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INTRODUÇÃO • Exame dos elementos anormais e desimentoscopia da urina • O exame dos elementos anormais e desimento da urina (EAS) também é conhecido por exame qualitativo de urina, urinálise, sumário de urina ou exame de urina tipo I • É um componente básico do trato urinário e valioso na investigação e avaliação das doenças renais e do trato urinário e de deviersas patologias sistêmicas • A análise da urina, provavelmente, foi o primeiro exame laboratorial estabelecido na história da medicina • No egito e na babilônia (1000 anos) há registros de uroscopia e testes primários diagnósticos utilizando a urina • Hipócrates (460-370 AC) descreveu e considerou características físicas da urina com distúrbios potencialmente relacionados *Já adianto que devemos ter cofiabilidade nos laboratórios de análise, pois só assim teremos um exame de alta confiabilidade • Complementa, muitas vezes, aspectos da história, exame clínico, dados epidemiológicos e outros testes laboratoriais dirigidos • Pode sinalizar e sugerir anormalidades clínicas importantes, mesmo em um cenário assintomático • Potencial papel na avaliação diagnóstica ou de auxílio na exclusão de patologias renais ou sistêmicas com comprometimento renal: ► Glomerulopatias, tubulopatias, doença renal crônic, hipertensão arterial, diabetes mellitos, etc ► Utilizado também no acompanhamento de patologias e/ou terapias específicas que possam ter comprometimento renal ou efeitos colaterais ► Não invasivo, relativamente simples e de baixo custo financeiro ➔ É a Janela para o trato urinário (É a janela onde nós conseguimos visualizar a função, atividade e lesões do trato urinário) – então tem-se preditivos importantes através de um simples exame de urina ANÁLISE DA URINA • Alem do EAS de rotina, devemos considerar que vários testes adicionais podem ser realizados na medicina moderna, utilizando a urina como amostra biológica ► Investigação de distúbios metabólicos ► Investigação de doenças metabólicas genéticas ► Investigação de agentes inefcciosos com tecnicas moleculares específicas (vírus, bactérias, parasitas, etc) ► Investigação de intoxicações ► Níveis urinários de medicamentos ► Doenças imunológicas ► Proteômica, metabolômica, etc. ► Outros específicos EAS como exame EAS COMO EXAME DE ROTINA – I • Entre 1-14% dos escolares saudáveis podem apresentar alguma anormalidade inicial no EAS • Entretando, a urinálise através da fita reagente é um teste extremamente sensível, podendo ser afetada por vários fatores • Um estudo com 2.000 pacientes assintomáticos evidenciou 9% de anormalidades iniciais, entretanto, somente 1,5% apresentavam alguma anormalidade persistente • Resultados falso-positivos (além de falso-negativo) podem estar presentes na amostra urinária, podendo refletir condições fisiológicas ou patológicas de caráter transitório Ou seja: crianças podem ter exames discretamente alterados sem realmente ser patológico, não há necessidade de pedir exame de urina de rotina em pediatria, pois até 14% pode vir alterado em crianças assintomáticas. Só vamos pedir exame de urina em crianças com sintomatologia que nos levam a uma suspeita de diagnóstico de alguma uropatia! • Em vista da falta de benefícios evidentes quanto aos custos e riscos, “ a Academia Americana de Pediatria (2007) não recomenda a realização de triagem urinária rotineira em crianças e adolescentes sadios assintomáticos” • A percentagem elevada de falso-positivos pode resultar em procedimentos invasivos e/ou custo financeiro elevado • Principalmente em cenários de hematúria microscópica e proteinúria isolada • Como exame de triagem é justificado para crianças com risco elevado de doenças renais!! CENÁRIOS DE RISCO QUE JUSTIFICAM A TRIAGEM → Desta forma, os resultados devem ser sempre confrontados e correlacionados com a história