Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Oftalmologia Esther Salomão- Med 99 Semiologia e propedêutica EXAME OFTALMOLÓGICO A semiologia oftalmológica depende de alguns sinais e sintomas que são bem diferentes da prática clínica. Anamnese: Motivo da consulta → escrever com as palavras do paciente. Sempre voltada para a parte oftalmológica. História familiar → existem algumas doenças como glaucoma e degeneração macular relacionada à idade que têm muita relação com a família (parentes de 1º e 2º grau). A retinose pigmentar também pode ser familiar. História oftalmológica → importante perguntar se o paciente tem alguém da família que ficou cego, se já operou o olho alguma vez, se já teve conjuntivite ou processo inflamatório no olho que causou vermelhidão ou sequela na visão, se já teve algum trauma ocular, se usa óculos, se tem uma boa visão, qual a profissão. História pregressa (saúde) – principalmente HAS (retinopatia hipertensiva), DM (retinopatia diabética), alteração na tireoide (hiper/hipotireoidismo) e doenças reumatológicas (síndrome de Sjogren). Essas doenças atingem fortemente a acuidade visual e o olho. História doença atual Obs.: Não só o olho é importante na anamnese oftalmológica. Existem várias doenças clínicas que podem atingir o olho. Importante saber se foi uma baixa de visão súbita ou progressiva → para definir possíveis hipóteses diagnósticas. Profissão do paciente – algumas profissões necessitam muito da visão de perto como manicures, por exemplo. Portanto, é importante saber a atividade do paciente para dar uma melhoria/foco na acuidade visual devido a profissão do paciente. Teste de Schirmer → teste para avaliar a quantidade de lágrima e é usado no diagnóstico de síndrome de Sjogren. Existem medicações que fazem depósito na córnea e na retina. Exame oftalmológico: Primeiro exame realizado é da acuidade visual sem correção e depois fazemos a refração, encontramos o grau do paciente e fazemos a acuidade visual com correção. Acuidade visual sem correção – para saber quanto de visão o paciente tem sem a correção do grau. Acuidade visual com correção – para saber se a visão melhora com o grau. Se o paciente não conseguir ler a tabela completamente, coloca-se um grau com o Greens que é um óculos com grau e o paciente melhora a acuidade visual. Se ao colocar o grau, o paciente não melhorar a visão, tem algo que está impedindo o paciente de enxergar 20/20 de visão como uma catarata densa, um problema na retina ou na córnea, por exemplo. REFRAÇÃO Esquiascopia → forma clássica. Feita com um retinoscopio (é como se fosse uma lanterna) que faz a iluminação na pupila. Joga a luz na pupila e vai alterando o grau esférico de acordo com se a luz segue a pupila ou se ela vai para o lado oposto da pupila. Direção da luz – ao jogar a luz com o retinoscopio, o avaliador mexe a cabeça de um lado para o outro. * Quando a luz segue o mesmo sentido da pupila, diz-se que o grau é positivo. Tabela de Snellen 2 * Quando a luz sai do sentido da pupila, diz-se que o grau é negativo. Paramos o exame quando a pupila fica toda cheia de luz, significando que chegou ao grau do paciente. Portanto, começa com uma luz estreita e vai ajustando o grau do paciente (na direção oposto dar grau negativo e na mesma direção dar grau positivo), a pupila vai enchendo, no momento que cobrir toda a pupila achou o grau. A retinoscopia projeta um feixe de luz no olho durante o exame. Greens → aparelho que dá o grau esférico na lateral que é a miopia ou hipermetropia e na parte central dá o grau cilíndrico que é o grau do astigmatismo. É como se encontra a refração do paciente. Na miopia o grau é negativo e na hipermetropia o grau é positivo. Ex.: -1 → indica menos 1 de miopia. +1 → mais 1 de hipermetropia. Auto refrator (automático) → aparelho que dá o grau do paciente automaticamente. Depois coloca o grau que o aparelho dá no greens e vai refinando. O auto refrator não dá o grau exato (teste subjetivo), então nunca se pode passar o grau do auto refrator direto para o paciente sem fazer o refinamento do grau com o Greens. A esquiascopia também pode avaliar astigmatismo. Exemplo - segue a luz no eixo vertical e no horizontal com o retinoscopio. Se segue a linha damos grau positivo. Na horizontal deu +2 e no eixo vertical deu +1. Qual é o grau esférico (miopia ou hipermetropia)? É sempre o grau do maior. Então, como +2 é maior que +1, o grau é +2. O astigmatismo é a diferença entre o eixo vertical e o horizontal = + 2 -1 = 1. Logo, o grau é +2 / -1. Por convenção o astigmatismo é negativo no Brasil, por isso o sinal de menos, pois o negativo do astigmatismo é fixo. Logo, o (-) é a convenção do astigmatismo e o 1 é do astigmatismo, sendo a diferença encontrada entre o horizontal e o vertical. O eixo horizontal é 180º e o vertical é 90º. O eixo do astigmatismo é o do maior valor encontrado. Como encontramos o +2 na horizontal, então é 180º. Portanto, o grau é +2 / -1 a 180º. Agora, no caso da miopia em que se encontrou os valores -5 e -3, a diferença entre esses é -2. Como -3 é o maior valor que achamos, o eixo vai ser dele. Então, se achamos o -3 a 180º, o eixo do astigmatismo é 180º. Não tem como um eixo ser negativo e outro positivo. Exame oftalmológico externo Motilidade ocular: ver se o paciente tem estrabismo através do Cover teste. → O estrabismo é o desvio ocular que pode ser manifesto quando os olhos desviam para dentro (endotropia) ou para fora (exotropia). Endotropia Grau esférico Grau cilíndrico 3 → O paciente pode ser não manifesto e nesse caso, só descobre que há um desvio quando tampa um olho e no momento em que se tira a fusão de visão o olho desvia, pois não possui força de acomodação. → Esse teste com a pazinha (pá de Cover) no olho que alterna para observar estrabismo é chamado de Cover teste. → Desvios horizontais – endotropia e exotropia. → Desvio vertical – hipertropia. → Exame versões: pedir para o paciente acompanhar o dedo para avaliar se o músculo possui alguma paresia, ou seja, ver se algum músculo do paciente não acompanha os 4 quadrantes (cima, baixo, direita e esquerda). Uma criança com estrabismo não manifesto (escondido) que é uma foria pode não desenvolver adequadamente a visão do olho que desvia. Biomicroscopia anterior → É o exame na lâmpada de fenda – máquina potente com vários tipos de iluminação e tamanhos de imagem, possibilitando aumentar a imagem em até 100 vezes. → Faz o diagnóstico de patologias oculares. → Possui o tonometro de Goldmann – fica acoplado a lâmina de fenda e afere a pressão intraocular. → Obrigatório utilizar esse aparelho em toda consulta oftalmológica. EXAME OFTALMOLÓGICO NA LÂMPADA DE FENDA Break up time: filme lacrimal Deve ser maior que 5 segundos. Examina se a córnea está hidratada. Pinga-se um corante amarelo no olho do paciente e joga na lâmpada de fenda, que possui 3 colorações de luz (amarela, azul e verde), a luz azul que fica fluorescente nesse colírio amarelo. Então, pinga-se o colírio de fluoresceína que é fluorescente e quando jogamos a luz azul de cobalto fica desse modo: Depois que pingamos, pedimos para o paciente piscar e contamos 5 segundos – quando passa do 5º segundo, observamos umas ilhas de ressecamento. Começa a quebrar o filme lacrimal – break up time. Há pacientes com o olho tão seco que em 1 segundo já começa a quebrar o filme lacrimal (pacientes reumatológicos, síndromede Sjogren). Focos da lâmina de fenda Biomicroscopia: as iluminações podem ser direta e indireta. Direta – joga a luz e examina a estrutura. Indireta – joga a luz em um lado/região para examinar a região oposta. 4 * Os cortes focais são a forma como a luz vai incidir no olho. * O modo que se molda a luz é feito na lâmpada de fenda. * Na indireta difusa, a luz localiza uma região e o examinador vai avaliar outra região. ILUMINAÇÃO DIRETA DIFUSA Feixe luminoso cilíndrico em direção ao olho com objetivo de estudar o olho de forma global. > Presença de anel pigmentado na periferia corneana, demonstrando um Anel de Kaiser-Fleischer. > Muito comum em doença de Wilson. ILUMINAÇÃO DIRETA FOCAL Utilizada para estudo de detalhes, com a modificação do tamanho e da forma do feixe luminoso. A mínima iluminação com alteração do feixe luminoso faz observar patologias específicas nas estruturas do olho. 1. Paralelepípedo: redução do meridiano horizontal do feixe luminoso. Estudamos a posição espacial das lesões nas estruturas oculares. Avaliamos córnea, íris, pupila (dilatada na imagem) e o cristalino. Atrás da pupila há o cristalino que está opacificado, significando uma catarata. 