5º, LXIII) – Trata-se do direito de ficar calado (habeas corpus preventivo para se reservar ao direito de permanecer calado).
b. Direito ao sigilo profissional (art. 5º, XIV) – A CPI, assim como o juiz, deve respeitar o sigilo profissional. Não pode obrigar profissional a revelar informações recebidas em razão de sua profissão (exs.: advogado, jornalista etc).
III. Medidas acautelatórias – Conforme já esposadoa CPI não tem poder geral de cautela, nesse sentido veja-se as seguintes medidas que não podem ser tomadas por esta:
a. Indisponibilidade de bens;
b. Proibição de ausentar-se do país;
c. Arresto, sequestro e hipoteca judiciária.
As medidas acautelatórias tem finalidade de assegurar a efetividade do provimento final.
IV. Não pode a CPI formular acusações e nem punir delitos. As conclusões da investigação são enviadas ao Ministério Público, cabendo ao juiz o dever de punir. 
1.2.4 Provas obtidas através de CPI
A prova colhida na CPI por meio de investigação é semelhante a feita pela Polícia Civil (inquérito policial) e, segundo o Código de Processo Penal, no âmbito desta não pode ser admitida como elemento informativo fundamentador exclusivo. 
No entanto, há que se atentar ao fato de que a investigação feita em sede de CPI deve observar inúmeras garantias, segundo a jurisprudência do STF. 
Mas atenção, apesar das provas produzidas através de CPI não podem ter caráter exclusivo de fundamentação, mas podem elas reforçar as demais provas obtidas, ou seja, não têm caráter de único elemento informativo, mas podem servir de base para reforçar outras provas. 
1.2.5 Impetração de mandado de segurança e habeas corpus 
No caso de CPI, o mandado de segurança e o habeas corpus devem ser impetrados, de acordo com a regra geral, contra a autoridade coatora. E, em havendo situação em que não há autoridade coatora específica a impetração deverá ser dirigida ao presidente da CPI, cuja competência de julgamento será do STF. 
1.3 CPI estadual
Segundo a CF/88 não se fala em CPI no âmbito estadual, no entanto não há objeção a sua existência. E, em razão do princípio federativo, já mencionados, há algumas diferenças que a caracterizam. Nesse sentido, vale destacar, inicialmente, que as CPIs estaduais só podem investigar um ato ou fato que tenham relação com o Estado determinado.
1.3.1 Investigados 
As questões relacionadas a CPI estadual são em regra analisadas pelo STJ (Petição 1.611-AgRg – “CPIs estaduais não têm competência para investigar autoridades submetidas a foro privilegiado federal”). 
OBS: Não pode investigar especificamente a autoridade, mas poderá investigar os atos.
1.3.2 Requisitos
São requisitos de observância obrigatória. São aqueles também previstos no âmbito de CPI federal (requerimento de 1/3, fato determinado e prazo). A única diferença é que o fato a ser apurado tem que ser de interesse do estado. 
1.3.3 Poderes
Por meio da ACO 730/RJ entendeu o STF que CPI estadual pode determinar a quebra de sigilo bancário. E, apesar de não ser tratado na referida ação os sigilos fiscais e telefônicos, p.ex., esse entendimento pode ser estendido aos demais sigilos (na Assembleia Legislativa de São Paulo – regimento interno – é prevista a possibilidade de quebras de sigilos bancário, de dados e telefônico).
1.4 CPI municipal
O princípio da simetria é o que fundamenta a possibilidade de uma Câmara Municipal realizar uma CPI, ou seja, se se tem o instrumento de fiscalização da CPI nos poderes federal e estadual o poderá ser feito, também, no âmbito municipal.
Segundo a doutrina para que haja CPI municipal há necessidade de que se tenha previsão no regimento interno ou na lei orgânica dos municípios. 
1.4.1 Requisitos
Por serem de observância obrigatória, são os mesmos com relação as CPIs federal e estadual (requerimento de 1/3, fato determinado e prazo). A única diferença é que o fato a ser apurado tem que ser de interesse do município.
1.4.2 Poderes
Com relação aos poderes da CPI municipal, além de serem definidos no regimento interno, há uma peculiaridade com relação aos poderes das CPIs estadual e federal. O entendimento majoritário é no sentido de que esta não tem poderes próprios de autoridade judicial por não existir órgão do Poder Judiciário municipal (no âmbito municipal só há Poder Legislativo e Poder Executivo, não há Poder Judiciário).
Se for conferido à CPI poder de investigação próprio de autoridade judicial as competências constitucionalmente conferidas ao município estarão sendo ampliadas de forma indevida. 