e o exame físico detalhados.... *Nas nossas práticas, quando a mãe refere que a criança já teve infecção de urina, devemos perguntar: mas foi feito exame de urina? Urocultura? A senhora tem os exames para me mostrar? – porque na grande maioria das vezes essas crianças não tem e são medicalizadas sem necessidade (perguntar qual a medicação usou, se fez cultura, se fez controle,etc...), pois se essa criança realmente teve infecções de repetição, devemos ficar alertas porque essa criança pode se tornar um adulto com lesão renal importante (fica a cicatriz) *Na grande maioria das vezes são diagnósticos errôneos. Infecção de repetição na criança é coisa séria, leva a fibrose! Existem jovens de 25-30 anos fazendo hemodiálise devido a lesões renais que ocorreram na infância REFERÊNCIA AO NEFROLOGISTA PEDIÁTRICO CONSIDERAR NAS SEGUINTES CONDIÇÕES: • Cenários de risco anteriores com anormalidades no EAS • Hematúria e proteinúria combinadas • Em casos de hematúria isolada ou proteinúria inicialmente leve (U prot: Cr < 0,5) que apresentem elevação progressiva *Hoje: se tenho uma criança com 2 infecções urinárias conduzidas por mim, com exames de urina e cultura positiva, e essa criança já recorreu → encaminhamos para o nefrologista COLETA DA AMOSTRA DE URINA PARA EAS • Para a urinálise, a urina necessita ser coleta em um frasco limpo, não necessariamente estéril* → *Exceto para a coleta de urocultura • A urina deve ser analisada o mais rápido possível ► No máximo 1-2 horas em temperatura ambiente ► Até 4h em urina refrigerada (4°C) *Por isso temos que orientar as mães: colheu o exame? já leva ao laboratório o mais rápido possível, se tiver algum empecilho, coloca na geladeira e leva em no máximo 4 horas! • A primeira amostra da manhã é priorizada → ** Por ser mais adequada para os testes bioquímicos: ▪ Redução da possibilidade de proteinúria ortostática ▪ Reflete mais adequadamente, a capacidade de concentração urinária após restrição hídrica noturna ▪ **Entretando, devemos considerar que nesta condição de coleta da primeira urina matinal, pode ocorrer lise de células e cilindros referentes à estase urinária noturna, podendo ser mais indicada a segunda urina matinal (> em adultos) COLETA DA AMOSTRA DE URINA PARA UROCULTURA Em caso de suspeita de infecção do trato urinário (ITU), após assepsia adequada: • Controle esfincteriano presente e colaboração do paciente ► A coleta de urina por meio da técnica do jato médio pode ser considerado ► Neonatos: opção recente na literatura pelo método clean-catch por jato médio, baseada na estimulação vesical e em manobras de massagem paravertebral • Lactentes e ausência de controle esfincteriano (principalmente em cenários de febre sem sinais localizatórios): ► Cateterização uretral (método mais utilizado) ou ► Punção suprapúbica (especialmente em neonato e na presença de fimose) *Existem sacos coletores, recortados no formado da vagina ou do pênis, com adesivo... daí você cola na região pubiana. Orientamos a mãe a fazer a higienização e depois colocar o saquinho. No máximo em 30-40 min, se o bebê ainda não fez xixi, você tem que trocar o saquinho e fazer tudo de novo (isso para bebês sem controle esfincetiano) Técnica demonstrando a massagem para a diurese – “tem que ser artista” kkk MÉTODOS DE COLETA DE URINA PARA UROCULTURA EM LACTENTES *A coleta em saco coletor tem grande quantidade de contaminação, por isso temos que ter paciência e orientar as mães sobre a coleta correta e a higienização *punção supra-púbica é o padrão ouro, mas o mais utilizado é a cateterização uretral * O EAS realiza uma análise física, química e microscópica. Em relação a análise física e química, mais frequentemente avaliada pelas tirar ou fitas reagentes quimicamente sensíveis; Além disso, proporcionam uma análise bioquímica múltipla rápida e química EXAMEDE ROTINA *Análise