2. Corte óptico: diminui-se o corte óptico do paralelepípedo para obtenção maior dos detalhes. É como se fosse o paralelepípedo mais apurado. 3. Pincel luminoso: reduz-se o diâmetro do feixe luminoso cilíndrico. Estudo do humor aquoso para identificação de células. “Flare” – inflamação dentro do olho. O humor aquoso tem que estar preto, sem nada, limpo. Esses pontinhos brancos no humor aquoso são “Flare”, processo inflamatório do olho. 4. Microscopia especular: utilizado para estudar o endotélio, cápsula anterior e posterior do cristalino. Um pouco mais estreito que o corte óptico. ILUMINAÇÃO INDIRETA FOCAL 5 Feixe luminoso é projetado ao objeto de observação para que sejam estudadas as margens. Lâmpada de fenda desacoplada. ILUMINAÇÃO INDIRETA DIFUSA 1. Campo negro: jogar a luz na periferia da córnea para observar epitélio, porções anteriores da córnea, limbo. Visualizar o oposto a incidência da luz. 2. Campo amarelo: feixe de forma inclinada sobre a íris para visualizar estruturas da câmara anterior e córnea (precipitados ceráticos, vasos, nervos corneanos). Ou seja, jogar a luz na íris para ver a parte anterior da córnea. 3. Campo branco: feixe luminoso no cristalino (por fora da pupila, dentro da íris), sem tocar a pupila Angulação de 10 graus. HÁ, epitélio, íris e cristalino anterior. Observar cristalino através da pupila. 4. Campo vermelho: projeta-se luz retinocoroideano para observar o reflexo vermelho da retina. A retina é laranja e por isso forma o reflexo vermelho. Teste do olhinho. PRESSÃO INTRAOCULAR Obrigatório fazer o exame da pressão intraocular. Tonometria → tonometro de Goldmann – padrão ouro para pressão intraocular. Pinga o colírio de fluoresceína. Bisel que é encostado levemente na córnea. A lâmpada de fenda tem dois semicírculos e o examinador vai girar eles. No momento em que esses semicírculos se encostarem, essa é a pressão intraocular. Normal: 10 a 20 mmHg. Quanto mais próximo de 10 mmHg, melhor. OFTALMOSCOPIA DIRETA Há lentes que podem ser usadas para avaliar segmento anterior. Pode ser utilizada para examinar bebês que não podem ir para a lâmina de fenda. Existem várias lentes na lateral do aparelho para realizar a oftalmoscopia direta. Possibilita observar desvitalização de ceratite, de epitélio. Também é possível mudar a coloração para verde, azul e amarelo. Muito utilizado para oftalmoscopia direta de retina, pois é possível ver nervo óptico. Importante o clínico saber utilizar esse aparelho para fazer diagnóstico de retinopatia hipertensiva, retinopatia diabética. Não é possível observar sangramentos mais periféricos com a oftalmoscopia direta, somente com a indireta que é um mapeamento de retina e que precisa estar dilatada. O que pode ser observado: Nervo óptico Escavação fisiológica do nervo óptico Veias Artérias Mácula Fóvea Papila óptica OFTALMOSCOPIA INDIRETA É o mapeamento de retina. O médico usa um capacete que é o oftalmoscópio indireto e o paciente uma lente (com 20 dioptrias) que possibilita examinar com detalhes a retina. Visualiza estruturas periféricas. Perde detalhes do nervo óptico. Serve, principalmente, para retinopatias. O clínico faz a oftalmoscopia direta e caso ache algo suspeito encaminha para o oftalmologista que vai fazer o mapeamento da retina. 6 PROPEDÊUTICA - RETINA Tabela de Amsler – faz parte da propedêutica oftalmológica. Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): doenças maculares. Patologia extremamente frequente. Há pacientes com 55-60 anos que já estão desenvolvendo algum grau de doença macular relacionada à idade. Antigamente, era muito relacionada à oxidação – paciente tabagista, má alimentação, pobre em nutrientes. Esses pacientes faziam a aglomeração de pigmentos amarelos na mácula que causa baixa de visão irreversível. Principalmente, nos indivíduos que não usavam óculos de sol para proteção de raios UV. Atualmente, a luz azul dos computadores é extremamente nociva para mácula. Existem lentes de controle da luz azul (blue control) que bloqueiam esses raios nocivos de até 413 nanômetros para não haver tanto bombardeio em mácula. Tabela de Amsler – o médico pede que o paciente coloque a tabela na geladeira e toda vez que o paciente abrir a geladeira olhar para o pontinho preto. Caso, as linhas entortem, deve ir imediatamente ao oftalmologista, pois provavelmente a degeneração macular está progredindo.
Compartilhar