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CURSO INTENSIVO I
DIREITO PENAL
(Rogério Sanches)
www.atualidadesdodireito.com.br/rogeriosanches
Bibliografia sugerida 
· Curso de Direito Penal – Rogério Grecco – Impetus 
· Tratado de Direito Penal – Cesar Roberto Bittencourt – Saraiva
· Coleção de Ciências Criminais – Coordenadores: Luiz Flávio Gomes e Rogério Sanches – RT
· Código Penal Comentado (Rogério Sanches - atualizado)
(Data: 24.01.12/Aula 01)
TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL
1. CONCEITO E FINALIDADE DO DIREITO PENAL 
 Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas.
	Já sob o enfoque sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social. 
· O Direito (como um todo) pode ser considerado um tronco de uma árvore, tendo, por conseguinte, diversos ramos. O Direito Penal é UM desses ramos, podendo ser caracterizado, ainda, como o ramo que traz a consequência jurídica mais drástica e por isso, é orientado pelo princípio da intervenção mínima. 
MISSÃO DO DIREITO PENAL – A doutrina divide a missão do Direito Penal em duas, a mediata e a imediata.
A função mediata define que o Direito Penal serve como controle social e como limite ao poder punitivo estatal. 
	OBS: Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida e sociedade, de outro lado é necessário também limitar seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva.
No que tange a função imediata, a doutrina diverge no que se refere a sua definição. Uma primeira corrente define que o Direito Penal tem como função imediata a proteção de bens jurídicos (esta é a que prevalece!!!), já uma segunda corrente defende que o Direito Penal tem como função imediata assegurar o ordenamento, a vigência da norma.
	DIREITO PENAL OBJETIVO X DIREITO PENAL SUBJETIVO 
	Aquele trata do conjunto de leis penais em vigor no país, enquanto este trata do direito de punir do Estado.
	CUIDADO – O Direito Penal OBJETIVO é expressão ou emanação do poder punitivo do Estado (direito penal subjetivo).
· ATENÇÂO – o poder punitivo do Estado não é absoluto/ilimitado/incondicionado e, portanto, sofre algumas limitações, veja-se:
a) Limite temporal ao direito de punir: PRESCRIÇÃO.
b) Limite espacial ao direito de punir: PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (Art. 5º do Código Penal).
c) Limite quanto ao modo do direito de punir: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
	OBS: O monopólio do direito de punir não significa autorização para punições abusivas. Tal monopólio visa, tão somente, evitar a punição privada (justiça pelas próprias mãos).
Questão de concurso – Existe exceção tolerando a aplicação de sanção penal por ente não estatal? 
Sim, de acordo com o art. 57 do Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/73), veja-se:
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
Atenção – O fato acima não gera bis in idem porque entende-se que as punições tem natureza diversa, uma tem natureza privada e a outra pública. 
Ademais, há que se atentar ao fato que ainda que seja permitida tal modalidade de aplicação de sanção penal, ainda assim ela é limitada.
OBS: a legitima defesa não é caso de exceção a aplicação da sanção penal.
	DIREITO PENAL SUBSTANTIVO X DIREITO PENAL ADJETIVO (classificação ultrapassada – só tinha fundamento quando o direito processual era considerado um ramo autônomo) 
	Enquanto aquele (direito penal substantivo) é sinônimo de Direito Penal objetivo, ou seja, do conjunto de leis penais em vigor no país, este corresponde ao Direito Processual Penal.
	DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA – É utilizado para limitar ou derrogar garantias penais e processuais penais em busca do controle da alta criminalidade (ex.: Lei nº 8.072/90 – Lei dos crimes hediondos).
	DIREITO PENAL SIMBÓLICO – O Estado, na pretensão de dar rápida resposta aos anseios sociais, muitas vezes criminaliza condutas sem qualquer fundamento criminológico e de política criminal, criando uma ilusão. Acaba cumprindo uma função simbólica. (Criam-se crimes sem pensar na necessidade e consequência – crimes que se apartam da realidade). 
	Ex.: “Lei das palmadas”.
	DIREITO PENAL PROMOCIONAL – Ocorre quando o Estado utiliza as leis penais para a consecução de suas finalidades políticas e acaba por ignorar o princípio da intervenção mínima. 
2. FONTES DO DIREITO PENAL 
 É o lugar de criação (fonte material) e a forma de revelação (fonte formal) do ato penal.
Fonte material é a fonte de produção. É o órgão encarregado da produção do Direito Penal, ou seja, a União (art. 22, I, CF/88).
	CUIDADO – O art. 22, § único, CF/88, prevê que o Estado poderá legislar sobre matérias específicas de Direito Penal através de Lei Complementar. Ex.: Estado X que cria uma lei específica para proteção de vegetação (vitória régia).
	Fonte formal é a fonte de conhecimento/revelação. 
		As fontes formais podem, ainda, ser divididas em imediata (lei) e mediata (costumes e princípios gerais de Direito).
	DIREITO PENAL X COSTUMES
	
CONCEITO DE COSTUMES – São comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica.
· ATENÇÃO – Em razão do princípio da legalidade (reserva legal) o costume não cria crime e não comina pena. Veda-se o costume incriminador.
Questão de concurso – Admite-se costume revogar crime? (Costume abolicionista)
Não, no entanto, há doutrinas que admitem o costume abolicionista dando como exemplo a contravenção penal do jogo do bicho.
	Discutindo a questão destacam-se três correntes, veja-se:
	1ª corrente – admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social. 
OBS: Para esta corrente o jogo do bicho deixou de ser infração penal.
2ª corrente – não acredita na existência de costume abolicionista, mas quando o fato não mais contraria o interesse social, o juiz não deve aplicar a lei.
OBS: Para esta corrente o jogo do bicho permanece apenas formalmente típico, cabendo ao Congresso Nacional revogar a infração.
		É a corrente adotada por Luiz Flávio Gomes (Defensoria Pública).
		3ª corrente – não acredita na existência de costume abolicionista, enquanto não revogada por outra lei a norma tem plena eficácia (Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiras – LINDB)
OBS: Para esta corrente o jogo do bicho permanece típico, aplicável no caso concreto.
		ESTA É A CORRENTE QUE PREVALECE!
Exemplo prático – No caso das casas de prostituição, em que pese haver certo “costume” na visão geral, o STJ já decidiu sobre a matéria e, por 3 X 2 votos, a corrente que prevalece é a de não existência de costume abolicionista no caso, permanecendo, por conseguinte, o fato típico e aplicável sua respectiva sanção.
Questão de concurso – Para aqueles que não admitem o costume abolicionista, para que serve o costume no Direito Penal???
Admite-se o costume interpretativo, ou seja, o costume que serve para aclarar o significado de texto, palavra ou questão.
Ex.: Art. 155, § 1º, CP – Trata-se de hipótese de majorante penal que incide no crime de furto para o qual incidir-se-á a referida no caso do crime ser praticado durante o repouso noturno, Ocorre que, a jurisprudência em sua grande maioria entende ser dispensável o fato da casa estar ou não habitada ou estar com moradores repousando. 
ATUALIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES FORMAIS DE DIREITO PENAL
	DOUTRINA TRADICIONAL
	DOUTRINA MODERNA
	Imediata – Lei
Mediata – Costumes e princípios gerais de Direito.
	Imediatas – Lei, Constituição Federal, Tratados Internacionais de Direitos Humanos; Jurisprudências; Princípios; Complementos da Norma Penal em Branco Própria.
· CUIDADO – Para a doutrina moderna os costumes configuram fontes informais do Direito Penal.
OBSERVAÇÕESQUANTO AS FONTES FORMAIS IMEDIATAS PARA A DOUTRINA MODERNA:
a) LEI – é a única capaz de criar crimes e cominar pena.
b) CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Não pode criar crimes e cominar pena (sistema super rígido), mas pode fixar alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir. São os casos de mandados constitucionais de criminalização. Ex.: Art. 5º, XLI, CF/88.
Questão de concurso – Existe mandado constitucional de criminalização implícito? 
De acordo com a maioria, ao lado das obrigações expressas de criminalização, existem as obrigações implícitas. 
Ex.: o legislador ordinário não pode revogar o crime de homicídio, pois de acordo com a Constituição é garantido o direito à vida, razão pela qual extrai-se a existência de mandados constitucionais de criminalização implícitos. 
c) TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS – Os referidos tratados poderão se equivaler a posição da Constituição Federal (status constitucional), desde que tenham sido aprovados com quórum de emenda constitucional (2/5 em dois em dois turnos), porém, se aprovados com quórum comum, serão considerados supra legais, no entanto, infra constitucionais. (Posição majoritária)
Os tratados internacionais de direitos humanos não podem criar crime ou cominar pena para o direito interno, somente para o direito internacional.
Exemplo prático – Um casal foi denunciado, no Brasil, pelo crime de lavagem de dinheiro. Ocorre que, para a caracterização do crime de lavagem de dinheiro é necessária a prática de um crime antecedente que configure, com isso, a conduta delituosa de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98). 
Pautando-se no caso em tela, ao aludido casal foi imputado o crime de organização criminosa que, posteriormente caracterizou a lavagem de dinheiro.
A problemática a que se quer exemplificar é que, a definição de organização criminosa está contida em um tratado internacional, o que de acordo com o conceituado acima é vedado no Direito brasileiro (tratados internacionais de direitos humanos não podem criar crime ou cominar pena para o direito interno). E esse entendimento vem sendo seguido pelo STF que já tem dois votos trancando a ação penal.
d) JURISPRUDÊNCIA – Apesar de igualmente não criar crime ou cominar pena, revela o Direito Penal.
Exs.: Art. 71, Código Penal – Crime continuado (condições de tempo – 30 dias; condições de lugar – na mesma cidade ou vizinha, comarca ou vizinha. São dados criados pela jurisprudência.) e súmulas vinculantes.
e) PRINCÍPIOS – Vários são os julgados dos tribunais superiores absolvendo ou reduzindo penas com base em princípios.
f) COMPLEMENTOS DA NORMA PENAL EM BRANCO 
(Data: 02.01.12/Aula 02)
CONTINUAÇÃO DA TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Formas de interpretação:
Quanto ao sujeito
Quanto ao modo
Quanto ao resultado
a) Quanto ao sujeito que interpreta (origem)
a.1) Autêntica ou legislativa – dada pela própria lei. Ex.: art. 327 do CP, veja-se: “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”
a.2) Doutrinária ou científica – é aquela que é feita pelos estudiosos. Ex.: a exposição de motivos do CP.
a.3) Jurisprudencial – é feita pelas decisões reiteradas dos nossos tribunais (hoje pode ter força vinculante).
b) Quanto ao modo
b.1) Gramatical – leva em conta o sentido literal das palavras.
b.2) Teleológica – indaga-se a vontade objetivada na lei.
b.3) Histórica – procura-se a origem da lei.
b.4) Sistemática – a lei é interpretada com o conjunto da legislação ou até mesmo os princípios gerais de direito.
b.5) Progressiva/ adaptativa/ evolutiva – é a interpretação de acordo com o avanço da ciência em geral.
c) Interpretação quanto ao resultado
c.1) Declarativa – a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer.
c.2) Extensiva – amplia-se o alcance das palavras para que corresponda a vontade do texto.
c.3) Restritiva – reduz-se o alcance das palavras para que corresponda a vontade do texto.
		