macroscópica: exame direto através da fita reagente FITA OU TIRA REAGENTE (IMPREGNADA COM AGENTES QUÍMICOS) • É constituída por um suporte plástico contendo áreas impregnadas com reagentes químicos específicos que reagem em contato com a urina • Deve-se utilizar somente urina recente, bem homogeneizada e não centrifugada, observando-se o tempo correto de leitura das reações • A leitura das fitas reagentes habitualmente é realizada entre 15 segundos e 2 minutos após a imersão da tira na urina, dependendo do tipo de análise química a ser realizada e do fabricante (observar a leitura das orientações) • Devemos evitar o excesso de urina sobre a fita reagente e considerar os fatores interferentes com potenciais falso-positivos e falso-negativos EXAME MACROSCÓPICO E ANÁLISE FÍSICA APARÊNCIA E ODOR DA URINA • A aparência é geralmente límpida e transparente • O odor urinário normalmente é considerado “urinoide” ou levemente aromático • Condições que podem modificar o odor: ► Fétido, acre ou pungente (amonical): situações de retenção urinária e de inflamação com produção elevada de amônia (p. ex., ITU) ► Adocicado e frutado: presença de cetonas na urina ► Odores específicos: aspargo e alguns antimicrobianos excretados • Condições características mais raras (erros inatos do metabolismo): ► Doença de xarope de bordo (“açucar queimado ou caramelado”) ► Fenilcetonúria (“azedo; mofado”) ► Acidemia isovalérica (“pés suados”); ► Hipermetioninemia (“manteiga rançosa”) ► Cistinúria e homocistinúria (“sulfídrico-like” - ovo podre ou cadáver em decomposição) TURBIDEZ Urina turva: • Pode ser indicativa da presença de: Leucócitos, hemácias, células epiteliais, bactérias e mesmo cristais (ex., fosfato de cálcio em urina alcalina ou combinação de sais de cálcio, ácido úrico,estruvita, oxalato ou cistina) • Urina espumosa: Pode se correlacionar com proteinúria COR • A cor urinária normal pode variar desde cristalina e amarelho-palha com tons variados de amarelo e ambar até o amarelo escuro ► Depende da dieta, da concentração urinária e da presença de pigmentos (urocromo, uroeritrina e urobilina) • As condições patológicas que mais frequentemente levam a alterações da cor são: ► Hematúria macroscópica, infecção do trato urinário, bilirrubinúria,hemoglobinúria, mioglobinúria, cristalúria maciça, alimentos e medicamentos... *Dr., a urina está saindo vermelho puxado para cor de rosa: primeira pergunta a se fazer: realmente documentar se está tendo sangramento. Primeira causa de hemáturia: uso de antiinflamatórios não hormonais em pediatria. Segunda causa: perguntar sobre a alimentação (geralmente crianças em bom estado geral, sem sintomatologia e sem antecedentes), alimentos com corates vermelhos as vezes secretam via renal (Ex.: legumes como beterrabas); O campeão do pronto socorro: crianças fazendo uso de pyr pam para tratamento de oxiúrose (não é hematúria, é urina avermelhada apenas) *Destaque para meninas com urina avermelhada em pré- adolescentes: não esquecer da contaminação por sangue menstrual Campeão: iremos encontrar isso principalmente nas UBS, em bebês que vêm com 10-11 dias para fazer a BCG ou teste do pezinho. As mães relatam que o bebê está com sangue na urina! – Isto são sais de urato!!! URINA RÓSEO-AVERMELHADA/ALARANJADA NO PERÍODO NEONATAL • Sais de Urato • Especula-se que esteja relacionada com a deposição de cristais resultantes da reação entre o aumento de urato na urina (normal) e produtos químicos das fibras da fralda. • Mais frequente quando o neonato está pouco hidratado e no sexo masculino devido a maior possibilidade de “concentração localizada” do jato urinário na fralda. • Achado ocasional e assintomático com geração de ansiedade dos pais. • “Sai facilmente com a água...” GRAVIDADE ESPECÍFICA (DENSIDADE URINÁRIA) • Analisa o peso de um volume de urina comparado com o peso de volume equivalente