OBS: Não há nenhuma decisão do STF nesse sentido que seja posterior a CF/88, no entanto há decisão anterior a esta feita através do RE 96.049 em que o Supremo não admitiu condução coercitiva de testemunha. 
Vale destacar ainda a decisão contida na ADI 13.4.1.7/00, de município de Minas Gerais, que previa em sua lei orgânica poderes próprios da autoridade judicial a CPI municipal e, que foi considerada inconstitucional. 
2. GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO
2.1 Aspectos introdutórios
São garantias institucionais e não individuais, ou seja, garantem proteção a instituição do parlamento. Por esta razão são garantias irrenunciáveis que permitem que o parlamentar exerça suas funções sem se preocupar com questões processuais que estejam envoltas ao desempenho de suas funções. 
	As garantias parlamentares são iniciadas a partir da diplomação e permanecem até o término do mandato.
	O afastamento do parlamentar suspende as imunidades material (palavras e opiniões) e formal (prisão), mas não suspende o foro por prerrogativa de função. 
Nesse sentido, cabe destacar teor da súmula 04 do STF, SUPERADA, que preconiza que “não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado ministro de estado”.
As garantias (imunidades e prerrogativa de foro) não se estendem aos suplentes. 
Segundo a ministra do STF, Carmem Lúcia, não existe senador suplente, deputado suplente ou vereador suplente, mas sim suplente de senador, suplente de deputado ou suplente de vereador. 
(Data: .09.12/Aula 05)
(Data: 16.11.12/Aula 06)
ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO
A priori convém destacar o significado de poder: é a capacidade de impor vontade sobre a vontade de terceiros.
Na matéria ora analisada o poder será tratado em seu enfoque político, que nada mais do que a possibilidade de utilização da violência legítima (exs.: busca e apreensão em domicílio; interceptação telefônica).
0. ACEPÇÕES DE PODER DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO
A. ART. 1ª, PARÁGRAFO ÚNICO – “Todo poder emana do povo”.
A acepção define poder como soberania popular. 
B. ART. 2º - “São poderes da União”.
A acepção define os órgãos da União – legislativo, executivo e judiciário. 
C. ART. 44 – “O poder legislativo(...)”.
A acepção define a função do poder legislativo. 
D. ART. 76 – “O poder executivo(...)”
A acepção define a função do poder executivo.
E. ART. 92 – “São órgãos do poder judiciário(...)”
A acepção define as funções do poder judiciário.
Embora se falasse antigamente em divisão tripartite de Montesquieu (poderes executivo, legislativo e judiciário), em termos técnicos não se trata de assertiva correta, haja vista que o poder é uno, indivisível. 
0. FUNÇÃO LEGISLATIVA
No Brasil o órgão legislativo exerce tipicamente duas atribuições, quais sejam:
1. Inovação da ordem jurídica criando o que se denomina genericamente por lei;
1. Fiscalização econômica financeira (Congresso Nacional auxiliado pelo TCU – art. 70) e fiscalização político administrativa (Congresso Nacional através das comissões – art. 58). 
O órgão legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional (art.44) e é este bicameral federativo (Câmara dos Deputados + Senado Federal). 
0. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO LEGISLATIVO DA UNIÃO
O Poder Legislativo da União se manifesta através:
2. Do Senado Federal (art. 52) e, quando este se fizer sozinho esta manifestação será feita através de resoluções (ex.: indicação do presidente do STF feito pelo Presidente e aprovado pelo Senado Federal). 
2. Da Câmara dos Deputados (art. 51) e, quando esta se fizer sozinho esta manifestação será feita através de resoluções
2. Do Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal (art. 48) – lei ordinária/lei complementar – e nesta hipótese estará condicionada a participação do Chefe do Executivo. 
2. Do Congresso Nacional (art. 49) – decreto legislativo. 
2. Do legislativo da União investido do poder constituinte derivado reformador (art. 60). 
O Poder Legislativo da Uniãose manifesta através do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional. 
Nesse sentido, veja-se a análise de cada manifestação:
A. SENADO FEDERAL
Na hipótese do Senado Federal, este se compõe de senadores que representam os Estados (03 senadores para cada Estado, totalizando 81 senadores). 
O mandato de um senador é de 08 anos e, as eleições são feitas a proporção de 1/3 e 2/3 (eleições de 27 e 54 novos senadores respectivamente), ou seja, em uma eleição se elege um e numa próxima eleição, 02 senadores. 