			Questão de concurso – Cabe interpretação extensiva contra o réu???
				Há três correntes sobre este fato, veja-se o que elas prescrevem:
			1ª) O ordenamento jurídico brasileiro não proíbe.
				OBS: o que se proíbe é a analogia contra o réu.
2ª) Socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo não cabe interpretação extensiva maléfica, somente a benéfica (função garantista do Direito Penal). (Defensoria Pública)
	OBS: Art. 22, § 2º, do Estatuto de Roma (Responsável pela criação do TPI)
3ª) Admite em casos excepcionais a interpretação extensiva contra o réu, em especial quando a interpretação restritiva gera um escândalo por sua notória irracionalidade (Zaffaroni).
Ex.: Art. 157, § 2º, I do CP – Roubo
“§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma.” A palavra arma é utilizada no sentido de arma branca ou não.
	CUIDADO – A interpretação extensiva NÃO se confunde com a interpretação analógica. Nesta, o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador (ex.: art. 121, § 2°, I, III e IV: Se o homicídio é cometido: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum e à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido – Não se está criando nada, apenas “trabalhando nas brechas” deixadas pelo legislador).
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA X INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA X ANALOGIA
	As hipóteses de interpretação extensiva e analógica não se confundem com analogia (regra de integração). Nesse caso, ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, socorrendo daquilo que o legislador previu para outro similar (há nos casos lacunas para serem preenchidas e não uma norma a ser interpretada).
Questão de concurso – Quais são os requisitos para que exista analogia no Direito Penal???
	São eles:
1º) Certeza de que a aplicação é favorável ao réu;
2º) Existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (pressupõe a falha do legislador/ omissão na lei que precise ser preenchida).
	OBS: de acordo com o STJ o crime de associação para o tráfico não integra a Lei nº 8.072/90 (LEI DE CRIMES HEDIONDOS). Impossível a analogia in malam partem com a finalidade de considera-lo crime dessa natureza (HC 177.220 RJ).
	INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
	ANALOGIA
	Há lei criada para o caso
	Há lei criada para o caso
	Não há lei para o caso.
	
Há ampliação de um conceito legal (não importa no surgimento de uma nova norma).
Ex.: Art. 155, § 2º, expressão arma, CP.
	
Depois de exemplos a lei encerra o texto de forma genérica permitindo alcançar outras hipóteses.
Ex.: Art. 121, § 2º, I, III e IV, CP.
	Criação de uma nova norma a partir de outra (analogia legis) ou do todo ordenamento jurídico (analogia iuris).
Trata-se de integração e não interpretação.
Ex.: Art. 181, CP, quando se fala em cônjuge se pode abranger a união estável (analogia in bonam partem).
4. 	PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DIREITO PENAL
4.1 	 PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL
4.1.1 	Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos (todos os dados que são pressupostos de um convívio pacifico entre os homens).
	Nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem juridicamente determinável (impede que o Estado utilize o Direito Penal para proteger bens jurídicos ilegítimos). 
	Ex.: vedação a criminalização do homossexualismo e formas de se externar as religiões, criminalização a homofobia e tutela da liberdade de crença.
			Questão de concurso – Explique a espiritualização do bem jurídico.
Parte da doutrina critica a expansão inadequada e ineficaz da tutela penal em razão dosnovos bens jurídicos de caráter coletivo e difuso. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, ensejando a denominada desmaterialização (espiritualização) do bem jurídico. Também se fala em liquefação do bem jurídico.
4.1.2 	Princípio da intervenção mínima		
	
	O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário mantendo-se subsidiário (a intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle) e fragmentário (observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado).
Questão de concurso – O princípio da insignificância ou da bagatela é extraído da fragmentariedade ou da subsidiariedade???
				É extraído da fragmentariedade.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
	Requisitos:
a) Mínima ofensividade da conduta do agente;
b) Nenhuma periculosidade social da ação;
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Paulo Queiroz observa que os referidos requisitos são redundantes, que ambos andam em círculos, pois a existência de um pressupõe a existência dos demais, bastando um para que os outros sejam “pensados”.
	Consequência:
	Exclui a tipicidade material do fato, ou seja, não há crime.
	Veja-se o seguinte quadro de perguntas e respostas no que tange ao Princípio da Insignificância:
	1. Aplica-se o princípio da insignificância nos delitos contra a Administração Pública???
Segundo o STF sim, mas segundo o STJ não, segundo o entendimento deste, não se aplica o aludido princípio considerando o bem jurídico tutelado, ou seja, a moralidade administrativa (jamais será atingida insignificantemente).
2. Aplica-se o princípio da insignificância no delito de moeda falsa de pequeno valor???
Segundo o STF e o STJ não se aplica o referido princípio tratando-se de delito contra a fé pública, pois sempre há interesse estatal na sua punição.
3. Aplica-se o princípio da insignificância para agente reincidente???
A questão não está consolidada nos tribunais superiores, havendo decisões nos dois sentidos. 
O que há que se levar em consideração no caso é a conduta e não o agente, devendo ser levado em consideração somente os critérios objetivos, haja vista que os critérios subjetivos são cabíveis ao Direito Penal do autor. Portanto, havendo um infrator reincidente e um não, a ambos, em tese, deveria ser aplicado o referido princípio.
4. Aplica-se o princípio da insignificância no delito de descaminho???
Tem decisões admitindo desde que:
a) Débito tributário apurado inferior a R$ 10.000,00 (valor mínimo para ajuizamento da ação fiscal);
b) Apreensão de todos os produtos objeto do crime.
5. Aplica-se o princípio da insignificância no delito de apropriação indébita previdenciária???
Prevalece o entendimento negativo, pois atinge bem jurídico de caráter supra individual (previdência social).
6. Aplica-se o princípio da insignificância no delito de roubo???
O STF e o STJ não admitem, mas é possível no furto mesmo que qualificado. 
7. Aplica-se o princípio da insignificância nos delitos contra o meio ambiente???
A questão não está consolidada nos tribunais superiores, havendo decisões nos dois sentidos.
4.2	PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
4.2.1 	Princípio da exteriorização ou materialização do fato – Significa que o Estado só pode incriminar penalmente condutas humanas, isto é, fatos. Ninguém pode ser punido por meros pensamentos, desejos, cogitações ou estilo de vida.
	No caso há que abominar o Direito Penal do autor.
	Ex.: Art. 2º, CP, “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”
	DIREITO PENAL DO AUTOR
	DIREITO PENAL DO FATO
	DIREITO PENAL DO FATO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O SEU AUTOR
	
É marcado pela punição de pessoas que não tenham praticado nenhuma conduta.
	