de água destilada • Variação: 1.003 a 1.035 • Gravidade específica = peso da urina /peso da água destilada • Pode ser avaliada por fita reagentes, urodensímetro ou por refratometria (> acurácia) • A DU depende da concentração osmolar urinária e da proporção de água e de solutos urinários: Proteínas, creatinina, cloretos, glicose, fosfatos, sódio, sulfatos, ureia e ácido úrico • Apresenta correlação com a ingestão hídrica e outros distúrbios: ► Uma DU elevada pode se correlacionar com uma inadequada ingestão hídrica e desidratação ► * A DU pode estar elevada acima da Osm urinária na presença de proteinúria ► Uma DU reduzida em paciente desidratado pode indicar uma inabilidade na capacidade de concentração urinária • DU repetidamente < 1.010 (e.g. < 1.007) pode ser indicativa de: ► Hiperidratação excessiva ► Polidipsia associada ao diabete insípido ► Inabilidade de concentração urinária (p.ex. lesão renal aguda, doença renal crônica, patologias com comprometimento túbulo-intersticial) *A densidade urinária é muito importante para caracterizar o estado de desidratação; crianças com densidades urinárias repetidas muitos baixas, sem clínica – temos que investigar outras causas, sendo a grande mairia, crianças com diabetes insipidus OSMOLARIDADE URINÁRIA • A análise da DU pode ser afetada por excesso de solutos como albumina, glicose, agentes osmóticos e por outras variáveis • A osmolalidade urinária é a mensuração mais adequada para avaliação da habilidade de concentração urinária (osmômetro) • Depende somente do no de partículas presentes e não é influenciada pela temperatura e concentração proteica urinária • Entretanto, não é rotineiramente mensurada na maioria dos laboratórios • Estimativa aproximada da Osm urinária a partir da DU: ANÁLISE QUÍMICA PH URINÁRIO • O pH urinário varia normalmente de 4,5 a 8,5 em indivíduossaudáveis, dependendo do equilíbrio ácido- base, estado metabólico e da dieta. • Urina mais alcalina: ► Dieta vegetariana (geração reduzida de nitrogênio e ácido), ITU por agentes que desdobram a ureia formando amônia (p.ex. Proteus sp), alcalose metabólica sem perda de potássio, vômitos prolongados, alcalose respiratória, períodos pós-prandiais, terapia alcalina, acidose tubular renal distal, síndrome de Fanconi (dependendo do equilíbrio ácido-base), etc. • Urina mais ácida: ► Dieta hiperproteica (geração aumentada de nitrogênio e ácido), hipovolemia (estimulaçãode aldosterona e geração de urina ácida), acidose metabólica sistêmica, alcalose metabólica com perda de potássio, acidose respiratória, diarreias graves, etc. • A mensuração usualmente é realizada por meio da leitura da fita reagenteem amostra fresca de urina, apresentando melhor acurácia por meio de análise eletrométrica e potenciometria ► Acurácia de leitura da fita reagente: ∼ 5 - 8 ► A contaminação bacteriana pode alterar o pH (desdobramento da ureia) ► Urina com exposição prolongada: perda de CO2 com urina falsamente alcalina • Lembrar que pH urinário ácido promove cristalização de ácido úrico ecistina, enquanto o pH alcalino promove precipitação de fosfato e oxalatode cálcio • Apresenta utilidade prática na interpretação dos mecanismos deacidificação urinária em casos de acidose metabólica, acidose tubular renal e na urolitíase. ► Ex.: cenário clínico sugestivo, na presença de acidose metabólica e pH urinário > 6,0 pode ser indicativo de ATR distal GLICOSE • Baseado na oxidação da glicose pela glicose oxidase: Específico para glicose! • Pode refletir a presença de hiperglicemia (p.ex. Diabete melito) ou disfunção tubular proximal ► A quantidade de glicose presente na urina depende dos níveis sanguíneos, da taxa de filtração glomerular e do grau de reabsorção tubular ► Acima dos níveis plasmáticos de 180a 200 mg/dL, a carga de glicose excede a capacidade de reabsorção tubular proximal, aparecendo na