Ao ser eleito o senador comporá o cargo juntamente com 02 suplentes. Sendo eleito por um sistema eleitoral majoritário, o que significa que será levado e conta o número de votos válidos dirigido ao candidato (benefício do candidato em detrimento do partido político).
OBS.: O sistema majoritário é utilizado nas eleições de presidentes, governadores, senadores e prefeitos. Diferentemente do que ocorre no sistema eleitoral proporcional, em que prevalece a importância do partido político e não do candidato (adotado no caso de eleições de deputados estaduais, federais e vereadores). 
A idade mínima para ser senador é de 35 anos (capacidade política absoluta – pode o cidadão exercer qualquer cargo eleitoral). 
B. CÂMARA DOS DEPUTADOS
De acordo com o art. 45, a Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo (art. 12 – brasileiros natos e naturalizados). 
Existem atualmente 513 deputados federais, sendo o mínimo de 08 e máximo de 70 deputados por estado (estados menos populosos 08 e mais populosos 70 – varia de acordo com a população/habitantes).
OBS.: Não há território no Brasil, mas se porventura forem criados terão 04 deputados federais, no entanto, não terão senadores. 
O mandato dos deputados federais é de 04 anos, são eleitos pelo sistema proporcional, a idade mínima para ser deputado federal é de 21 anos. 
	Conceitos importantes:
Legislatura é o período de quatro anos e compreende o mandato de um deputado federal (art. 44, parágrafo único). Cada legislatura se divide em quatro sessões legislativas.
Sessão legislativa nada mais é do que o período compreendido entre os períodos de 02 de fevereiro a 17 de julho e de 1ª de agosto a 22 de dezembro (art. 57). Cada sessão legislativa é composta por uma mesa legislativa.
Mesa legislativa é um órgão de direção de um colegiado que exerce funções administrativas e executivas (mesas do Congresso, Senado e Câmara). Quem exerce cargo na mesa tem cargo de 02 anos, pois estes renovam-se de acordo com as legislaturas (02 mesas). Sendo vedado a recondução para o mesmo cargo nas mesas, sendo estes: Presidente, 1ª vice presidente, 2º vice presidente, 1º,2º,3º e 4º secretários (art. 54, §4º). 
OBS.: As constituições estaduais e leis orgânicas municipais podem estabelecer de forma diversa, uma vez que o art. 54, não estabelece ser esta norma de reprodução geral. 
O presidente do Senado automaticamente preside o Congresso Nacional, o 1º vice presidente é o presidente da Câmara e assim sucessivamente e alternativamente. 
PROCESSO LEGISLATIVO
A Constituição fala em princípio da legalidade em seu art. 5º, II, destinando-se este ao indivíduo, pois está inserido no rol de direitos e garantias fundamentais (só não pode fazer o que está vedado em lei). E, trata o referido inciso de “lei” em sentido genérico, ou seja, qualquer dispositivo normativo. 
O processo legislativo constitucional é muito importante e, por isso, a lei que o embasa deve ser criada em obediência ao descrito na Constituição. 
Se uma lei é criada em descumprimento com o devido processo legislativo será inconstitucional (formal orgânica). 
Devido processo legislativo constitucional é um conjunto de fases, atos previstos constitucionalmente e que tem por objetivo a criação da norma jurídica. 
TEORIA DAS MAIORIAS
	Os colegiados se manifestam através da maioria de votos, mas isso não significa desrespeito às minorias (democracia). 
	Previstas na Constituição, são elas:
a. Maioria absoluta – É o primeiro número inteiro acima da metade dos membros da Casa Legislativa (não é metade + 01);
Não existe manifestação legislativa (votação/ deliberação) sem que a maioria absoluta dos membros esteja presente (art. 47). 
b. Maioria relativa de votos (simples) – É qualquer maioria desde que se faça presente ao menos a maioria absoluta de votos. 
c. Maioria qualificada – em regra é superior a maioria absoluta de votos (2/3 e 3/5). É normalmente expressa em frações. Ex.: votação de emenda constitucional. 
ESPÉCIES DE PROCESSO LEGISLATIVO
a. Processo legislativo ordinário ou comum – É aquele que deve ser obedecido sob pena de inconstitucionalidade pelos projetos de lei ordinária ou lei complementar. 
Em regra é este o seguido pela Constituição. 
b. Processo legislativo sumário – É aquele que o chefe do executivo solicita urgência nos projetos de lei de sua iniciativa. 
c. Processo legislativo especial – Existem vários processos legislativos especiais. É considerado especial porque foge a regra descrita no processo ordinário e no comum. 
FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO OU COMUM
a. Fase iniciativa (apresentação, proposição, iniciativa, capacidade legislativa, competência legiferante) 
Iniciativa quer dizer quem pode apresentar projeto de lei. Apresentam algumas espécies: geral; privativa (reservada/exclusiva); popular; concorrente.
Geral ou comum – A constituição não reserva a capacidade legislativa de iniciativa geral ou comum a nenhum legitimado (art. 61, caput)
Privativa – Reserva a um dos legitimados a apresentação de proposições legislativas a respeito de algumas matérias (art. 61, §1º, art. 93).
Popular – O cidadão apresenta projeto de lei (art. 61, §2º).
Concorrente – a Constituição estabelece a mais de um legitimado a apresentação de um projeto legislativo (art. 127).
	Todo projeto de lei em regra começa sua tramitação na Câmara dos Deputados (casa iniciadora) e depois, em razão do bicameralismo, há a casa revisora (Senado Federal).
	Há duas hipóteses cuja casa iniciadora será o Senado Federal: projeto de lei ordinário ou complementar apresentado por senadores e comissão do Senado Federal. 
b. Debate ou discussão – As proposições legislativas precisam ser debatidas, precisando sofrer maior reflexão dentro das casas legislativas. 
	O debate ocorre em dois momentos: comissão de constituição e justiça (controle preventivo de constitucionalidade a respeito do projeto de lei – adequação da compatibilidade do projeto com o texto constitucional); comissão temática ou material (art. 58) podem aprovar projetos de lei sem a manifestação do plenário. É o que se chama de delegação interna ou delegação imprópria (processo legislativa abreviado – Gilmar Mendes)
c. Votação ou aprovação – Pode se dar na Câmara ou Senado, a depender de onde se iniciou o projeto. 
PLO = MS = 47
PLC = MA = 69
d. Sanção ou veto – O presidente participa do processo legislativo apresentado e em alguns casos com inciativa particular.
Mecanismos de freios e contrapesos (participação do executivo controlando o legislativo). 
Sanção é aquiescência do chefe do executivo nos termos do projeto. Tendo o presidente o prazo de 15 dias uteis para sancionar o projeto. Há duas espécies de sanção: Sanção expressa é aquela exarada em até 15 dias uteis. E sanção tácita, o presidente deixa de transcorrer o prazo de 15 dias uteis.
Veto é a discordância do chefe do Poder Executivo com os termos do projeto. Não existe veto tácito, deve todo veto ser expresso e deve ser exarado no prazo de até 15 dias uteis. 
Veto quanto a extensão
Total ou parcial – há contrariedade do chefe do executivo com relação ao projeto, abrangendo todo o projeto ou parte do projeto. (não existe veto de palavras)
Veto quanto ao conteúdo 
Político ou jurídico - viola no todo ou em parte a constituição (jurídico)
Inconstitucionalidade do processo 
Não oportuno para aquele dado momento/não há interesse público.
	ATENÇÃO: Não existe veto absoluto, todo veto é relativo. O presidente não tem a última palavra. Deverá ser comunicado ao Congressosobre o veto e este poderá afastar o veto (art. 66, §4º - maioria absoluta + votação secreta + 30 dias). 
e. Promulgação -É o ato do chefe do executivo que atesta a existência da lei.
f. Publicação – É o ato que marca a obrigatoriedade da lei. 
	OBS.: A doutrina define as fases acima definidas em apenas três: apresentação, fase constitutiva (por deliberação legislativa e por deliberação executiva) e fase complementar.
Questão de concurso – Existe hierarquia entre lei ordinária e lei complementar???
Hoje o STF entende que não, ambas retiram seu fundamento de validade da própria Constituição. 
Apesar disso tratam-se de espécies normativas diversas. Há uma diferença de ordem formal (quórum de aprovação – relativa e absoluta) e de ordem material (reserva de matéria). 
PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO – Art. 64
É um processo mais curto, abreviado. 
PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS – Art. 59
RESOLUÇÃO – É uma espécie normativa que tem por objetivo regulamentar matéria de competência privativa da câmara dos deputados (art. 51) ou do senado (art. 52). 
Em regra as resoluções produzem efeitos dentro de cada casa legislativa. 
DECRETO LEGISLATIVO – É uma espécie normativa que tem por objetivo veicular matérias de competência exclusiva do congresso nacional (art. 49), em regra produzindo efeitos externos, fora do congresso nacional (ex.: aprovação de tratado internacional) . 
(Data: .09.12/Aula 07)
Processo legislativo especial da emenda a constituição e lei delegada (próxima aula). 
Curso Intensivo II – LFG
Carreiras Jurídicas
Direito Constitucional

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