Somente devem ser punidos os fatos causados pelo homem.
	Só devem ser incriminados fatos, mas na punição o juiz considera as condições pessoais do agente.
Ex.: Art. 59, CP, “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.”
Segundo Francisco Assis Toledo, este é o posicionamento adotado no Brasil. 
	Em função do Direito Penal do fato levando em consideração o autor, algumas infrações foram abolidas do ordenamento jurídico penal, como o disposto no art. 60 do CP, no entanto, há ainda no Código Penal, a existência de punição a Direito Penal do autor – art. 59. (artigos não estão no CP, verificar!)
4.2.2 	Princípio da legalidade (Próxima aula)
4.2.3 	Princípio da ofensividade ou lesividade – Para que ocorra o delito é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Questão de concurso – Os crimes de perigo abstrato foram recepcionados pela Constituição Federal???
· LEMBRAR:
Crimes de perigo abstrato – o perigo resultado da conduta é absolutamente presumido por lei.
Crimes de perigo concreto – o perigo resultado da conduta deve ser comprovado.
	Há duas correntes sobre o fato, veja-se:
1ª O crime de perigo abstrato viola o princípio da ofensividade, não sendo recepcionado pela Constituição Federal.
2ª O crime de perigo abstrato é uma opção legítima do legislador na tutela antecipada de bens jurídicos relevantes.
STF – O Supremo adotou a primeira corrente quando julgou atípica a conduta de porte de arma desmuniciada, recentemente, no entanto, adotou a segunda corrente, quando decidiu ser crime, condução embriagada, de veículo automotor, mesmo sem gerar perigo concreto.
4.3	PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
4.3.1	Princípio da responsabilidade pessoal – Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe no Direito Penal a responsabilidade coletiva.
4.3.2	Princípio da responsabilidade subjetiva – Só tem sentido castigar fatos desejados ou previsíveis. Não existe responsabilidade penal objetiva, ou seja, sem dolo ou culpa.
Questão de concurso – Duas exceções em que o Código Penal autoriza a responsabilidade penal objetiva (PCDF).
	1ª exceção – embriaguez não acidental completa, no momento do crime não há dolo ou crime, há que se analisar a mesma no momento em que se bebia.
	2ª exceção – rixa qualificada (pela lesão grave p. ex., todos responderão pela qualificadora independentemente de quem tiver provocada a lesão, até mesmo a vítima).
4.3.3	Princípio da culpabilidade – O Estado só pode punir agente imputável om potencial consciência da ilicitude quando dele exigível conduta diversa.
4.3.4	Princípio da igualdade ou isonomia – Todos são iguais perante a lei. 
ATENÇÃO – a igualdade é material e não formal, sendo possível distinções justificadas.
	OBS: A primeira turma do STF ao aplicar o princípio da isonomia, concedeu HC em favor de cidadão paraguaio, em situação irregular no país, substituindo a pena privativa de liberdade por restritiva de direito (HC 103.311)
4.3.5	Princípio da presunção de inocência - 
4.4	PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA
FALTANDO A AULA 03
(Data: 08.03.12/ Aula 04)
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
No que tange a eficácia da lei penal no tempo, deve-se considerar três teorias:
1. Teoria da atividade – considera-se praticado o crime no momento de sua conduta, isto é, da ação ou omissão.
2. Teoria do resultado (evento ou efeito) – considera-se praticado o crime no momento do resultado.
3. Teoria da ubiquidade (mista) – considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. 
O art. 4º do Código Penal tem inteira aplicação, não somente na fixação da lei que vai reger o caso, mas também para fixar a imputabilidade do agente, por exemplo. 
· ART. 4º X IMPUTABILIDADE DO AGENTE
	TEMPO DA CONDUTA
	TEMPO DO RESULTADO
	O agente é menor de 18 anos.
	O agente atingiu a maioridade penal.
Questão de concurso – No caso cima, aplica-seo ECA ou o Código Penal???
Aplica-se o ECA, pois de acordo com o art. 4º, do CP, considera-se praticado o crime no momento de sua conduta.
· ART. 4º, CP X SUCESSÕES DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
	Como decorrência do princípio da legalidade aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização da conduta criminosa.
	TEMPO DA REALIZAÇÃO DA CONDUTA
	LEI POSTERIOR
	
Fato era atípico
	Tornou-se o fato típico. 
OBS: de acordo com o art. 1º, do CP, lei posterior é irretroativa.
	Fato atípico.
OBS: a lei anterior é ultrativa.
	Tornou-se a pena mais rigorosa, mais grave.
OBS: de acordo com o art. 1º, do CP, lei posterior é irretroativa.
	
Fato era típico.
	Tornou-se o fato atípico.
OBS: de acordo com o art. 2º, do CP, lei posterior é retroativa.
	Fato típico.
OBS: a lei anterior, de acordo com o art. 2º, § único, do CP, é retroativa.
	
Tornou-se a pena menos rigorosa.
	Nos casos acima há que se levar em consideração a premissa de que é vedado no direito penal brasileiro, em regra, in malam partem. 
· ART. 2º, CAPUT – ABOLITIO CRIMINIS (Trata-se da supressão da figura criminosa – fato não é mais punível)
NATUREZA JURÍDICA – Há duas correntes que tentam explicar a natureza da abolitio criminis, veja-se:
1. Causa de extinção da punibilidade.
2. Causa de exclusão da tipicidade e, por conseguinte, extinção da punibilidade.
OBS: No Brasil, a que prevalece é a primeira corrente. Sendo, ainda, a corrente que parece ter sido adotada pelo Código Penal, de acordo com o art. 107, III. 
ATENÇÃO: 
	A abolitio criminis cessa a execução penal, ou seja, lei abolicionista não respeita coisa julgada. 
	
			Questão de concurso – O art. 2º, caput, do CP, viola o art. 5º, XXXVI, da CF/88???
Não o referido art. 2º não infringe o artigo constitucional supra, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado. 
	A abolitio criminis cessa os efeitos penais da condenação, ou seja, os efeitos extra penais permanecem. Ex.: sentença continua servindo como título executivo. 
			Questão de concurso – O que é abolitio criminis temporária???
Uma situação interessante surgiu com o Estatuto do Desarmamento ao estabelecer um prazo para que os possuidores e proprietários de armas entregassem ou regularizassem o registro do objeto. Durante esse prazo, não houve a incidência do crime de posse de arma de fogo. Esse período foi chamado pela doutrina de abolitio criminis temporária.
	LEI 11.106/2005
	ANTES
	DEPOIS
	RAPTO VIOLENTO – art. 219, CP.
	FOI INCORPORADO AO art. 148, § 1º, V, CP.
Princípio da continuidade normativo típica.
	RAPTO CONSENSUAL – art. 220, CP.
	FOI ABOLIDO – ABOLITIO CRIMINIS.
	PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA X ABOLITIO CRIMINIS
	ABOLITIO CRIMINIS
	PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA
	Supressão da figura criminosa.
	Migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
	O fato deixa de ser punível. 
	O fato permanece punível. 
	A intenção do legislador é não mais considerar o fato criminoso. 
	A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato. 
 
· ART. 2º, PARÁGRAFO ÚNICO – LEX MITIOR – Lei posterior que de qualquer modo favorece o agente. (Também é retroativa)
OBS: A referida lei não respeita a coisa julgada, pois são aplicadas a fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Questões de concurso – 1. Após o trânsito em julgado quem aplica a lei mais benéfica???
	A resposta, in casu, vai depender da modalidade de prova.
	Se uma prova objetiva – De acordo com a súmula 311 do STF, a aplicação competirá ao juiz da execução. 