urina ► A glicosúria pode ser isolada (glicosúria renal) ou associada a uma disfunção tubular generalizada (síndrome de Fanconi) ► Pode também estar presente em situações de hiperglicemia não diabética (p.ex. pancreatite, lesões do SNC e distúrbios da tireoide) CETONAS E CORPOS CETONICOS • Uma pequena quantidade de cetonas pode estar presente em crianças saudáveis após um breve jejum • Cetonúria pode estar presente em situações de comprometimento na utilização de carboidratos como principal fonte energética e consequente metabolização das reservas de gordura: ► Jejum ► Infecções agudas com oferta nutricional limitada ► Diabete melito descompensado ► Dieta cetogênica ► Distúrbios digestivos, vômitos e diarreia ► Doenças hepáticas ► Algumas formas de glicogenose BILIRRUBINA E UROBILINOGÊNIO • As pesquisas de bilirrubina e de urobilinogênio urinários são úteis no diagnóstico diferencial das icterícias • Normalmente, a bilirrubina é ausente na urina • A bilirrubina aparece na urina em sua forma conjugada (BC) ou direta (hidrossolúvel), sendo a maioria eliminada através da bile • A bilirrubinúria sugere obstrução do fluxo biliar, estando presente nas icterícias obstrutivas e parenquimatosas/ hepatite, levando à colúria • A bilirrubinúria está ausente nas icterícias hemolíticas *obvio que já nos remete a graus de hemólise, pois não é normal ter bilirrubina na urina – favorece diagnóstico de icterícia ou lesões hepáticas importantes NITRITO • Nitrito urinário (NU) positivo é altamente sugestivo da presença de bacilos gramnegativos na urina (> 90% das bactérias convertem nitrato em nitrito através da nitrato redutase) → * a enzima está ausente: Staphylococcus saprophyticus, Pseudomonas e Enterococcus • A conversão bacteriana de nitrato em NU demanda um período de aproximadamente 2-4 horas de contato da bactéria com a urina, podendo ocorrer falsos-negativos na presença de urina vesical por um período reduzido ► > frequente em lactentes e pacientes com ↑ da frequência urinária FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS • Febre sem sinais localizatórios em lactentes: ITU em ∼ 5% dos casos ► Os testes de nitrito e esterase leucocitária podem ser utilizados como valor preditivo de ITU ► A urinálise não pode substituir a urocultura para documentação de ITU ► A ITU precisa ser confirmada com a coleta adequada de urocultura *Crianças com febre sem sinais localizatórios, podemos fazer um teste de nitrito, que será preditivo de ITU PROTEINÚRIA Aqui só para recordar que temos reabosorção das proteínas filtradas pelo tubo proximal Quanto tenho excesso de proteínas, temos ativação de mediadores inflamatórios ANÁLISE MICROSCÓPICA E SEDIMENTOSCOPIA URINÁRIA LEUCÓCITOS • Em geral, considera-se anormal leucocitúria > 5-10 leucócitos por campo de grande aumento ou > 10.000/mL • Podem ser indicativo de ITU • A realização e coleta adequada de urocultura são fundamentais para o estabelecimento do diagnóstico de ITU, pois existem vários falsopositivos de leucocitúria e piúria, principalmente por contaminação perineal e vaginal: ► Vulvovaginites, febre, cistites virais, uretrites, glomerulopatias proliferativas, nefrites intersticiais, pós-vacinal, urolitíase, etc. • Persistência prolongada da amostra em urina hipotônica (DU < 1.010) e pH alcalino (>7.0) pode resultar em falso-negativos em razão da lise dos leucócitos (lise de eritrócitos também...) ERITRÓCITOS • A presença de sangue na fita reagente deve ser confirmada pela microscopia urinária quanto ao aumento de eritrócitos. • Em geral, considera-se valores anormais a presença de 5 ou mais eritrócitos/campo de grande aumento ou >10.000 hemácias/mL de urina, após centrifugação em microscópio de fase ou >5.000 hemácias/min (contagem de Addis). • Em pacientes com urina avermelhada ou amarronzada com fita reagente positiva para sangue e microscopia com