	Se uma prova subjetiva – Há duas correntes, a primeira corrente (súmula 311 do STF) defende que a aplicação deverá ser feita pelo juízo da execução, já uma segunda corrente preceitua que se a aplicação da lei mais benéfica exigir simples raciocínio matemático, é o juiz da execução (ex.: lei posterior cria uma causa de diminuição de pena quando o agente do crime é idoso – com 60 anos ou mais). Porém se a aplicação, no entanto, demandar juízo de valor, deve ser interposta revisão criminal (ex.: lei posterior cria diminuição de pena no roubo quando a coisa é de pequeno valor). 
OBS: o que prevalece é a primeira corrente, pois a aplicação de lei mais benéfica não está nas hipóteses que autorizam a revisão criminal.
2. É possível retroagir lei mais benéfica quando ainda na vacatio legis???
	Sobre isto, há duas correntes. A primeira defende que a vacatio tem como finalidade principal dar conhecimento da lei promulgada. Aqueles que já se inteiraram do teor da lei nova não podem ficar impedidos de lhe prestar obediência, em especial quando mais favorável. (Corrente minoritária)
	Já a segunda corrente prescreve que lei na vacatio não tem eficácia jurídica nem social, não podendo ser aplicada enquanto nesse estado. (Corrente que prevalece)
· SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO X CRIME CONTINUADO 
Imagine-se cinco furtos em continuidade delitiva, de acordo com a lei, manda-se aplicar a pena de um só dos crimes. 
Ocorre que, no início da prática delitiva, Lei X previa a aplicação da pena de 1 a 4 anos, no entanto, no deslinde do crime, Lei Y passa a prever a aplicação da pena de 2 a 5 anos.
Sendo assim, qual Lei deverá ser aplicada, in casu???
Deverá ser aplicada a última lei vigente antes da cessação da continuidade delitiva, ainda que mais grave. Está é a inteligência da súmula nº 311 do STF. 
			Questão de concurso – Pode o juiz combinar duas leis para favorecer o réu???
Sobre este fato há duas correntes. A primeira defende não ser possível, pois o juiz assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei – Lex Tertia. Já a segunda corrente o juiz pode aplicar o “todo” de uma lei ou parte de uma outra para beneficiar o réu.
Essa primeira corrente é a tendência do STF, mas ainda não consolidada.
	TEMPO DA CONDUTA
	MOMENTO DA SENTENÇA
	Lei A – Pena de 1 a 4 anos com 100 dias multa
	Lei B – Pena de 2 a 5 anos com 10 dias multa
· ART. 3º CP
LEI TEMPORÁRIA (temporária em sentido estrito) – é aquela que tem prefixado em seu texto o tempo de vigência.
Ex.: uma lei que foi promulgada em 1º de janeiro de 2012 e teve sua vigência determinada no período, com término para o dia 1º de junho de 2012.
LEI EXCEPCIONAL (temporária em sentido amplo) – é aquela que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, calamidades, epidemias etc. Trata-se de lei que perdura por todo o tempo excepcional. 
OBS: Ambas as leis são ultrativas, ou seja, as condutas delituosas praticadas na vigência das referidas leis serão apenadas ainda que as mesmas não estejam mais em vigor. 
São ultrativas, pois se assim não fosse se sancionaria uma ineficácia preventiva. 
Questão de concurso – O art. 3º, do CP, admitindo hipótese de ultratividade maléfica foi recepcionado pela CF/88???
	De acordo com corrente encabeçada por Zaffaroni, percebendo que a CF/88 não traz qualquer exceção à proibição da ultratividade maléfica, julga o art. 3º não recepcionado. 
	Já na segunda corrente predomina o entendimento de que a ultratividade prevista no art. 3º não infringe princípios constitucionais. Nessas espécies de leis temporárias não existe conflito no tempo, pois versam sobre matérias específicas.
OBS: Frederico Marques ensina que a lei temporária não é ultrativa, mas continua em vigor, apenas não é aplicável.
NORMA PENAL EM BRANCO X SUCESSÃO NO TEMPO DE NORMAS COMPLEMENTARES
	Tem-se uma Lei A que é complementada por uma norma B, e esta por sua vez foi alterada pela norma C. Nesse caso, a norma B é retroativa ou irretroativa???
A título de exemplo, Lei de Drogas, altera-se a portaria que diz quais as substâncias que são consideradas drogas. Retroage ou não, se mais benéficas???
	Para solucionar tais indagações, destacam-se a existência de quatro correntes nesse sentido, veja-se:
1. De acordo com a primeira corrente, a alteração do complemento da norma penal em branco deve sempre retroagir, desde que mais benéfica. (Paulo José da Costa Jr.)
2. Para a segunda corrente,a alteração do complemento da norma penal em branco, mesmo que mais benéfica, jamais retroage, pois não se alterou a norma principal. (Frederico Marques)
3. Segundo a terceira corrente, só tem importância a variação da norma complementar quando esta provoca uma real modificação da figura abstrata (não bastando mera atualização). (Mirabete)
4. Por fim, a quarta corrente defende que a alteração de norma penal em branco homogênea (lei complementada por lei), se benéfica, retroage. Já na hipótese de norma penal em branco heterogênea, a alteração benéfica não retroage quando a legislação complementar se reveste de excepcionalidade. (Alberto Silva Franco e STF)
	ART. 237 – CP 
	ART. 33 – LEI DE DROGAS
	ART. 2º, LEI 1.521/51
	Contrair casamento com impedimento. (Norma penal em branco Homogênea – impedimento para o casamento previsto no CC)
	Tráfico de drogas (Portaria) (Norma penal em Branco Heterogênea)
	Transgredir tabelas oficiais de preço (é anunciado em Portaria – Norma penal em branco heterogênea)
	Exemplo: SUJEITO X QUE CASA COM Y – CASAMENTO CONTRAIDO COM IMPEDIMENTO
	Exemplo: SUJEITO X PROCESSADO POR TRÁFICO DE LANÇA PERFUME
	Exemplo: DONO DE AÇOUGUE. GOVERNO TABELOU O PREÇO DA CARNE. SUJEITO DONO DE AÇOUGUE VENDE A CARNE POR VALOR SUPERIOR AO TABELADO.
	1ª De acordo com a primeira corrente – se a alteração for benéfica retroage.
	1ª de acordo com a primeira corrente – se a alteração for benéfica retroage.
	1ª de acordo com a primeira corrente – se a alteração for benéfica retroage.
	2ª De acordo com a segunda corrente – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage.
	2ª De acordo com a segunda corrente – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage.
	2ª De acordo com a segunda corrente – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage.
	3ª De acordo com a terceira corrente – retirando esse impedimento existe uma real modificação da figura abstrata, logo a lei retroage. 
	3ª De acordo com a terceira corrente – havendo real modificação da figura criminosa retroage.
	3ª De acordo com a terceira corrente – não havendo real modificação da figura criminosa não retroage.
	4ª De acordo com a quarta corrente – tratando-se de alteração benéfica de norma penal em branco homogênea, retroagirá. 
	4ª De acordo com a quarta corrente – se revestindo de excepcionalidade, não retroagirá.
	4ª De acordo com a quarta corrente – revestindo-se de excepcionalidade, não retroage.
· RETROATIVIDADE DE JURISPRUDÊNCIA MAIS BENÉFICA
No Brasil, a doutrina vem admitindo a retroatividade de jurisprudência mais benéfica nos casos de súmula vinculante e controle concentrado de constitucionalidade (são hipóteses que vinculam o juiz).
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO AS PESSOAS
FALTANDO ANOTAR A AULA 06 QUE ESTÁ NO PORTAL
(Data: 20.03.12/ Aula 06)
CRIME X FATO PUNÍVEL
TEORIAS DO CRIME
1. TEORIA DA FINALIDADE DISSIDENTE – Prevê dois requisitos: o primeiro é que o fato seja típico e o segundo é que seja antijurídico. 
2. TEORIA DA CULPABILIDADE – Prevê três requisitos: o primeiro é que o fato seja típico e o segundo é que o mesmo antijurídico e culpável.
3. TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO DELITO – Prevê dois requisitos: o primeiro é que o fato seja materialmente típico e o segundo é que o mesmo seja antijurídico.
	
· Qual a diferença entre crime e fato punível???
Para que um fato seja punível há que se respeitar os seguintes requisitos: fato formalmente e materialmente típico, antijurídico e punível (punibilidade é a ameaça de pena). 
Por outro lado, o crime abarca apenas dois requisitos, quais sejam, fato materialmente típico e antijurídico. 
FATO PUNÍVEL E CULPÁVEL – Abarca quatro requisitos: fato típico, antijurídico, punível e culpável. 
TIPICIDADE MATERIAL
	CORRENTES IMPORTANTES
	1. CAUSALISMO (Séc XIX, XX – Von Liszt, Beling) – Segundo a referida corrente a tipicidade é objetiva e neutra. 
Para sua existência há que se respeitar os seguintes requisitos:
a. Conduta humana;
b. Resultado naturalístico (resultado material);
c. Nexo de causalidade;
d. Adequação típica (Subsunção do fato à Lei)
A tipicidade é neutra, não admite conteúdo valorativo. Trata-se de ciência que não se caracteriza pela metafísica. 
	2. NEOCANTISMO (1900 a 1930 – Mezger) – Segundo a referida corrente a tipicidade é objetiva e valorativa. 
 Para sua existência há que se respeitar os seguintes requisitos:
a. Conduta humana;
b. Resultado naturalístico (resultado material);
c. Nexo de causalidade;
d. Adequação típica (Subsunção do fato à Lei)
A tipicidade é valorativa, pois se trata de um juízo negativo feito pelo legislador, ou seja, se o fato é típico é por que foi valorado negativamente. 
(OBS: quem desenvolveu a teoria dos valores foi Kant, essa doutrina penal recupera a teoria do filósofo).
	3. FINALISMO (1939 a 1960 - Welzel).
Para sua existência há que se respeitar os seguintes requisitos:
a. Conduta humana;
b. Resultado naturalístico (resultado material);
c. Nexo de causalidade;
d. Adequação típica (Subsunção do fato à Lei)
A tipicidade é subjetiva, ou seja, implica na caracterização de dolo e culpa. 
	4. FUNCIONALISMO MODERADO – (1970 – Roxin)
Direito Penal em função da tutela de bens jurídicos. Tutela fragmentária e subsidiária.
Roxin deu azo a criação da teoria da imputação objetiva, sustentando fundamentalmente que há 3 dimensões na tipicidade (objetiva, imputação objetiva e subjetiva).
 Roxin, criou os seguintes momentos para a tipicidade, veja-se:
 I. Fundado na teoria do risco, para Roxin, o fato é típico quando corre risco proibido.
 II. O resultado tem que ter vínculo com o risco criado. Trata-se do nexo de imputação.
 III. Resultado no âmbito de proteção da norma.
ATENÇÃO – Segundo Jakobs, foi criado o funcionalismo radical (adversário de Roxin). 
	5. SITEMATIZAÇÃO (2001 – LFG)
De acordo com LFG, influenciado pela jurisprudência brasileira do STF, a tipicidade passa a ser caracterizada como tipicidade formal, material e subjetiva. 
Destaque para a tipicidade material (Nova dimensão da tipicidade (passa a ser material, formal e subjetiva – influências de Roxin).
CARACTERÍSTICAS DA TIPICIDADE MATERIAL
Há que se atentar para o fato de que o aspecto material da tipicidade material é eminentemente valorativo.
	Compreende as seguintes condutas:
1. VALORAÇÃO DA CONDUTA – Feita pelo juiz, com base na Teoria do Risco de Roxin. 
Risco permitido x Risco proibido
OBS: Há que se atentar nesse caso às hipóteses de risco permitido e proibido que definirão se haverá ou não responsabilidade dos sujeitos envolvidos. Exs.: vendedor de arma e atirador/homicídio; prática de esportes como o boxe e a corrida de fórmula 01 (tratam-se de hipóteses de risco permitido).
ATENÇÃO: Lesões esportivas excluem a tipicidade, segundo a doutrina atual, mas há que se observar ao fato de que, segundo a doutrina antiga, tal fato exclui a antijuridicidade. 
	Conduta estereotipada e inócua – Aquele que pratica atividade que lhe é peculiar e que, de certa maneira influencia em conduta delituosa. É o que ocorre no caso de taxista que leva sujeito a um lugar x e lá chegando este desfere tiros e mata uma pessoa. O taxista não responderá pela prática, por se tratar de conduta estereotipada e inócua.
	Conhecimentos especiais – Aquele que tem conhecimento especial do fato também será responsabilizado pela prática deste. São os casos de informação privilegiada. 
	Colocação de ofendículos – Se dentro dos parâmetros normais é risco permitido, mas atenção, são vedados os abusos, sob pena de risco permitido. Ex.: cerca elétrica que obedeça as regras de cada Município.
	Teoria da confiança – Quem pratica uma conduta observando as regras pode confiar que os outros também observarão as mesmas regras. Ex.: sinal de trânsito positivo para o condutor do automóvel/ carro trafegando na velocidade da via/ atropelamento de pedestre/ não observância ao sinal = atipicidade da conduta por estar respaldada no risco permitido. 
Teoria da tipicidade conglobante – Para Zaffaroni, de acordo com a referidateoria, se existe uma norma no ordenamento jurídico que permite ou que autorize o fato, o que está permitido não pode ser proibido. Ex.: mulher estuprada, segundo o Código Penal, pode abortar em casos de gravidez. 
	Teoria da diminuição do risco (Roxin) – Quem atua para diminuir risco de maior dano, não responde.
	Fato que está fora do domínio do agente – O réu não responde. 
	Autocolocação da vítima em perigo em razão da própria conduta – A própria vítima se coloca em risco. Ex.: formatura de médicos de Cuiabá em que um recém formado morreu após ingerir drogas e se jogar na piscina (HC 46525).
2. VALORAÇÃO DO RESULTADO JURÍDICO - O juiz terá que valorar o seguinte:
a. Resultado concreto – a doutrina não admite perigo abstrato em direito penal, mas atenção, o STF o admite – arma de fogo desmuniciada – perigo abstrato. 
b. Resultado transcendente – afeta a terceiros (há que se atingir o direito de terceiros, o que se faz somente contra si próprio não importa).
c. Resultado significativo.
d. Resultado intolerável.
e. Nexo com o risco criado – trata-se do nexo de imputação.
f. Resultado no âmbito de proteção da norma.
(Data: 20.03.12/ Aula 07)
TEORIA GERAL DO DELITO
Há que se destacar o princípio da exteriorização do fato, no Brasil vigora a teoria do fato, ou seja, só se pune o sujeito pelo que ele faz e não pelo que ele pensa.
Os fatos podem ser divididos em fatos humanos e da natureza, no entanto, no âmbito do Direito Penal. Em razão da sua seletividade, só há preocupação com os fatos humanos, pois os fatos da natureza das quais não participam os homens não o interessa. 
Os fatos humanos podem ser ainda classificados como fatos humanos desejados/sociais ou indesejados/antissociais. Importando ao Direito Penal apenas os fatos humanos indesejados ou antissociais, sendo que, em razão do princípio da intervenção mínima, nem todos estes fatos interessarão ao Direito Penal, em razão da já dita, seletividade característica.
O fato típico se caracteriza por uma conduta produtora de um resultado com nexo causal e tipicidade – operação de ajuste. 
Para a configuração de um crime há que restar caracterizada a tipicidade, ilicitude e culpabilidade, que gerará a consequência jurídica maior, qual seja a punibilidade. 
FATO TÍPICO
CONCEITO – É o primeiro substrato do crime. É um fato humano antissocial consistente numa conduta produtora de um resultado com ajuste formal e material a um tipo penal. 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO – São eles: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.
ATENÇÃO – A tipicidade não pode ser confundida com tipo penal. Enquanto aquela (tipicidade) se trata de operação de ajuste entre o fato e o tipo penal (ex.: art. 121 – matar alguém – Fato; A matou B. Tal comportamento se ajusta ao artigo referido), este (tipo penal) se trata de modelo de conduta proibida que abarca os seguintes elementos: elementos subjetivos (indicam a finalidade especial que animam o agente – expressão: “com o fim de...”) e elementos objetivos (dizem respeito ao fato em si mesmo) e podem ser sub classificados em elementos objetivos sensíveis (aqueles percebidos pelos sentidos) e elementos objetivos normativos (aqueles que demandam juízo de valor). 
	Nem todos os tipos penais são dotados de elementos subjetivos; nem todos os tipos penais são dotados de elementos objetivos normativos; mas todos os tipos penais são compostos de elementos objetivos descritivos. 
Exs.: Art. 154. Revelar sem justa causa segredo (...) – Há que se fazer um juízo de valor. O “sem justa causa” é um elemento subjetivo normativo. 
Art. 299. Omitir em documento público (...) com o fim de prejudicar direito (...) – Trata-se de uma finalidade especial que anima o agente. È um elemento subjetivo do tipo. 
Questão de concurso – O que vem a ser elemento científico do tipo???
	Transcendem o mero elemento normativo. Não há um juízo de valor a ser concretizado. Recorre-se ao significado do termo de determinada ciência cultural. 
Ex.: Arts. 24 a 27, da Lei de Biossegurança (11.105/05) que traz crimes. 
CONDUTA
CONCEITO – Varia conforme a teoria adotada. De acordo com a teoria causalista (teoria tripartite), crime é fato típico, ilícito e culpável (para o qual se atribui a imputabilidade, o dolo e a culpa – sendo estes dois últimos, espécies de culpabilidade); segundo a mesma teoria, conduta é a ação humana voluntária causadora de modificação no mundo exterior.
· O dolo e culpa pertencem a culpabilidade. 
· Os tipos penais devem ser meramente descritivos, sem elementos normativos e/ou subjetivos. 
Questão de concurso – O que é tipo normal e tipo anormal???
	Essa classificação tem interesse para o causalismo, veja-se:
a) Tipo normal – é composto somente de elementos objetivos descritivos. 
b) Tipo anormal – é compostos também de elementos normativos e/ou subjetivos. 
Críticas feitas a esta teoria:
1ª) Ao conceituar a conduta como ação não se abrange os crimes omissivos;
2ª) Dolo e culpa na culpabilidade;
3ª) Não reconhecer como normal elementos subjetivos e normativos no tipo. 
	De acordo com a teoria neocantista, que tem base causalista, sendo, também, tripartite, crime é fato típico, ilícito e culpável (para o qual se atribui a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa, o dolo e a culpa – sendo estes dois últimos, elementos da culpabilidade); segundo a referida, conduta é o comportamento humano voluntário causador de modificação no mundo exterior. 
· O referido conceito de conduta, ao mencionar a expressão “comportamento humano”, há a abrangência da omissão.
· O dolo e a culpa permanecerem na culpabilidade, porém como elemento e não mais como espécie, como na aludida teoria causalista. 
· A teoria em análise admite elementos não descritivos no tipo. 
Críticas feitas a esta teoria:
1ª) Partindo de conceitos causalistas ficou contraditória quando reconheceu normal elementos não descritivos no tipo;
2ª) O dolo e a culpa na culpabilidade. 
	De acordo com a teoria finalista da ação, teoria também tripartite, crime é fato típico, ilícito e culpável (para o qual se atribui a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), já a conduta, de acordo com esta teoria, é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (ilícito). 
· Nesta teoria, o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico.
Críticas feitas a esta teoria:
1ª) É frágil na explicação dos crimes omissivos;
2ª) Centralizou a teoria no desvalor da conduta, ignorando desvalor do resultado (“esqueceu” que crime é ação e resultado).
CUIDADO No Brasil nasceu a TEORIA FINALISTA DISSIDENTE. Trata-se de uma teoria que discorda da teoria finalista original, segundo esta “nova modalidade”, crime é fato típico e ilicitude, não abrangendo a culpabilidade no crime, por se tratar de juízo de censura e, ainda, mero pressuposto de aplicação da pena. 
Crítica feita a esta teoria: Ao retirar a culpabilidade do crime, esta teoria acaba por admitir a hipótese de crime sem censura, quando ausente a culpabilidade. 
	De acordo com a teoria social da ação, crime é fato típico, ilicitude e culpabilidade (para a qual se atribui a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), já a conduta, de acordo com esta teoria, é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim socialmente relevante.
· Dolo e culpa permanecem no fato típico.
· Dolo e culpa voltam a ser analisados no juízo de censura.
Crítica feita a esta teoria: Não há clareza no que significa fato socialmente relevante.
	TEORIA CAUSALISTA
TEORIA NEOCANTISTA
TEORIA FINALISTA
TEORIA SOCIAL DA AÇÃO
	