eritrócitos urinários normais, hemoglobinúria e mioglobinúria deve ser excluída ETIOLOGIA DA HEMATÚRIA • A microscopia urinária também pode ser útil na avaliação da origem da hematúria por meio da microscopia de contraste de fase • Hematúria não glomerular: ► Predominância de eritrócitos isomórficos (com proporção <25% de dismorfismo) sugestivo de origem do trato urinário baixo (pós-glomerular), embora uma etiologia renal não possa ser descartada... ► As hemácias isomórficas apresentam forma e contorno regulares • Hematúria glomerular: ► Predominância de hemácias dismórficas (proporção >75%*) e cilindros hemáticos ► As hemácias dismórficas apresentam irregularidade de contorno e forma ► *Obs: não há concordância sobre esta proporção, e.g., variando de 80 a 90% • Acantócitos: alguns autores definem hematúria glomerular quando pelo menos 5% dos eritrócitos examinados são acantócitos (subtipo de eritrócito com alteraçõesmorfológicas com extrusões de seu conteúdo e formação de bolhas de diferentes tamanhos nas membranas com condensação ou perda da Hb) *Hemácias dismórficas: acantócitos (hemácias mickey- mouse – elas tem orelhinhas) – evidenciam lesões glomerulares HEMATÚRIA GLOMERULAR X NÃO GLOMERULAR CÉLULAS EPITELIAIS • Resultam da descamação normal ou podem representar lesão epitelial decorrente de injúria renal ou processos inflamatórios. • Três tipos de células são descritas: escamosas, transicionais e as originárias dos túbulos renais, podendo ser detectadas em pequena quantidade na urina normal. • Um grande aumento das células escamosas, originárias do terço distal da uretra, vulva ou vagina, pode ser um indício de contaminação • O aumento das células transicionais pode ocorrer após cateterização e instrumentação urinária e nos carcinomas renais. • O aumento das células tubulares pode ser observado na necrose tubular aguda e em casos de nefrotoxicidade. CILINDROS • Em geral, os cilindros urinários são estruturas cilíndricas,formadas no néfron distal, constituídos de uma matrizmucoproteica (proteína de Tamm-Horsfall ou uromodulina)com ou sem elementos adicionais • Os solutos são constituintes normais da urina e podem precipitar como cristais, conforme a mudança de solubilidade e a temperatura extracorpórea, particularmente na urina supersaturada • Apresentam relação com a dieta, a ingestão hídrica, o pH, entre outros fatores físico-químicos promotores ou inibidores da cristalização urinária • A maioria dos cristais urinários não apresentam significado diagnóstico,entretanto, quantidades excessivas de cristais ou a presença de alguns tipos de cristais específicos, podem estabelecer algum diagnóstico relevante • Significado clínico patológico é observado quando da presença de cristais de cistina, tirosina, leucina, fosfato-amônio-magnesiano e colesterol SUMÁRIO E CONCLUSÕES • A interpretação do exame de urina constitui uma importante ferramentalaboratorial que além de sinalizar aspectos da fisiologia renal, podeauxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de doenças renais e patologias sistêmicas • As análises física e química com o desenvolvimento e aplicabilidade das fitas reagentes e a análise da microscopia urinária são de grande utilidade em vários cenários clínicos • A triagem em situações de infecção do trato urinário, proteinúria e hematúria, tanto em nível de urgência como ambulatorial, auxilia nas diretrizes de investigação diagnóstica, no acompanhamento clínico e na tomada de decisões • A coleta adequada da urina e os resultados devem ser analisados considerando fatores de variabilidade de interpretação, assim como falso-positivos e falso- negativos • Estes resultados, aliados a outros testes laboratoriais dirigidos,complementam, muitas vezes, a história e o exame clínico, direcionando um tratamento mais racional
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