ANALISAM O CRIME COM BASE EM ESTRUTURAS JURÍDICAS
	
TEORIA FUNCIONALISTA
	
ANALISAM A FINALIDADE DO DIREITO COM BASE EM ESTRUTURAS SOCIOLÓGICAS
 
OBS: Surgiu na Alemanha a partir de 1970, como forma de submeter a dogmática temática aos fins específicos do Direito Penal. 
	De acordo com a teoria funcionalista moderada ou teleológica, crime é fato típico, ilicitude e reprovabilidade (para a qual se atribui aimputabilidade, a potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e necessidade da pena – culpabilidade funcional/limite da pena), já a conduta, de acordo com esta teoria, está atrelada a missão do direito penal e em seu conceito há que encontrar algo no sentido de lesar bem jurídico. Trata-se de a conduta de comportamento humano voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Crítica feita a esta teoria: Reprovabilidade como integrante do crime.
A missão do Direito Penal para Roxin, defensor desta teoria, é proteger bens jurídicos indispensáveis ao homem. 
	De acordo com a teoria do funcionalismo radical ou sistêmica, crime é fato típico, ilicitude e culpável (.......................) já a conduta, de acordo com esta teoria, está atrelada a missão do Direito Penal. Trata-se de a conduta de comportamento humano voluntário violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. 
	Para Jakobs, defensor da teoria acima, quando a pena é aplicada, ela faz um exercício de fidelidade ao direito, e comprova que o direito é mais forte que sua contravenção. 
	Foi nessa teoria que nasceu o direito penal do inimigo, aquele que violou o sistema deve ser tratado como inimigo, tendo reduzido o rol de direitos e garantias. 
· DIREITO PENAL DO INIMIGO – CARACTERÍSTICAS:
1. Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios (impaciência do legislador que não aguarda o início da execução para punir um fato, o pune quando ainda nos atos preparatórios);
2. Criação de tipo de mera conduta;
3. Criação de tipo de perigo abstrato;
4. Flexibilização do princípio da legalidade (descrição vaga dos crimes e das penas, ou seja quanto mais vaga a descrição, maior será quantidade de crimes abrangidos);
5. Inobservância do princípio da ofensividade;
6. Inobservância do princípio da exteriorização do fato;
7. Predomínio do direito penal do autor;
8. Desproporcionalidade das penas;
9. Surgimento das chamadas “leis de luta e de combate”;
10. Endurecimento da execução penal (No Brasil – RDD);
11. Restrição de garantias penais e processuais;
Crítica feita a esta teoria: Trata-se de uma teoria perigosa que serve aos estados totalitários.
HIPÓTESES DE AUSÊNCIA DE CONDUTA
1. DO CAUSALISMO AO FUNCIONALISMO – A conduta tem um denominador comum, qual seja o movimento humano voluntário, ou seja, um movimento dominável pela vontade.
Sendo assim, as hipóteses de ausência de conduta são:
a) Caso fortuito ou força maior;
b) Coação física irresistível;
CUIDADO – a coação moral irresistível exclui a culpabilidade e não a conduta!
c) Movimentos reflexos;
CUIDADO – os movimentos reflexos previsíveis não excluem a conduta! (Ex.: limpando arma num dia de chuva perto d euma criança. Ocorre um relâmpago/susto/tiro na criança)
d) Estados de inconsciência (Ex.: sonambulismo). 
(Data: 10.04.12/ Aula 08)
CRIME DOLOSO 
ANÁLISE DO DOLO
PREVISÃO LEGAL – Art. 18, I, do CP.
CONCEITO – É a vontade livre e consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. 
ATENÇÃO – a liberdade ou não da vontade é questão a ser analisada na culpabilidade (vontade não livre não exclui o dolo, mas pode interferir na culpabilidade). 
	De acordo com a maioria dolo é o elemento subjetivo implícito da conduta. 
ELEMENTOS DO DOLO – Elemento volitivo (vontade) e elemento intelectivo (consciência). 
DOLO x DESEJO – Dolo não se confunde com desejo. No dolo o agente quer o resultado delitivo como consequência de sua própria conduta; no desejo o agente espera o resultado como consequência de conduta ou fato para o qual não concorre de qualquer modo. 
TEORIAS DO DOLO
1ª TEORIA DA VONTADE – Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
2ª TEORIA DA REPRESENTAÇÃO – Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e ainda assim decide continuar com a conduta. 
ATENÇÃO – esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente. 
3ª TEORIA DO CONSENTIMENTO OU ASSENTIMENTO – Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível, e ainda assim decide continuar com a conduta assumindo o risco produzir o evento (exclui a culpa consciente). 
	Sobre a adoção das teorias supra no ordenamento jurídico brasileiro, extrai-se do artigo 18, I, do Código Penal que foram adotadas a 1ª e a 3ª teorias, veja-se:
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado (Teoria da vontade – dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (Teoria do consentimento – dolo eventual).
ESPÉCIES DE DOLO
	DOLO NORMATIVO
	DOLO NATURAL
	Segundo a teoria neocantista o crime é composto por fato típico, ilicitude e culpabilidade, sendo a culpabilidade formada por imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, culpa e dolo (consciência, vontade e consciência atual da ilicitude – trata-se de elemento normativo. 
	Segundo a teoria finalista o crime é composto por fato típico, ilicitude e culpabilidade, sendo a culpabilidade formada por imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. O dolo e a culpa são elementos do fato típico, sendo que o dolo passa a não abarcar o elemento normativo, passando a ser natural. 
DOLO NORMATIVO OU HÍBRIDO – Adotado pela teoria neocantista, essa espécie de dolo integra a culpabilidade, trazendo, a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude (seu elemento normativo). 
DOLO NATURAL OU NEUTRO – Adotado pela teoria finalista, compõe a conduta, despido de elemento normativo (consciência da ilicitude), tendo como elementos somente consciência e vontade. 
DOLO DIRETO OU DETERMINADO – Configura-se quando o agente prevê um resultado e dirige a sua conduta na busca de realiza-lo. 
DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO – O agente com a sua conduta não busca realizar resultado certo e determinado. Possui duas formas, veja-se:
	DOLO ALTERNATIVO
	DOLO EVENTUAL
	
Em ambos os casos o agente prevê a pluralidade de resultados.
	O agente quer um ou outro resultado previsto.
Ex.: O agente prevê a lesão e o homicídio e busca o resultado visando a lesão ou o homicídio com igual vontade. Se ferir ou se matar o agente estará satisfeito.
	O agente quer um resultado, assumindo o risco de realizar o outro.
Ex.: O agente prevê a lesão e o homicídio e busca o resultado visando ferir a vítima, no entanto, assume o risco no caso de morte. 
DOLO DE PRIMERO GRAU – É o dolo direto.
DOLO DE SEGUNDO GRAU OU DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS – Não raras vezes, o agente busca realizar determinado resultado, mas, para tanto, deve produzir eventos colaterais sem os quais o evento desejado não ocorre. O agente não deseja imediatamente os efeitos colaterais, mas tem por certa sua superveniência, caso se concretize o resultado pretendido. 
	DOLO DE SEGUNDO GRAU
	DOLO EVENTUAL
	O resultado paralelo é certo e necessário.
As consequências necessárias são inerentes ao meio escolhido. 
	O resultado paralelo é incerto, eventual, possível e desnecessário.
As consequências necessárias não são inerentes ao meio escolhido. 
DOLO CUMULATIVO – O agente pretende alcançar dois resultados em sequência (são casos de progressão criminosa). 
DOLO DE DANO – A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
DOLO DE PERIGO – O agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. 
Ex.; sujeito que joga o carro em cima de outro. O promotor de justiça entenderá que oc rime foi tentativa de homicídio e, portanto, haveria o dolo de dano. Já o advogado defende ter havido o crime previsto no art. 132 e, portanto, o dolo de perigo, veja-se:
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
DOLO GENÉRICO – O agente tem a vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. 
DOLO ESPECÍFICO – O agentetem a vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal visando um fim específico.
· Ambos os dolos acima analisados não são mais utilizados, pois atualmente tratam-se da definição que fora dada ao próprio dolo e ao elemento subjetivo do tipo. 
DOLO DE PROPÓSITO – É o dolo refletido. Normalmente a premeditação (nem sempre agrava a pena).
DOLO DE ÍMPETO – É o dolo repentino. Pode configurar atenuante. 
Questão de concurso – Doente mental tem dolo???
	Sim, segundo a teoria finalista, doente mental tem consciência e vontade dentro de seu precário mundo valorativo (pode ser aplicado tal raciocínio a qualquer imputável).
	Pois se se entender que o fato não é típico, excluir-se-ia a tipicidade e não a culpabilidade, como de fato ocorre. 
 CRIME CULPOSO 
ANÁLISE DA CULPA
PREVISÃO LEGAL – Art. 18, II, do CP.
CONCEITO – É a conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado.
	De acordo com a maioria trata-se de elemento psicológico trata-se de elemento normativo implícito na conduta. 
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO 
1º) Conduta humana e voluntária (ação ou omissão) – A vontade do agente limita-se a realização da conduta e não a produção do resultado. 
2º) Violação de um dever de cuidado objetivo – O agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei e pela sociedade. Ou seja, se atuasse com prudência e discernimento evitaria o evento. 
ATENÇÃO – A violação do dever de cuidado objetivo deve se manifestar de várias formas:
a) Imprudência – Afoiteza. Conduta positiva.
b) Negligência – Falta de precaução. Conduta negativa.
c) Imperícia – Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. 
Questão de concurso – O promotor de justiça denunciou o agente por homicídio culposo imputando-lhe imprudência, porém durante a instrução comprovou-se que não houve imprudência, mas sim imperícia. O MP pode insistir na acusação e o juiz pode condenar ou há necessidade de que se adite a denúncia??? (emendatio libelli ou mutatio libelli)
	O Ministério Público terá que aditar a inicial, pois o réu se defendeu de imprudência, cabendo nova oportunidade de defesa por se tratar de nova modalidade culposa. É o direito de exercer a defesa. 
OBS: há quem sustente que não há separação entre as modalidades culposas, sendo que tudo se resume a negligência (Juarez Tavares – direito penal da negligência).
3º) Resultado involuntário – Em regra o crime culposo é material, ou seja, exige resultado naturalístico. 
Questão de concurso – Existe crime culposo não material, isto é, sem resultado naturalístico???
	Excepcionalmente sim. Ex.: Art. 38, da Lei nº 11.343/06 – prescrever ou ministrar, culposamente, drogas sem que necessite o paciente (ainda que o paciente não a tome, há o crime).
4º) Previsibilidade – Não pode ser confundida com previsão. A previsibilidade é a possibilidade de conhecer o perigo. Na previsão já se conhece o perigo.
	ATENÇÃO – na culpa consciente o agente tem previsão e não previsibilidade. A previsibilidade é só para a culpa inconsciente. 
5º) Tipicidade – art. 18, parágrafo único, CP.
ESPÉCIES DE CULPA
a) Culpa consciente ou culpa com previsão – O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo. 
b) Culpa inconsciente – O agente não prevê o resultado que, entretanto, era previsível.
SÃO ESPÉCIES DE CULPA PRÓPRIA OU PROPRIAMENTE DITA.
c) Culpa própria – É aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado. 
d) Culpa imprópria (culpa por extensão, por assimilação ou por equiparação) – É aquela em que o agente, por erro evitável, fantasia certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa). Em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. Apesar da conduta ser dolosa, o agente responde por culpa 9art. 20, § 1º, segunda parte, CP). 
A estrutura do crime é dolosa, porém é punido como se culposo fosse em razão de política criminal (excepcionalmente admite-se a tentativa quando o crime abarca culpa imprópria). 
Questão de concurso – O que é culpa in re ipsa, também chamada de culpa presumida???
	Tratava-se de modalidade de culpa admitida pela legislação penal antes de 1940, ou seja, antes do Código Penal de 1940 (ainda vigente) e consistia na simples inobservância de uma disposição regulamentar. 
	Hoje a culpa deve ser comprovada, não mais se presume. 
NO DIREITO PENAL NÃO SE ADMITE A COMPENSAÇÃO DE CULPAS, O DIREITO CIVIL, P.EX. ADMITE.
	
	CONSCIÊNCIA
	VONTADE
	DOLO DIRETO
	O agente prevê o resultado.
	O agente quer produzir o resultado.
	DOLO EVENTUAL
“Foda-se”
	O agente prevê o resultado.
	O agente aceita a produção do resultado.
	
CULPA CONSCIENTE
“Fudeu”
	
O agente prevê o resultado. 
	O agente não quer/não aceita produzir o resultado e acredita poder evitar o resultado.
	CULPA ICNONSCIENTE
	O agente não prevê o resultado que era, entretanto, previsível.
	O agente não aceita/não quer a produção do resultado.
· EMBRIAGUEZ AO VOLANTE COM RESULTADO MORTE – CULPA CONSCIENTE (STF).
RACHA DE VEÍCULOS – DOLO EVENTUAL (STF). 
CRIME PRETERDOLOSO 
PREVISÃO LEGAL – Art. 19, do CP.
CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO
1. Crime doloso qualificado dolosamente (ex.: homicídio qualificado)
2. Crime culposo qualificado culposamente (ex.: incêndio culposo qualificado pela morte culposa)
3. Crime culposo qualificado dolosamente (ex.: homicídio culposo qualificado pela omissão de socorro)
4. Crime doloso qualificado culposamente (ex.: lesão seguida de morte) É A ESPÉCIE QUE É CHAMADA DE PRETERDOLO – DOLO NO ANTECEDENTE E A CULPA NO CONSEQUENTE. 
CONCEITO – No crime preterdoloso, o agente pratica um crime distinto do que havia projetado cometer, advindo resultado mais grave, decorrência de negligência. Cuida-se, assim, de espécie de crime qualificado pelo resultado, havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato (dolo na conduta e culpa no resultado).
O CRIME PRETERDOLOSO É UMA FIGURA HÍBRIDA!
ELEMENTOS DO CRIME PRETERDOLOSO 
a) Conduta dolosa visando determinado resultado;
b) Resultado culposo mais grave do que o resultado projetado;
c) Nexo causal entre conduta e resultado.
ATENÇÃO – quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se aplica ao agente a qualificadora, evitando-se responsabilidade penal objetiva. 
(Data: 18.04.12/ Aula 09)
ERRO DE TIPO
CONCEITO – É o erro do agente que recai sobre os requisitos constitutivos do tipo legal (art. 20, do CP). No caso do erro de tipo o agente não tem consciência ou não tem plena consciência de sua conduta (não sabe ou não sabe exatamente o que faz). 
	Exs. (jurisprudenciais): Pessoa que subtrai ferro velho supondo ser sucata abandonada (coisa que não pertence a ninguém) não comete o crime de furto por que está equivocado quanto a elementar coisa “alheia” móvel. 
	Pessoa que vende a um adolescente “cola de sapateiro” pensando, em face de sua aparência física, que se trata de pessoa maior de 18 anos, não responderá pelo crime previsto no art. 243, do ECA, pois não tinha consciência de que a vítima era menor de 18 anos. 
Questão de concurso – Qual é a diferença entre erro de tipo e erro de fato???
	O erro de fato é o erro que recai puramente sobre a situação fática, já o erro de tipo é o erro que recai sobre os requisitos ou elementos fático descritivos do tipo e sobre os requisitos jurídico normativos do tipo (no passado era chamado de erro de direito).
	Utilizando-se dos exemplos esposados acima, no caso em que o agente se equivocou quanto a coisa ser alheia e não abandonada trata-se de erro de tipo, pois tal erro não abrange a situação fática. 
O ERRO DE FATO ERA UM ERRO QUE ESTAVA PREOCUPADO APENAS COM OS ELEMENTOS DESCRITIVOS NORMATIVOS ENQUANTO O ERRO DE DIREITO SE PREOCUPAVA COM OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS.
ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO
	ERRO DE TIPO
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	Há falsa percepçãoda realidade que circunda o agente (o agente não sabe – exatamente – o que faz). 
Ex.: “A” se apropria de coisa alheia imaginando ser coisa abandonada.
	O agente percebe a realidade equivocando-se quanto a regra de conduta (o agente sabe o que faz, mas ignora a proibição da conduta).
Ex.: “A” se apropria de coisa achada imaginando: “Achado não é roubado”. 
 
ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO
1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL – É o erro que recai sobre dados relevantes do tipo penal.
Dica – Se alertado do erro o agente deixaria de agir ilicitamente. 
	Se subdivide, ainda, em duas espécies:
a) Erro de tipo essencial evitável
b) Erro de tipo essencial inevitável
Previsão legal – Art. 20, do CP, “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.”
Conceito – Erro sobre elementares (objetivos ou normativos), dados principais do tipo penal.
Ex.: “A” vai caçar. No local próprio para a caça, “A” vê um arbusto se mexendo e atira contra o mesmo imaginando se tratar de um animal. Desferido o tiro percebe que lá estava uma pessoa e não um animal. 
Consequências – Se o erro for inevitável, excluir-se-á o dolo (o agente não tem consciência do que faz) e a culpa (o resultado é imprevisível e, sendo a previsibilidade elemento da culpa, excluir-se-á àquela).
	Se o erro for evitável, excluir-se-á o dolo (o agente não tem consciência do que faz), porém a culpa será punida se prevista em lei (por que o resultado era previsível).
Questão de concurso – Quando o erro será evitável e quando será este inevitável???
	Nesse sentido há que se observar a existência de duas correntes:
1ª) Se o homem médio (de aparência mediana) pudesse evitar o erro, o erro é evitável.
2ª) Deve ser analisado o rol de circunstâncias do caso concreto. A idade e o grau de instrução do agente podem interferir na evitabilidade do erro. 
2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL – É o erro que recai sobre dados irrelevantes do tipo. 
Dica – Se alertado do erro o agente corrige e continua agindo ilicitamente. 
	Se subdivide, ainda, em cinco espécies:
a) Erro de tipo acidental sobre o objeto
b) Erro de tipo acidental sobre a pessoa
c) Erro de tipo acidental erro na execução
d) Erro de tipo acidental resultado diverso do pretendido
e) Erro de tipo acidental sobre o nexo causal
a. Erro sobre o objeto
Conceito – O agente representa equivocadamente a coisa que busca atingir com a conduta criminosa. 
Ex.: “A” quer subtrair um relógio. Subtrai o relógio da vítima imaginando ser de ouro. Na verdade o relógio era de latão. 
Consequências – Não exclui o dolo e nem a culpa, não isentando o agente de pena. Ou seja, o agente responderá pelo crime praticado considerando o objeto efetivamente atacado. 
	OBS: Em razão da ausência de previsão legal, na visão de Zaffaroni, aplicar-se-á o princípio do in dubio pro reo, ou seja, considera-se o objeto que gerar consequências mais favoráveis para o réu. 
b. Erro sobre a pessoa
Previsão legal – Art. 20, § 3ª, do CP, “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”.
Conceito – O agente representa equivocadamente a pessoa que busca atacar com a conduta criminosa.
	CUIDADO – Não há erro na execução, mas apenas na representação da pessoa.
	Ex.: “A” espera seu pai abrir a porta para matá-lo. Pensando ser seu pai entrando em casa “A” atira, porém percebe que quem entrava era seu tio, irmão gêmeo do pai.
Consequências – Não exclui o dolo e nem a culpa, não isentando o agente de pena, porém o agente responderá pelo crime, considerando as qualidades da vítima pretendida. 
c. Erro na execução – Aberratio Ictus
Previsão legal – Art. 73, do CP, “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
Conceito – O agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução atinge pessoa diversa da pretendida (não há erro de representação, mas sim de execução). 
	Ex.: “A” errando a pontaria, querendo matar seu pai, acaba matando um amigo que estava ao lado da vítima pretendida. 
	OBS: Não se pode confundir erro sobre a pessoa com erro na execução, veja-se o quadro comparativo:
	Erro sobre a pessoa
	Erro na execução
	Há a representação equivocada da vítima;
Execução certeira. 
Representa mal, executa bem!
	Há a representação correta da vítima;
Execução equivocada. 
Representa bem, executa mal!
Consequências – Não exclui o dolo e a culpa, não isenta o agente de pena. O agente responde por crime considerando as qualidades da vítima pretendida, ou seja, tem a mesma consequência do art. 20, §3º, do CP (utilizando do exemplo esposado em linhas pretéritas, responderá o agente pelo homicídio do pai apesar deste estar vivo – representação). 
	OBS: se atingida também a pessoa visada, aplicar-se-á o concurso formal de delitos.
Situações possíveis e as respectivas soluções legais e sugeridas pela doutrina:
1- Sujeito quer matar “A”, mas por erro na execução acaba matando “B”: Responderá por homicídio doloso considerando as qualidades de “A”. 
2- Sujeito quer matar “A”, mas por erro na execução acaba matando também “B”: Responderá por homicídio doloso de “A” e homicídio culposo de “B” em concurso FORMAL. 
3- Sujeito quer matar “A”, em razão dos disparos causa ferimentos em “A” e acabou matando “B”, pessoa que estava do lado de “A”: Responderá por tentativa de homicídio de “A” e homicídio culposo de “B” em concurso FORMAL.
Aberratio Ictus – Espécies:
1. Por acidente (e não por erro no uso dos meios de execução) – Não há erro no golpe, mas sim desvio na execução. Ex.: Colocar bomba no carro para explodir quando “A” ligar o motor, no entanto, no dia quem liga o motor é seu empregado “B”. 
2. Por erro no uso dos instrumentos de execução – Trata-se de erro no golpe, ou seja, há falha no uso do instrumento. Ex.: Falha na pontaria (mulher que coloca veneno na comida do marido e quem acaba comendo é o filho).
Questão de concurso – O agente quer matar o Policial Federal Antônio, mas por erro na execução acaba matando o Policial Civil Paulo, que estava ao lado de Antônio. Qual o crime praticado e qual a jurisdição competente, federal ou estadual?
	O crime será de homicídio, considerando as qualidades de Antônio, Policial Federal. Devendo o mesmo será julgado pela justiça estadual, tendo em vista que o erro sobre a pessoa ou na execução não tem relevância para efeito de determinação de competência. Nesse caso, não vale a qualidade da pessoa que o agente pretendia atingir, mas sim a pessoa efetivamente lesada (erro é matéria de direito penal, não interferindo em processo penal).
d. Resultado diverso do pretendido – Aberratio Criminis
Previsão legal – Art. 74, do CP, “Fora dos casos do artigo anterior (erro na execução), quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
Conceito – O agente por acidente ou erro no uso dos meios de execução provoca lesão jurídica em bem jurídico diverso do pretendido. Ex.: O agente atira uma pedra para danificar o veículo de “A”, por falha na pontaria acaba acertando o motorista, que vem a falecer. 
Consequências – O agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do pretendido, a título de culpa. 
	OBS: Se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do concurso formal. 
	ATENÇÃO – Alerta Zaffaroni que não se aplica o art. 74, do CP, se o resultado produzido é menos grave (bem jurídico menos valioso) que o resultado pretendido, sob pena de prevalecer a impunidade.Nesse caso, o agente responde pela tentativa do resultado pretendido não alcançado. 
	Não se pode confundir os erros de execução descritos nos artigos 73 e 74, do CP. Veja-se o seguinte quadro:
	Art. 73
	Art. 74
	
Ambos têm erro na execução.
	O agente atinge o mesmo bem jurídico visado.
	O agente atinge bem jurídico diverso do pretendido. 
	O resultado provocado é o mesmo do pretendido, no entanto, atinge-se pessoa diversa. 
	O resultado provocado é diverso do pretendido.
	Há relação pessoa x pessoa.
	Há relação coisa x pessoa (p.ex.)
e. Erro sobre o nexo causal – Aberratio Causae
Conceito – Trata-se de criação doutrinário, por isso não tem previsão legal. Abarcando, contudo, duas espécies, veja-se:
	Erro sobre o nexo causal em sentido estrito
	Dolo geral – Erro sucessivo
	O agente mediante um só ato provoca o resultado pretendido, porém com nexo diverso (outro nexo). 
Ex.: Empurra-se vítima de um penhasco para morrer afogada. Na queda, bate a cabeça numa pedra e morre de traumatismo craniano. 
	O agente mediante conduta desenvolvida em dois ou mais atos provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo. 
Ex.: Após atirar contra a vítima e imaginá-la morta, joga-se seu corpo no mar vindo a morrer afogada. 
Consequências – Não exclui o dolo e nem a culpa, não isenta o agente de pena. O agente responde pelo resultado produzido com o nexo produzido ou com o pretendido (???).
	Nesse sentido há que se destacar as seguintes correntes:
1ª ) Considera-se o nexo pretendido. 
2ª) Considera-se o nexo ocorrido (real). O agente de modo geral, aceita qualquer meio para atingir um fim. (Prevalece esta) 
3ª) Deve ser considerado o nexo mais favorável para o réu.
ERRO DE TIPO PROVOCADO POR TERCEIRO
PREVISÃO – Art. 20, § 2º, do CP.
	OBS: No erro de tipo, o agente erra por conta própria, já no art. 20, § 2º, do CP, o agente erra induzido por terceiro. 
EXEMPLO – Médico quer matar o paciente. Trocando a ampola induz a enfermeira a erro de modo a ministrar a substância letal na vítima. A vítima morre.
CONSEQUÊNCIAS
 
	Provocador (autor mediato)
	Provocado 
	Quem determina, dolosamente, o erro de outrem responde por dolo. 
Quem determina, culposamente, o erro de outrem responde por culpa.
	Erro inevitável – Se o erro assim o for, excluir-se-á o dolo e a culpa.
Erro evitável – Se o erro assim o for, excluir-se-á o dolo, mas punir-se-á a culpa. 
Questão de concurso – O que se entende por erro de subsunção???
ERRO DE SUBSUNÇÃO
PREVISÃO – Trata-se de criação doutrinária.
CONCEITO – Não se confunde com erro de tipo, pois não há falsa percepção da realidade; não se confunde com erro de proibição, pois o agente sabe da ilicitude de seu comportamento. 
	Trata-se de erro que recai sobre interpretações jurídicas. O agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico de seu comportamento.
	Ex.: o agente não sabe que cheque é documento público por equiparação (art. 297, §2º, CP).
CONSEQUÊNCIAS – Não exclui o dolo e a culpa e não isenta o agente de pena. Podendo gerar, somente, uma atenuante. 
Atenção – Tem doutrina entendendo que o erro de subsunção é espécie de erro de proibição, irrelevante por cuidar de erro que afeta tão somente a punibilidade da conduta. 
Questão de concurso – Diferencie erro de tipo de delito putativo por erro de tipo.
	Nesse sentido, observe o quadro abaixo:
	ERRO DE TIPO
	DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
	
O agente não sabe o que faz, ou seja, há falsa percepção da realidade.
	O agente imagina estar agindo licitamente (ex.: atirar contra um animal numa caça, quando na verdade era uma pessoa).
	O agente imagina estar agindo ilicitamente (ex.: atirar contra cadáver imaginando tratar-se de pessoa viva).
	O agente ignora a presença de uma elementar (segundo o exemplo, ignora alguém). 
	O agente ignora a ausência de uma elementar (segundo o exemplo, ignora a ausência de alguém – cadáver não é mais alguém).
	Exclui o dolo e a culpa, quando imputável.
Pune a culpa quando evitável.
	Espécie de crime impossível.
(Data: 24.04.12/ Aula 10)
CRIME COMISSIVO E CRIME OMISSIVO
CRIME COMISSIVO – O agente viola um tipo proibitivo (o Direito Penal protege bens jurídicos proibindo algumas condutas desvaliosas) fazendo o que a lei proíbe. 
AÇÃO – É uma conduta (fazer) desvaliosa proibida pela norma. 
CRIME OMISSIVO – O agente viola um tipo mandamental (o Direito Penal protege bens jurídicos determinando a realização e condutas valiosas), não fazendo o que a lei determina. 
OMISSÃO – É uma conduta valiosa não realizada pelo agente, contrariando determinação legal. 
	A norma mandamental no crime omissivo pode decorrer:
a) Do próprio tipo penal (a omissão está descrita no tipo incriminador. Ex.: omissão de socorro – art. 135, do CP) (OMISSÃO PRÓPRIA OU PURA)
b) De uma cláusula geral (o art. 13, §2º, do CP, descreve a omissão penalmente relevante) (OMISSÃO IMPRÓPRIA OU IMPURA OU COMISSIVO POR OMISSÃO)
	OMISSÃO PRÓPRIA OU PURA
	OMISSÃO IMPRÓPRIA OU IMPURA
	Há o dever genérico de agir.
	Há o dever jurídico de evitar o resultado. 
	O dever genérico atinge a todos Indistintamente.
	O dever jurídico atinge somente os garantidores (personagens previstos no art. 13, §2º, CP). 
	
A omissão está descrita no tipo.
	O agente responde por crime comissivo, ou seja, responde como se tivesse agido/provocado o resultado. 
Ex.: “A” vê “B” agonizando e nada faz, vindo “B” a falecer. A que crime responderá “A”???
Se “A” não era garantidor nos termos do art. 13, §2º, CP, responderá por omissão de socorro; se, no entanto, era garantidor, responderá pelo resultado como se o tivesse provocado por ação (homicídio doloso ou culposo, a depender do caso concreto). Trata-se da omissão imprópria. 
Questões de concurso – 1. Defina erro mandamental.
	Trata-se de erro em que o agente não sabe que tem o dever jurídico de agir.
	Ou seja, é o erro do agente que recai sobre uma norma mandamental, ou seja, norma que manda agir (espécie de erro de tipo).
			2. Defina crime de conduta mista.
Trata-se de delito que possui conduta antecedente por ação e conduta subsequente por omissão.
			Ex.: art. 169, parágrafo único, II, CP – apropriação indébita de coisa alheia achada.
RESULTADO
CONCEITO – Trata-se de elemento do fato típico. 
ESPÉCIES – Tem as seguintes espécies:
a) Resultado naturalístico – Da conduta resulta alteração física no mundo exterior. 
b) Resultado normativo (jurídico) – Da conduta resulta relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO NATURALÍSTICO
a) Crime material – O tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico, sendo este indispensável para a consumação. Ex.: homicídio. 
b) Crime formal (Crime de consumação antecipada) – O tipo penal também descreve conduta e resultado naturalístico, sendo este dispensável para a consumação, pois esta se dá com a conduta. O resultado naturalístico é mero exaurimento do crime. Ex.: extorsão. 
c) Crime de mera conduta – O tipo penal descreve uma mera conduta. Ex.: violação de domicílio. 
NEM TODO CRIME TEM RESULTADO NATURALÍSTICO. CRIMES MATERIAIS TÊM, OS FORMAIS DISPENSAM E OS DE MERA CONDUTA NÃO TÊM.
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO NORMATIVO
a) De dolo ou de lesão – A consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado.
b) De perigo – A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo.
b.1) De perigo abstrato – O perigo é absolutamente presumido por lei 
		b.2) De perigo concreto – O perigo precisa ser comprovado.
	CRIME DE PERIGO ABSTRATO – Não precisa ser comprovado no caso concreto. É constitucional???
De acordo com a primeira corrente violaria esse ao princípio da lesividade ou ofensividade. Pune-se alguém sem prova concreta. Já a segunda corrente prevê que o crime de perigo abstrato revela maior zelo do estado em proteger adequadamente certos interesses, não se pode banalizar, tornar todos os crimes em perigo em abstrato, mas alguns merecem esta atenção.
TODOS OS CRIMES TÊM RESULTADO NORMATIVO.
NEXO DE CAUSALIDADE
CONCEITO – Trata-se de elemento

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